quinta-feira, 12 de janeiro de 2017

Passando do ponto: diagnósticos desnacessários





O SOBREDIAGNÓSTICO DO CÂNCER DE MAMA

Título do original: Overdiagnosis of ductal carcinoma in situ: ‘the pathology equivalent of racial profiling

Postado originalmente por - Kevin Lomangino - the managing editor of HealthNewsReview.org. He tweets as @Klomangino.

10/01/2017

Pesquisadores dinamarqueses estão fornecendo novas evidências  de que muitos casos de câncer de mama encontrados através de mamografias não precisam ser tratada. As mulheres com estes tumores não-ameaçadores são classificadas de serem "sobrediagnosticadas” (overdiagnose) com câncer da mama.
O diagnóstico exagerado ocorre quando exames de diagnóstico precoce de doenças de mama (triagens), como a mamografia, detecta pequenos cânceres de crescimento lento que podem nunca causar problemas ao paciente. No entanto, as mulheres diagnosticadas com tais tumores são expostas a danos muito reais - possíveis cirurgias, quimioterapia, radiação e uma vida vivida como um "paciente com câncer".
Quanto de sobrediagnóstico estamos falando?

Se você não incluir casos de carcinoma ductal in situ (CDIS) nos índices, qualquer coisa entre 14,7% a 38,6% dos cânceres de mama encontrados via triagem representam sobrediagnóstico, foi o que os autores do estudo encontraram. A taxa varia entre 24,4% e 48,3% quando o CDIS está incluído.
O CDIS é uma coleção de células anormais dentro de um duto lactífero que pode - mas geralmente não é o que ocorre – se liberar para se tornar um câncer invasivo e potencialmente letal. Aproximadamente 60.000 mulheres são ditas que têm CDIS a cada ano nos Estados Unidos. Alguns especialistas estimam que até 80% das mulheres com CDIS encontrados através de uma triagem pode não precisar de qualquer tratamento no final das contas - e em vez disso, deveriam apenas manter um olhar atento nessas alterações.
Obviamente, as mulheres precisam ser plena e precisamente informadas sobre os benefícios e riscos - incluindo o risco do sobrediagnóstico - antes de embarcarem em qualquer decisão de fazerem triagens para o câncer de mama ou escolherem um curso de ações posteriores ao diagnóstico.
Otis Brawley, MD, Diretor Médico da American Cancer Society, diz que tem sido difícil para a medicina moderna envolver a sua mentalidade em torno do conceito de sobrediagnóstico. A inclinação natural é assumir que as células cancerosas ao longo do futuro "vão crescer, e se propagar, e, eventualmente, matar", ele escreve em um editorial que acompanha o estudo dinamarquês. "No entanto, algumas dessas lesões podem ser genômica predeterminadas para não crescer mais e podem até regredir. Em muitos aspectos, considerar todas as pequenas lesões de mama como sendo mortais e de tipos agressivos de câncer é o equivalente em patologia dos perfis raciais”, (basear condutas por estereótipos raciais, NT).
Isso não significa que o rastreio seja inútil e deve ser abandonado, diz ele. "Em vez disso, devemos examinar cuidadosamente a triagem, perceber suas limitações, maximizar sua eficácia e tentar melhorá-la".
Esse editorial vale a pena ser lido em sua totalidade. Mas se você não tiver acesso, ou se você quiser ouvir mais do oficial médico da American Cancer Society sobre o tema "perfilamento patológico" - bem como uma variedade de outras questões oportunas em medicina e jornalismo de saúde - então eu recomendo um ouça o nosso podcast 2015 com Brawley (em inglês).


O publisher Gary Schwitzer esteve conectado com ele na 2015 Preventing Overdiagnosis in Washington.





Conteúdo adicional:

Sobre o problema dos sobrediagnósticos:

Mais de dois terços do público mais afetado pelo problema nunca ouviram falar de excesso de diagnósticos - ou sobrediagnósticos - e menos de 3% conseguiram explicar corretamente do que se trata.
Sobrediagnósticos ocorrem quando uma doença é detectada, mas nunca causaria qualquer dano durante a vida de uma pessoa. Isto pode acontecer com alguns tipos de câncer porque eles são, algumas vezes, de crescimento lento e com baixa probabilidade de causar danos.
Embora seja vital diagnosticar cânceres agressivos precocemente, para aumentar as chances de que o tratamento seja eficaz, detectar o câncer de crescimento lento pode levar à ansiedade e a tratamentos desnecessários. O problema já atingiu níveis tão preocupantes que os especialistas consideram que os sobrediagnósticos já representam perigo para a saúde humana.
(trecho de um artigo do Diário da Saúde de abril/ 2016 - íntegra AQUI)


2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Prezado Dr.José Carlos,

    Aproveito a oportunidade para saber qual é a sua opinião sobre o exame de mamografia. Já ouvi comentários que dizem que eles fazem mal ao seios, porque os comprimirem demais e que, inclusive, se há um câncer em forma inicial, o fato de ser apertado, acelera o processo de multiplicação de células cancerígenas. O mais recomendado seria, então, a investigação pela ecografia mamária.

    Cordialmente,
    Cristina

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