Evitar a doença de
Alzheimer poderia ser mais fácil do que você pensa
A ciência traz à luz a causa raiz dos problemas de
memória.
Artigo de Georgia Ede
Você tem resistência à insulina?
Se você não sabe, não está sozinho. Essa talvez seja a
pergunta mais importante que qualquer um de nós pode fazer sobre nossa saúde
física e mental - mas a maioria dos pacientes, e até mesmo muitos médicos, não
sabem como responder.
Nos EUA, a resistência à insulina atingiu proporções
epidêmicas: mais da metade da população agora já é resistente à insulina. A
resistência à insulina é uma condição hormonal que configura o corpo inteiro
para um estágio de inflamação e sobrepeso, perturba o metabolismo normal do
colesterol e da gordura e, gradualmente, destrói nossa capacidade de processar
carboidratos.
A resistência à insulina nos coloca em alto risco para
muitas doenças indesejáveis, incluindo obesidade, doenças cardíacas, câncer e
diabetes tipo 2.
Mais assustadores ainda, os pesquisadores agora entendem que
a resistência à insulina é a força motriz por trás da maioria dos casos de
Doença de Alzheimer.
O que é resistência à
insulina?
A insulina é um poderoso hormônio metabólico que orquestra
como as células acessam e processam nutrientes vitais, incluindo o açúcar
(glicose).
No corpo, uma das responsabilidades da insulina é destravar
as células musculares e gordurosas para absorver a glicose da corrente
sanguínea. Quando você come algo doce ou a base de amido isso faz com que sua
glicose no sangue se eleve, o pâncreas libera insulina para levar o excesso de
glicose para fora da corrente sanguínea e para dentro das células. Se o nível
de glicose e de insulina no sangue aumentar muito, as células tentarão se
proteger da superexposição aos poderosos efeitos da insulina, diminuindo sua
resposta à insulina - elas se tornam “resistentes à insulina”. Em um esforço
para superar essa resistência, o pâncreas libera mais insulina no sangue para
tentar manter a glicose se movendo para o interior das células. Quanto mais os níveis
de insulina aumentam, mais células resistentes à insulina se tornam. Com o
tempo, esse ciclo vicioso pode levar a níveis glicêmicos persistentemente
elevados ou diabetes tipo 2.
Resistência à
insulina e o cérebro
No cérebro, é uma história diferente. O cérebro é um glutão
de energia que exige um suprimento constante de glicose. A glicose pode deixar
livremente a corrente sanguínea, atravessar a barreira hematoencefálica e
entrar na maioria das células cerebrais - não é necessária insulina. Na
verdade, o nível de glicose no líquido cefalorraquidiano em torno do cérebro é
sempre cerca de 60% mais alto que o nível de glicose na corrente sanguínea -
mesmo que você tenha resistência à insulina - então, quanto maior esse açúcar
no sangue, maior esse açúcar no cérebro.
Não é o caso da insulina - quanto mais altos os níveis de
insulina no sangue, mais difícil se torna a penetração da insulina no cérebro.
Isso ocorre porque os receptores responsáveis pela escolta da insulina
através da barreira hematoencefálica podem se tornar resistentes à própria insulina,
restringindo a quantidade de insulina permitida no cérebro. Embora a maioria
das células cerebrais não precise de insulina para absorver glicose, elas
precisam de insulina para processar a glicose. As células devem ter acesso a
insulina adequada ou não podem transformar a glicose em componentes celulares
vitais e na energia que precisam para prosperar.
Apesar de nadar em um mar de glicose, as células cerebrais
em pessoas com resistência à insulina literalmente começam a morrer de fome .
Resistência à
insulina e memória
Quais células cerebrais vão primeiro? O hipocampo é o centro
de memória do cérebro. As células do hipocampo necessitam de tanta energia para
realizar seu importante trabalho, que muitas vezes precisam de reforços extras
de glicose. Embora a insulina não seja necessária para fornecer uma quantidade
normal de glicose no hipocampo, esses surtos especiais de glicose requerem
insulina, tornando o hipocampo particularmente sensível aos déficits de
insulina. Isso explica porque o declínio da memória é um dos primeiros sinais
da doença de Alzheimer, apesar do fato de que a doença de Alzheimer
eventualmente deteriorar todo o cérebro.
Sem insulina adequada, o hipocampo vulnerável luta para
registrar novas memórias e, com o tempo, começa a murchar e a morrer. No
momento em que uma pessoa percebe sintomas de “Prejuízo Cognitivo Leve”
(pré-Alzheimer), o hipocampo já encolheu mais de 10%.
Doença de Alzheimer é
a Diabetes Tipo 3
As principais características da doença de Alzheimer -
emaranhados neurofibrilares, placas amilóides e atrofia das células cerebrais -
podem ser explicadas pela resistência à insulina. Um percentual desconcertante
de 80% das pessoas com doença de Alzheimer tem resistência à insulina ou
diabetes tipo 2 já constatados. A conexão entre a resistência à insulina e a
Doença de Alzheimer está agora tão firmemente estabelecida que os cientistas
começaram a se referir à doença de Alzheimer como “Diabetes Tipo 3”.
Isso não significa que o diabetes cause a doença de
Alzheimer - a demência pode atacar mesmo que você não tenha diabetes. É mais
correto pensar assim: A resistência à insulina do corpo é diabetes tipo 2;
resistência à insulina do cérebro é o diabetes tipo 3. São duas doenças
separadas causadas pelo mesmo problema subjacente: resistência à insulina.
Você já está no
caminho para a doença de Alzheimer?
Você pode se surpreender ao saber que a doença de Alzheimer
começa muito antes de qualquer sintoma aparecer.
O problema do processamento da glicose cerebral causado pela
resistência à insulina é chamado de “hipometabolismo da glicose”. Isso
simplesmente significa que as células cerebrais não têm insulina suficiente
para queimar a glicose a plena capacidade. Quanto mais resistente a insulina
você se torna, mais lento fica o metabolismo da glicose no cérebro. O
hipometabolismo da glicose é um marcador precoce do risco de doença de
Alzheimer, que pode ser visualizado com estudos especiais de imagens cerebrais,
chamados exames PET. Usando esta tecnologia para estudar pessoas de diferentes
idades, os pesquisadores descobriram que a doença de Alzheimer é precedida por
décadas de agravamento gradual do hipometabolismo da glicose.
O metabolismo da glicose no cérebro pode ser reduzido em até
25% antes que qualquer problema de memória se torne óbvio. Sendo uma psiquiatra
especializada (a autora desse artigo) no tratamento de estudantes
universitários, acho incrivelmente perturbador que os cientistas tenham
encontrado evidências de hipometabolismo da glicose mesmo no cérebro de
mulheres de 24 anos.
Verdadeira esperança
para o seu futuro
Costumávamos nos sentir impotentes diante da doença de
Alzheimer porque nos disseram que todos os principais fatores de risco para
essa doença devastadora estavam além do nosso controle: idade, genética e
história familiar. Nós estávamos na mira de um insano atirador, vivendo com
medo do pior - até agora.
A má notícia é que a resistência à insulina se
tornou tão comum que as chances são de que você já a tenha desenvolvido em algum
grau.
A boa notícia é que a resistência à insulina é
um importante fator de risco para a doença de Alzheimer que você pode fazer
alguma coisa.
Comer muitos daqueles carboidratos errados e/ou com muita
frequência é o que faz com que a glicose e os níveis de insulina no sangue se
elevem, colocando-nos em alto risco de resistência à insulina e à doença de
Alzheimer. Nossos corpos evoluíram para lidar com fontes alimentares integrais
de carboidratos, como maçãs e batatas-doces, mas eles simplesmente não estão
equipados para lidar com carboidratos refinados modernos, como farinha e
açúcar. Simplificando, carboidratos refinados causam danos cerebrais.
Você não pode fazer nada quanto aos seus genes ou ou a idade
que já você tem - mas certamente pode mudar o modo de comer. Não se trata de
comer menos gordura, menos carne, mais fibras ou mais frutas e vegetais. Mudar
a quantidade e o tipo de carboidrato que você come é onde o prêmio da loteria
está.
Três passos que você
pode tomar agora para minimizar o risco de doença de Alzheimer:
1. Descubra como você é resistente à insulina.
2. Evite carboidratos refinados como um veneno, começando
agora.
Mesmo se você ainda não tem resistência à insulina, você
permanece com alto risco de desenvolvê-lo até que você elimine os hidratos de
carbono refinados, como rosquinhas, sucos de frutas e barras de cereais. (Para
definições claras e uma lista de alimentos refinados para evitar, clique aqui.)
3. Se você tem resistência à insulina, observe a ingestão de
carboidratos.
Infelizmente, as pessoas com resistência à insulina precisam
ter cuidado com todos os carboidratos, não apenas os refinados. Substitua a
maioria dos carboidratos no seu prato por gorduras e proteínas saudáveis e
deliciosas para proteger o seu sistema de sinalização da insulina.
Você pode exercer um tremendo poder sobre a resistência à
insulina - e seu futuro intelectual - simplesmente mudando a maneira de comer.
Testes laboratoriais para resistência à insulina respondem surpreendentemente
rapidamente a mudanças na dieta - muitas pessoas observam melhorias dramáticas
em seus níveis de glicose no sangue, insulina e triglicerídeos em apenas
algumas semanas.
Se você já tem alguns problemas de memória e acha que é
tarde demais para fazer algo sobre isso, pense novamente! Este estudo de 2012
mostrou que uma dieta reduzida em carboidratos e com alto teor de gordura
melhorou a memória em pessoas com “Prejuízo Cognitivo Leve” (Doença de
Pre-Alzheimer) em apenas seis semanas.
Sim, é difícil remover os carboidratos refinados da dieta -
eles são viciantes, baratos, convenientes e deliciosos - mas você pode fazê-lo.
É principalmente sua dieta, não seu DNA, que controla seu destino. Você não
precisa ficar passivo sentado esperando para ver se a Doença de Alzheimer
acontece com você. Armado com essa informação, você pode se tornar proativo, se
cuidando, ostentando um grande e bonito hipocampo que consegue manter cada um
de seus feitos como uma lembrança pelo resto de sua vida.
Obs.: no artigo original tem um infográfico em inglês com
sugestões de estratégias de cuidados alimentares.
Excelente!
ResponderExcluirObrigado pela participação no blog.
ExcluirOlá Dr José Carlos
ResponderExcluirGostaria das suas considerações sobre uma serie de 12 vídeos do Dr Eric Slywitch que em resumo informa que seriam as GORDURAS e não
os CARBOIDRATOS que causam o aumento da INSULINA sendo as GORDURAS indutoras da produção do TNF alfa, um dos marcadores da inflamação,
que bloqueia o carregamento da Glicose nos músculos e células de gorduras aumentando ainda mais a INSULINA.
https://www.youtube.com/watch?v=VN-0XQ6f2Dg&list=PLmulv0_6s7yGeYpva3e-FrBSP215kGoBX
Aguardo os seus comentários
Paulo Barboza
Prezado Paulo! Não posso tecer considerações sobre percepções filtradas pelo viés vegano/vegetariano. Mas insinuar que alimentos (como os carboidratos) que tem impacto glicêmico (basta fazer uma curva glicêmica/insulínica para confirmar) não estimulem ao aumento da insulina é quase como insinuar que a Terra é plana... De qualquer forma não tenho interesse em participar de polemicas que possivelmente não vão auxiliar as pessoas a terem mais qualidade de vida. Aliás sobre o Alzheimer, lhe convido a ler o livro: https://www.amazon.com/Alzheimers-Antidote-Low-Carb-High-Fat-Cognitive/dp/1603587098, ou em português https://www.saraiva.com.br/o-fim-do-alzheimer-o-primeiro-programa-para-prevenir-e-reverter-o-declinio-cognitivo-10183891.html?pac_id=136793&gclid=Cj0KCQiA7IDiBRCLARIsABIPohhb_rvlrCUS0zwb10vQAHvAuMztlgGSsG1FhSq8b84DrBJ520aplYYaAus-EALw_wcB. Grande abraço e obrigado por sua participação!
ExcluirOlá Dr José Carlos. Obrigado por sua respostas e pela indicação do livro o Fim do Alzheimer. Aliás primoroso o artigo acima "COMO EVITAR O ALZHEIMER ". Eu estou convencido que os carboidratos refinados, amido e açúcares são as CAUSAS das principais doenças degenerativas senão todas. Sempre que posso compartilho este artigo com todos os meus queridos parentes, amigos, etc. Faço a dieta low carb/musculação/Corrida/HIIT/JI,etc e não como mais nenhum carboidrato refinado, amido e principalmente os Açúcares naturais ou químicos a mais de 02 anos. Parabéns pelo seu site que muito tem me contribuido na mudança do meu estilo de vida junto com o Dr Uronal Zancan e Dr José Carlos Souto. Abraços. Paulo Barboza
ResponderExcluirGostei ,mas gostaria de poder desenvolver um cardápio pois tenho diabetes melitus tipo Il , estou esquentando muito ,
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