Tem havido alguma controvérsia sobre o uso de máscaras pela população em geral com cuidado de proteção frente a pandemia do coronavírus. Especialmente no ocidente, onde esse emprego não é comum, sendo inclusive, visto com estranheza, ou mesmo repulsa. Inicialmente a própria Organização Mundial de Saúde, em suas primeiras diretrizes, recomendava o uso de máscaras para todos os indivíduos sintomáticos (qualquer sintoma respiratório) como forma de proteger os demais de eventual contágio. No entanto, nos países orientais o emprego de máscaras foi mais difundido logo no começo da expansão da doença, um elemento cultural já assimilado, especialmente pelo fato de já terem enfrentado situações anteriores similares, como a SARS. Mas a posição da OMS está mais flexível recentemente. No seu site fica flexibilizada a recomendação do emprego das máscaras por cada país. Especialmente quando a questão diz respeito às aglomerações. Assim, mesmo que ainda sejam necessários mais estudos para validar o uso de máscaras como estratégia preventiva de larga escala, a OMS não é de forma alguma contra seu emprego. Faz notas quanto a necessidade de estar associado a manutenção de condutas fundamentais como lavar as mãos e cuidar de superfícies de contato.
Então a recomendação de uso em público de máscaras é correta. Seu emprego também mostra um reconhecimento das pessoas à existência da pandemia. É um sinal mútuo de respeito ao próximo e estímulo ao cuidado de todos. É um exemplo de humanidade. Um ato de sensibilidade que pode distinguir pessoas que não perderam um dos mais nobres predicados nos tempos atuais: a solidariedade. Uma providência primária e decisiva para a sobrevivência do homem nos momentos fundamentais de desafio à sobrevivência. Uma distinção entre o bem e o mal.
Se 80% dos americanos usassem máscaras, as infecções por COVID-19 despencariam, diz novo estudo
Há evidências convincentes de que o Japão, Hong Kong e outros locais do Leste Asiático estão fazendo o certo e que devemos, realmente, nos mascarar - e rapidamente.
MAY 8, 2020
Publicado no VANITY FAIR
Parece
bom demais para ser verdade. Mas um novo estudo e um novo modelo informático,
convincentes, fornecem novas evidências de uma solução simples para nos ajudar
a sair desse pesadelo de lockdown. A fórmula? O distanciamento
social em ambientes públicos sempre e, o mais importante, use uma máscara.
Se você está se perguntando se deve ou não usar, considere isso. Anteontem, 21 pessoas morreram da COVID-19 no Japão. Nos Estados Unidos 2.129 morreram (em 08/05). Ao comparar as taxas gerais de mortalidade para os dois países, se oferece um chocante ponto de comparação - com o total de 76.032 mortes atuais nos Estados Unidos atortoados e 577 fatalidades no Japão. Mesmo com a população do Japão sendo cerca de 38% da dos EUA, com o ajuste para o total da população, a taxa japonesa é apenas 2% da dos americanos.
Se você está se perguntando se deve ou não usar, considere isso. Anteontem, 21 pessoas morreram da COVID-19 no Japão. Nos Estados Unidos 2.129 morreram (em 08/05). Ao comparar as taxas gerais de mortalidade para os dois países, se oferece um chocante ponto de comparação - com o total de 76.032 mortes atuais nos Estados Unidos atortoados e 577 fatalidades no Japão. Mesmo com a população do Japão sendo cerca de 38% da dos EUA, com o ajuste para o total da população, a taxa japonesa é apenas 2% da dos americanos.
Isso ocorre mesmo com o Japão não
tendo adotado o lockdown, tendo mantido os metrôs em funcionamento e deixado
muitas empresas abertas - incluindo bares de karaokê -, apesar de cidadãos e
indústrias japonesas praticarem o distanciamento social onde podem. Os
japoneses também não adotaram amplamente o rastreamento de contatos, uma
prática na qual as autoridades de saúde identificam alguém que foi infectado e
depois tentam identificar todos com quem essa pessoa possa ter interagido - e
potencialmente infectada. Então, como o Japão faz isso?
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No Japão, o uso de máscaras não mudou os hábitos da população -foto de 040320 (LINK) |
O debate sobre máscaras, é claro,
vem ocorrendo há semanas nos Estados Unidos e no mundo. Os pró-máscaras
afirmam que o uso generalizado de revestimentos faciais pode diminuir a
propagação da COVID-19. Alguns anti-máscaras, incluindo vários
políticos e autoridades de saúde pública, insistiram que não há prova de
eficácia dos protetores faciais. Segundo alguns ativistas, um mandato de
máscara geral coloca um limite à liberdade individual e até ao direito à
liberdade de expressão. (Os ativistas pró-máscaras estão reagindo com
as campanhas # masks4all e #wearafuckingmask no Twitter).
Representantes da Organização Mundial da
Saúde também estão parecendo um
pouco não favoráveis ao uso de máscara, preocupando-se com o fato de que muitas
pessoas não vão usar máscaras adequadamente, se arriscando a ter a infecção, ou
que as máscaras darão às pessoas uma falsa sensação de segurança e incentivo a
comportamentos de risco, como de ir a festejos ou encontros - nada disso parece
ter acontecido, até onde sabemos, no Japão, Hong Kong ou em outros lugares em
que a máscara é usada. Além das cizânias há a falta de máscaras médicas
para os próprios médicos, enfermeiras, motoristas de ônibus e até mesmo pro
cara que entrega lanches à sua porta.
A confusão nas máscaras foi o que
levou De Kai, de Berkeley, a abandonar tudo há dois meses e ajudar a reunir uma
equipe ad hoc de cientistas e acadêmicos: um médico de Londres, um
bio-informaticista de Cambridge, um economista de Paris e um sociólogo de
dinâmica populacional especialista da Finlândia.
"Eu senti que isso era muito
urgente", disse De Kai, nascido em St. Louis e filho de imigrantes da
China. “Vi o país em que cresci, onde minha família mora [atualmente na
maior parte da área da baía de São Francisco], prestes a enfrentar essa
pandemia sem saber muito sobre algo tão simples quanto usar uma máscara para
proteger a si e aos outros.” Em parte, isso vem de uma diferença cultural
entre o Leste Asiático, onde as máscaras são usadas rotineiramente há décadas
para combater a poluição e os germes, e outras partes do mundo. Isso
inclui os EUA, onde as pessoas não estão acostumadas a usar máscaras e, no
passado, às vezes eram insensíveis, até estigmatizando os asiáticos orientais,
muitos dos quais optaram por usá-las em público antes da pandemia e continuaram
a prática após os surtos de SARS e MERS. (Em parte, esse hábito pretendia mostrar a outras pessoas que elas estavam preocupadas em
transmitir a doença - algo que nós no Ocidente
faríamos bem em imitar.)
A solução de De Kai, junto com sua
equipe, foi construir um modelo de previsão por computador que eles chamam
de simulador de masksim . Isso lhes permitiu criarem cenários de populações
como as do Japão (que geralmente usam máscaras) e outras (que geralmente não
usam), e comparar o que acontece com as taxas de infecção ao longo do
tempo. Masksim usa programação sofisticada usada por
epidemiologistas para rastrear surtos e patógenos como COVID-19, Ebola e SARS,
e combina isso com outros modelos que são usados em inteligência artificial
para levar em conta o papel do acaso, neste caso a aleatoriedade e
imprevisibilidade, do comportamento humano - por exemplo, quando uma pessoa
infectada decide ir à praia. A equipe de De Kai também adicionou uma
programação original que leva em consideração critérios específicos da máscara,
como a eficácia de certas máscaras para bloquear as micro-gotículas invisíveis
de umidade que saem de nossas bocas quando expiramos ou falamos, ou de nossos
narizes quando espirramos, que os cientistas acreditam serem vetores
significativos para espalhar o coronavírus.
Junto com o site masksim ,
a equipe também está lançando um estudo que descreve seu modelo em detalhes, bem como a alegação
de que as previsões de masksim suportam um corpo crescente de
evidências pró-máscara . "O
mais importante sobre o uso de máscaras agora", disse Guy-Philippe
Goldstein, economista, especialista em segurança cibernética e
professor da École de Guerre Economique em Paris - e colaborador
do masksim, "é que funciona, juntamente com o distanciamento
social, para achatar a curva de infecções nesse tempo em que esperamos o
desenvolvimento de tratamentos e vacinas - enquanto também permitimos que as
pessoas saiam e que algumas empresas possam reabrir. ”
Embora todos os modelos tenham
limitações e sejam tão boas quanto suas suposições, este é "um modelo
muito completo e bem feito", disse William Schaffner, especialista
em doenças infecciosas da Universidade Vanderbilt, que revisou o artigo da equipe
De Kai. "Ele apoia uma noção que eu defendo junto com a maioria dos
outros especialistas em doenças infecciosas: que as máscaras são muito, muito
importantes". Jeremy Howard, pesquisador fundador
da fast.ai e um destacado cientista da Universidade de São Francisco,
também avaliou o artigo. "É quase um exagero o quão cuidadosos eles
foram com essa modelagem", disse Howard, que também foi coautor e
coordenador de um estudo no mês
passado. (submetido recentemente à
revista PNAS) que revisou dezenas de artigos avaliando a eficácia das máscaras.
Durante um evento pelo aplicativo Zoom
de compartilhamento de tela em seu escritório em Hong Kong, De Kai, que não teve
que se abrigar no local ("porque quase todo mundo aqui usa
máscaras"), me explicou como o modelo funciona. (Confira este vídeo onde De Kai tem um demo do site). Na tela do Zoom
de De Kai, uma caixa aparece cheia de dezenas de pontos azuis, cada um
representando uma pessoa que está publicamente fechando e zapeando, fazendo
suas coisas e às vezes interagindo com outras pessoas. Esses pontos azuis
indicam "não infectado, mas suscetível". À medida que a
simulação avança, um dos pontos fica laranja, representando uma pessoa que foi
exposta ao coronavírus. Esse ponto laranja toca um ponto azul próximo, que
também muda para laranja enquanto o ponto laranja original muda para
vermelho. Isso significa que essa pessoa agora está infectada. À
medida que o modelo e os “dias” simulados passam, com os pontos continuando a
ricochetear, alguns pontos laranjas e vermelhos ficam verdes, o que significa
que as pessoas se recuperaram - ou morreram.
No compartilhamento de tela, De Kai
primeiro executou uma simulação que mostra o que acontece quando a COVID-19
atinge uma população na qual ninguém usa máscara. Os pontos laranja e
vermelho proliferam a uma velocidade assustadora; “Suscetíveis” se tornam
“expostos / infectados”, depois recuperados ou mortos. "É isso que
você não quer", disse De Kai. Ele mudou o cenário
para simular o que aconteceria se 100% da população no faz de conta usasse máscaras; quase
todos os pontos permaneceriam azuis - com cada um deles cercado por um quadrado
branco, representando alguém usando uma máscara.
Em seguida, De Kai acrescentou
outro ajuste, modelando uma situação em que 80% de uma dada população usava máscara. Aqui,
a maioria dos pontos permanece azul, com alguns em laranja, vermelho e
verde. "Esse é o objetivo", afirmou De Kai. "Que 80 ou
90% da população esteja usando máscaras." Menos que isso,
acrescentou, não funcionaria tão bem. "Se você chega a (apenas) 30 ou
40%, quase não obtém nenhum efeito [benéfico]".
"Comecei a sair só para
comprar comida em meados de março", lembrou o economista Guy-Philippe
Goldstein. “Eu era o único que estava usando uma máscara e as pessoas
estavam tirando sarro de mim. Elas já não estão mais agora, embora ainda
não haja pessoas suficientes em Paris usando máscaras.” Essa pode ser uma
das razões pelas quais apenas alguns estados nos EUA atualmente exijam que as
pessoas sempre usem máscaras quando saem em público, embora muitos estados
exijam máscaras para certos trabalhadores, para ingressar em empresas e em
transporte público. Muitas cidades e condados, incluindo Denver e Los
Angeles, também requisitam seu uso. Esteja você em um estado azul
(referente ao Partido Democrata) ou vermelho (referente ao Partido Republicano),
você não vai querer se tornar um dos pontos vermelhos de De Kai.
Sugestões de como fazer máscaras em casa nesse LINK ou nesse outro LINK (entre muitos outros)
Recomendação em época de pandemia: fique em casa sempre que possível, lave as mãos, higienize supefíceis de contato, e na rua, próximo de outras pessoas, mostre sua atenção aos outros utilizando uma máscara de proteção!
Boa tarde Dr José Carlos. O problema continua sendo a qualidade das máscaras. A cada dia a gente depara com uma informação diferente sobre o tipo do tecido usado nas máscaras caseiras e mesmo daquelas usadas por profissionais da saúde. Abraço
ResponderExcluirOlá! No final do artigo tem dois links de artigos que podem auxiliar a fazer e utilizar de forma correta as máscaras. Ainda assim o melhor é utilizar alguma máscara do que nenhuma, a despeito das eventuais diferenças entre suas características. Um grande abraço!
Excluirhttps://landing.senhortanquinho.com
ResponderExcluirObtenha já seu kit low-carb!!