Já publiquei um artigo sobre o escorbuto e a questão da vitamina C. Agora publico o artigo sobre o mesmo tema, de uma blogueira bem interessante, com referência no final desse texto. Entender a questão da vitamina C, e seu papel na formação do colágeno dá a devida compreensão dessa (quase) mítica vitamina, e de sua devida importância considerando as fontes alimentares tipicamente paleolíticas. Um texto pretensioso mas bastante didático. Complementa o artigo postado anteriormente AQUI sobre o mesmo tema.
Por que a carne impede o
escorbuto?
Roald Amundsen foi
um explorador polar no início deste século. Ao contrário de Robert Falcon Scott em sua malfadada
expedição para a Antártida, a filosofia de Amundsen era comer o que os esquimós
nativos comiam. Enquanto Scott levou comida e biscoitos em lata em sua
expedição, Amundsen comeu pemmican(1),
cloudberry(2) em geléia, e eventualmente
carne fresca, dos seus próprios huskies
quando eles já não eram capazes de conduzir seus suprimentos. As rações de
Scott não eram caloricamente adequadas para a viagem e sua equipe perdeu muito
peso. Apesar de tomar suco de limão que eles portavam, eles morreram, desastrosamente
de desnutrição e escorbuto.
A carne crua fresca contém quantidades muito pequenas de
vitamina C. Vilhjalmur Stefansson, um
outro explorador polar que comeu como os esquimós, nunca foi incomodado pelo
escorbuto. Quando dois de sua equipe ficaram doentes com o escorbuto, ele
descobriu que haviam secretamente comido uma porção de alimentos ocidentais,
como biscoitos. Ele curou-os em uma dieta toda à base de carne. Stefansson foi
o carnívoro original - após suas expedições no Ártico, ele se convenceu de que
era perfeitamente possível viver em uma dieta com nada mais além de carne, e
permanecer em excelente saúde, e de fato evitar muitos dos nossos problemas comuns
de saúde, como cefaleias, artralgias e outras dores (soa familiar?). Stefansson
- cuja dieta incluía iguarias como os cérebros de vitelas crus e outras
vísceras, manteve um checkup em um hospital de Bellevue por um ano para ser
observado com o objetivo de por a prova uma dieta a base de carne para o mundo.
Ele conseguiu, e passou o resto de sua vida comendo uma dieta sumária. Em sua
velhice, ele se casou com uma mulher mais jovem que o tentava com sobremesas
doces. Ele cedeu às suas convicções, e sofreu um acidente vascular cerebral.
Tendo tido este revés na saúde, ele retornou para a sua dieta a base de carne e
viveu por mais de uma década, até à década dos oitenta anos.
A carne contém quantidades praticamente insignificantes de
vitamina C, mas os exploradores árticos sabem há muito tempo sua capacidade de
prevenir o escorbuto. A dieta do marinheiro comum, por outro lado, consistia em
grande parte de carboidratos sob a forma de biscoitos, e pouca proteína - besouros
geralmente -, bem como de quantidades significativas de álcool, todos esses fatores
conhecidos por aumentarem o risco de desenvolver o escorbuto.
Apesar do fato de que a carne fresca era bem conhecida como
um anti escorbútico, uma prática entre os baleeiros civis e exploradores do
Ártico, no momento da missão de Scott à Antártida, a teoria médica prevalecente
era de que o escorbuto seria causado por comida enlatada "contaminada",
e isso foi assim até 1932 quando a ligação entre a vitamina C e escorbuto foi
estabelecida.
Eu li muitas passagens aqui e ali exaltando as virtudes de
carne fresca na prevenção do escorbuto, uma delas é até mesmo citado em Nourishing
Traditons, onde esta capacidade é atribuída a "algum fator
desconhecido" na carne.
Na verdade, a carne não só impede o escorbuto porque contém
pequenas quantidades de vitamina C, mas impede porque evita a necessidade de
vitamina C.
A vitamina C é necessária para formação de colágeno no
corpo, e isso que ela faz - apesar de ter sido descrita em toda a parte como um
antioxidante - pela oxidação. O papel da vitamina C na formação de colágeno é a
transferência de um grupo hidroxila para os aminoácidos lisina e prolina. A carne,
no entanto, já contém quantidades apreciáveis de hidroxilisina e
hidroxiprolina, o que reduz um tanto das necessidades de vitamina C. Em outras
palavras, a sua exigência de vitamina C é dependente de quanta carne você não está
comendo!
(1)
Uma mistura concentrada de gordura e proteína utilizada como comida nutritiva. O
termo deriva-se da palavra cree pimîhkân, em si derivada da
palavra pimî,
"gordura, graxa".[1] O alimento foi amplamente adotado como
energético pelos europeus envolvidos na troca de peles e posteriormente por exploradores do Ártico e da Antártica como Robert Falcon Scott e Roald Amundsen.
Os ingredientes especificamente utilizados variavam de acordo com o que estava
disponível; a carne geralmente era de bisão, alce ou veado. Elementos como oxicoco eram por vezes adicionados, assim como cereja, ribes e aronia.[2]
(2) Rubus chamaemorus ou amora do ártico, uma fruta.
LINK do original: AQUI
Interessante, comer apenas carne?
ResponderExcluirTem mais algum estudo, pesquisa que mostre isso?
Seria seguro comer apenas carne apenas? Sem nenhuma verdura/legume?
Olá! Há várias pessoas propondo essa forma de alimentação. Isso já foi mostrado nesse artigo: http://www.lipidofobia.com.br/2015/03/chegou-hora-da-radicalizacao-no-plant.html. Grato pelo contato
Excluir