Saúde feminina em crise
As taxas de mortalidade entre as mulheres brancas nos Estados Unidos estão crescendo - entenda o porquê
por Caitlin Gallagher
publicado em 13/04/2016
As taxas de morte prematura nos Estados Unidos têm estado em
um declínio constante nesses últimos anos, com a exceção de um grupo demográfico,
o das mulheres brancas. De acordo com uma análise das estatísticas nacionais de
saúde e mortalidade do The Washington Post, as mulheres brancas de meia-idade (ao
redor dos seus 30, 40 e 50 anos) têm mostrado um aumento acentuado nas taxas de
mortalidade prematura desde a virada do século 21.
O Post analisou os registros de óbitos dos Centros para
Controle e Prevenção de Doenças (Centers for Disease Control and Prevention) e
descobriu uma tendência alarmante de deterioração da saúde entre as mulheres
brancas, especialmente aquelas que vivem em áreas rurais em todo o Sul e
Centro-Oeste. Desde o ano de 2000, a taxa de morte prematura entre as mulheres
brancas nas zonas rurais aumentou em 48 por cento. Enquanto algumas áreas apresentam
mais riscos do que outras, dificilmente qualquer região parece ser imune a esta
surpreendente tendência, com a exceção de alguns dos principais centros urbanos.
No entanto, mesmo em metrópoles urbanas como Los Angeles e Nova York, as taxas
de mortalidade entre as mulheres brancas estão a diminuir, mas a um ritmo mais
lento do que entre os afro-americanos ou hispânicos - um precedente histórico.
Então, o que está acontecendo com as mulheres brancas na
América? Os pesquisadores especulam uma série de fatores que estão em jogo, em
câmera lenta, nesta epidemia de saúde pública. Uma teoria é que as mulheres
brancas estão experimentando uma quantidade sem precedentes de estressores
modernos devido às mudanças significativas nos papéis de gênero ao longo dos
últimos 50 anos. Mais e mais mulheres estão fazendo malabarismos como força de
trabalho ao lado de seus papéis tradicionais como cuidadoras domésticas. Os
níveis de estresse parecem estar em ascensão e as mulheres estão cada vez mais
envolvidas em comportamentos de risco, incluindo o excesso de bebida e fumo. A
morte por cirrose do fígado quase dobrou desde o ano 2000 e o câncer do pulmão agora
mata muito mais mulheres do que o câncer de mama. Também não se pode esquecer
que quase um terço dos americanos são obesos, um conhecido fator de risco para
a morte precoce.
Os pesquisadores também notaram uma interessante correlação
entre a aprovação regulatória da oxicodona,
um opiáceo usado sob prescrição, e o aumento das taxas de morte precoce. Em
comparação com outros dados demográficos, há uma taxa desproporcionalmente alta
de abuso de opiáceos (ambos, o ilegal e o prescrito) entre indivíduos brancos.
Noventa por cento das pessoas que experimentaram a heroína no ano passado eram
brancos.
Enquanto mais mulheres brancas estão morrendo
prematuramente, as taxas de mortalidade prematura entre afro-americanas e
hispânicas continuam a cair. Mesmo assim, as mulheres brancas continuam a estar
estatisticamente mais em vantagem do que qualquer outro item demográfico. Os
afro-americanos ainda têm expectativa de vida mais curtos e são desproporcionalmente
afetados por certas condições de saúde, incluindo doenças cardíacas,
hipertensão, diabetes e asma. Os afro-americanos também são menos propensos a
ter seguro de saúde. Enquanto as mulheres brancas ainda estão vivendo mais que
afro-americanos de ambos os sexos, a diferença está diminuindo de forma
constante, especialmente para aquelas que nasceram depois de 1960.
Entre todos os países ricos, os aumentos das taxas de
mortalidade são extremamente raros e tendem a ocorrer apenas em países
submetidos a uma grande convulsão social. No entanto, nos Estados Unidos, que é
considerada a nação rica menos saudável, a tendência das taxas de morte precoce
continua a crescer entre as mulheres brancas e não mostra sinais de
abrandamento.
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