quarta-feira, 25 de junho de 2014

Documentario CARBLOADED




Novo documentário a vista!

Um novo documentário sobre os problemas da alimentação baseada em carboidratos está para ser lançado. Tem a participação de vários pesquisadores importantes entre eles Mark Sisson e Gary Taubes. O trailer já está disponível. Se soma a outros documentários importantes sobre o tema da nutrição, como o Sweet Misery (sobre aspartame), $tatin Nation (sobre o colesterol) ou Nutrition and Behavior (sobre questões alimentares e comportamento, do dr. Russell Blaylock).
Não sei ainda como será distribuído, mas já estou na espera, pois parece que vai ser bem consistente!

Esse é o link do site de informações sobre o filme:  Carbloaded

Link de endereço do filme com legendas (blog Paleodiario)
http://www.paleodiario.com/2014/12/carb-loaded-legendado.html
Já disponível!


sábado, 14 de junho de 2014

Um Fígado Gordo - Esteatose - A nova epidemia



A NOVA EPIDEMIA: O FÍGADO GORDO!


No mesmo momento que a Revista Time tem como capa o fim da guerra contra a gordura, (veja o comentário do dr Souto sobre o tema)
o New York Times publicava um extenso artigo sobre um outro tema relacionado com nutrição e metabolismo: a crescente epidemia de esteatose: a gordura no fígado.
Se trata de uma situação que se observa cada vez em pacientes de consultório que fazem sua primeira ecografia abdominal perto dos 40 anos. Sendo que muitas dessas pessoas têm ferritina elevada - homens principalmente, uma vez que não menstruam, e/ou apresentam taxas elevadas de ácido úrico, e/ou têm altas taxas de triglicerideos, alguns efetivamente com algum grau de sobrepeso. Mas que geralmente não se reconhecem  enfermos! 
Há pouco tempo isso era incomum. Infelizmente cheguei a ouvir que isso seria um "artefato de imagem" promovida pelos novos equipamentos mais modernos e mais precisos. Mas agora sabemos que se trata de algo muito mais grave. Parece que era algo para o qual não estávamos preparados para lidar. Por isso o artigo do NY Times sublinha: esse problema nem mesmo tinha nome há pouco tempo tempo atrás, umas três décadas. Agora temos o Fígado Gorduroso Não Alcoólico. O drama é que 10 % das crianças e 20 % dos adultos americanos já apresentam essa condição! O que a transforma na mais comum das enfermidades crônicas do fígado!
Não tendo tratamento medicamentoso específico, está rapidamente se transformando na mais comum das causas de transplante desse órgão nos Estados Unidos!
De acordo com o artigo: "A maioria dos pacientes têm uma forma menos grave da doença, sem sintomas evidentes. Mas ter um fígado gorduroso não alcoólico é um forte fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardíacas e diabetes tipo 2. E em 10 a 20 por cento dos pacientes, a gordura que se infiltra no fígado leva a inflamação e cicatrizes que podem lentamente enfraquecer o órgão, preparando o palco para cirrose, câncer de fígado e finalmente a insuficiência hepática. Estudos mostram que de 2 a 3 por cento dos adultos americanos, ou, pelo menos, cinco milhões de pessoas, têm esta forma mais progressiva da doença, conhecida como esteatohepatite não-alcoólica ou NASH (abreviatura em inglês).”
Ainda de acordo com o artigo: "… em Los Angeles, a doença hepática é diagnosticada em uma de cada duas crianças hispânicas obesas, e é uma das principais causas de morte prematura em adultos hispânicos."
Para adultos o crescimento das taxas de esteatose está ligada à obesidade, mas para crianças isso parece pior, pois as taxas de esteatose aumentam mais rápido do que a própria obesidade.
Foi verificado que crianças com essa condição tem um aumento maior em taxas de triglicerídeos quando consomem açúcar do que aquelas que não tem o problema.  
Um pesquisador citado na matéria diz que o corte do consumo de bebidas açucaradas parece trazer grande melhora nos pacientes. 
Infelizmente o artigo coloca as coisas na equação de que pode ser uma consequência indireta pela redução do peso. Creio que não faz diferença se é direto ou indireto. Porque não ser mais contundente e se comprometer no estímulo à redução no consumo de todas as bebidas açucaradas, o que inclui refrigerantes, sucos de frutas e chás doces!
O texto cita várias vezes a questão da resistência à insulina, embora nem todos os pacientes pareçam apresentar ter o problema, do sobrepeso, mas pessoas de descendência asiática não precisam do sobrepeso para desenvolver esse problema e do sedentarismo
Particularmente estou muito convencido de que a esteatose é uma marca do quadro que chamamos de síndrome metabólica, e que suas múltiplas causas convergem para o recente incremento no consumo de carboidratos e alimentos processados,  
Christopher Masterjohn, pesquisador da Weston A Price adiciona a questão de termos retirado das refeições habituais alimentos tradicionais ricos em colina com os ovos e o bife de fígado. 
A primeira publicação que ligava o fígado gordo com a obesidade é de 1952. mas a conexão entre diabete e esteatose já era conhecida desde o século XVIII, no caso para pacientes com diabete tipo I. O termo NASH foi primeiramente publicado em 1980, por Jurden Ludwig e colaboradores da Clinica Mayo. Desde essa época várias pesquisas subsequentes foram relacionando a esteatose com sensibilidade reduzida à insulina, obesidade, diabetes. Muitos estudos em animais não reproduziram perfeitamente a questão em humanos provavelmente porque estabeleciam relações diretas de causa e efeito, e essa condição para humanos é fruto de uma teia bem mais complexa de interferentes.
De qualquer forma, parece ser importante em qualquer procedimento de check up se fazer uma ecografia abdominal total. Exames de sangue com resultados normais para enzimas do fígado não informam precocemente essa situação.

E aposte em reduzir carboidratos! Seu fígado vai agradecer!

Artigos de referência:


    




domingo, 1 de junho de 2014

As gorduras e a inflamação

Gorduras e imunidade


Quando se fala em saúde cardiovascular sempre vem a tona a questão das gorduras - sejam elas alimentares ou da composição corporal. Muitas vezes as pessoas ainda ficam surpresas quando é proposto uma definição mais exata do papel de personagens muito citados como a gordura saturada, ácidos grados ômega-6 (n-6), ômega-3 (n-3), triglicerídeos etc., na compreensão de processos imunológicos e inflamatórios. As vezes parece que nem sabemos o que está sendo informado quando vemos um exame ordinário como o perfil lipídico do sangue.

“A mudança radical na dieta humana, com predomínio franco dos ácidos graxos poliinsaturados n-6 (ômega-6) relativamente à dieta de nosso antepassados, será muito provavelmente, uma das razões para o aumento da doença cardiovascular verificado nos países ocidentais.” Essa é uma das conclusões de um artigo sobre o tema. Só que esse artigo é de 2002! 
Vou falar sobre essa interessante publicação que venho guardando há muitos anos e que agora parece fazer mais sentido para as pessoas bem informadas. Seu título é: “Lipídios e Imunidade”. É bastante técnico e repleto de nomes complicados, pois o autor está preocupado em situar o leitor no enredo da trama biológica com a maior precisão possível. Ainda assim, é sem dúvida uma pequena e fundamental referência para se entender a relação dos lipídios com o processo inflamatório, ofertando ainda a possibilidade de um olhar mais perspicaz para os tradicionais exames de colesterol e triglicerídeos. 

Sobre a inflamação

A personagem master responsável pelos aspectos cardinais da inflamação: vermelhidão (rubor), inchaço (edema), calor e dor é a PGE2 - a prostaglandina E2. É um membro de um grupo maior chamado de Prostanóides. Todos os prostanóides são derivados da ação de uma enzima sobre os ácidos graxos, essas enzimas são as ciclooxigenases, ou mais simplesmente as COX. Existem duas formas COXs: a COX-1 e COX-2 (talvez uma terceira, no sistema nervoso central a COX-3).
Quando tomamos alguns medicamentos bem populares eles atuam nesse sistema de enzimas. Os antiinflamatórios mais comuns atuam bloqueando ambas as enzimas, como o diclofenaco e o ibuprofeno. Um grupo mais recente dos antiinflamatórios atuaria somente na COX-2, mas como se  verificou riscos graves, dois deles já foram retirados do mercado: o refecoxibe (Vioxx) e o valdecoxibe (Bextra) - restando basicamente o celecoxibe (Celebra). 
As prostaglandinas fazem parte dos eicosanóides.
Um outro grupo de eicosanoides são os leucotrienos, mas a enzima responsável é outra: a lipooxigenase (LO). 
O substrato de ação de ambas as enzimas COX e LO são os ácidos graxos, do grupo dos ácidos graxos poliinsaturados. O mais importante é ácido araquidônico, sendo o mais prevalente o de origem alimentar: o ácido linoleico, de 18 carbonos e duas ligações duplas, muito conhecido como Ômega-6 (n-6).
As células responsáveis pela resposta inflamatória são as células brancas: os leucócitos, e uma variedade de estímulos extra-celulares as induz a produzir prostaglandinas. Isso vai incluir outros personagens mais ou menos conhecidos como: 

1) O hormônio feminino estradiol;
2) Um fator de controle da pressão: a angiotensina II, que produz constrição de vasos e retenção de sódio, portanto sendo um fator de hipertensão;
3) Um fator mediador da inflamação que favorece a permeabilidade e dilatação local de vasos, a bradicinina;
4) Outros fatores indutores de inflamação, e
5) Os próprios eicosanóides (ou seja a produção de prostaglandinas induz a mais produção).

Perfil lipídico e inflamação crônica

A inflamação crônica é um fator importante para a doença cardiovascular. E a inflamação dá origem a uma mudança no perfil dos lipídios do sangue. Assim quando se avalia aqueles exames de lipídios em exames de rotina, o que se persegue saber é: o status pró inflamatório está ativado? 
Uma das alterações mais constantes que mostra inflamação crônica é o aumento de uma porção de lipo-proteínas que aparecem junto do colesterol: a VLDL. (normalmente aparece quando é solicitado especificamente, colesterol e frações ou perfil lipídio completo, geralmente o valor de referência é menor que 30).
Uma outra questão importante diz respeito ã fração HDL. Em modelos animais se verifica que a redução do colesterol HDL é uma resposta a quadros inflamatórios. Em seres humanos o C-HDL está reduzido nos portadores de doenças crônicas.
Por outro lado a redução do HDL pode ser responsável por mais oxidação da fração LDL do colesterol, já que as partículas HDL contém enzimas que protegem as LDL daquele processo.
A LDL oxidada é reconhecido fator de doença cardio-vascular.
Os triglicerídeos também costumam estar elevados em processos inflamatórios. 

Interferência alimentar

Esses processos fisiológicos devem ter sido concebidos para aprimorar respostas de defesa do hospedeiro, e mostram  a estreita relação dos lipídios com o processo inflamatório e naturalmente com os lipídios dietéticos. 
Um dos modelos de gordura antiinflamatória é o óleo de peixe. Tem alto teor de ácidos graxos de 20 e 22 carbonos.  Sob ação das enzima COX e LO, o resultado é a formação de produtos com fraca ação inflamatória.  
Outro aspecto citado pelo autor é o ácido graxo do tipo ômega-3 (18 carbonos) - o ácido alfa linolênico, precursor dos ácidos graxos citados antes, o que leva a formação de uma cascata bioquímica que resulta em derivados com menor potencial inflamatório.
Isso traz a vantagem de aumentar a concentração de substâncias que estão presentes nas membranas de células brancas, que modulam todo o processo da inflamação.
Estudos em antropologia nutricional tem mostrado que a alimentação humana tem reduzido os ácidos graxos de ômega-3, onde a tradicional proporção de 2:1 entre n-6 e n-3 ficou altamente desproporcional em 20-30:1. Vegetais cultivados e animais alimentados com cereais são pobres em ômega-3. Os ácidos n-6 são percursos diretos do ácido araquidônico, e isso certamente está influenciando para um aumento em doenças cardiovasculares e auto-imunes.   

Assim, quando recebemos um resultado de laboratório como os lipídios do sangue, e compreendemos seu significado, não parece mais sensato se buscar simplesmente, por exemplo se reduzir uma taxa de colesterol com remédios. Devemos, em realidade, interpretar o processo subjacente e introduzir condutas pertinentes a esse significado: reduzir a inflamação em andamento! Limitar o consumo de gorduras de má qualidade, como aquelas ricas em ômega-6 (óleos vegetais em geral, gordura vegetal hidrogenada e margarina), reduzir o estímulo a formação de triglicerídeos (reduzindo o consumo de carboidratos, como vários estudos já documentaram) são alguns exemplos de medidas que podem nos aproximar desse fundamental objetivo para restabelecer a saúde.


Essa, então, é uma súmula do excelente artigo de José Manuel dos Santos Pereira de Moura (Lípidos e imunidade), produzido em 2002. Quem quiser baixar o artigo original esse é o LINK.

Referência: Revista da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, Vol. 10, N.1, 2003




terça-feira, 27 de maio de 2014

Frutos do preconceito I - A Maionese Zero Colesterol



Frutos do preconceito: Maionese Zero % Colesterol


A maionese é um molho com uma origem um pouco controvertida. Seu nome pode esconder sua inata origem: ovos, ou melhor: gemas. No francês antigo moyey significa gema, de ovo, é claro.

É praticamente certo que a maionese tem origem francesa. E mesmo que sua origem tenha ocorrido em função de uma vitória do duque de Richelieu próximo a um porto chamado de Mahón (1756, outra provável origem do nome: mahonese, mas que fica na Espanha) e o chef de cozinha da janta da vitória tivesse que improvisar um molho com os ingredientes disponíveis da região, (versão mais difundida) ou tenha sido inventada em Bayonne, no sudoeste da França, (daí uma possível adaptação: bayonnese para maionese), seus ingredientes básicos seriam o azeite de oliva junto com sua essência: os fundamentais ovos. Sem ovos, sem maionese.

Sim, a mistura providencial de ovos, azeite (azeite é o nome dado ao óleo de oliva, somente de oliva!) e um pouco de vinagre gerou uma espécie de molho que no início do século XX ultrapassou o Atlântico e chegou aos Estados Unidos por um tal de Hellmann. Nada, além disso, é a nossa trans secular maionese.

A maionese é um produto do século XVIII. Sem aditivos, sem indústria... Com uma certa perecividade, típica dos bons produtos que a natureza disponibiliza aos seres humanos.

Há alguns anos chegou nas mesas brasileiras uma maionese com zero porcento de colesterol. Como a maionese verdadeira é feita com ovos inteiros, generosos (graças a Deus) fornecedores de colesterol, ficamos diante de uma truque comercial: sem colesterol não temos mais a maionese original. Isso foi conseguido fazendo um creme só com as claras. Mas sabemos que as gemas é que são repletas de um completo portfólio de vitaminas e outros nutrientes fundamentais. Há também vários outros molhos com outros ingredientes com a proposta de imitar a maionese original, com ingredientes alternativos como o leite desnatado ou creme de leite (na famigerada apresentação light) ou até mesmo com batatas e outros substitutos vegetais, com a finalidade de reduzir ou zerar a taxa de colesterol desse molho.

Infelizes pessoas que acham que não podem comer ovos podem achar necessário comer esse substituto, produzido com óleos vegetais de baixa qualidade (provavelmente soja ou outro óleo cheio de ômega-6 ou com desequilíbrio de ácidos graxos essenciais, e provavelmente com ingredientes transgênicos e, potencialmente um grande fornecedor de radicais livres ou gordura trans), ao final uma súmula obscura de “saúde”.

Se levarmos em conta de que o fato de um alimento não possuir nenhum  percentual de colesterol não representa qualquer qualidade especial, (por exemplo, o leite materno é um grande fornecedor de colesterol, e possui extrema qualidade); e se sabemos que o colesterol é fundamento da integridade da parede celular de todo e qualquer tecido humano, e precursor indispensável da produção de hormônios sexuais e dos cortisóis endógenos, somente uma pessoa com alguma grave e rara doença não poderia consumir colesterol.

Logo, consumir uma maionese sem colesterol poderia ser vantajoso somente para pessoas que talvez necessitem de uma extrema contenção de calorias (existe realmente um ser humano com essa necessidade?), ou que tenham uma rara doença genética chamada de hipercolesterolemia familiar(1), uma enfermidade que não é gerada pelo colesterol, mas sim pela incapacidade singular de alguns organismos  de não metabolizarem essa fundamental substância corporal.

Em todo o caso, o óbvio é não nos esquecermos do principal: um produto como a maionese com zero porcento de colesterol seria melhor citado como um produto artificializado, que imita um molho tradicional amaldiçoado com um preconceito, fruto da aberrante ignorância: “colesterol faz mal à saúde”.

Afinal os substitutos alimentares são uma das maiores fontes de renda da nossa sociedade de consumo. Contudo jamais deixarão de ser meros substitutos. Os produtos originais (2) são muito mais saudáveis e dignos de nos ofertarem uma vida mais feliz e mais natural, por mais incrível que isso possa parecer.



(1) A hipercolesterolemia familiar é uma doença genética onde faltam receptores, ou onde há receptores mal funcionastes para a fração LDL que leva o colesterol para o fígado, o que resulta em altas concentrações no sangue,devido ao “represamento" do metabolismo do colesterol. O problema é em gene do cromossomo 19, e pode afetar um e mais raramente os dois cromossomos de um indivíduo)

(2) De acordo com o  "The Standard of Identity Law" dos alimentos, nos EUA, só pode ser chamada de maionese (Real Mayonnaise) o produto que tem como emulsificador ovos de verdade. Todo o resto é mero imitador do tradicional molho francês.

Pensei em publicar eventualmente alguns posts com produtos que são meramente frutos de preconceito e ignorância do que são alimentos de verdade! Sugestões serão bem vindas!

domingo, 25 de maio de 2014

Açúcar x Gordura - Um programa tendencioso?


GORDURA X AÇÚCAR


Um comentário sobre um quadro do programa Fantástico de 25/05/2014:

Nessa noite de 25 de maio me ocorreu algo raríssimo: estava vendo o início do programa Fantástico que apresentou um quadro sobre alimentação e saúde. Uma comparação entre alimentação a base de açúcar versus gordura. Fiquei até o final do quadro. Ao final algo me parecia errado. Rapidamente fiz uma pesquisa. E descobri o que se segue, que vou compartilhar nesse post.

Chequei ao blog da Zoë Harcombe, que já conheço há anos, pois é do time do THINCS (a rede internacional dos céticos do colesterol criada pelo dr Uffe Ravnskov há mais de uma década).
Ela discorre sobre o programa do canal Horizon, que foi ao ar em Janeiro de 2014, que pela sua descrição é o mesmo que apareceu na noite de hoje.
Primeiramente ela faz uma revelação interessante: os irmão gêmeos do programa dessa noite já tinham participado de um programa da BBC Horizon em 2008. Era um experimento pelo visto mais longo, que os acompanhou em uma viagem para um local frio e distante, Chutkotka (nordeste da Rússia), uma gélida península banhada pelo Mar de Bering. O Chris seguiu a dieta local a base de baleia, morsa e focas, enquanto o irmão Alexander (Xand, o que só comeu gordura no programa apresentado hoje) seguiu uma dieta baseada em alimentos processados do único mercado local com comida ocidental. No resultado final Chris tinha levado a melhor, com sua dieta rica em gordura e proteína e desprovida de carboidratos. 
Mas vamos falar do programa de hoje e seus viéses não declarados.
Claro que a primeira experiência foi mais real. Uma comparação entre comida de verdade (local) versus comida processada.

No programa de 2014 a experiência é simples, no curto período de um mês, e os irmãos em posições opostas. A proposta era mostrar o que é pior para as pessoas: açúcar ou gordura. 

Aparece Amanda Ursell, a nutricionista, que mostra na mesa aquilo que os dois irmãos podem comer. É realmente muito interessante ver Amanda apontar para a mesa de Chris (do açúcar) - explicando que todos aqueles alimentos: "pão, biscoitos, massas, arroz, batatas, cereais matinais, além das frutas e vegetais ilimitados, no final de contas se convertem em açúcar no sangue". E ela está certa. E esse é o ponto principal que os conselheiros de saúde pública simplesmente não captam. Eles estão nos dizendo para reduzir o açúcar, mas aconselhando a comer mais carboidratos. O carboidrato é, ou se decompõe em, açúcar.
No lado da mesa de Xand da mesa tinha queijo, carne, manteiga, hambúrgueres, frango com a pele, creme de leite, maionese, etc. Imediatamente vemos um problema decorrente de uma ignorância em nutrição. Para Xand não é permitido legumes, mas são permitidos laticínios ilimitados - o que, como regra geral, tem cerca de 5 % de carboidratos. Hamburgers invariavelmente têm trigo, amido, farinha de rosca e/ou açúcar. Xand é visto mais tarde no programa com fatias de carne processada, o que invariavelmente contêm dextrose/açúcar e a maionese (a industrializada) invariavelmente contém açúcar, portanto, Xand também poderia ter tido inadvertidamente consumido açúcar/amido.

Zoë comenta então, as questões de performance, tanto no desempenho cerebral como físico: 

Há dois problemas fundamentais :
1) O cérebro vai se alimentar de glicose ou cetonas, se a glicose não está disponível. O corpo vai alimentar de glicose ou gordura (dietética ou do organismo) se a glicose não está disponível. É improvável que Xand tenha entrado em cetose ou tenha se nutrido de gorduras do corpo se ele recebeu carboidratos dos produtos lácteos e de carnes e molhos processados. Ou seja: Xand não está recebendo uma oportunidade justa para competir com uma alternativa à glicose.
Veremos nos resultados finais que pelo fato de Xand ter começado com um percentual de gordura corporal de 26,7% e tenha perdido 3,5 kg que ele não estava em cetose. Seria esperado que Xand perdesse esse peso em uma semana, e não em quatro, se ele realmente estivesse em dieta com zero carboidratos, uma dieta cetogênica.
2) É preciso tempo para o corpo se adaptar a cetonas e gordura considerando que a glicose foi prontamente disponível pelos 35 anos de vida do jovem médico. Esperar que Xand se desse bem no novo combustível, contra um irmão que permaneceu com seu combustível preferido por tanto tempo de vida não é justo!

Mas o desempenho não foi o que veio a preocupar o público em geral (no exterior). As duas questões que preocuparam foram:

1) A massa muscular;

2) A produção de insulina e diabetes tipo 2.

Zoë examina cada um desses ítens.

Os resultados sobre a massa muscular:

Xand começou em 26,7 % de gordura corporal e Chris em 22,6% de gordura corporal. Ambos muito flácidos - como as fotos mostradas confirmaram. Em aproximadamente 36 minutos de programa, os resultados são compartilhados:
Para Xand é dito que ele perdeu 3,5 kg, sendo 1,5 kg de gordura e 2 kg de músculos. Para Chris é dito que ele perdeu 1kg - alegando-se ser metade de gordura (0,5 kg ) e metade músculo (0,5 kg) .
O BodPod (aparelho empregado) mede massa gorda e massa livre de gordura. 

Zoë escreveu para a Horizon inquirindo o seguinte:

Foi dito a Xand "Você perdeu 2 kg de massa muscular e que não é tão saudável."
Por favor, você pode me ajudar a entender baseado em que isso foi dito para Xand? Minha compreensão sobre o BodPod é que ele pode medir a massa gorda e massa livre de gordura. Assim, o programa pode estimar (dentro da precisão do BodPod) qual a quantidade de gordura foi perdida e a massa livre de gordura que foi perdida, mas esse último dado não é tudo músculo. A parte sem gordura irá incluir água, sendo praticamente certo que água será perdida em uma dieta baixa em carboidratos, como o glicogênio será esgotado e a água é armazenada em aproximadamente quatro partes para cada uma de glicogênio.
Estou ansiosa por sua explicação.


Sobre os exames de sangue e a questão da glicose:

O programa repete os exames de sangue feitos no início do experimento - primeiramente o teste de colesterol. Chris narra: "Nós pensamos que, uma vez que Xand estava comendo muita gordura na sua dieta, seus níveis seriam muito mais elevados. O que é surpreendente é que eles eram quase exatamente o mesmos encontrados no início de nossas dietas. Na verdade, havia pouca, ou nenhuma alteração para nós dois."
O teste final foi de insulina - um hormônio que regula os níveis de glicose no sangue. O programa não explicou o que estava acontecendo neste momento, mas parecia que os irmãos estavam fazendo um teste de tolerância à glicose. Isso envolve a ingestão de uma solução de glicose e exames de sangue subsequentes que medem os níveis de glicose e insulina. 
O Dr. Richard Mackenzie disse a Chris (o gêmeo carb) "a capacidade do organismo de produzir insulina melhorou." Então, Mackenzie chegou a dizer "Seu corpo provavelmente já está acostumado a lidar com o açúcar, a ingestão de glicose e, portanto, responder com a produção de insulina." Chris fala sobre isso dizendo que "Como eu tenho comido cargas de açúcar tenho tornado melhor a sua gestão." Mackenzie o corrige: "Você aumentou  a produção de insulina."
Xand pergunta se isso é bom ou não, e Mackenzie diz que, no curto prazo, é bom, mas no longo prazo pode produzir um problema. E ele não está brincando! A longo prazo, a probabilidade é a diabetes tipo 2. Quando o corpo diz "basta" - Eu não posso lidar mais com essa  ingestão de carboidrato/açúcar. Eu não posso continuar a produzir insulina suficiente para trazer a minha glicose no sangue de volta para o intervalo normal e eu não posso fazê-lo com a frequência com que você está jogando carboidratos para mim.'

Então nos voltamos para Xand e ele é informado de que "Seu corpo não está respondendo à insulina, assim como ele fazia. Se você comer muita gordura, pode impedir o seu corpo de responder à insulina [como ?] E também pode dizer ao seu corpo a produzir mais glicose" [novamente como?! ] Mackenzie continua sua advertência [em um tom muito preocupado] "sua glicemia subiu e agora você está quase pré-diabético."

Zoë discute três pontos:
Inicialmente ela lembra da margem de erro de 20% dos exames de glicose.
Mas o mais importante é o seguinte: Xand recebeu essencialmente pouquíssima glicose durante um mês, sendo submetido a um teste de tolerância à glicose, o que lhe oferece uma maciça dose de glicose em um único momento. Para Chris, o carb, não é de se surpreender de ser capaz de lidar com isso (produzir insulina) porque é isso que ele vem fazendo várias vezes ao dia durante um mês. O corpo de Xand vai precisar de tempo para se adaptar de volta à glicose, assim como ele precisava de tempo para adaptar-se longe dela.
Xand de qualquer maneira não estaria pré diabético com as taxas (que foram citadas no programa original apresentado em inglês). (Zöe lembra que a definição dos novos índices de glicose no sangue foram definidos com generosas colaborações de laboratórios interessados da Inglaterra, Alemanha, Dinamarca e Estados Unidos).

Zoë naturalmente concorda com a evidência da conclusão: não comam alimentos processados. Ela diz: - “Comam comida de verdade”. Evite alimentos processados ​​e ponto final. Não apenas as misturas que juntam gordura e açúcar em 50:50, mas os pães, cereais , biscoitos e alimentos ricos em amido. Comida de verdade não contém ambos - com uma exceção: o abacate. A natureza fornece carboidratos/proteínas (todos os alimentos reais que Chris estava comendo) e gorduras/proteínas (todos os alimentos reais que Xand estava comendo). 
É óbvia a conclusão de que os fabricantes de alimentos fornecem a combinação sacarose/gordura que é irresistível, irresistível para a engorda - de ratos e seres humanos. É por isso que a comida de mentira deve ser evitada.
Uma das conclusões de Chris foi que qualquer dieta da moda é equivocada. Creio, fortemente, que há algo de suspeito nessa afirmação.

O viés
A BBC deveria ser equilibrada. E Zoë diz que este programa não foi equilibrado e o preconceito contra a gordura está tão arraigado que a BBC pode nem mesmo ter percebido isso .

No teste da corretora o experimento foi presidida pela Professora Robin Kanarek com suas opiniões muito claras - "a glicose é o melhor combustível para o cérebro” ; “a memória será significativamente comprometida, sem carboidratos suficientes na dieta"; "uma dieta rico em carbos irá facilitar a memória" e assim por diante. Zoë lembra outro especialista, Dr. Emily Deans: ”Cetose para o corpo significa queima de gordura (ótimo!). Para o cérebro, isso significa um risco menor para convulsões e um ambiente melhor para a recuperação e reparação do neurônio" Zöe pergunta porque não estavam tanto Kanarek e Dean para proporcionar um equilíbrio?

O experimento corporal (ciclismo) foi presidido por Nigel Mitchell da Team Sky Cycling. Ele prestigia o mingau no café da manhã e afirma que "o seu corpo precisa de açúcar. Ele precisa dos carboidratos". Por que não equilibrar o treino com um Peter Brukner, o treinador vencedor low carb com alto teor de gordura ou o treinador glúten-free do tenista Djokovic?

O programa parece que ficou preso a preconceitos estabelecidos na cabeça da maior parte das pessoas e não tinha como objetivos questioná-los. De acordo com a avaliação de Zoë, a BBC/Horizon cometeu alguns deslizes na produção. Embora tenha deixado claro, pelo menos para a audiência fora do Brasil, que o problema é comer comida processada artificial, deixou um rasto de preconceito contra a dieta low carb/paleolítica, que é antes de mais nada uma alimentação baseada em comida de verdade. 
A experiência clínica com pessoas que ficam continuamente com esse tipo de alimentação mostram melhores resultados laboratoriais. 
A apresentação do Fantástico não pareceu ter uma proposta reveladora. Pareceu querer amedrontar.


Baseado no texto original encontrado  AQUI

Sete razões para se ingerir mais gordura saturada



Sete razões para se ingerir mais gordura saturada


Um casal de médicos americanos tem uma das mais antigas propostas low carb como base de terapêutica e com exposição na mídia no Estados Unidos. Desde 1990 Mary Dan Eades e Michael Eades tem trabalhado com questões metabólicas e medicina nutricional. Apresentam um programa de receitas Low Carb no Canal PBS (rede americana de televisão não comercial), e pelo que pesquisei é o primeiro no gênero para TV.  O nome do programa é Low CarbscookwoRx, tem algumas receitas publicadas em seu website, (bem, talvez eu não usaria alguns dos ingredientes utilizados, mas inegavelmente é um trabalho muito interessante).
Eles escreveram alguns livros sobre saúde e nutrição desde a década de 90. Assim dá para dizer que fazem parte do início do movimento lowcarb em uma época que a internet era discada e a velocidade dificilmente era chegava a 28.8K. (Atkins, claro, é mais antigo).
Bem, um de seus livros foi comentado em outro blog interessante: fourhourworkweek.com, de um autor amplamente citado em vários veículos de mídia americana, Tim Ferris.
Considerando a importância do seu blog, é marcante a publicação de um post a respeito do livro do casal Eades. Assim, a medida que penetramos no linha de tempo do movimento que atualmente é denominado LowCarb (ou Paleo), é estimulante perceber que muitos pesquisadores e práticos já estavam propondo iniciativas nesse sentido, quando não havia, de fato, um movimento articulado. 
Esse post tem um outro aspecto curioso: a foto de ilustração é nada mais nada menos que costelas assadas ao modo “costelão 24 horas”, que supunha ser algo típico do sul… (reproduzi a foto acima).
Quando publiquei o texto a seguir (em 2009, no site umaoutravisao.com.br), nem mesmo sabia que já participava de um movimento que na década seguinte poderá ser considerado a maior revolução em termos de saúde e nutrição do século XXI. 

Esse, então é o resumo de uma parte do  livro dos médicos Michael e Mary Eades,  “The 6-Week Cure for the Middle-Aged Middle” (A cura em 6 semanas para o meio da meia-idade), feito por Tim Ferris:

Esses médicos observam que não importa as nuanças das histórias dos militantes do quartel anti-gordura, um aspecto de seus conselhos permanece fielmente constante: “Você devia limitar drasticamente o seu consumo de gorduras saturadas.” Mas as gorduras saturadas realmente aumentam o seu risco de doença cardíaca e ou de elevar seu colesterol? Uma única palavra: não! De fato, os seres humanos precisam delas, e aqui estão apenas algumas razões que justificam isso:

1) Melhora dos fatores de risco cardiovasculares:
A gordura saturada desempenha um papel chave na saúde cardiovascular. A adição de gordura saturada na dieta reduz os níveis de uma substância chamada lipoproteína A (não existem medicamentos que a reduzam) que tem forte correlação com o risco para doença cardíaca. Pesquisas mostram que quando mulheres entram em dieta, aquelas que se alimentam comendo um maior percentual de gordura total como gordura saturada, perdem mais peso.

2) Ossos mais fortes :
A gordura saturada é exigida para o cálcio ser eficazmente incorporado ao osso. De acordo com uma das mais importantes experts em pesquisas em gorduras dietéticas e saúde de humanos, a Drª. Mary Enig, Ph.D., essa seria a razão para que algo em torno de 50 por cento das gorduras alimentares serem na forma de gordura saturadas.

3) Saúde do fígado:
A gordura saturada foi demonstrada proteger o fígado do álcool e dos medicamentos, inclusive do acetaminofen (tylenol®) e outras drogas comumente usado para dor e artrite. Pode até mesmo reverter algum dano já ocorrido.

4) Pulmões saudáveis:
Para função adequada, os espaços aéreos dos pulmões têm que ser cobertos com uma camada fina de surfactante pulmonar. O conteúdo lipídico do surfactante é 100 por cento ácidos graxos saturados. A substituição destas gorduras críticas por outros tipos de gorduras torna o surfactante defeituoso e potencialmente causador de dificuldades respiratórias. É possível que a adição de gorduras poliinsaturadas em alimentos comerciais seja um motivo para um aumento da asma entre as crianças 

5) Cérebro saudável:
Seu cérebro é principalmente feito de gordura e colesterol. A maior parte dos ácidos graxos do cérebro são, na verdade, saturados. Uma dieta que restringe gorduras saturadas saudáveis rouba do seu cérebro matérias-primas necessárias para seu funcionamento otimizado.

6) Sinalização adequada entre neurônios:
Algumas gorduras saturadas, particularmente aquelas encontradas na manteiga, banha e gordura de coco funcionam diretamente como mensageiras de sinalização que influenciam o metabolismo, incluindo algumas tarefas críticas como a liberação apropriada da insulina.

7) Sistema imunológico forte:

As gorduras saturadas achadas na manteiga e gordura de coco (ácido mirístico e ácido e láurico) desempenham papéis chave na saúde imunológica. A deficiência de ácidos graxos saturados nas células brancas do sangue diminui sua habilidade de reconhecer e destruir invasores externos, como vírus, bactérias, e fungos.

(As referências precisam ser pesquisadas no livro citado)

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