Há algum tempo tem sido percebido um aumento na incidência do câncer de pele e alguns aspectos tem sido considerados como prováveis promotores. Tem sido pensado que algum tipo de variável no ambiente interno corporal esteja eventualmente relacionado à alimentação. E o possível culpado pode ser o óleo vegetal rico em ômega-6. Se fizermos uma busca na internet, esse assunto aparece há muitos anos. Um provável modelo diz respeito a possibilidade da exposição à radiação ultra violeta ter capacidade carcinogênica sobre tecidos vulnerabilizados pelo padrão inflamatório promovido por uma cascata de eventos associados ao metabolismo do ácido araquidônico e prostaglandinas pró-inflamatórias. Essa rota bioquímica do ômega-6 está relacionada a quadros clínicos como: arteriosclerose, asma, artrite, doenças vasculares, trombose, processos imuno-inflamatórios e proliferação de tumores. Dessa forma uma maneira de se previnir o câncer de pele pode ser a retirada de nossas dietas dos produtos à base de ácidos graxos poliinsaturados tipo ômega-6, que são basicamente os óleos vegetais industrializados e incontáveis produtos alimentares de prateleira de supermercados. A disponibilidade para o consumo desses óleos na natureza é muito limitado, e sua necessidade para a boa nutrição humana é mínima. Mas como se transformaram num dos mais importantes ingredientes da indústria alimentícia, o acesso à composição dos tecidos humanos por essas substâncias nas quantidades atuais em décadas recentes é algo que nunca aconteceu desde o surgimento dos primeiros humanos na Terra. E aparentemente essa mudança não trouxe qualquer vantagem para nossa saúde.
O artigo a seguir foi publicado em revista especializada, a Dermatology Times.
A ingestão de óleo vegetal está associada ao risco de câncer de pele
A associação entre a ingestão de certos tipos de gordura na dieta e o
desenvolvimento de certos tipos de câncer, incluindo colo retal, mama e
próstata, está bem estabelecida. Os resultados de um estudo recente 1 que investigou a associação entre a ingestão de gordura
na dieta e o desenvolvimento de câncer de pele foram variados, mas se constatou
que a ingestão de gordura poliinsaturada, especialmente a ômega-6, é razoável e
consistentemente associada ao risco de câncer de pele .
No estudo prospectivo, o Dr. Cho e outros pesquisadores
investigaram a associação potencial entre a ingestão de gordura na dieta e o
risco de câncer de pele, incluindo melanoma maligno cutâneo, carcinoma epidermoide
(CEC) e carcinoma basocelular (CBC) avaliando os dados combinados dos estudos -
Estudo de Saúde dos Enfermeiros (NHS 1984-2012) e do Estudo de Acompanhamento
dos Profissionais de Saúde (HPFS 1986-2012), dois estudos prospectivos
em que as informações alimentares sobre o consumo de total e tipos de gordura,
incluindo saturada, monoinsaturada, poliinsaturada tipo ômega -6 e ômega-3, e colesterol
foram avaliados regularmente e registrados aproximadamente a cada 4 anos. Os
casos das incidências foram identificados por auto declaração.
Um total de 794 casos de melanoma, 2.223 de câncer epidermóide e
17.556 de câncer basocelular e outro total de 736 casos de melanoma, 1.756 de
epidermoide e 13.092 casos basocelular foram encontrados, respectivamente nos
estudos do NHS e HPFS. Nenhuma associação entre a ingestão total de
gordura e o risco de câncer de pele foi identificada nos dois estudos
prospectivos. Os dados mostraram que o
risco de desenvolver o câncer epidermóide e basocelular estava associado a uma
maior ingestão de gorduras poliinsaturadas. Embora os riscos dos três tipos de câncer
de pele tenham sido associados a uma maior ingestão de gordura ômega-6, a
ingestão de gordura ômega-3 na dieta está associada ao risco do basocelular,
mas não ao epidermoide ou melanoma. Nenhuma outra gordura foi associada ao
risco de melanoma.
Curiosamente, a maior ingestão de
colesterol e gordura monoinsaturada foi associada a menor risco seja do câncer basocelular
ou epidermóide. Essas
associações no geral também foram verificadas em mulheres e homens e junto a
outros fatores de risco para câncer de pele.
Estudos em animais 2,3 demonstraram efeitos
de promoção de tumor da gordura ômega-6 na carcinogênese induzida pelos raios
ultra violetas. Segundo o Dr. Cho, um mecanismo biológico teórico é que a
ingestão de gordura ômega-6 pode aumentar os níveis pró-inflamatórios e
imunossupressores da enzima PGE sintetase (prostaglandina E sintetase)
tipo 2, que estão associados a padrões agressivos de crescimento de câncer de
pele não melanoma.
“Nosso estudo sugere um efeito potencial da dieta no desenvolvimento do câncer de pele, que precisa ser mais explorado em outras populações. Evitar a exposição ao sol ainda é a melhor estratégia para prevenir o câncer de pele”, afirmou Cho.
“Nosso estudo sugere um efeito potencial da dieta no desenvolvimento do câncer de pele, que precisa ser mais explorado em outras populações. Evitar a exposição ao sol ainda é a melhor estratégia para prevenir o câncer de pele”, afirmou Cho.
Publicado por Ilya Petrou. M.D.
Em 07 de Fevereiro de 2019
As referências estão no artigo originalO texto pode ser acessado nesse LINK
Observação: existem vários estudos que discutem a importância da exposição à luz solar sobre incidência do melanoma. Vários estudiosos validam essa relação com o câncer epidermóide e basocelular, mas contestam com o melanoma, de acordo com uma série de critérios, incluindo o fato dessa enfermidade aparecer em sítios corporais com pouca ou nenhuma exposição solar. Para mais informações pode se acessar esses artigos AQUI, AQUI ou AQUI entre outros.