domingo, 1 de agosto de 2021

Porque a suplementação de ômega-3 pode ser importante para a saúde



A suplementação com ômega-3 em cápsulas tem sido largamente difundida entre as comunidades preocupadas com a saúde. Essa preocupação tem como uma de suas bases uma série de estudos e consensos que informam a ocorrência de uma mudança no perfil das gorduras ingeridas nas últimas décadas. Esse novo perfil trouxe à mesa uma quantidade maior de óleos vegetais carregados de ácido linoleico, também conhecido como ômega-6.

Do ponto de vista evolutivo o ômega-6 a partir de fontes naturais em ambientes mais próximos dos “originais" no progresso dos seres humanos  não era tão abundante como é agora. Rotineiramente se diz que a relação ideal entre o consumo de ômega-6 e ômega 3 (ácido linolênico) deveria ser entre 2:1 a 1:1. A reportagem a seguir chama a atenção de alguns pontos chaves dessa temática, onde distúrbios como a obesidade e as doenças inflamatórias (c0mo a doença coronariana) podem ter sido incrementados, ao ponto que chegamos hoje, por esse desajuste alimentar causado pela industrialização de nossos recursos nutricionais, fator essencial para que o ômega-6 (os óleos de fontes vegetais) fosse tão presente entre nós. 


A RELAÇÃO ELEVADA ENTRE ÁCIDOS GRAXOS AUMENTA O RISCO DA OBESIDADE (Relação Ômega-6/Ômega-3) 

(Título do artigo original: Elevated fatty acid ratio increases obesity risk)


Pesquisadores do Centro de Genética, Nutrição e Saúde em Washington, DC, concluíram que “uma proporção equilibrada de ômega-6 / ômega-3 é importante para a saúde e na prevenção e controle da obesidade”.

Pesquisadoras da revista online Nutrients escreveram um artigo alertando para o seguinte: um aumento na proporção de ácidos graxos ômega-6 / ômega-3 aumenta o risco de obesidade. Os pesquisadores relatam que: “nas últimas três décadas, a ingestão de gordura total e saturada, como porcentagem do total de calorias, diminuiu continuamente nas dietas ocidentais, enquanto a ingestão de ácidos graxos ômega-6 aumentaram e os ácidos graxos ômega-3 diminuíram, resultando em um grande aumento na proporção ômega-6 / ômega-3 de 1: 1 durante a evolução para 20: 1 nos dias de hoje ou até mais.”

A referência da evolução refere-se às fontes alimentares dos hábitos alimentares paleolíticos de nossos ancestrais - o homem das cavernas, que incluíam quantidades equilibradas de ácidos graxos ômega-6 e ômega-3 do consumo de plantas e da gordura associada a animais selvagens e peixes.

Pesquisas adicionais afirmam que “em comparação com as dietas ocidentais, as dietas paleolíticas continham consistentemente alto teor de proteína e ácidos graxos poliinsaturados de cadeia longa e baixo teor de ácido linoleico”

A sigla PUFA (ácidos graxos poliinsaturados, em português ) diz respeito aos ácidos graxos ômega-6 e 3 - e se refere à gorduras essenciais que devem ser derivados da dieta, uma vez que não são produzidos pela fisiologia humana, devido à falta de enzimas para um processo (inexistente) de  “dessaturação ômega”.

O LA (ácido linoleico) é um ácido graxo ômega-6 - bastante abundante nas sementes da maioria das plantas - exceto coco, cacau e palma. O problema é que o LA é metabolizado para ácido araquidônico (AA) - que é pró-inflamatório, encontrado predominantemente nos fosfolipídios de alimentos baseados em grãos, muito utilizados para ração de nossos (futuros) alimentos o que inclui peixes gordurosos, animais, laticínios e ovos. 

(Esses óleos são os componentes de óleos vegetais de cozinha, e estão na produção de praticamente todos os alimentos industrializados e processados, tão "saudáveis"como o pão integral, que chegam à mesa das sociedades de consumo). 


(As principais gorduras ômega-3 são EPA/DHA e o ALA, NT).

Os antiinflamatórios ômega-3 são representados pelo ácido alfa-linolênico (ALA) - encontrado em sementes de linhaça, colza e chia, e nozes (e outras oleoginosas). O ALA pode ser  metabolizado para ácido eicosapentaenóico (EPA) e ácido docosahexaenóico (DHA), que também é encontrado em altas concentrações biodisponíveis em peixes de água fria (salmão, arenque, cavala, atum) e suplementos de óleo de peixe. (Alguns autores informam que essa conversão pode ser desafiadora para o organismo, e que o consumo de fontes naturais de DHA e EPA é um método mais simples de consumir essas gorduras)

A Revolução Industrial - com todos os seus benefícios - trouxe à existência alimentos que desequilibraram a proporção do ômega-6 em comparação com o ômega-3 - em detrimento da nossa saúde.

A maior ingestão de ômega-6 prepara o terreno para um ambiente pró-inflamatório, que contribui para um maior risco de aterosclerose, obesidade e diabetes - enquanto uma maior ingestão de fontes de alimentos ômega-3 promove um risco menor dessas doenças.


Os pesquisadores de Washington comentam que “em mamíferos, incluindo humanos, o córtex cerebral, a retina, os testículos e os espermatozoides são particularmente ricos em DHA”. Na verdade, “o DHA é um dos componentes mais abundantes dos lipídios (gorduras) estruturais do cérebro”.

Quanto à relação com a obesidade, os pesquisadores apontam que os ácidos graxos ômega-6 aumentam o armazenamento de triglicerídeos - uma gordura do sangue - enquanto os ácidos graxos ômega-3 reduzem a deposição de gordura dissipando a energia dos triglicerídeos.

"Estudos recentes mostraram que a exposição perinatal de camundongos a uma dieta rica em ácidos graxos ômega-6 (semelhante à dieta ocidental) resulta em um acúmulo progressivo de gordura corporal ao longo das gerações, o que é consistente com o fato de que, em humanos, o sobrepeso e a obesidade têm aumentado de forma constante nas últimas décadas e emergido mais cedo na vida ”, como observado.

Especificamente, “estudos em animais e humanos mostraram que a suplementação de EPA e DHA pode ser protetora contra a obesidade e pode reduzir o ganho de peso em animais e humanos já obesos”.


Embora muitos estudos controlados em humanos tenham fornecido resultados conflitantes, parece haver evidências para apoiar o papel dos ácidos graxos ômega-3 na “composição corporal, redução de peso, menos fome e mais saciedade” - contribuindo para o controle do apetite.

(...)


Artigo original: AQUI


A imagem do cabeçalho é de fonte gratuita AQUI


Publicado originalmente por NOLA.COM