quinta-feira, 30 de junho de 2016

O colesterol ruim é bom para os mais velhos




Será que o colesterol ruim realmente existiu?


A polêmica sobre as eventuais virtudes de taxas elevadas de colesterol LDL (popularescamente chamado de ruim) estão cada vez mais na mídia. Tem artigos sobre esse tema em vários jornais. Uma questão importante é a relação entre taxas levadas de colesterol LDL e longevidade. Um artigo no jornal ingles The Times pode ser visto nesse LINK. Vejamos um pouco desse debate no artigo a seguir do site People's Pharmacy:


Será que níveis mais elevados do colesterol ruim LDL ajudam pessoas mais velhas a viverem mais tempo?
 Artigo publicado em 16/06/2016
Autor: Joe Graedon


Uma nova análise de pesquisas anteriores sugere que níveis mais elevados do chamado mau colesterol LDL é associado com vida mais longa para as pessoas mais velhas. Não surpreendentemente, muitos cardiologistas estão indignados sobre a ideia de que o colesterol LDL ruim pode ser bom para os idosos. Afinal, eles passaram décadas convencendo as pessoas de que a redução do colesterol LDL é essencial para a saúde do coração. É por isso que as estatinas foram prescritas para dezenas de milhões de pessoas.

Um novo estudo vira de cabeça para baixo a sabedoria convencional :

Os pesquisadores revisaram estudos epidemiológicos em que mau colesterol LDL (LDL-C) tinha sido avaliado como um fator de risco para mortes cardiovasculares ou mortalidade por qualquer motivo (BMJ Open, 12 de junho de 2016). Os sujeitos foram as pessoas com idade superior a 60. No total, foram analisados 19 estudos envolvendo mais de 68.000 participantes.
Em teoria, as pessoas com níveis elevados de mau colesterol LDL deveriam ter tido um maior risco de mortes por ataques cardíacos e derrames. A assim chamada mortalidade por todas as causas também deveria ter sido maior quando o LDL-C fosse elevado.


O que os pesquisadores realmente encontraram:

Contrariamente às expectativas, nenhuma ligação foi encontrada entre o colesterol ruim e mortes prematuras.
Nesta população mais idosa (pessoas com mais de 60), houve uma descoberta surpreendente. Quanto maior o colesterol LDL dos sujeitos, mais tempo eles viveram e menos doença cardíaca eles pareceram experimentar. Isto é exatamente o oposto do que a cardiologia convencional teria previsto. Aqui estão as conclusões nas palavras dos pesquisadores:
"Altas taxas de colesterol LDL (High LDLC) são inversamente associadas com a mortalidade na maioria das pessoas com mais de 60 anos. Este achado é inconsistente com a hipótese do colesterol (ou seja, que o colesterol, especialmente o LDL-C, seja inerentemente aterogênico).
Além disso, nosso estudo fornece a justificativa para uma reavaliação das orientações que recomendam a redução farmacológica do LDLC em idosos como um componente de estratégias de prevenção da doença cardiovascular. "

Isso é um discurso médico de informação para as pessoas mais velhas de que elas não vão se beneficiar por ter um baixo colesterol LDL e que podem de fato viver mais tempo se o seu LDL-C for mais elevado Eles vão em direção do desafio dos pilares dos tratamentos de redução do colesterol, questionando a ideia de que o colesterol LDL causa o entupimento das artérias coronárias. Isto perturbou frontalmente a sabedoria médica convencional e fez a indústria de bilhões de dólares das estatinas recuar.

A repercussão sobre o colesterol ruim LDL foi rápida e furiosa

Os cardiologistas e outros profissionais de saúde foram rápidos em condenar o novo estudo publicado no BMJ Open. Eles adjetivaram a pesquisa como:

"Profundamente falho"
"Conclusões injustificadas"
"Lamentavelmente desequilibrada"
"Defeitos graves e conclusões completamente erradas"

Não é uma história exatamente nova:

Embora muitas pessoas pensam do colesterol como o inimigo, ele é realmente essencial para a saúde. Não só o colesterol serve como um bloco de construção para a vitamina D, estrógeno e testosterona, ele é crucial para os neurônios no cérebro. Sem colesterol nossas células nervosas não irão funcionar.

Os resultados do Programa do Coração de Honolulu em 2001:

Um dos estudos mais interessantes que tem sido esquecido ao longo do tempo é o Honolulu Heart Program. Cientistas da University of Hawaii estudaram 3.500 homens nipo-americanos nascidos entre 1900 e 1919.
Os níveis totais de colesterol dos voluntários foram medidos quando eles estavam na meia-idade e novamente no início dos anos 1990, quando eles eram mais velhos. Os pesquisadores fizeram tabulações sobre os sobreviventes e falecidos. Para sua surpresa, os homens com os níveis mais baixos de colesterol tiveram o maior risco de morrer durante esse intervalo de vários anos. Aqueles com níveis de colesterol entre 188 e 209 tiveram o melhor desempenho. Mesmo os homens com colesterol elevado, mais de 209, tinham menos probabilidade de morrer de qualquer causa do que aqueles com as menores leituras de colesterol. Os investigadores confessaram sua confusão:

"Nós temos sido incapazes de explicar os nossos resultados. Estes dados põem em dúvida a justificação científica para a redução do colesterol para concentrações muito baixas (<4,65 mmol / L) [menos de 180 mg / dL] em pessoas idosas ... "

"Nossos dados entram em acordo com os achados anteriores de um aumento da mortalidade em idosos com baixo colesterol no soro, e mostram que a persistência a longo prazo de baixa concentração de colesterol na verdade aumenta o risco de morte. Assim, quanto mais cedo que os pacientes começam a ter concentrações de colesterol mais baixas, maior o risco de morte."

[Referência: Schatz, I. J., et al. “Cholesterol and All-Cause Mortality in Elderly People from the Honolulu Heart Program: A Cohort Study.” Lancet 2001;358:351-355]

Outra Investigação contrária:
Sem dúvida, a maioria dos médicos que prescrevem estatinas para pessoas com mais de 60 não estão familiarizadas com os dados do Honolulu Heart Program, ou se eles estão, eles têm convenientemente ignorado as conclusões. Há outros estudos, incluindo um relatório com a American Heart Association, em 1999, que sugere que as pessoas com o colesterol total abaixo de 180 tinham duas vezes mais probabilidades de sofrer um acidente vascular cerebral hemorrágico do que aqueles com o colesterol de mais de 230.

A experiência japonesa:

Pesquisadores no Japão há muito tempo observaram que as pessoas com níveis baixos de colesterol são mais suscetíveis a hemorragias cerebrais do que pessoas com níveis mais elevados de colesterol. Um estudo com 12,334 adultos saudáveis com idades entre 40 e 69 foi realizado em 12 áreas rurais do Japão (Journal of Epidemiology, online, 05 de janeiro de 2011). Os indivíduos foram acompanhados por quase 12 anos. As conclusões:

"A redução do colesterol foi relacionada com a elevada taxa de mortalidade, mesmo após a exclusão das mortes devido à doença do fígado da análise. O colesterol alto não foi um fator de risco para mortalidade".

Um ponto básico do site “The People’s Pharmacy”:

A ideia que o baixo colesterol total, ou especialmente de que o colesterol LDL baixo pode estar associada com a morte prematura vem como um choque para a maioria dos profissionais de saúde. Quando tal pesquisa é publicada desaparece quase sem deixar vestígios ou é esquecida ou ignorada porque os dados não estão em conformidade com o paradigma predominante. Esta contrariedade à concepção do colesterol não é o único grande choque para a comunidade de cardiologia.

Gordura saturada:
Ao longo dos últimos meses, os fundamentos básicos de medicina cardiovascular americana foram contestados.
Ao lado do mau colesterol LDL, a gordura saturada era o outro vilão por trás das doenças cardíacas. Mas um estudo publicado no BMJ (13 de abril de 2016) (http://www.bmj.com/content/353/bmj.i1246) descobriu que pessoas que reduziram os níveis de colesterol, consumiam alimentos ricos em óleo vegetal realmente morreram mais rápido do que as pessoas que comem uma dieta padrão contendo gordura saturada. Estes são dados ressuscitados do Experimento Coronariano Minnesota (Minnesota Coronary Experiment). Mais detalhes podem ser encontrados neste link.

Sal:

Como se o problema do colesterol e da gordura saturada não fossem suficientes, veio um grande estudo sobre o sal publicado na revista The Lancet (online 20 de maio de 2016

Os autores relataram que uma dieta pobre em sal, como a recomendada pela American Heart Association (menos de 1.500 mg de sódio por dia) foi associada a um aumento do risco de ataques cardíacos, derrames cerebrais, insuficiência cardíaca e morte.
Você pode ouvir o autor fornecer os detalhes da pesquisa neste link.
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Não é de surpreender que a comunidade de cardiologia foi rápida a responder que o estudo foi falho. A crítica não era distinta das observações que estão lendo hoje sobre o novo estudo sugere que as pessoas idosas podem realmente viver mais tempo se os seus níveis de colesterol LDL são mais elevados.

Esperamos que ninguém jamais vá parar de tomar seu medicamento sem primeiro discutir a pesquisa com profissionais de saúde. Ao mesmo tempo, esperamos que os médicos vão manter suas mentes abertas. A medicina muda constantemente à medida que novos dados são revelados. Talvez algumas das velhas crenças terão que mudar à medida que as pesquisas revelam hipóteses e compreensões alternativas.

Compartilhe seus próprios pensamentos sobre reversões médicos (flipflops) na seção de comentários abaixo.
Você está frustrado que os fundamentos da sabedoria convencional sobre a saúde do coração estão sendo abaladas?
Se você gostaria de ler o nosso capítulo sobre doenças cardíacas e uma perspectiva contrária sobre o colesterol você pode encontrar nosso livro, melhores escolhas da Farmácia Popular




terça-feira, 28 de junho de 2016

O paradoxo do gado e a desertificação


TRATAMENTO PARADOXAL PARA A DESERTIFICAÇÃO E MUDANÇAS CLIMÁTICAS



"A desertificação é uma palavra chique para uma terra que está se tornando em deserto", começa Allan Savory neste tranquila e poderosa palestra. E isso está acontecendo com cerca de dois terços das pastagens do mundo, acelerando a mudança climática e transformando sociedades tradicionais de pastagem descerem para o caos social. Savory dedicou sua vida a interrompê-la. Ele agora acredita - e seu trabalho mostra até agora - que um fator surpreendente pode proteger pastos e até mesmo recuperar terras degradadas que uma vez foi um deserto...


Allan Savory é um ecologista do Zimbabwe.
Um dos seus livros diz respeito ao conteúdo do vídeo do TED.



Como salvar a terra com a implementação do gado.
Veja também outro artigo relacionado nesse blog:
UMA VACA INCONVENIENTE




sexta-feira, 24 de junho de 2016

Bondade, altruísmo e longevidade




A longevidade não depende somente da alimentação, atividade física e revisões médicas. Ser bondoso e estar interagindo positivamente com os outros também melhora nossa qualidade de vida e estende nosso tempo de existir!

BONDADE – NÃO APENAS O OPOSTO DE NOS MATAR: NOS TORNA MAIS FORTES
texto de Joseph Mercola

A ciência nos diz que a bondade influencia diretamente a sua propensão para a felicidade. Mas a bondade faz mais do que isso; não só melhora a sua saúde, mas aumenta a sua longevidade. É um fato biológico comprovado.
Mas o que acontece com o cenário oposto? A pesquisa também mostra que as pessoas que não podem estender a bondade para com os outros ou recebê-la para si mesmos são tão infelizes o quanto são rudes, e o fato triste é pessoas cronicamente infelizes não vivem muito tempo.
Há coisas que você quer fazer para obter mais felicidade, não é? Mas, se a chave central é a bondade, que geralmente envolve outras pessoas, quer se trate de familiares, colegas de trabalho ou a pessoa do caixa na saída do supermercado.

Relacionamentos Saudáveis ​​- Maior tempo de vida

Isso não deveria vir com qualquer surpresa o fato de que a maneira como um indivíduo interage com os outros está diretamente ligada à sua saúde mental e emocional, e vice-versa.
Uma meta-análise 1 de 2010, sobre a premissa: bondade-relacionada-longevidade combinou os resultados de 148 estudos. A conclusão é que os tipos de relações sociais que um indivíduo desfruta - ou não - pode realmente colocá-lo em risco de morte prematura. De fato, os pesquisadores descobriram:
"... Um aumento em 50% da probabilidade de sobrevivência para os participantes com relações sociais mais fortes. Este achado permaneceu consistente em idade, sexo, estado de saúde inicial, causa de morte e tempo de seguimento.
 Foram encontradas diferenças significativas em todo o tipo de medições sociais avaliadas ... A associação foi mais forte para medidas complexas de integração social ... e menor para os indicadores binários de status residencial (quem vive sozinho contra com os demais). "
O estudo continuou:
"Alguns especialistas entendem que o isolamento social é ruim para a saúde humana. Eles apontam para uma revisão de 1988 de cinco estudos prospectivos ... que mostrou que as pessoas com menos relações sociais morrem mais cedo, em média, do que aqueles com mais relacionamentos 2 sociais. "
O estudo também observou que as pessoas, especialmente nos EUA, podem estar se tornando socialmente mais isoladas 3. O isolamento, por sinal, significa menos oportunidades para experimentar a bondade, seja através de estendê-la ou recebê-la.
Os estudos de interação social eram tão precisos que os cientistas puderam comparar os resultados negativos de isolamento social com estatísticas de mortalidade produzidos pelo tabagismo, consumo de álcool, obesidade e falta de atividade física. Ao mesmo tempo, a afirmação de relações sociais foram reconhecidas em afetar positivamente a longevidade da mesma forma que promove a redução da pressão arterial e manutenção de um peso saudável4.
Meditação 'Bondade e amabilidade' - Abrindo o coração, não apenas sua mente
Outro estudo clínico na Universidade da Carolina do Norte, Chapel Hill, explorou a questão de saber quais os aspectos das relações sociais que são mais significativos em predizer se os participantes estão mais propensos a desfrutar de uma vida longa e satisfatória.
Sessenta e cinco professores e funcionários participaram do estudo, que analisou se os pensamentos positivos e focados, exercícios de boa vontade mental, voltados para si mesmos e para os outros possam de forma mensurável combater o stress.
Cada participante foi atribuído aleatoriamente a um dos dois grupos: o primeiro grupo se juntou a uma classe que gerava emoções positivas através da meditação com "benevolência" por uma hora por um período de seis semanas; o segundo para uma lista de espera sem-tratamento utilizado como um grupo de controle para comparação.
"Na aula, os participantes foram instruídos a se sentar e pensar compassivamente sobre os outros, começando a contemplar os seus próprios problemas e preocupações e, em seguida, movê-los para o exterior e incluir os demais contatos sociais.
As pessoas foram ensinadas a repetir silenciosamente frases como "Que você possa se sentir seguro, que você possa se sentir feliz, que você possa se sentir saudável, que você possa viver com facilidade", e se manter retornando a esses pensamentos, quando suas mentes vagassem. Eles também foram aconselhados a concentrar-se nesses pensamentos, e em outras pessoas, quando estivessem em situações de estresse, como por exemplo, quando eles estivessem presos num engarrafamento de trânsito5. "
Os resultados sugeriram que "as emoções positivas, conexões sociais positivas e saúde física se influenciam mutuamente em uma dinâmica6 espiral ascendente e autossustentada." Como a professora de psicologia Barbara Fredrickson explicou, "É uma espécie de amolecimento de seu próprio coração para ser mais aberto aos demais."
Tônus Vagal: Está tudo em sua percepção
O nervo vago é, a mais longo nervo craniano em seu cérebro, e curiosamente pode conectar as emoções positivas que tem fluxo pela interação positiva com os demais. O aumento das emoções positivas produz aumento do "tônus” vagal ou resposta, descrito como um "índice de procura da saúde física 7." O nervo vago também gerencia o seu sistema nervoso parassimpático e também pode ter uma influência positiva nesse ponto.
Antes e depois das aulas de meditação, os participantes foram incentivados a registrar o tempo que passaram meditando ou orando e registrassem ambos os aspectos positivos e negativos associados às suas incursões meditativas. Depois, os cientistas registraram a variabilidade da frequência cardíaca de cada participante, afetada diretamente pela linha de base do tônus ​​vagal. De acordo com Time Health & Family:
"O vago regula a eficiência com alterações da frequência cardíaca com a respiração e, em geral, quanto maior for o seu tônus, maior a variabilidade de frequência cardíaca e menor o risco para doenças cardiovasculares e outras doenças mortais importantes. Pode também desempenhar um papel na regulação dos níveis de glicose e responses8 imune.”
O próprio nervo vago é ligado a outros nervos o que:
"... Sintoniza nossos ouvidos para a fala humana, coordena o contato visual e regula as expressões emocionais. Isso influencia a liberação de oxitocina, um hormônio que é importante na ligação social. Estudos descobriram que um maior tônus ​​vagal está associado a uma maior proximidade com os outros e comportamentos mais altruístas. 9 "
Um ponto interessante é que a resposta tem tudo a ver com a percepção do participante; o efeito positivo tem uma correlação direta com conexão social percebida por parte da individualidade de cada sujeito. Os participantes no segmento de meditação do estudo apresentaram maior alegria, interesse, são mais divertidos, tem mais serenidade e esperança depois do programa de seis semanas. Os pesquisadores acharam que foi significativo que eles também descobriram um importante benefício residual das mudanças emocionais e psicológicas: um maior senso de conexão com os outros.

Quando se trata de altruísmo, quanto mais substância cinzenta você tiver... isso importa
O altruísmo pode ser descrito como uma ação desempenhada por uma pessoa para beneficiar outra à custa de si mesmo. Um bombeiro é um bom exemplo de uma pessoa altruísta. Um artigo na revista Science Daily10 relatou os resultados de outro estudo, realizado por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Zurique, com base na conexão entre a anatomia do cérebro de uma pessoa e seu altruísmo. O Diretor do Departamento de Economia, Ernst Fehr, explicou:
"Uma certa região do cérebro - o lugar onde a lobos parietal e temporal se encontram - está ligada à capacidade de se colocar no lugar do outro, a fim de compreender os seus pensamentos e sentimentos."
O pesquisador de pós-doutorado Yosuke Morishima foi ainda mais exato: "As pessoas que se comportavam de forma mais altruísta também tiveram uma maior proporção de matéria cinzenta na junção entre os lobos parietal e temporal." No entanto, Fehr acrescentou que os processos sociais também podem ser levados em consideração como uma razão pela qual uma pessoa tem mais altruísmo do que outro. Se tomar os sentimentos dos outros em consideração é uma das definições de bondade, outros atributos dignos tais como simpatia, empatia, compaixão, consideração, delicadeza e carinho também caem sob a sua égide. Assim, é sendo humano, que a bondade também deve ser estendido aos animais.

LINK do original


Referencias no texto original

terça-feira, 21 de junho de 2016

Bactérias que o homem tornou patógenas




CONSTRUINDO MONSTROS: OS RENEGADOS CLOSTRIDIUM E ESCHERICHIA COLI


Texto do Dr Art Ayres do blog "Cooling Inflammation"

É do conhecimento comum que o nosso intestino está repleta de boas bactérias que se alimentam com fibra prebiótica que nos mantém saudáveis. Mas um intestino doente, algo causado por antibióticos ou alimentos processados deficientes em fibra, pode nos fazer mais suscetíveis à infecção com agentes patogênicos, tais como as notórias cepas, produtoras de toxinas, da E. coli que causam intoxicação alimentar ou de Clostridium difficile, também  conhecido como C. diff. de infecções hospitalares. O que me levou a escrever este post, foi a informação de que os bebês prematuros em unidades de cuidados intensivos neonatais estão morrendo de infecções intestinais causadas por uma estirpe patogênica de C. butyricum, conhecido como um probiótico que fornece proteção contra C. diff.

Os superbugs produtores de novas toxinas são sintéticas (feitas pelo homem)

Um exame mais detalhado do relatório revelou que a nova cepa de C. butyricum é de um produtor de toxina. Isso fez muito sentido. Quando comecei a trabalhar com E. coli no início dos anos 70, era conhecida como a bactéria onipresente e segura de laboratório que todos nós cultivamos em nossos cólons. Da mesma forma, C. butyricum está presente em probióticos comerciais e é um herói para a produção de ácido butírico a partir do amido resistente, promovendo o desenvolvimento do sistema imunitário e redução da inflamação. Como essas bactérias intestinais benéficas convertem-se em patógenos?

Antibiótico e uso de drogas em hospitais e fazendas selecionam pela resistência a antibióticos

C. butyricum e E. coli foram transformadas em produtoras de toxinas, patógenos resistentes a antibióticos por procedimentos comuns de produção de carne e tratamentos hospitalares. Estas bactérias normalmente não produzem toxinas nem são resistentes aos antibióticos. Eles foram selecionadas de forma sistemática para essas propriedades patogênicas.

Práticas comuns em Unidades de Cuidados Intensivos Neonatais levar a Enterocolite Necrotizante Neonatal (ECN)

A inflamação crônica é um dos fatores comuns que contribuem aos nascimentos prematuros, porque o trabalho (de parto) é estimulado por um pico inflamatório, que ocorre normalmente após 40 semanas de gestação. A inflamação crônica de uma doença auto-imune, infecção ou obesidade, pode fazer o parto ser precoce e um recém-nascido estará despreparado para a vida se não tiver alguns cuidados especiais. Infelizmente, não há conhecimento uniforme sobre o desenvolvimento da flora intestinal de recém-nascidos, e os recém-nascidos imaturos são expostos a antibióticos e fórmulas alimentares, que impedem o desenvolvimento normal da flora intestinal. O C. butyricum não está presente em bebês de baixo peso exclusivamente alimentados com leite materno, mas a combinação de antibióticos e fórmulas fazem uma seleção para a colonização por cepas hospitalares resistentes a antibióticos do C. butyricum. Isso prepara o palco para o quadro da enterocolite necrosante, ECN, que é tão desagradável e letal como o nome sugere.

Os antibióticos utilizados para engorde de gado selecionam os produtores de toxinas

O desenvolvimento de E. coli produtora de toxinas no gado sugere como o C. butyricum patogênico foi produzido no ambiente hospitalar. A E. coli era um componente saudável do sistema digestivo dos bovinos, até que a comunidade do microbioma intestinal foi redesenhada pelos antibióticos, de modo que os ácidos graxos de cadeia curta que seriam normalmente convertidos em mais bactérias intestinais e mais estrume bovino, ao invés disso seriam absorvidos pelo intestino para produzir um bife mais gordo. Infelizmente, esta comunidade intestinal recém-projetada não deixou espaço para a E. coli. Assim algumas E. coli espontaneamente mutaram para a resistência aos antibióticos e / ou pegaram plasmídeos resistentes a múltiplas drogas de outras bactérias, mas o que ainda não forneceu um nicho na nova comunidade. Mas ao adquirir um gene produtor de toxinas ela resolveu o problema, uma vez que as toxinas liberam os nutrientes necessários das células hospedeiras. Assim, o uso de antibióticos em bovinos selecionou diretamente para a evolução de E. coli antibiótico-resistente e produtora de toxinas.

Antibióticos e uso de fórmulas (para nenês) conduzem às bactérias que promovem a ECN

C. butyricum produtores de toxinas seriam esperado ter desenvolvimento no ambiente hospitalar, porque o alto uso de antibióticos irá selecionar para o C. butyricum resistente a múltiplas drogas, e o corrompido microbioma intestinal produzido pela presença de antibióticos também irá favorecer a estirpes produtoras de toxinas. Assim, o ambiente hospitalar seleciona para produtora de toxina, a múltiplas drogas resistente C. butyricum. A flora intestinal de recém-nascidos em uma unidade de cuidados intensivos neonatais são adquiridas da equipe e familiares que lidam com os bebês. Uma vez que os bebês são rotineiramente tratadas com antibióticos e drogas, várias bactérias resistentes aos medicamentos, incluindo C. butyricum, são comuns em amostras de fezes de recém-nascidos e persistem por pelo menos dois anos.

Amamentação ou Banco de Doadores de Leite Evita a ECN Causada pelo uso da Fórmula

O uso exclusivo do leite materno de mães, ou de bancos de doadores ou produtos à base de leite materno, elimina a ECN. Alguns hospitais respondem à evidência científica e usam apenas leite materno para recém-nascidos. Outros hospitais simplesmente se prendem a velhas práticas até que ações judiciais os forçam a mudar. Eles continuam a usar a fórmula e produtos à base de leite de vaca, mesmo que o leite materno esteja disponível, e como consequência a ECN é ainda um problema. O preconceito contra o leite materno persiste e há intensa promoção de alternativas comerciais que contribuem para a ECN. Nenhuma das alternativas contendo probióticos e prebióticos foram consideradas adequadas. Os hospitais são lentos para mudar, porque os pacientes estão desinformados e assim bebês com baixo peso continuam a morrer.

LINK DO ORIGINAL AQUI

SOBRE A ECN: ENTEROCOLITE NECROSANTE

A enterocolite necrosante é uma doença pela qual a superfície interna do intestino sofre lesões e se inflama; no caso de ser grave, uma porção do mesmo pode morrer (necrosa-se), ocasionando perfuração intestinal e peritonite.
A enterocolite necrosante afecta principalmente os recém-nascidos prematuros. Ainda não se identificaram completamente as causas que a produzem. Entre elas pode figurar uma inadequada irrigação de sangue para o intestino que pode lesar parte do mesmo. As bactérias podem invadir a parede intestinal danificada e produzir gás dentro da mesma. Se a parede intestinal se perfurar, os conteúdos intestinais podem verter-se dentro da cavidade abdominal e produzir uma infecção (peritonite). Esta pode propagar-se ao fluxo sanguíneo (sepse) e inclusive causar a morte.
(TEXTO DO MANUAL MSD [LINK])

segunda-feira, 20 de junho de 2016

De volta as origens para curar doenças modernas



ESTILO DE VIDA PALEOLÍTICO E VANTAGENS IMUNOLÓGICAS

O artigo a seguir, foi publicado recentemente no BioMed Research International e é um pequeno marco no trabalho de pesquisa. A despeito de ter um conjunto pequeno de indivíduos, e um prazo curto de observação, é uma proposta prática do exercício de reprodução de condições ambientais mais similares ao continente de desenvolvimento do genoma humano induzir benefícios biológicos mensuráveis ao homem, especialmente no campo das enfermidades crônicas modernas. A pesquisa foi muito perspicaz, e o debate bastante abrangente, e certamente vai despertar muita inquietação entre os leitores do nosso blog. Deu um certo trabalho que tenho certeza que foi recompensador. A reflexão deixada em aberto certamente será muito valiosa e inspiradora!


Influência de 10 dias de imitação de nosso antigo estilo de vida em dados antropométricos e nos parâmetros de metabolismo e Inflamação: "O Estudo da Origem"

Publicado em 15 de maio de 2016


Sumário:
A inflamação crônica de baixo grau e a resistência à insulina são entidades que estão intimamente relacionadas e que são comuns para a maioria, se não todas as doenças crônicas da vida com abastança (modernidade dos grandes centros urbanos). Nossa hipótese é que uma intervenção de curto prazo com base em "fatores de estresse do passado" pode melhorar índices antropométricos e taxas de laboratório. Nós executamos um estudo piloto para saber se a imitação de 10 dias de um estilo de vida caçador-coletor afeta favoravelmente índices antropométricos e laboratoriais (bioquímica clínica). Cinquenta e cinco indivíduos aparentemente saudáveis, em 5 grupos, foram
Pirineus, Espanha
envolvidos em uma viagem de 10 dias através dos Pirineus. Eles caminharam, em média, 14 km / dia, carregando uma mochila com 8 quilos. Alimentos crus foram fornecidos e auto preparados e a água seria obtida a partir de poços. Eles dormiram ao ar livre em sacos de dormir e foram expostos a temperaturas que variaram de 12 a 42 ° C. Os dados antropométricos e as amostras de sangue em jejum foram coletadas no início e ao final do estudo. Encontramos alterações significativas importantes na maioria dos resultados em favor de um melhor funcionamento metabólico e benefícios antropométricos. Lidar com "moderados antigos fatores de estresse", incluindo o exercício físico, a sede, a fome, e clima, podem influenciar o estado imunológico e melhorar a antropometria e índices metabólicos em indivíduos saudáveis ​​e, possivelmente, em pacientes que sofrem de distúrbios metabólicos e imunológicos.

1. Introdução

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), incluindo diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares, doenças autoimunes, fadiga crônica, depressão e doenças neuro-degenerativas, são as principais causas de morbidade, ausência no trabalho e invalidez. Eles podem ser responsáveis ​​por 35 milhões dos 52 milhões de mortes anuais em todo o mundo [1]. As DCNTs recentemente se tornaram o principal tema para a Assembleia Mundial de Saúde. Em 2013, The Lancet publicou um especial sobre DCNT [2, 3]. O tratamento de pacientes com DCNT é complexo e sua disponibilidade limitada em muitos países por causa dos custos, enquanto os seus tratamentos mais recomendáveis têm muitos efeitos colaterais. A aderência é geralmente baixa (por exemplo, drogas hipolipêmicas e anti-hipertensivos) e muitas intervenções não têm tido sucesso [4].

A grande maioria das DCNT são causadas ​​pelo estilo de vida não saudável e de outros fatores antropogênicos. Parece que nenhum de nós está imune aos efeitos nocivos do estilo de vida moderno [5, 6]. Não surpreendentemente, muitas dessas doenças podem ser prevenidas por mudanças no comportamento, incluindo a nutrição, a atividade física, e outras estratégias de enfrentamento [7-10]. Os fatores antropogênicos responsáveis ​​pela pandemia de DCNT incluem sedentarismo, dieta pouco saudável (por exemplo, alimentos de alta densidade energética refinados e consumo demasiado baixo de vegetais, frutas e peixe), estresse psicoemocional crônico, sono insuficiente (perda de biorritmo), e toxinas ambientais, incluindo tabagismo [5, 11-18]. Todos estes podem ser considerados como "sinais de perigo" que ativam os eixos centrais de stress (sistema nervoso simpático (SNS) e hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA)) e o sistema imune [19, 20].

A inflamação é caracterizada por os cinco sintomas clássicos de rubor, dor, calor, do edema, e perda de função.  A inflamação requer adaptações metabólicas [12]. Uma lesão aberta e infecção trazem respostas alostáticas (vem do grego e significa "encontrar estabilidade através da mudança", NT) de curto prazo visando a remoção do agente infeccioso, engajado em reparação, para, finalmente, recuperar a homeostase de forma altamente coordenada [21]. Enquanto antigos desafios infecciosos induziam respostas ótimas com capacidade de auto-resolução, estímulos inflamatórios antropogênicos decorrentes da sociedade moderna nos fornecem respostas imunológicas fracas e duradouras que levam a uma condição de baixo grau de inflamação sistêmica crônica com acompanhamento adaptações hipometabólicas crônicas [12, 22, 23]. Tornou-se evidente que muitos, se não todas, as DCNTs são caracterizadas por um estado de inflamação de baixo grau (IBG ou LGI em inglês [24, 25]) que vem juntamente com, por exemplo, resistência à insulina, hiperleptinemia (leptina), resistência ao cortisol, hipotireoidismo subclínico, e imuno-modulação por estímulo neuronal (nerve-driven). Em conjunto, são responsáveis ​​pelo desenvolvimento gradual de múltiplas comorbidades em conjunto referidas como as doenças tipicamente ocidentais do progresso [11, 26-31].

A ausência de antigos desafios imunes nas sociedades ocidentais atuais nos inspirou a hipótese de que o estresse agudo dos antigos sinais de perigo faz com que a redistribuição do sistema imunológico perante os seus locais evolutivos preferidos e, assim, afetar favoravelmente o estado de baixo grau de inflamação crônica sistêmica, normalizando a atividade do eixo do estresse, recuperando a função rítmica, e restaurando as vias insensíveis à insulina. Suaves fatores de estresse podem ativar respostas de resolução com base em mecanismos de sobrevivência que se originam de milhões de anos de pressão evolutiva. Neste estudo, nós investigamos se tais "estressores antigos", fornecidos por uma viagem de 10 dias através dos Pirineus, melhoram números antropométricos e vários parâmetros químicos clínicos típicos da inflamação de baixo grau, do estresse e do controle metabólico em 55 adultos aparentemente saudáveis. O objetivo foi o de fornecer prova de princípio com a noção de que os seres humanos podem influenciar seus sistemas imunológicos e metabólicos por exposição a antigos fatores de estresse agudo leves. A intervenção no nosso estudo piloto imitou, até certo ponto, as "condições de existência" das populações de caça / pesca e coleta ancestrais e atuais.

2. Sujeitos e Métodos

2.1. Grupo de Estudos

Os participantes eram estudantes, cientistas, médicos e outros profissionais de saúde que estavam envolvidos em cursos clínicos de psiconeuroimunologia (PNI) em toda a Europa. Estavam interessados ​​em experimentar o impacto do estilo de vida antiga na sua própria saúde e bem-estar e, portanto, decidiram em conjunto se envolver neste estudo. Um consentimento de uma comissão de ética médica foi considerado desnecessário, para o qual nos referimos ao direito constitucional de autodeterminação, em que as pessoas têm o direito fundamental de decidir o que quer fazer com sua saúde (incluído o ato de autodeterminação dos pacientes, Estados Unidos 1991 e do Conselho da Europa de 2009 [patients self-determination act]). Os participantes eram parte de sua própria equipe, unidos em um consórcio de pesquisa (ver Agradecimentos). Eles cobriram suas próprias despesas e não houve subvenções. O grupo nomeou um de nós (LP) como o coordenador do estudo. Todos os voluntários assinaram um consentimento esclarecido e todos foram informados sobre os detalhes da viagem. O Governo catalão e o governo local de Tremp (Espanha) deu permissão para executar nosso estudo, sem quaisquer restrições.

Foram incluídos adultos aparentemente saudáveis. Os critérios de exclusão foram doenças cardiovasculares, doenças psiquiátricas e uso crônico de medicamentos para doenças graves.

2.2. Design de estudo


Indivíduos Hadza
Grupos de 11 indivíduos, no máximo, participaram nestes 10 dias de viagem através dos Pirineus espanhóis durante os verões de 2011 (n=10), 2012 (n=32) e de 2013 (n=11). Os participantes viviam ao ar livre e andavam de uma fonte de água para outra. Alimentos foram fornecidos pela organização e com a ajuda de guardas florestais de institutos oficiais do condado catalão. A ingestão de alimentos foi planejada antes da viagem, com base na ingestão diária média alimentar tradicional de indivíduos do povo Hadza (Hadzabe) da Tanzânia (Tabelas suplementares e em material suplementar disponível online em http://dx.doi.org/10.1155/2016/6935123). O uso de telefones celulares ou outros dispositivos eletrônicos não era permitido.

As atividades detalhadas e condição durante o estudo de 10 dias foram como se segue:

(I)             O primeiro dia foi o da chegada ao hospital de Tremp (Catalunha, Espanha) com um ônibus com ar condicionado a partir de Barcelona (2,5 horas de carro). Os participantes foram, mais uma vez informados sobre a viagem. Os dados antropométricos e amostras de sangue foram coletadas em jejum.
(II)           Haviam viagens diárias a pé entre fontes de água, com uma curta distância média de cerca de 14 km / dia, o que incluiu diferenças de altitude de até aproximadamente 1.000 m. Os participantes levaram suas próprias mochilas com um peso médio de 8 kg. A viagem teve lugar em parte do pré-pireneus com uma altitude máxima de 1.900 metros acima do nível do mar.
(III)          Os participantes consumiram duas refeições por dia. A primeira refeição foi fornecida no meio do caminho pela organização e a segunda refeição preparada na chegada ao parque de campismo. Animais, incluindo patos, galinhas, perus, coelhos e peixes, foram entregues vivos e mortos pelos participantes. Os peixes foram capturados com redes no rio Noguera. Todos os alimentos foram preparados no local pelos participantes. Os detalhes nutricionais estão na Tabela suplementar.
(IV)         Os participantes dormiram ao ar livre em sacos de dormir em pequenos colchões infláveis. As temperaturas variaram de 22 a 42 ° C durante o dia, enquanto que as temperaturas da noite variaram de 12 a 21 ° C. Um grupo experimentou um dia de neve no meio de julho, o que levou a organização a fornecer acomodações de hotel para uma única noite.
(V)           A conduta de beber água (intermitente) foi recomendada se bebendo tanto quanto possível (até a saciedade) depois de atingir uma fonte de água. Essas fontes continham água potável não cloradas.
(VI)         Algum trabalho manual foi feito para limpar trilhas de montanhas, em termos acordados com o Governo catalão.

2.3. Dados antropométricos, coleta de amostras, e análises

Dezesseis parâmetros laboratoriais e antropométricos foram medidos antes da partida para os Pirineus e após o regresso. As medidas antropométricas foram aferidas por um de nós (LP) no hospital de Tremp. Amostras em jejum de sangue com heparina, oxalato, e anticoagulante - EDTA foram coletadas por punção venosa na primeira manhã e na manhã do 10º dia, no final do estudo. Todas as amostras foram transportadas a 5 ° C e processadas ​​dentro de 1 h. As análises foram feitas no laboratório clínico do hospital de Tremp.

Os itens: HbA1c (hemoglobina glicada), colesterol total, colesterol HDL, aspartato aminotransferase (AST, ou TGO), alanina aminotransferase (ALT, ou TGP), e glicose foram determinados com um analisador Cobas C-501 (Roche, Madrid, Espanha). A insulina no soro foi medida por ensaios quimioluminescentes, usando equipamentos Dxi-600 (Beckman, Barcelona, ​​Espanha) e Liaison XL (Diasorin, Madrid, Espanha), respectivamente. A Proteína-C Ultrassensível (PCR US) foi medida com um Sistema Behring Nephelometer II Analyzer. A HOMA-IR (mmolmU / L²) foi calculada pela glicose (em mmol / L) de insulina / 22,5 (em mU / L).
(Obs.: HOMA-IR é o cálculo do, em inglês, HOmeostatic Model Assessment-Insulin Resistence, sendo feito com base nas dosagens de insulina e glicose de jejum, para aferição de graus de resistência à insulina, NT).

2.4. Estatística

As análises estatísticas foram realizadas com o IBM SPSS Statistics versão 23.0 (IBM Corp.). Mudanças durante a intervenção foram analisados ​​com o teste de classificações Wilcoxon signed rank test  em p<0,05. Inter-relações entre as variáveis ​​foram analisadas pelo coeficiente de correlação de Spearman em p<0,05.

3. Resultados

3.1. Grupo de Estudos

Houveram 55 participantes. A idade média foi de 38 anos (variação 22-67). O número de mulheres foi de 28 (50,9%). A linha de base da antropometria está na Tabela 1.


3.2. Curso da viagem

A viagem de 10 dias passou pela parte baixa e média-alta dos Pirineus. A maioria dos participantes fez muito bem. Se um deles ficasse muito cansado, LP ou JA carregava a mochila desse participante enquanto fosse necessário. Viagens foram feitas a partir de uma fonte de água para outra, com uma consistente pausa ao meio-dia de 1 - 1,5 h. A montanha dos Pirineus é composta de um solo duro e muito de sua vegetação apresenta espinhos. A maioria dos participantes sofreram de pequenas feridas nos braços e pernas, causadas pelos espinhos do Aliaga, uma planta pertencente à vegetação original dos Pirineus. Nenhum deles sofreram de feridas infectadas e a maioria pareceu completamente curada no final da viagem. Os participantes sofreram de sensação de fome durante os três primeiros dias, mas aos poucos se acostumaram a comer apenas duas vezes por dia. Apenas uma participante interrompeu a viagem, porque ela teria expectativas diferentes. A organização local providenciou transporte e ela se retirou. Os outros participantes da viagem completaram 10 dias, sem exceções. Curiosamente, a maioria, incluindo LP, queria voltar para casa depois de 7 dias (ver Seção 4 -  discussão).

A sensação de sede foi moderada no início, mas melhorou após três dias. Os participantes notaram que eles poderiam beber cada vez mais água à chegada em um poço e gradualmente experimentaram menos necessidades de beber "entre paradas pela água." Três participantes sofreram de períodos que poderiam ser neuroglicopênicos (hipoglicemia) descritos por se sentir fraco, com fome, frio, tonturas, e com tremores. No entanto, a medição do seu nível de glicose no sangue por picada no dedo não revelou hipoglicemia. Um desses participantes estava muito acima do peso e exibiu glicemia de jejum que ultrapassava bastante o limite normal. Ele não foi capaz de carregar sua mochila durante os três primeiros dias, mas conseguiu se sair surpreendentemente bem ao final. À noite, alguns participantes foram afetados pelo frio. Eles precisavam de um saco de dormir mais grosso, que foi fornecido. Os participantes iam dormir ao pôr do sol e se levantavam ao nascer do sol. No geral, os participantes se sentiam bem, às vezes cansados, mas não sobrecarregados. Os mosquitos foram um incômodo à noite e, portanto, um repelente de mosquitos líquido foi fornecido pela organização. Vários participantes sofreram de diarreia no final da viagem, provavelmente por causa da água potável a partir dos poços não clorados. Tomados em conjunto, a grande maioria dos participantes se agradou da viagem e reconheceu os benefícios ao se sentirem mais saudáveis e recuperados da vida estressante ocidental.

3.3. Índices antropométricos e laboratoriais

Os dados antropométricos e laboratoriais foram coletados antes e após a excursão estavam disponíveis a partir de 23-55 participantes (Tabela 1). Os valores em falta foram atribuídos aos 2012 groups. Provavelmente por causa de imperfeições processuais no laboratório de Tremp, o resultado do ensaio de insulina não pôde ser executado em várias séries.

Verificamos (Tabela 1) que o peso corporal diminuiu com uma mediana (variação) de -3.8 kg (-12.5 -0.7 a), com IMC -1.2 kg / m2 (-4,4 a -0,2), circunferência do quadril com -3 cm ( -17 a +5), circunferência da cintura com -5 cm (-18 a +9) e relação cintura / quadril com -0,02 (-0,14 para 0,10).

Observou-se também que diminui (mediana, intervalo; Tabela 1) de glicose (-0,6; -1,7 até 0,5 mmol / L), HbA1c (-0,1; -0,4 até + 0,2%), insulina (-4,7; -31,4 até - 0,2 pmol / L), HOMA-IR (-1,2; -7,0 até -0,4 mmolmU / L2), triglicerídeos (-0.14; -6,12 até 2,18 mmol / L), colesterol total (-0,7; -2,8 até 0,4 mmol / l), LDL-colesterol (-0,6; -3,1 até 0,6 mmol / L), triglicerídeos / HDL-colesterol (-0,55; -8,98 até 1,34 mol / mol), e T3 Livre (-0,8; -3,4 até + 3,1 pmol / L).

Por outro lado, verificamos que as atividades de AST e ALT aumentaram em 11 UI / L (-8 até  54) e 6 UI / L (-13 até 52), respectivamente, enquanto que a PCR aumentou com 0,56 mg / L (−15.72 até +41.07). A Figura 1 mostra a mediana e as alterações individuais de ASAT (a), ALT (b), e CRP (c). A razão AST/ALT antes da intervenção foi de 1,23 (0,68-2,00) e aumentou de 0,08 até 1,31 (0,48-2,06).




A Figura 2 mostra as médias de mudanças percentuais dos parâmetros clínicos e antropométricos verificados significativos durante a viagem de dez dias através dos Pirineus

3.4. Um participante com arritmia

Um dos participantes sofria de arritmia cardíaca, desde 2000, na sequência de uma fratura do esterno em um acidente de carro. Ele estava em uso de medicação desde então. Durante a viagem, ele parou de tomar tratamento e não sofreu de períodos arrítmicos durante o período de 36 meses que se passaram desde o final do estudo.

3.5. Inter-relações

As relações entre as alterações dos índices laboratoriais e antropométricos são apresentadas na Tabela suplementar. De importância, verificou-se que as alterações no peso, IMC, circunferência do quadril, circunferência da cintura e relação cintura / quadril foram geralmente relacionados com as mudanças dos índices bioquímicos clínicos. As exceções foram as associações negativas (p<0,05) entre a circunferência da cintura e FT3 (r= -0,359) e relação cintura / quadril e FT4 (r= -0,360). A mudança no HOMA-IR foi negativamente relacionado com alterações no colesterol total (r= -0,457) e LDL-colesterol (r= -0,436). Finalmente, descobrimos que as mudanças na AST, ALT, e PCR foram positivamente inter-relacionados (AST versus ALT r=0,777; AST versus CRP r=0,508, e ALT versus CRP r=0,440). A idade mostrou positivamente relacionada com a mudança de AST (r=0,371), mas não estava relacionado com as mudanças de ALT e PCR.

4. Discussão

O objetivo deste estudo foi investigar se a viagem de 10 dia através dos Pirineus afetava favoravelmente os parâmetros antropométricos, metabólicos, e inflamatórios em indivíduos aparentemente saudáveis. A viagem imitou até certo ponto, as "condições de existência" das populações antigas e contemporâneas caçadores/coletoras. Nós descobrimos que a intervenção foi bem tolerada e que todos os participantes, com exceção de um abandono, experimentaram uma sensação subjetiva melhor de saúde após a sua conclusão. A viagem causou reduções no peso corporal e IMC (variação média de 4,8%), circunferência do quadril (3%), circunferência da cintura (5,6%) e relação cintura / quadril (2,5%) (Tabela 1; Figura 2). Entre os índices químicos clínicos demonstrou diminuições de glucose (12,5%), insulina (55%), HOMA-IR (58,1%), HbA1c (1,8%), triglicerídeos (20%), colesterol total (13,7%), LDL colesterol (21,9%), e proporção de triglicerídeos / colesterol-HDL (19,3%). Por outro lado, as médias de AST e ALT aumentaram em 48,0% e 35,7%, respectivamente, enquanto que a PCR aumentou em 110,1%.

4.1. Efeitos favoráveis

No total, verificou-se que três características da síndrome metabólica melhoraram, isto é, a massa corporal, a homeostase da glicose e dos lipídeos circulantes. A quarta, ou seja, a pressão arterial, não foi registrada. A síndrome metabólica, também chamada de síndrome de resistência à insulina, é um fator de risco bem estabelecido para diversas doenças da sociedade abastada, incluindo a diabetes tipo II, a doença cardiovascular, a hipertensão essencial, síndrome do ovário policístico, doença hepática gordurosa não alcoólica (esteatose), certos tipos de câncer (cólon, mama e pâncreas), apneia do sono e complicações na gravidez, como a pré-eclâmpsia e diabetes gestacional [32]. Embora não tenha sido visado marcantes objetivos, nossos resultados sugerem que a intervenção de 10 dias pode ser útil tanto para a prevenção primária e secundária das "doenças tipicamente ocidentais da riqueza."

4.2. Mecanismos potenciais

A nossa intervenção é baseada em implementar "leve stress agudo" em seres humanos que em suas vidas diárias habituais são expostos ao estresse crônico compatível com o moderno estilo de vida. O estresse agudo promove liberação de hormônios do estresse, incluindo adrenalina, noradrenalina e cortisol, que cada causar profundas adaptações metabólicas e imunológicas [33]. Por exemplo, um estudo recente do grupo de Pickkers [34] mostrou que a extrema exposição ao frio, combinada com exercícios de respiração (produzindo hipóxia intermitente), aumenta profundamente a secreção de adrenalina. Este estudo e outros [33, 35] mostram que fatores de stress agudo aumentam a atividade autonômica, aceleram a proliferação e diferenciação de células imunitárias, e também estimulam o componente anti-inflamatório do sistema imune (ou seja, a produção de IL10, lactoferrina, e lisozimas) [ 26]. No entanto, o estresse leve inicialmente produz uma resposta pró-inflamatória, que poderá posteriormente dar lugar a recuperação do estado reinante de inflamação crônica de baixo grau e o retorno à homeostase [36, 37].

De acordo com o exposto, verificou-se que as mudanças observadas no HOMA-IR e lipídios foram independentes da perda de peso, o que sugere que uma combinação de fatores de estilo de vida pode estar em jogo. Majoritariamente, altamente interagentes, os fatores de estilo de vida que contribuem para doenças tipicamente ocidentais são a pobreza dietética, a falta de atividade física, o estresse crônico, sono insuficiente, flora microbiana anormal, e poluição ambiental (incluindo o tabagismo) [11, 38]. No entanto, outras incompatibilidades com o nosso antigo estilo de vida são menos apreciadas. Por exemplo, os participantes sofreram de sede. A sede relaciona-se com a produção de ocitocina e a inibição da atividade do eixo do stress [39, 40]. Os participantes também foram desconectados dos problemas diários e "self-made" stress (estresse produzido por si mesmo), o que reduziu o número de fatores de estresse antropogênicos e possivelmente outros "sinais de perigo" inflamatórios [16]. Outro fator pode ser a proibição do uso de telefones celulares e outros dispositivos eletrônicos. Embora controverso o uso crônico de telefone móvel pode ativar sistemas de estresse, como evidenciado por um estudo recente da Hamzany et al. [41]. O uso crônico de telefones móveis também afeta negativamente a produção de substâncias anti-inflamatórias na saliva [42]. A ausência de luz artificial pode ser outro fator. A viagem forçou os participantes a adotar um "ritmo natural dia-noite" em que o ciclo sono-vigília não era dominado pela vida social, mas sim pela luz solar [43-45].

A atividade física espontânea antes da ingestão de alimentos e água pode ser outro fator benéfico. A resposta inflamatória pós-prandial foi identificada como um fator de risco independente para doenças cardiovasculares, metabólicas, e outras doenças não transmissíveis [26, 46-48]. O exercício pré-prandial não só atenua a resposta pró-inflamatória após a ingestão de alimentos, mas também produziu uma mudança para a produção de mediadores anti-inflamatórios pelo sistema imune e no tecido adiposo, que conferem proteção contra possíveis agentes patogênicos presentes nos alimentos [49, 50]. Outra diferença importante entre a vida ocidental e os dez dias de viagem nos Pirineus pode ser a presença de "sinais diretos de perigo cutâneo – e outro organismo de superfície”. Todos os participantes sofreram pequenas feridas nas mãos, braços e pernas por causa de pequenos ferimentos causados ​​por espinhos afiados e outros obstáculos naturais. Além disso, vários participantes sofreram de distúrbios gastrointestinais suaves e diarreia. Fiuza-Luces et al. [51] atribuem efeitos positivos para a saúde para os chamados gatilhos horméticos (de hormese: uma resposta adaptativa, caracterizada por um comportamento bifásico de dose-resposta, após a ruptura da homeostase, com estímulo por doses baixas de um composto e inibição por doses altas do mesmo, NT), incluindo pequenos ferimentos externos e danos musculares leves. Embora especulativo, o sistema imunológico pode ter migrado para os sítios que têm sido mais suscetíveis aos efeitos nocivos do ambiente durante a evolução, incluindo aqueles que afetam a pele, o trato gastrointestinal e os pulmões, sendo conjuntamente os locais de maior necessidade de vigilância imunológica [33].

Em resumo, propomos que estamos a lidar com complexos fatores de estilo de vida em interação [5, 11] e que a atual tendência para realizar intervenções destinadas a aspectos individuais, concebidos ou não como RTCs (estudos clínicos randomizados controlados), pode sofrer a limitação da perspectiva reducionista.

4.3. Possíveis efeitos adversos

Nós encontramos aumentos de AST, ALT e CRP, que à primeira vista pode ser considerada como efeitos adversos genuínos. Aumentos de AST e a relação entre AST/ALT estão relacionadas com danos do músculo cardíaco [52], enquanto que os aumentos de ALT [53] e PCR [54] estão intimamente relacionados com danos no fígado e por infecção, respectivamente.

Esportes radicais, como maratonas e triatlos, são bem conhecidos em provocar aumentos da lactato desidrogenase (LDH), creatina quinase (CK), ALT, AST, da relação AST / ALT, PCR e troponinas cardíacas [55-58]. As respostas podem facilmente exceder o limite superior do intervalo de referência para a área de enfarte do miocárdio. Os aumentos de troponinas cardíacas foram similares quando o exercício foi realizado sob condições controladas normóxicas ou de hipóxia, mas provou ser dependente da duração e intensidade do exercício, possivelmente agravada por condições de hipóxia [56]. Noakes e Carter [59] também observaram que os corredores iniciantes tiveram respostas muito mais elevados do que os corredores experientes e estes resultados foram confirmados em um estudo posterior [60]. Verificou-se que a elevação da AST aumenta com a idade, tal como previamente relatado por Jastrzębski et ai. [57]. Aumentos de marcadores cardíacos sob estas condições não foram firmemente associados com danos irreversíveis no músculo cardíaco e são atualmente considerados benignos, pelo menos em indivíduos bem treinados. Por outro lado, não existem atualmente dados de acompanhamento de longo prazo [61].

Os aumentos de ambos, ALT e PCR, também pode apontar para os danos do fígado moderados e inflamação devido à exposição ambiental, este último causando infecções gastrointestinais leves pela água potável a partir de poços e pequenos ferimentos nas pernas e braços provocados pelos espinhos e quedas. Embora os efeitos adversos plausíveis acima mencionados irão, certamente, exigir mais atenção nas futuras intervenções, eles não são inesperados à luz das populações de caçadores-coletores. Por exemplo, os pigmeus exibem grandes bandas de gamaglobulina no perfil eletroforético clássico de proteínas séricas, que aponta para a exposição a uma série de diferentes microrganismos e parasitas [62]. Portanto, além dos efeitos da atividade física intensa, as descobertas atuais nos lembram das condições de super-higiene do nosso estilo de vida atual. A higiene é um fator importante na longevidade, mas pode, como um trade-off, também estar, por exemplo, na base das doenças autoimunes, a chamada hipótese higiênica [63-65]. Por exemplo, um estudo recente em ratinhas grávidas e recém-nascidos revelaram que a colonização helmíntica exerce efeitos benéficos sobre a resposta infecciosa do cérebro dos descendentes e também na sensibilização microglial e na disfunção cognitiva na vida adulta [66].

4.4. Comparação com estudos anteriores

Nosso estudo não é o primeiro a sugerir que a imitação do estilo de vida das populações de caçadores-coletores tradicionais pode ser benéfica para a nossa saúde. Já em 1984, O'Dea et al. mostrou que os aborígenes australianos obesos com diabetes tipo II que retornaram para seu estilo de vida original por 7 semanas e foram capazes de melhorar, ou até mesmo normalizar, as alterações características da diabetes, incluindo melhorias de peso corporal e glicemia de jejum, insulina e triglicerídeos. As mudanças favoráveis ​​foram atribuídos à perda de peso, dieta de baixa gordura (em realidade houve uma mudança da dieta original urbana com mais de 50% de carboidratos para semanas com menos de 5% de carboidratos de acordo com a tabela do estudo original disponível nas referências, NT) e aumento da atividade física [67]. Outros exemplos dos efeitos protetores dos nossas "condições antigas de existência" contra o estilo de vida moderno e "doenças ocidentais de afluência" pode ser compilado a partir dos estudos do povo Kitava em Papua Nova Guiné [68, 69]. Lindeberg et al. mostrou que essas pessoas, que vivem um estilo de vida tradicional (por exemplo, consumem alimentos silvestres com bastante atividade física), mostraram baixas taxas de doenças cardiovasculares, obesidade e outras doenças modernas, provavelmente devido à maior sensibilidade à insulina e níveis mais baixos de insulina, ácido úrico, e leptina [70].

5. Limitações

Nosso estudo tem muitas limitações. Não houve grupo controle e também não se empregou um crossover ou desenho similar a um RCT (estudo clínico randomizado controlado). O grupo investigado foi relativamente pequeno e que mede apenas um pequeno número de parâmetros "soft". Grandes desfechos não podem, obviamente, ser esperados em intervenções de curto prazo em pequenos grupos com boa saúde geral. No entanto, sendo ou não um efeito placebo, a sensação subjetiva de uma saúde melhor é certamente importante e além disso ocorreram as mudanças observadas em parâmetros laboratoriais e antropométricos. O nosso principal objetivo era fornecer uma prova de princípio. Mais estudos com mais participantes são certamente necessários, incluindo o registro de mais parâmetros que possam tornar mais objetiva, por exemplo, a sensação de melhoria da saúde. Também a duração mínima e o grau de intensidade necessários para demonstrar os efeitos favoráveis ​​são variáveis incertas até o momento.


6. Conclusões

O resultado deste "estudo da origem" de 10 dias sugere que um curto período de retorno às "condições de existência" semelhantes àquelas em que nosso genoma foi baseado pode melhorar aspectos antropométricos e de metabolismo, desafiando favoravelmente o sistema imune em indivíduos aparentemente saudáveis. O "retorno" pode vir com alguns custos na atividade infecciosa, como uma compensação (“trade-off”) para a "inflamação sistêmica crônica de baixo grau" típica do nosso estilo de vida atual de riqueza. Nós podemos cada vez mais perceber que não podemos ter tudo, considerando que as lições evolutivas de Darwin e os estudos de intervenção [71] nos ensinam que a prevenção pode ser mais gratificante e acessível do que a cultura atual da terapêutica médica.

Título original: 

Influence of a 10-Day Mimic of Our Ancient Lifestyle on Anthropometrics and Parameters of Metabolism and Inflammation: The “Study of Origin”

Autores:
1Natura Foundation, 3281 NC Numansdorp, Netherlands
2Laboratory Medicine, University Medical Center Groningen (UMCG) and University of Groningen, 9713 GZ Groningen, Netherlands
3Department of Psychiatry, College of Medicine, John and Doris Norton School of Family and Consumer Sciences, Tucson, AZ 1075, USA
Received 27 March 2016; Revised 8 May 2016; Accepted 15 May 2016
Referências no artigo original


LINK original:

Obs.:
O texto teve várias pesquisas intermediárias
Sobre “gatilhos horméticos” ver http://alexandria.cpd.ufv.br:8000/teses/PEDRO%20JUSSELINO%20FILHO.PDF

Obs.: As gravuras não são do artigo original.