DIETA LOW CARB COMO TERAPIA PARA A DOENÇA DE ALZHEIMER
Se a Doença de Alzheimer é principalmente o resultado de um
cérebro incapaz de metabolizar a glicose corretamente, então as intervenções
destinadas a prevenir ou melhorar essa condição deve incluir uma transição para
uma fonte de combustível que não seja a glicose, reduzindo os níveis de
insulina periférica para restaurar a sensibilidade na barreira hemato
encefálica – BHE - e proporcionar um oferta abundante de substâncias
protetoras. Como um modelo para orientar a terapia, podemos olhar para o que
acontece durante o jejum, a fome, ou a restrição de carboidratos para ver os
processos pelos quais um organismo privado de glicose se sustenta. O
interruptor principal que ocorre na ausência ou redução de glicose exógena é
que a transição do corpo para utilização dos ácidos graxos, corpos cetônicos
(KBs), e pequenas quantidades de glicose derivada da gluconeogênese (formação
de glicose a partir de aminoácidos e outras substâncias). 48, 49
Alega-se frequentemente que a glicose é o único combustível
do cérebro, ou que o cérebro requer mais de 120 gramas de glicose por dia. Esta
sumarização grosseiramente simplifica a fisiologia humana. A glicose é
regularmente citada como o combustível "preferido" para o corpo e o
cérebro. No entanto, essa preferência está no sentido de que geralmente é usado em primeira instância. Não
é nem mais eficiente nem mais segura do que dois dos outros combustíveis que o
corpo e o cérebro podem utilizar: os ácidos graxos e os corpos cetônicos - KBs.
Os KBs podem fornecer até 60 por cento da energia do cérebro, poupando, assim,
o pouco de glicose que é metabolizada para suprir o resto do corpo.47
Os KBs são muitas vezes vistos como tóxicos, mas este não é
o caso. Eles são uma parte absolutamente normal do metabolismo energético
humano que preferencialmente alimenta o cérebro, enquanto a maior parte do
resto do corpo funciona sob ácidos graxos durante os tempos de menor
disponibilidade de carboidratos.50 A visão negativa dos KBs decorre
da confusão a respeito da cetose dietética benigna (CDB) e cetoacidose
diabética (CAD). A CDB ocorre como resultado de reduções drásticas no consumo de
carboidratos, enquanto CAD é vista em diabéticos tipo 1 não tratados, que não
produzem insulina, e têm capacidade extremamente limitada para queimar a glicose
e, portanto, estão em um estado constante, descontrolado de catabolizar
(quebrar) o próprio músculo e o tecido adiposo para uso como combustível.
Apesar de ambas as condições indicarem que o corpo está queimando gordura a uma
taxa elevada, são mundos à parte na implicação fisiológica. Durante a CDB por
redução de carboidratos, as concentrações de corpos cetônicos no sangue são
tipicamente não superiores a 4-6 mM, sem alteração na acidez do sangue. Na CAD,
no entanto, a concentração de cetona no sangue pode chegar a até 25 mM – uma
magnitude muito maior – e o pH e do sangue pode diminuir para níveis fatais que
ultrapassam a capacidade de tamponamento ácido do corpo. 47
A dieta cetogênica tem uma longa história de eficácia para
distúrbios do sistema nervoso central, principalmente na epilepsia. 46,47
Os corpos cetônicos são mais eficientes do que a glicose e induzem menos dano
oxidativo. 47 Além disso, os KBs
são trazidos para o cérebro por transportadores
monocarboxilados - independentemente de
glicose e da insulina - assim a sua absorção não é prejudicada quando a
sinalização de insulina falha.51
Isso levanta a questão, se o cérebro está se esforçando para
usar a glicose, por que não mudar imediatamente para reabastecimento com
cetonas? A resposta é que as cetonas suficientes não estão disponíveis. Devido
às exigências de vários sistemas diferentes de tecidos, o corpo como um todo funciona
sob glicose, ácidos graxos, e KBs simultaneamente, em alguma medida. No
entanto, os percursos são, em grande parte antagonistas; onde um predomina,
outro é inibido. A glicose induz a secreção de insulina, e a insulina inibe a
CPT-1, uma enzima responsável por levar ácidos graxos para as mitocôndrias para
serem utilizados. Portanto, quando os níveis de insulina são elevados, os ácidos
graxos não são utilizados como
combustível e não ocorre uma cetogênese significativa. (os KBs são um subproduto
do metabolismo de ácidos graxos.) Assim, mesmo que o cérebro esteja "morrendo de
fome" precisando de combustível, os KBs não serão produzidos em quantidade suficiente. O
resultado final de um paciente com DA é que o cérebro não metaboliza a glicose
eficazmente e não há combustíveis alternativos disponíveis. No caso de células
neuronais, que têm tais enormes necessidades energéticas, as consequências dessa
interrupção no fornecimento de combustível são
devastadoras.
Se as cetonas são fonte primária de combustível do cérebro
em condições de menor disponibilidade de glicose, então os pacientes com DA
devem mostrar melhora da função cognitiva em uma dieta cetogênica ou com a
administração de cetonas exógenas. Isto tem sido demonstrado em estudos duplo-cego,
randomizados e controlados com placebo. Em dois estudos, a administração oral
de corpos cetônicos via bebidas mistas de
triglicérides de cadeia média (TCM) resultaram
num melhor desempenho em testes de cognição em comparação com o placebo, e isso
foi obtido mesmo na ausência da redução de carboidratos na dieta.
Em um estudo envolvendo cetose dietética através de uma
dieta de baixo carboidrato (menos de 10 por cento do total de calorias), em
comparação com indivíduos em uma dieta de carboidratos (a base de 50 por cento),
os indivíduos de baixo carboidrato (low
carb) apresentaram melhor desempenho em testes de memória, com escores mais
altos sendo correlacionados com maior nível de corpos cetônicos no soro.14
Um estudo utilizando cultura de células do hipocampo de ratos mostrou que a
adição da cetona β-hidroxibutirato (β-OHB)
para células expostas a ßA não resultou em qualquer diminuição do número de
dendritos ou neurônios totais - duas das alterações patológicas observadas na DA.
A adição de β-OHB a uma concentração de 4 mM – alcançada numa dieta com muito
pouco carboidrato – dobrou o número de células sobreviventes e na verdade
aumentou o crescimento de dentritos. 52 A análise de cérebros de
pessoas que envelheceram e ficaram livres de declínio cognitivo - demonstrou
que uma perda de neurônios pode ser compensada por um aumento nos dendritos dos
neurônios remanescentes para que não ocorra uma perda na rede de sinapses.49
Se a alteração metabólica primária que ocorre durante o
jejum ou uma dieta cetogênica é uma ampla mudança de afastamento da glicose e se
voltando para os ácidos graxos e cetonas como combustível, com a consequente
diminuição da glicose no sangue e dos níveis de insulina e a restauração da
sensibilidade à insulina, então a redução do consumo de carboidratos deve levar
a efeitos neuroprotetores semelhantes. Além disso, se a DA decorre de uma dieta
e estilo de vida em desacordo com o que nossa história evolutiva nos preparou,
então o abandono dos alimentos refinados e quimicamente alterados e um retorno
a um tipo de dieta mais "primitiva" também seria provavelmente uma
proteção. Especificamente, se a patogênese inicial da DA vem da
hiperinsulinemia periférica, há boas razões para acreditar que a restrição de
carboidratos da dieta deve ser a terapia de primeira linha para a Doença de Alzheimer. Os
efeitos terapêuticos e neuroprotetores de corpos cetônicos são tão eficazes, que
de fato, um pesquisador sugere que a desvantagem da moderna dieta rica em
carboidratos é ser "ceto-deficiente”. 53
A dieta cetogénica-clássica com um escalonamento de 70-90
por cento das calorias totais provenientes de gordura pode não ser obrigatória.51
Dietas cetogênicas clássicas restringem proteína, tanto como hidratos de
carbono, uma vez que 48-58 por cento dos aminoácidos nas proteínas dietéticas
podem ser glicogênicos, comprometendo, assim, o efeito de uma dieta destinada
a gerar uma grande quantidade cetonas e limitar a glicose tanto quanto possivel.46
Como terapia para a DA, contudo, simplesmente reduzir a ingestão de hidratos de
carbono para um ponto onde são geradas algumas cetonas e a hiperinsulinemia é
corrigida, poderia ter efeitos positivos apenas por aliviar a carga metabólica
no cérebro. Ou seja, pode-se colher os "benefícios" do jejum (aumento
da sensibilidade à insulina, redução do estresse oxidativo, e redução da formação de AGEs) simplesmente reduzindo a ingestão de carboidratos para evitar a
hiperglicemia crônica sistêmica. Além disso, uma dieta baixa em hidratos de
carbono que produz cetonas e ainda permite o consumo de uma grande variedade de
vegetais e frutas de baixa carga glicêmica, que são normalmente mais ricas em
micronutrientes, antioxidantes e fitoquímicos do que os alimentos comuns à base
de cereais e açúcar refinado e seus similares com alta carga glicêmica. 54
Esta seria a principal rota para uma terapia alimentar mais prática, uma vez
que a dificuldade em permanecer na dieta cetogênica clássica é que tipicamente
que ela tem palatbilidade difícil e pode parecer demasiado restritiva (não para quem estar a par das dietas paleo/low carb fartamente divulgadas recentemente, NT). Também
é provável que a maioria das pesquisas
envolvendo KBs como terapia para DA é
limitada a cetonas exógenas e preparações a base de TCMs; a dieta cetogênica
clássica é muito difícil de se manter. Há também o provável receio em relação
a esse alto consumo de gordura, especialmente gordura saturada, apesar da crescente
evidência, mesmo no mainstream médico de que a ingestão de gordura saturada não
está associada a maior risco de doença cardiovascular, e que a redução na
ingestão de carboidratos, de fato, pode melhorar risco de doença cardíaca.55
Os caminhos promissores para pesquisa em terapia nutricional da DA são
prejudicados por um paradigma nutricional desatualizado.
CAMINHOS FUTUROS
Embora o genótipo ApoE4 esteja fortemente associada com o
desenvolvimento da DA, nenhuma herança genética é uma sentença de morte. Pelo
contrário, é a incompatibilidade entre este genótipo de caçadores-coletores e
uma fonte aparentemente inesgotável de baixo custo, de açúcares e carboidratos
refinados facilmente obtidos, que traz a DA a essas populações. Da mesma forma,
nenhuma herança genética é um passe livre. Grupos com outras variantes do gene
ApoE não estão imunes à devastação da dieta moderna. A hiperinsulinemia é o
mais forte fator de risco conhecido em transportadores não E4, e supera
qualquer que seja a proteção que seus genes possam fornecer. DA não é uma doença
da genética, mas sim epigenética - sob a influência da dieta, do ambiente e do
estilo de vida sobre a forma como os genes se expressam.
Que a doença de Alzheimer aparece tardiamente na vida não
significa que a cascata causadora não seja iniciada décadas antes. Como outras
"doenças da civilização", a DA se constrói lentamente ao longo do
tempo, muitas vezes sem sintomas evidentes, até que o dano já é generalizado e,
em alguns casos, irreversível. O que nós consideramos como esquecimento normal da
idade avançada poderia muito bem ser um alerta precoce de que o cérebro está
lutando para alimentar-se. Infelizmente, na ausência de sinais claros de
desregulação de glicose (hipo ou hiperglicemia, obesidade, etc), as pessoas podem não
ter nenhuma razão para suspeitar de algo metabolicamente insidioso está
ocorrendo. Portanto, o monitoramento regular de marcadores pertinentes, tais como glicemia de jejum, insulina de jejum, triglicérides, e especialmente
HbA1c (henoglobina glicada) - pode ser a única estratégia para a detecção precoce.
Em casos de DA ser detectada apenas após a função cognitiva
deteriorar-se ao ponto de interferir com a vida diária, as intervenções drásticas,
como a dieta cetogênica e doses supra fisiológicas de nutrientes úteis podem se justificar. Estes são rotas consistentes para a exploração em pesquisas futuras. A redução de risco ao longo da vida, no entanto, deve começar cedo e inclui uma
dieta pobre em açúcar refinado e carboidratos; rica em ácidos graxos ômega-3 (especificamente DHA) e que ocorrem naturalmente, gorduras saturadas
estáveis; rica em antioxidantes e fitonutrientes de vegetais e frutas de baixo índice
glicêmico; ênfase em comida de verdade não processada, e inclusão
de estratégia de redução do estresse e atividade física de fortalecimento muscular.
A pletora de evidências que ligam a hiperinsulinemia,
diabetes tipo 2, disfunção mitocondrial e desregulação da glicose, tudo resultante da moderna
dieta ocidental manipulada quimicamente - com a doença de Alzheimer sugere que chegou o
momento para uma reavaliação drástica das recomendações globais para todos os grupos de populações sobre a advertência alimentar direcionada ao consumo de dietas com baixo teor de gordura e pouco
colesterol, e que são, por padrão, ricas em carboidratos. Combinado com o
estilo de vida estressante e sedentário, e particularmente complicado pelo uso de medicamentos para reduzir o colesterol, tudo isso
equivale a nada menos do que um projeto
para a criação de doença de Alzheimer e outras formas de degeneração
neurológica!
---------------------
Na próxima publicação alguns dados adicionais relevantes e a bibliografia!
siga estas sencillas formas de perder peso y pronto estarás en camino para el éxito de la dieta y su peso ideal. ComoDieta.com.br
ResponderExcluir