sábado, 12 de setembro de 2015

Óleo de soja e a síndrome metabólica - um elo perdido na euforia dos tempos das crenças?

Óleo de soja provoca mais diabetes 

do que frutose e óleo de coco!

A seguir um artigo que saiu em 22/07/2015 no Science Daily.

Existe uma forte desconfiança que o consumo de óleos vegetais esteja associado de fato a uma gama muito grande de problemas de saúde que se tornaram mais comuns nos tempos atuais, afetando, inclusive,  uma parcela da população que geralmente era poupada como adolescentes e adultos jovens.
Estudiosos de lipídios - como Mary Enig (já falecida) - estão entre os primeiros a postularem sobre os riscos desses ingredientes, que ficaram comuns na mesa das famílias a partir da segunda metade do século XX.
O artigo a seguir é muito interessante, e carrega uma cautela típica dessa fase de transição entre conhecimentos tradicionais e os novos - sendo que esses acabam por reduzir a pó crenças que pareciam inatingíveis, quando ele compara gordura saturada de coco com de fontes animais. Como já vimos em artigo recente (LINK), o coco não é mais "inocente" que produtos de origem animal em termos de gordura saturada.
Marquei também uma frase incrível - para um artigo de pesquisa - dizer que o óleo vegetal pode ser bom para doença cardíaca - mesmo sendo ruim para todo o resto do quadro de síndrome metabólica! Isso pode parecer insano (ou uma piada de mal gosto), mas provavelmente foi colocado porque há um consenso na postulação ordinária da saúde nutricional de que lipídios de origem vegetal seriam bons para o coração (embora as últimas diretrizes nutricionais já tenham desmentido essa afirmação). O estudo admite porém que isso NÃO foi testado. De qualquer forma se um produto alimentar induz a mais obesidade, diabete e esteatose, quadros pesadamente associados à doença cardíaca, mesmo indivíduos com pouco conhecimento de medicina devem ter a perspicácia de imaginar o contrário do que foi advertido no final desse artigo.
Apesar desse viés, os dados objetivos, que são mostrados são merecedores de compartilhamento!


Uma dieta rica em óleo de soja provoca mais obesidade e diabetes do que uma dieta rica em frutose, um açúcar comumente encontrado em refrigerantes e alimentos processados, de acordo com um artigo recém-publicado por cientistas da Universidade da Califórnia, Riverside.

Os cientistas alimentaram ratos machos em uma série de quatro protocolos de alimentação que continham 40 por cento de gordura, semelhante ao que os americanos consomem atualmente. Em uma dieta os pesquisadores usaram óleo de coco, que consiste principalmente de gordura saturada. Na segunda dieta cerca de metade do óleo de coco foi substituída por óleo de soja, que contém principalmente gorduras polinsaturadas que é um dos principais ingredientes presente nos óleos vegetais. Essa dieta correspondeu com aproximadamente a quantidade de óleo de soja que os norte-americanos consomem atualmente (provavelmente o óleo vegetal mais usado pela população em geral, participante habitual das cestas-básicas no Brasil, NT.).

As outras duas dietas tinha adicionado frutose, comparável com a quantidade consumida por muitos americanos. Todos as quatro dietas continham o mesmo número de calorias e não houve diferença significativa na quantidade de alimentos ingeridos pelos ratos nas dietas. Assim, os investigadores foram capazes de estudar os efeitos das diferentes gorduras e da frutose no contexto de uma ingestão calórica constante.

Em comparação com os ratos na dieta de elevado teor de óleo de coco, os ratos na dieta de óleo de grãos de soja mostrou maior ganho de peso, com depósitos de gordura maiores, um fígado gordo com sinais de lesão (esteatose), diabetes e resistência à insulina, os quais fazem parte da Síndrome Metabólica. Com a frutose na dieta (os ratos) tiveram efeitos metabólicos menos severos do que com o óleo de soja, embora isso tenha causado mais efeitos negativos no rim e um aumento marcado no prolapso retal, um sintoma de doença inflamatória do intestino (ou Síndrome do Intestino Irritável), que, tal como a obesidade está aumentando.

Os ratos com uma dieta rica em óleo de soja aumentaram quase 25 por cento mais no peso do que os ratos na dieta de óleo de coco e cerca de 9 por cento a mais peso do que aqueles com dieta enriquecida com frutose. E os ratos na dieta enriquecida com frutose ganhou 12 por cento mais peso do que aqueles em uma dieta rica em óleo de coco.

"Esta foi uma grande surpresa para nós - que o óleo de soja está causando mais obesidade e diabetes do que a frutose - especialmente quando você vê manchetes todos os dias sobre o papel potencial do consumo de açúcar na atual epidemia de obesidade", disse Poonamjot Deol, o cientista assistente de projetos que dirigiu o projeto no laboratório de Frances M. Sladek, professor de biologia celular e neurociência.

Esse artigo, "O óleo de soja é mais obesogênico e diabetogênico do que o óleo de coco e frutose em ratos: potencial implicação para o fígado", foi publicado em 22 de julho na revista PLOS ONE.

Nos EUA o consumo de óleo de soja tem aumentado consideravelmente nas últimas quatro décadas devido a uma série de fatores, incluindo os resultados dos estudos da década de 1960 que encontraram uma correlação positiva entre ácidos graxos saturados e o risco de doença cardiovascular. Como resultado desses estudos, orientações nutricionais foram criadas para encorajar as pessoas a reduzir o consumo de gorduras saturadas, comumente encontrados em carnes e produtos lácteos, e aumentar a sua ingestão de ácidos graxos poliinsaturados encontrados em óleos vegetais, como o óleo de soja.

Ao estabelecer novas orientações, assim como o aumento no cultivo de soja nos Estados Unidos, tem levado a um aumento notável do consumo de óleo de soja, que é encontrado em alimentos processados, margarinas, molhos para saladas e alimentos de snack. O óleo de soja já responde por 60 por cento do óleo comestível consumido nos Estados Unidos. Esse aumento no consumo de óleo de soja reflete o aumento das taxas de obesidade nos Estados Unidos nas últimas décadas.

Durante o mesmo período, o consumo de frutose nos Estados Unidos aumentou significativamente, de cerca de 37 gramas por dia, em 1977, e cerca de 49 gramas por dia em 2004.

O horizonte levantado por esse artigo é visto como sendo a primeira exposição que coloca lado a lado  os impactos da gordura saturada, gordura insaturada e frutose sobre a obesidade, diabetes, resistência à insulina e doença hepática gordurosa não alcoólica (esteatose), que juntamente com doenças cardíacas e hipertensão, são referidos como a síndrome metabólica.

O estudo também inclui extensa análise de mudanças na expressão gênica e os níveis de metabólitos nos fígados dos ratos alimentados com estas dietas. Os resultados mais surpreendentes foram aqueles que mostraram que o óleo de soja afeta significativamente a expressão de muitos genes que metabolizam drogas e outros compostos estranhos que entram no corpo, o que sugere que uma dieta enriquecida com óleo de soja poderia afetar a resposta a drogas em geral (medicamentos) e tóxicos ambientais, considerando que os seres humanos mostrem a mesma resposta que os ratinhos.

Os pesquisadores da UC Riverside também fizeram um estudo com óleo de milho, que induziu mais obesidade do que o óleo de coco, mas não da mesma forma que o óleo de soja. Eles estão atualmente fazendo testes com banha e azeite de oliva. Eles não testaram o óleo de canola ou azeite de dendê.

(Isso, a seguir, marcado em amarelo, honestamente, não precisava ter sido adicionado ao texto:)
Os pesquisadores alertaram que eles não pesquisaram os impactos das dietas sobre as doenças cardiovasculares e fizeram uma observação no artigo que o consumo de óleos vegetais poderiam ser benéficos para a saúde cardíaca, mesmo se ele também induzisse à obesidade e diabetes.

Eles também observaram que há muitos tipos diferentes de gorduras saturadas e insaturadas. Isto é particularmente verdadeiro para as gorduras saturadas em produtos de origem animal que foram associados com a doença de coração nos estudos da década de 1960: eles tendem a ter um comprimento de cadeia mais longo do que as gorduras saturadas em óleo de coco.

O mais recente artigo relacionado com esses resultados divulgados acima, foram de cientistas do laboratório de Sladek e do Centro da UC Davis West Caost Metabolomics que compararam o óleo de soja regular com um novo óleo de soja geneticamente modificada.

Essa pesquisa, apresentada em uma conferência em março, constatou que o novo e geneticamente modificado, óleo de soja rico em ácido oleico (Plenish), tem uma menor quantidade de ácido graxo poliinsaturado do óleo de soja tradicional, e seria mais saudável do que o óleo de soja regular, mas apenas discretamente (mais saudável). Usando ratos, os pesquisadores descobriram que o óleo Plenish também induz ao fígado gordo embora induza à menos obesidade e diabetes. É importante notar que não causam resistência à insulina, uma condição pré-diabética. Deve-se notar que tanto o óleo de soja regular como o Plenish são de soja que são geneticamente modificadas para serem resistentes ao herbicida Roundup.

Os investigadores estão agora a ultimar um manuscrito sobre estes resultados, que também incorpora testes feitos com azeite de oliva.



LINK do artigo original AQUI
Ver bibliografia no link original.

terça-feira, 8 de setembro de 2015

Existe ciência sob o viés do preconceito?



Existe Ciência sob o viés do Preconceito?

O Estudo na China: As surpreendentes implicações para a dieta, perda de peso, e saúde a longo prazo 




Revisão do livro de título original: “The China Study: Startling Implications for Diet, Weight Loss, and Long-Term Health”, de T. Colin Campbell
BenBella Books
Revisão de Chris Masterjohn
  

Foi crescendo em uma das muitas fazendas leiteiras da paisagem americana rural que o jovem T. Colin Campbell formou as visões que formariam a fase inicial de sua carreira. O leite de vaca, "o mais perfeito alimento da natureza” foi primordial para a subsistência de sua família e sua comunidade. A maior parte da alimentação que a família de Campbell comeu foi produzida por eles mesmos. Campbell ordenhou vacas entre seus cinco anos até os anos de academia. Ele estudou nutrição animal em Cornell, e fez sua pesquisa de PhD de forma a tornar o crescimento de vacas e ovelhas de forma mais rápida, de forma que a provisão alimentar Americana poderia ser incrementado com cada vez mais proteína1.
Indo rapidamente para o presente, Campbell está agora no conselho consultivo do Comitê de Médicos para uma Medicina Responsável2 que descreve a si mesmo como "uma organização sem fins lucrativos que promove profilaxia, pesquisa de condutas clínicas, e encoraja padrões mais altos para ética e efetividade em pesquisa3," mas seu viés pró-vegan de trabalho reflete suas ligações com grupos como o PETA (Pessoas para o Tratamento Ético de Animais) e outros grupos de direitos para os animas.4
O novo livro de Campbell “O Estudo da China: Implicações surpreendentes para Dieta, Perda de Peso, e Saúde A longo prazo” chegou às livrarias em janeiro de 2005 e detalha os pontos decisivos de sua pesquisa avançada que levou Campbell a se tornar um conhecido oponente aos alimentos de origem animal e um advogado de dietas vegan estritas. O leitor é levado a uma excursão às primeiras experiências animais de Campbell, que ele interpretou implicar a proteína animal como uma causa primária de câncer, pelo estudo epidemiológico volumoso que teria dado nome ao livro. Porém apenas 39 das 350 páginas são realmente dedicadas ao Estudo da China. A atrevida declaração na página 132 diz que "comer alimentos que contêm qualquer colesterol acima de 0 mg é insalubre,"5 é extraída de um ampla - e altamente seletiva - combinações de pesquisas. A rigor, capítulo após capítulo, se revela o pesado preconceito e a seletividade com que Campbell conduziu, interpretou, e apresentou sua pesquisa.
Proteína e Câncer
O primeiro golpe contra o mantra pró-proteína Campbell herdou de seus antepassados nutricionais veio enquanto ele estava estudando a relação entre aflatoxin (AF), um contaminante relacionado a fungos, freqüentemente encontrado na manteiga de amendoim, e o câncer, nas Filipinas. Campbell foi informado por um colega sobre isto, embora as áreas com o consumo mais alto de manteiga de amendoim tivessem a incidência mais alta de câncer de fígado, foram as crianças das "famílias mais bem alimentadas," que consumiram mais proteína, que estavam tendo câncer de fígado. Entretanto se essas famílias mais bem nutridas das Filipinas comessem os vários tipos alimentares das dietas modernas como pães e açúcares refinados, isso não foi mencionado. 6
Esta observação seria confirmada por um estudo, publicado em "um obscuro periódico médico," em que dois grupos de ratos foram alimentados com AF, um grupo consumindo 5 por cento de proteína na dieta, e outro consumindo 20 por cento de proteína na dieta; esse último grupo teve câncer de fígado ou lesões precursoras em todos os integrantes, e nenhum do primeiro grupo ficou com câncer de fígado ou lesões precursoras. 7
Campbell continuou a investigar a relação possível entre fatores nutricionais, inclusive proteína, e câncer, em um estudo que prosseguiu por 19 anos com financiamento do NIH (Institutos Nacionais de Saúde). 8 Sua conclusão era revolucionária e provocativa: enquanto os carcinógenos químicos podem iniciar o processo do câncer, os promotores e anti-promotores dietéticos controlariam o fomento de nutrição do câncer,9 assim os fatores nutricionais, e não os carcinógenos químicos, que em última análise seriam os fatores do desenvolvimento de câncer.10 Após os 19 anos de pesquisa deste projeto que nos deixou com mais perguntas do que respostas, deixaram T. Colin Campbell com os alicerces de conclusões sem comprovação em que ele construiu sua torre de propaganda vegan.
Campbell começou a seus estudos usando AF como um iniciador da fomentação do câncer e a proteína de leite caseína como a proteína promotora do estudo. Seus resultados confirmaram antigos resultados de outros pesquisadores: Uma curva de resposta a dose existia entre AF e câncer na dieta com 20 por cento de caseína na dieta, mas desapareceria com 5 por cento de proteína na dieta.11 Ele verificou que ajustando o consumo de proteína nos mesmos ratos se poderia ligar a promoção do câncer como se fosse um interruptor,12 e verificou que a caseína teria o mesmo efeito quando outros iniciadores de câncer, como o vírus da hepatite B, eram empregados.13
Ao invés de lançar uma ampla acusação que abrangeria toda proteína, Campbell reconheceu que estudos sobre outras proteínas seriam exigidos antes de generalizar, da mesma maneira que o estudo de outros instigadores de câncer seriam exigidos antes de outras generalizações. A proteína de soja e do trigo foram ambas estudadas em vez de caseína, e ambas foram reconhecidas em não ter o efeito promotor de câncer da caseína.14 Estranhamente, a relutância do Campbell em fazer generalizações não comprovadas terminaria aqui. Após descrever brevemente um pouco da pesquisa que relatava um efeito protetor dos carotenóides contra o câncer, Campbell conclui o capítulo de suas pesquisas com animais assinalando o seguinte mandamento padrão: "Nutrientes de alimentos de origem animal aumentam o desenvolvimento de tumores enquanto os nutrientes de comidas derivadas de vegetais reduzem o desenvolvimento de tumores."15 (Itálicos do autor.)
A generalização da proteína de leite caseína para todos "os nutrientes de comidas baseadas em origem animal" é obviamente não comprovada. Se Campbell tomou precaução para estudar o assunto adicional antes de generalizar da caseína para todas as proteínas, por que ele não tomou a mesma precaução antes de generalizar de caseína para todas as proteínas animais ou todos os nutrientes de origem animais? Realmente, Campbell mais tarde reconhece que ele está fazendo esta generalização:  "a caseína, e muito provavelmente todas as proteínas animais, podem ser a causa mais relevante para o câncer entre as substâncias que nós consumimos."16 Por que esta generalização é "muito provável" de ser uma verdade remonta inexplicada.
Campbell está ciente de que a caseína tem estado implicada exclusivamente em problemas de saúde, e dedica um capítulo inteiro para capacidade da caseína para gerar doenças auto-imunes. 17 A proteína do trigo parece ter um efeito protetor contra o câncer do intestino, algo que a caseína não possui.18 Qualquer efeito da caseína, então, não pode ser ampliado para as outras proteínas do leite, e fica isolado de todas as demais proteínas animais. Outras questões, como que tipos de efeito tem os diferentes tipos de processamento industrial sobre a capacidade da caseína em promover crescimento de tumores permanecem sem resposta. A pasteurização, a desidratação sob baixa temperatura, a secagem a alta temperatura (que produz carcinógenos), e a fermentação, todos esses processo afetam a estrutura da caseína de diferentes formas e assim podem afetar seu comportamento fisiológico. Qual a força que a caseína isolada tem sobre os ratos, que nos traz informações muito discretas, comparando com as formas de leite tradicionalmente consumidas pelos humanos e, adicionalmente, não traz qualquer informação que possa ser generalizada para todos "os nutrientes de origem animal." Além disso, Campbell falha em tratar os problemas da depleção de vitamina A pelo excesso de proteína isolada, sem o devido suporte dos nutrientes ricos em gorduras que acompanham os alimentos com proteína em estado natural.
Lições da China
No início dos anos 1980, junto com Chen Junshi, Li Junyao, e Richard Peto, T. Colin Campbell presidiu um mastodôntico estudo epidemiológico referido como “THE CHINA PROJECT” (O Projeto da China), ou China Study. O jornal The New York Times denominou isso como "Um Grand Prix de Epidemiologia,", pois ele arregimentou dados em 367 variáveis em sessenta e cinco municípios e 6.500 adultos. Incrivelmente, a partir de 8.000 associações de significado estatístico, Campbell foi capaz de desenhar apenas um único princípio unificador: "As pessoas que comem mais alimentos baseados em fontes animais obtinham mais doença crônicas... As pessoas que comem mais alimentos de fontes vegetais eram as mais saudáveis e tendiam a evitar doença crônica."19
O estudo utilizou questionários retornáveis, observação direta e mensuração de consumo por períodos superiores à três dias, e amostras sangue.20 As amostras de sangue foram combinadas em várias associações para cada aldeia e por gênero.21 Isso gerou a desvantagem de diminuir dramaticamente o número de pontos estatísticos proporcionais ao número enorme de correlações possivelmente gerados, e a vantagem de permitir que o sangue fosse examinado em inúmeras variáveis a mais do que poderia ser possível usando amostras isoladas.
Um dos benefícios do projeto do Estudo da China seria que a bagagem genética dos sujeitos do estudo tinha pouca variabilidade, enquanto existia uma grande variação entre as taxas de câncer e de outras doenças. Enquanto as pesquisas dietéticas foram conduzidas no outono de 1983,22 as taxas de mortalidade foram tomadas uma década antes entre 1973 e 1975.23 Áreas rurais foram, deste modo, deliberadamente selecionadas para assegurar que as pessoas dessas áreas tivessem vivido a maior parte de suas vidas naqueles locais e tivessem comido as mesmas comidas nativas e tradicionais daquela área. Dessa forma os dados de mortalidade combinariam com precisão com os dados dietéticos.
Uma das desvantagens do estudo seria que o insumo dos nutrientes foram determinados pelas tabelas de composição nutricional dos alimentos, ao invés de ser medido diretamente desses alimentos. 24 Isso não permitiu qualquer consideração das diferenças na composição dos nutrientes dos alimentos de áreas específicas devido à qualidade da terra, o que era um tema primário das pesquisas de Weston A. Price (estudioso da nutrição de populações tradicionais, NT). Outra desvantagem seria que o questionário não levou em conta adequadamente a diversidade de comidas de origem animal na dieta chinesa. Perguntas sobre a freqüência de consumo de alimentos marítimos, carne, ovos, e leite foi incluído, mas perguntas sobre carnes de órgãos e insetos não eram incluídos no questionário, nem foi diferenciado peixe de crustáceos, apesar dos perfis nutritivos muito diferentes entre esses alimentos. 25 Adicionalmente, a pesquisa da dieta de outono não podia levar em conta alimentos que não eram daquela estação.
O que é mais chocante o Estudo da China não é o que verificou, mas o contraste entre os relatórios apresentados por Campbell na sua publicação The China Studye os dados contidos nos originais da monografia. Campbell resume as 8.000 correlações com significância estatística verificados no Estudo da China na seguinte sentença: "As pessoas que comiam mais alimentos de origem animal tinham mias doença crônica."26 Ele também sustentou que, embora ele seja "um pouco difícil" em “demonstrar que os alimentos de origem animal se relacionam com taxas globais de câncer," não obstante “o consumo de proteína animal estava consistentemente associado, no Estudo da China, com a prevalência de câncer nas famílias."27
Mas os dados reais da publicação original configuram uma verdade diferente. A figura 1 mostra as correlações selecionadas entre macro-nutrientes e mortalidade por câncer. A maior parte deles não tem significado estatístico, o que representa que a probabilidade da correlação ser devido ao acaso é maior do que cinco por cento. É interessante observar, entretanto, o quadro geral que emerge. Açúcar, carboidratos solúveis, e a fibra alimentar, todos têm correlações com mortalidade por câncer mais ou menos sete vezes a magnitude daquela da proteína animal, e a gordura total e gordura como uma porcentagem das calorias foram, ambas, negativamente correlacionadas com a mortalidade por câncer. A única associação estatisticamente significante, entre o consumo de um macro-nutriente e mortalidade por câncer foi o grande efeito protetor pelo consumo de gordura total medido no questionário. Um inusitado interessante foi a existência de uma correlação negativa, altamente significante, entre mortalidade por câncer e os cigarros de fabricação caseira!28


A questão de Campbell para a associação entre comidas de origem animal e o câncer dentro do Estudo da China é embutida dentro de uma nota final. Campbell declara: "Todo e qualquer biomarcador relacionado à proteína animal está significativamente associado com as taxas de câncer em uma família."29 Acompanhando os dados associados a essa nota final, estes biomarcadores eram "cobre plasmático, uréia nitrogênio, estradiol, prolactina, testosterona, e, inversamente, a globulina ligadora dos hormônios sexuais (SHBG), cada um desses já reconhecidos em sua associação com consumo de proteína animal em estudos prévios."30
Uma vez que Campbell não cita estes "estudos prévios," o leitor fica a mercê da obscuridade da confiança das suas suposições. Os biomarcadores do sangue estão geralmente associados com padrões de consumo alimentar, e não pelo consumo de um determinado tipo de comida. Considerando que os padrões de consumo alimentar diferem em populações distintas, uma associação encontrada em um biomarcador em uma população não pode ser obrigatoriamente transposta para outra.31Por exemplo, pessoas que comem grãos integrais poderiam ter níveis mais altos de vitamina C, embora grãos integrais não contenham vitamina C. Isto poderia ser verdade em uma população onde as pessoas que comem grãos integrais tenderiam a comer mais frutas e legumes, mas não é verdade para outra população. Não está claro por que este modo indireto de medir o consumo de proteína animal é superior aos métodos diretos do estudo, como um questionário alimentar e as observações dietéticas.
Adicionalmente, a respeito dos biomarcadores mensurados, o estradiol só teve uma relação estatística significante com a proteína animal em mulheres com menos de 45 anos, tanto quanto a SHBG, ambas as quais tiveram correlações negativas em mulheres mais velhas entre 55 e 64 anos. Mas não existiu qualquer relação com significado estatístico entre proteína animal e testosterona em homens de qualquer idade, estando negativamente correlacionada em todos os grupos etários, mesmo nas mulheres, com exceção àquelas mais velhas entre 55 64 anos. A prolactina plasmática foi estatisticamente significativa com relação ao consumo de proteína animal somente no grupo de mulheres mais velhas, e estava negativamente correlacionada aos demais grupos etários. 32 Somente a uréia e o cobre foram consistentes e significativos indicadores de consumo de proteína animal, e destes dois só o cobre estaria significativamente relacionados à mortalidade por câncer.33
É difícil entender como Campbell pode, enfaticamente, deliberar a conclusão de que os alimentos de origem animal são a causa da maioria das doenças com tais dados.
Somente Metade da História?
Pelo título, se esperaria que o livro The China Study tivesse informações objetivas e completas derivadas do Estudo da China. A página um bravateia "ciência real" ao invés da "junk science" (ciência podre) e "dietas da moda." Na verdade Campbell constantemente apresenta só metade da história na maior parte do livro. Na parte II, Campbell apresenta a evidência incriminante dos produtos de origem animal como a causa de quase toda e qualquer doença. Ele cita várias médicos, inclusive o Dr. Caldwell Esselstyn Jr. e o Dr. Dean Ornish, que aclamaram ter podido reverter a doença cardíaca com base em dietas a base de vegetais, 34 e cita os Highlanders de Papua-Nova Guiné como um exemplo de uma sociedade tradicional sem a ocorrência de doença do coração, mas não faz nenhuma menção a George Mann e outros pesquisadores com as extensas pesquisas da população Masai (consumidores exclusivamente de alimentos de origem animal, NT) ou dos primitivos saudáveis de Weston A. Price. Nem mesmo que os programas de Ornish e Esselstyn envolviam mais do que a abstinência de alimentos de origem animal - especialmente o programa de Ornish, onde a dieta é só uma parte menor – e que não são vistos como um fator de incriminação dos alimentos de origem animal na doença do coração. Ele nem mesmo menciona o canibalismo ou as barrigas inchadas que acompanham as crianças famintas sob as dietas pobres em proteína dos Highlanders da Nova Guiné.35
Na discussão de Campbell sobre a diabete, ele conclui o seguinte: "alimentos ricos em fibra, alimentos integrais, baseadas em vegetais protegem contra a diabete, e alimentos ricos em gordura, e proteína de origem animal promovem diabete."36 Ele discute o possível papel do leite de vaca em causar diabete Tipo 1 via uma reação auto-imune, 37 mas não faz nenhuma menção de que o glúten do trigo foi implicado na diabete Tipo 1 por uma processo semelhante. 38 Ele também se omite em mencionar o papel do consumo da frutose como causa da resistência à insulina, 39,40 e o que o aumento do consumo de xarope com alto teor de frutose de milho está relacionado com o incremento da diabete.
Campbell discute o papel dos alimentos de origem animal em causar o câncer de próstata, 41 mas não faz nenhuma menção do poderoso papel preventivo que pesquisas atuais estão atribuindo para vitamina A, um nutriente encontrado nos alimentos de origem animal.42 Ele dedica 19 páginas para discutir o papel de leite da vaca em causar doenças auto imunes,43 mas zero páginas para o papel do glúten do trigo em causar doenças auto imunes.44 Campbell sugere que a gordura e o colesterol alimentar contribuam para o Alzheimer e discute os potenciais efeitos protetores dos alimentos vegetais,45 mas não faz nenhuma menção do efeito protetor da DHA (um tipo de lipídio, NT), um nutriente de alimentos animais, atualmente sob investigação.46
O Estudo da China freqüentemente ignora a contribuição de comidas de origem animal para certas classes de nutrientes, como vitaminas B e caroteno. Ambas essas classes de nutrientes são assumidas em advir de alimentos de origem vegetal, apesar das gemas de ovo e o leite de animais de pasto serem uma boa fonte de carotenos, e as altas taxas de vitamina B obtidas do fígado. Mas as mais curiosas declarações são vistas na página 220, onde Campbell declara, "Ácido Fólico é um componente derivado exclusivamente de comidas de origem vegetal como legumes verdes e folhosos."47 Essa é uma declaração inverossímil, considerando que o fígado de galinha contém 5.76 mcg/g de folato, comparado aos 1.46 mcg/g do espinafre!48 Um rápido exame do banco de dados do Dep. de Agricultura dos EUA (USDA) revela que os alimentos mais ricos em folato são provenientes de carnes de órgãos.
The China Study contém muitos pontos excelentes na sua crítica ao sistema de saúde, a ênfase no reducionismo das pesquisas nutricionais, a influência da indústria na pesquisa, e a necessidade de se obter nutrientes dos alimentos. Mas seu preconceito contra os produtos animais e a favor do veganismo* permeia cada capítulo e cada página. Menos que uma página de comentários, ao todo, foi gasta na discussão dos danos trazidos pelos produtos de carboidratos refinados (oriundas sempre de derivados do reino vegetal, NT). Campbell exercita precaução ao generalizar da caseína para as proteínas vegetais, mas livremente generaliza da caseína para a proteína animal. Ele completamente ignora o papel de glúten de trigo, um produto vegetal, nas doenças auto imunes, mas ele enfatiza o papel de proteína do leite, um produto animal nesse tema. O livro, que não chega a ser completamente sem valor, não é sobre o Estudo da China, nem mesmo é um olhar compreensivo para o estado atual das pesquisas de saúde. Seria mais honestamente intitulado de “A Compreensive Case for The Vegan Diet” (Um Estudo de Caso para a Dieta Vegan), e o leitor deveria ser advertido de que as evidências foram selecionadas, apresentadas, e interpretadas com o interesse de manter esse objetivo como única ambição.

OBS.: Veganismo: dieta restritiva que só permite, exclusivamente, a ingestão de alimentos de origem vegetal.
REFERÊNCIAS:
1. Campbell, T. Colin, PhD, with Thomas M. Campbell II, The China Study: Startling Implications for Diet, Weight Loss, and Long-Term Health, Dallas: BenBella Books, 2004, p. 4.
2. 
http://www.pcrm.org/about
3. 
http://www.pcrm.org
4. 
http://www.activistcash.com/organization_overview.cfm/oid/23
5. Campbell, p. 132.
6. Ibid, p. 36.
7. Ibid, pp. 36-37.
8. Ibid, p. 48.
9. Ibid, p. 50.
10. Ibid, p. 56.
11. Ibid, p. 59.
12. Ibid, p. 62.
13. Ibid, p. 63.
14. Ibid, p. 60.
15. Ibid, p. 66.
16. Ibid, p. 104.
17. Ibid, p. 183-201.
18. Hakkak, et al., "Dietary Whey Protein Protects against Azoxymethane-induced Colon Tumors in Male Rats," Cancer Epidemiology Biomarkers & Prevention, Vol. 10, 555-558, May 2001.
19. Campbell, p 7.
20. Campbell, p. 73.
21. Ibid, p. 355.
22. Junshi, Chen, T. Colin Campbell, Li Junyao, and Richard Peto, Diet, Life-style and Mortality in China: A Study of the Characteristics of 65 Chinese Counties, Oxford: Oxford University Press, 1990, p. 6.
23. Ibid, p 1.
24. Ibid, p. 16.
25. Ibid, p. 850.
26. Campbell, p. 7.
27. Ibid, p. 88.
28. Junshi, p. 106.
29. Campbell, p. 89.
30. Ibid, p. 376.
31. Ness, et al., "Plasma Vitamin C: What Does it Measure?" Public Health Nutr., 1999 March 2 (1):51-4.
32. Junshi, p. 572.
33. Ibid, p. 106.
34. Campbell, 125-130.
35. Diamond, Jared, Guns, Germs, and Steel: The Fate of Human Societies, New York: W. W. Norton & Company, 1999, p 149.
36. Campbell, p 151.
37. Ibid, p. 146.
38. Braly, James, M.D., and Ron Hoggan, M.A., Dangerous Grains, New York: Penguin Putnam, 2002, p. 124.
39. Mayes, Peter A., "Intermediary Metabolism of Fructose," Am J Clin Nutr 1993;58(suppl):754S-65S.
40. Hollenbeck, Clarie B., "Dietary Fructose Effects on Lipoprotein Metabolism and Risk for Coronary Artery Disease," Am J Clin Nutr 1993;58(suppl):800S-9S.
41. Campbell, p. 177-182.
42. McCormick, et al., "Chemoprevention of rat prostate carcinogenesis by 9-cis-retinoic acid," Cancer Res. 1999 Feb 1;59(3):521-4.
43. Campbell, pp. 183-201.
44. Braly, 117-133.
45. Campbell, p 220.
46. Calon, et. al., "Dohosahexaenoic Acid Protects from Dendritic Pathology in an Alzheimer’s Disease Mouse Model," Neuron, Vol 43, 633-645, 2 September 2004
47. Campbell, p 220.
48. USDA National Nutrient Database for Standard Reference, Release 17.

Sobre o Autor:
                       
Chris Masterjohn é o autor de vários artigos de Wise Traditions e o criador e mantenedor do site Cholesterol-And-Health.Com, que é dedicado a demonstrar as virtudes do colesterol e dos alimentos ricos em colesterol. Ele é autor de dois artigos aceitos em publicações de revisão: uma carta para  Journal of the American College of Cardiology criticando as conclusões do recente estudo sobre a gordura saturada, e uma ampla revisão num artigo para Medical Hypotheses propondo o mecanismo molecular da toxicidade da Vitamina D. Masterjohn tem o grau de bacharel em história e está se preparando para o PhD em biologia molecular e celular. Ele também um líder da Weston A. Price Foundation em West Brookfield, Massachusetts.
Artigo original de:
 

A carne na dieta da Mongolia



 

A carne na dieta da Mongólia: 
Uma verdade inconveniente para o veganismo
Meu guia grunhe como se ele apunhalasse seu dedo com a faca sentado junto a um balde de ossos que são cobertos com pedaços de carne fibrosa. Este é o meu convite para comer. Eu tenho uma escolha entre os fêmures cozidos (não tenho certeza se eles são de vaca ou cavalo), uma tigela de creme de leite, coalhada seca de leite e um pouco de pão - uma extravagância considerando que muitas pessoas simplesmente subsistem com o makh, a palavra mongol para "carne" - normalmente fervidos de peças de carne de carneiro com algumas batatas adicionadas.
Eu vim para a Mongólia por algumas semanas para pegar um ar fresco e perspectivas. Apesar dos brilhantes comentários sobre o país como um destino de turismo de aventura, todo mundo que eu tenho conversado tinha me alertado que se acostumar com a comida poderia ser um desafio.
A carne no inverno e carne e produtos lácteos no verão são os modelos tradicionais de nômades da Mongólia. A introdução de trigo, arroz e batatas de nações conquistadas e parceiros comerciais adicionou alguma variedade, mas como o clima é duro e os fazendeiros e os nômades estão juntos como a água e óleo, muitos mongóis rurais continuam a subsistir com uma dieta composta quase inteiramente de animais proteína e gordura.
Eu não sou um grande comedor de carne vermelha, mas estou muito animado com a minha refeição, tudo free-range, e eu quero dizer realmente free-range. A Mongolia é o país menos populoso no mundo e os nômades, que ainda constituem cerca de um quarto da população, movem suas casas e seus rebanhos várias vezes por ano.
Mongólia 4
Animais da Mongólia são verdadeiramente free-range
Os animais são alimentados com capim de pasto (sem ninguém a "alimenta"-los, eles comem quando estão com fome) e praticamente sem qualquer antibiótico ou hormônio. Com pouca indústria fora da capital, o ar, água e terra são limpos e eu tenho pouca dúvida de que estou a comer um pouco da proteína animal mais natural atualmente disponível para a humanidade.
Mas será que isso a torna mais saudável?
Recentemente assisti Forks Over Knives de Lee Fulkerson (mais ou menos como "Garfos ao invés de facas"), um documentário de 2011 que apresenta uma forte argumentação de que a maioria das doenças "ocidentais", ou seja, doenças cardiovasculares, diabetes e câncer, são causadas pelo consumo de produtos de origem animal e alimentos processados. A solução do filme é simples; se queremos viver vidas saudáveis ​​devemos mudar para uma dieta à base de plantas, um eufemismo cuidadosamente escolhido para o "veganismo".
O filme baseia-se fortemente na pesquisa de T. Colin Campbell da  Cornell University e seu livro de 2005, O Estudo da China, um manifesto vegan que pretende demonstrar cientificamente que o consumo de qualquer produto animal, de qualquer tipo e em qualquer quantidade (o que Campbell chama de "a dieta ocidental") causa problemas de saúde significativos em seres humanos. O livro é baseado em um estudo abrangente que Campbell fez ao longo de um período espantoso de 20 anos na China rural e Taiwan. (Nesse LINK uma revisão crítica desse livro, postada aqui no blog).
Dada a forma como o excesso de peso, o sedentarismo e a adição aos medicamentos  -  aquilo que o povo americano se tornou, é um argumento convincente, especialmente contra o pano de fundo da carne industrial do gado confinado, sob injeção de hormônios e alimentados com ração de milho, de uma América retratada em filmes como Food Inc., e Geração FastFood.
Mongólia 1
Sentando-se, por algum Airag, ou fermentado resposta baseada no animal de leite de égua-Mongolia de cerveja
Ao contemplar o mérito de uma dieta baseada em plantas, uma mulher me entrega um pano molhado para limpar a gordura animal dos meus dedos (como muitos americanos, os mongóis comem com as mãos). Eu me lavo de minha refeição com um pouco de Airag ou leite fermentado de égua, uma bebida azeda mongol - tipo cerveja com algo em torno de 2% a 3% de álcool (sim, na Mongólia mesmo a bebida é derivada de animais).
Para ser honesto, eu estou começando a me sentir um pouco chateado e eu não quero dizer no sentido britânico. Você vê, de acordo com as afirmações de Campbell, a dieta da Mongólia deve ser tão ruim quanto teoricamente seria possível e os mongóis devem estar caindo mortos a esquerda e a direita pelas doenças "ocidentais" por causa de sua dieta "ocidental". Porém deve haver um pequeno inconveniente para a equipe Fulkerson / Campbell uma vez que eles não estão cumprindo o esperado.
Os mongóis estão comendo desta forma desde se registra a história e verifica-se que a sua atual expectativa média de vida é de 68 anos. Mesmo que isso seja certamente menor do que o recorde de 78 anos, na América ou os 83 anos no Japão, a Mongólia é ainda um país em desenvolvimento com um PIB per capita de menos do que 1/10 dos EUA, e uma infra-estrutura muito pobre em saúde. Além disso, o ambiente é extremamente dura e o alcoolismo e as taxas de tabagismo sejam elevadas entre os homens e as mulheres. Com todos esses aspectos considerados, 68 anos parece surpreendentemente bom.
Na verdade, se você comparar Mongólia com o Laos, também um país asiático sem litoral em desenvolvimento, mas com uma dieta baseada em arroz e significativamente maior consumo de vegetais per capita, ambos os homens e mulheres da Mongólia vivem  por mais tempo. Enquanto a  ciência como bruta e formal, esta simples análise levanta uma bandeira vermelha.
Mongólia 2
Fazendo boodog, ou cabra blowtorched
cabelo do animal é queimado enquanto rochas quentes são recheadas na cavidade torácica cozinhá-lo, assim, a partir de dentro e fora
É aqui que tanto Fulkerson e Campbell parecem ter esquecido uma das técnicas mais básicas em ciências: verifique sempre os casos extremos; neste caso, as sociedades marcadamente dependente de dietas à base de carne - como a Mongólia.
O problema é que ambos os homens têm confundido o consumo de alimentos de origem animal com o consumo de alimentos processados. É reconhecido como certamente correlacionado ao abastecimento alimentar industrial da América, mas como cada estudante que passou em Estatísticas 101 deve saber", Uma Correlação não Implica em Causalidade".
Felizmente, usando técnicas estatísticas adequadas a ex-vegan Denise Minger tem meticulosamente (e com humor) demonstrado que enquanto há muitas evidências de que os alimentos processados ​​e refinados são o problema, a afirmação de Campbell que a proteína animal é fundamentalmente prejudicial simplesmente não é suportado pelos seus próprios dados. Ela também apresenta uma excelente crítica da "ciência" do  "Forks Over Knives" e como o filme captura os seus argumentos e definições para apoiar um ideal vegan. Ela também observa que o filme ignora completamente os benefícios bem documentados de dietas à base de peixe em países como a Noruega e o Japão. (Na última vez que verifiquei os peixes eram animais.)
Esta é uma boa notícia para mim, não porque eu preciso de alguém para justificar minhas predileções carnívoras, mas porque, como o HAL de 2001 (Uma Odisseia no Espaço), eu provavelmente teria um episódio psicótico se eu não fosse capaz de conciliar a teoria com a realidade. A teoria de Fulkerson e de Campbell é que a carne é um mal absoluto; a realidade diz que não é assim. A reconciliação é simples. A teoria é errada, agora eu me sinto racional novamente.
Mongólia 6
Uma tigela de coalhada fermenta no fogão em uma ger (tenda)
Pessoalmente, eu não sou um grande fã de carne de carneiro e se forçado a tomar uma decisão binária entre ser vegan ou comer a dieta tradicional mongol para o resto da minha vida, eu provavelmente escolheria o primeiro, mas para mim é uma questão de gosto, não por supostos benefícios para a saúde.
Se ser vegan é porque você o prefere, tudo bem. O que eu não posso tolerar é o documentarismo impreciso e o dogma pseudo-científico que está sendo usado para assustar as pessoas, levando-as a pensar que isso é medicamente necessário quando contra-argumentos óbvios são tão facilmente percebidos. Talvez a lição final que tirarei desta viagem para a Mongólia não tem nada a ver com carne ou documentários ou livros, mas sim o viajar em si: nada bate a experiência em primeira mão quando se trata de tentar descobrir a verdade. 
Observações Acima das Admonições!

Artigo de Jesse Verveka em: LINK Original:


Estatinas e risco de DM2


ESTATINAS E RISCO DE DIABETES TIPO II
 Medicamentos para reduzir o colesterol, as estatinas, aumentam em 46 por cento o risco de diabetes tipo 2
·
Tomar estatinas aumenta de modo significativo a probabilidade de se desenvolver o diabetes tipo 2. De acordo com um estudo finlandês publicado na revista “Diabetologia”, o risco é 46 por cento maior.
Nesse estudo, pesquisadores da University of Eastern Finland e Kuopio University Hospital incluíram 8.850 homens dos 45 aos 73 anos de idade, que não tinham sido diagnosticados com diabetes no início do estudo. Durante o período observacional de quase seis anos, 635 participantes desenvolveram diabetes tipo 2.
Após ajuste quanto a fatores influenciadores, como idade, IMC e atividade física, o estudo demonstrou que o uso de estatinas aumentava em 46 por cento o risco de desenvolver diabetes. Quanto maior a dose do medicamento tomado, maior era a probabilidade.
Análises mais detalhadas mostraram que a sensibilidade à insulina foi reduzida em 24 por cento e a secreção de insulina em doze por cento. As reduções eram dependentes de dose. Os dois valores tinham a probabilidade de estarem diretamente associados a um maior risco de se desenvolver o diabetes, disseram os autores.

Os autores destacaram que, contrariamente a outros estudos, este estudo não incluiu somente pessoas com alto risco de doenças cardiovasculares. Visto que os participantes eram exclusivamente homens caucasianos, deverá ser incluída uma outra pesquisa com mulheres e respectivamente pessoas de outras origens étnicas, disseram os pesquisadores.
(Colaboração de um estimado amigo, para deixar esse blog sem essa importante informação LINK original)

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Inflamação e depressão




INFLAMAÇÃO E DEPRESSÃO

(Em breve será publicado artigos que reúnem esses achados com questões alimentares e de função intestinal)

Como podemos prever quem está com risco de suicídio? Uma análise publicada apoia a noção de que os níveis de citocinas - que são reconhecidos por promover a inflamação - estão aumentados nos corpos e nos cérebros de pessoas que estão planejando ou já tentaram suicídio. Isso é verdade mesmo quando comparado com pessoas com os mesmos transtornos psiquiátricos e que não são suicidas.
Os níveis de citocinas, dizem os pesquisadores, podem auxiliar a distinguir os pacientes que são suicidas daqueles que não o são.
"A disfunção do sistema imunológico, incluindo a inflamação, pode estar envolvida na fisiopatologia dos principais transtornos psiquiátricos", foi o que o Dr. Brian Miller, da Universidade Georgia Regents afirmou em um comunicado de imprensa.
As citocinas são essencialmente mensageiros químicos. Dentro do sistema imunológico, as células se comunicam umas com as outras através da liberação ou resposta à citocinas. Dentre uma categoria de pequenas proteínas, a citocinas incluem uma variedade de interleucinas, interferons, e fatores de crescimento que auxiliam a coordenar respostas imunes.
A inflamação, onde um mau funcionamento do sistema imunológico pode envolver, em parte, citocinas, que afeta todos os órgãos e sistemas do corpo. Os níveis elevados de citocinas contribuem para a artrite, a aterosclerose, e a asma. Muitos estudos sugerem que estes mensageiros do sistema imunitário são liberados sob condições de um stress psicológico resultando numa inflamação no cérebro o que pode contribuir para a depressão.
Miller e seu co-pesquisador, Dra. Carmen Preto, coletaram e analisaram dados de 18 estudos publicados em pool. Ao todo, em seguida, eles examinaram informações sobre 583 pacientes psiquiátricos potencialmente suicidas, 315 pacientes psiquiátricos que eram não-suicidas, e 845 participantes saudáveis ​​no grupo de controle. Calculando os números, eles descobriram pacientes suicidas tinham níveis significativamente aumentado de duas citocinas, as interleucinas (IL) -1β e IL-6, tanto no seu sangue e cérebro postmortem.
Ao identificar os marcadores biológicos geralmente associados ao suicídio, os pesquisadores acreditam que, algum dia, um simples exame de sangue pode ser desenvolvido para ajudar os médicos a prever o risco de longo prazo para esse comportamento, assim como hoje, a pressão arterial elevada ajuda a prever problemas físicos futuros.
"Dado que o suicídio é uma das principais áreas de preocupação de saúde pública, é fundamental investigar potenciais marcadores de suicídio que poderiam ser usados ​​para ... um progresso nos esforços de prevenção do suicídio", disse Miller.

Ele e Black dizem que é necessário realizar estudos de amostras maiores e mais diversificadas nos pacientes, a fim de confirmar a presença de alterações nas citocinas em pessoas que são potencialmente suicidas. Além disso, os cientistas devem avaliar se controlar a inflamação em fases iniciais da vida terá um efeito protetor no longo prazo.

Fonte Medical Daily

domingo, 23 de agosto de 2015

Sobre cocos e colesterol!



SOBRE COCO, GORDURA SATURADA E TAXAS DE COLESTEROL

Colesterol e cocos

Dr. Ian Prior e sua equipe de Wellington, Nova Zelândia, estudaram a população das Ilhas de Tokelau e dos atóis de Pukapuka,4 onde a comida principal é feita a base de cocos, preparados de vários modos.
Frutos do mar e galinha também estão no cardápio. Cocos contêm grandes quantias de gordura. Ao contrário da maioria dos outros tipos de gordura de vegetais, o coco é alto em ácidos graxos saturados. Na realidade, a gordura de coco é mais saturada que a gordura animal.
Nas Ilhas de Tokelau a quantia de gordura saturada era quase duas vezes que a de Pukapuka que já é mais elevada que nos EUA, enquanto o consumo de óleos poliinsaturados era baixo em ambas as ilhas.
Os cientistas confirmaram que os polinésios realmente comem esta grande quantia de ácidos graxos saturados analisando a gordura sob sua pele. Eles removeram um pouco desta gordura com uma seringa e encontraram em seu conteúdo ácidos graxos saturados em quantia duas vezes maior que o dos ocidentais. Também, as galinhas que os insulanos do Pacífico comem têm um conteúdo alto de ácidos graxos saturados em sua gordura, provavelmente porque elas também consomem uma quantia considerável de coco.
O colesterol dos Tokelaus era mais alto que isso dos habitantes de Pukapuka, como esperado de acordo com a idéia de dieta cardíaca, mas era pelo menos 20 por cento menor do que deveria ter sido se os cálculos de Dr. Keys estivessem corretos.
Mas a parte mais interessante deste estudo se tornou aparente mais tarde. Em 1966, um tornado arrancou um grande número dos coqueiros das ilhas. Os atóis já não puderam alimentar seus habitantes, e mil Tokelaus migraram para Nova Zelândia. A Nova Zelândia mudou de forma marcante suas dietas; a quantia de calorias a partir de gordura saturada ficou cortada pela metade enquanto a entrada de gordura poliinsaturada aumentou relativamente5.
Aqui estava uma oportunidade perfeita para provar a hipótese da dieta cardíaca, mas os resultados desta mudança “favorável” na dieta não cumpriram as expectativas. Em vez de baixar como esperado, o colesterol dos Tokelaus aumentou em aproximadamente 10%, como mostrado na tabela a seguir:

Proporção de energia 
a partir de:

TOKELAU
     NOVA ZELÂNDIA
Gordura Saturada:                          
    45 %
                21 %
Gordura poli-insaturada
    03 %
                04 %

Colesterol Sangue:


Homens   45-54 anos
   195
               219
Mulheres 45-54 anos          
   213
               225



Tabela 3A. Percentual de gordura dos alimentos para os habitantes  Tokelau (na sua terra) e imigrantes Tokelau na Nova Zelândia, e seus níveis de colesterol.


Assim, algo no ambiente ou no estilo de vida na Nova Zelândia teve um grande impacto no Tokelaus a ponto dos níveis de colesterol aumentarem, embora o consumo de gordura saturada estivesse reduzido pela metade.
(...)

Extraído do Livro: Os Mitos do Colesterol de Uffe Ravnskov
Capítulo TRES -> na íntegra AQUI 
Tradução: José Carlos B Peixoto

sábado, 22 de agosto de 2015

O que é canola?


Campos de monocultura de Canola
Monótono e destruidor como qualquer monocultura

Forçando um pouco a barra: O que é Canola?


Como a tema Canola voltou a tona, um fragmento de um artigo artigo que escrevi há 10 anos sobre o assunto, publicado em: LINK. O artigo mais antigo eu escrevi em 2001, pode ser visto aqui LINK.
Nesse blog tem um artigo traduzido sobre o mesmo tema AQUI


SOBRE O NOME CANOLA E DEFINIÇÃO

Em primeiro lugar, a questão do nome. O termo canola foi citado como Canadian oil no primeiro texto, baseado no artigo sobre o mesmo tema: “The Great Con-ola”, publicado na revista Nexus de setembro de 2002, e divulgada no site da Fundação Weston Price (uma instituição que não visa ao lucro que divulga o que eles entendem serem “Sábias Tradições”). Esse artigo continua disponível no site do Dr. Mercola, reconhecido crítico de temas da saúde nos EUA. Pelo que se pode ver agora, o termo Canola é um pouco mais extenso: CANadian Oil, Low Acid. Ou seja, o nome continua sendo óleo canadense, com a observação: low acid - ou seja, com pouco ácido. O ácido em questão é de fato o ácido erúcico. O ácido erúcico da canola está em taxas consideradas saudáveis pelos fabricantes e pelos agentes de saúde e de produção alimentar: até 2%.

Segundo o site oficial da Associação de cultivadores de canola do norte (NCGA), a canola é uma variação genética, com o uso de técnicas convencionais, desenvolvida por plantadores canadenses no inicio dos anos 60. Mas teria sido em 1974 que um pesquisador da Universidade de Manitoba (província canadense) desenvolveu a variedade com as taxas duplamente baixas de ácido erúcico e glucosinolato necessárias para liberar a produção e o consumo.

Essa busca por variações de rapeseed (semente de colza, colza) parece que vinha sido perseguida há algum tempo pelos agricultores canadenses. De acordo com a Wikipedia em inglês, os agricultores canadenses já tinham tentado colocar no mercado um óleo com fins comestíveis no final dos anos 50 (entre 56 e 57), mas com características inaceitáveis para consumo. As variações mais resistentes à seca e as doenças teriam sido obtidas a partir de 1998 com técnicas de manipulação genética.

O conselho canadense da canola tem uma definição para a planta ter essa denominação: um óleo que deve ter menos de 2% de ácido erúcico, e o conteúdo sólido da semente deve ter menos de 30 micromoles de qualquer uma ou qualquer mistura de 3-butenil glucosinolato, 4-pentenil glucosinolato, 2-hidroxi-3 butenil glucosinolato, 4 pentenil glucosinolato por grama de sólido seco e não oleoso.

A planta teria sido introduzida no Brasil a partir do RS, em 1974, sendo uma variação da Brassica napus (inclui a colza), obtida por melhoramentos genéticos.

Até 1986 a expressão Canola seria uma denominação patenteada do Canadá. A canola seria um marca registrada pelos membros da Western Canadian Oilseed Crushers Association desde 1978 e o direito ao termo foi passado em 1980 para a Rapeseed Association of Canadá, mais tarde Canola Council of Canadá.

Segundo Mark Israel (ver referências) o nome original era Canadian Oil mesmo, e não significava qualquer acrônimo. Em 1999 o Codex Alimentarius reconheceu o termo canola como um nome comum das plantas brassica que tivessem os predicados citados anteriormente com relação à composição de ácido erúcico e demais componentes.

OBS.:Referencias no próprio artigo (alguns links podem estar quebrados pois são bem antigos)

(cabe lembrar que a dieta mediterrânea - como ideal médico-nutricional é derivada de erro de percepção do dr Ancel Keys conforme já analisado AQUI).