quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Coronavirus - reflexões sobre a recusa ao uso de máscaras

 



Estamos ainda em meio à pandemia. A vacinação finalmente surge no horizonte, mas no Brasil, seu emprego massivo ainda parece meio distante. Por enquanto é fundamental seguirmos regras simples e diretas como forma de proteção. Elas não são inéditas. Se estudarmos a pandemia da gripe espanhola de 1918 vamos observar que esse foi o principal método de controle da devastadora enfermidade. Curiosamente essa doença matou um pouco mais de 600.000 pessoas nos Estados Unidos, e cem anos depois a covid-19 deverá alcançar a mesma marca (deve ultrapassar, na verdade). As regras são super simples: distanciamento, higiene constante de mãos, objetos de contato e uso de máscaras. Da mesma forma como aconteceu um século antes, houve pessoas que não aceitavam bem todas essas recomendações, especialmente no uso de máscaras. Como se sabe nos países orientais, esse cuidado é facilmente assumido pela população. 


No entanto no ocidente esse tipo de comportamento é considerado extravagante e provavelmente esteja arraigado a preconceitos infames como o da fraqueza, covardia, baixa masculinidade entre outras. Não é apenas um desrespeito ao coletivo, mas eventualmente uma presunção de poder supremacista baseado na teoria pseudocientífica de seleção natural dos mais fortes, que afinal de contas era muito difundida no início do século XX. Essa ideologia deixou terríveis marcas na história médica, baseada na eugenia, e que deixaria seus piores frutos em experiências assustadoras como deixar negros com sífilis à própria sorte (estudo de Tuskegee) por 40 anos, mesmo após a descoberta do seu tratamento (o da penicilina, descoberto em 1928 e utilizável como medicação em 1941). Sabemos que o modus operandis nazista que precedeu a segunda mundial tem como alicerce essa mesma base teórica. 

Às vezes é possível se ouvir argumentos sem consistência contra o uso de máscaras. Um dos mais pífios diz respeito ao fato de gerar doenças porque segura o gás carbônico. No entanto o tamanho da partícula de CO2 é de 0,5 nanômetros enquanto a permeabilidade de uma mascára, N95, por exemplo é de 300 nanômetros. Por outro lado, embora o vírus sars-cov2 tenha um tamanho de 120 nanômetros, ele se dispersa no ar em gotículas respiratórias de tamanhos variados conforme for da tosse ou espirros, sendo medidos em micrômetros (que é 1000 x maior que o nanômetro). Uma antiga tabela já mostrava que a maior parte das gotículas da tosse fica  entre  8 - 16 micrômetros, e do espirro 4 - 8 micrômetros, sendo portanto facilmente bloqueados pelo uso de máscaras. Há uma boa chance de alguém ter sido mal informado sobre a segurança e eficiência do uso de máscaras faciais. Se esses rumores fossem verdadeiros, a prática de uso de máscaras em ambientes cirúrgicos e odontológicos seria algo perigoso e ineficaz. Sabemos porém, que isso é fundamental para segurança dos profissionais de saúde e dos próprios pacientes.

Na verdade a rejeição ao uso de máscaras e outros comportamentos negacionistas são de base profundamente picárdicas. É um comportamento desumano. Extrapola o egoísmo. As vezes se ouve argumentos estranhos como uma rebeldia à recomendação de se permanecer em casa sempre que for possível (confinamento voluntário). Isso seria algo que afeta a liberdade de ir e vir. No entanto normalmente as pessoas ficam em casa quando ficar na rua parece ser inseguro ou demasiado desafiador (temporais, violência urbana, por exemplo). Uma pandemia que tem mais de 80 % de transmissores assintomáticos certamente proporciona um ambiente externo de risco. 

Outras pessoas, mostrando sua escancarada desumanidade, dizem que todos vão morrer de alguma forma. Esse argumento é profundamente contrário ao senso civilizatório de protegermos os mais frágeis e de os expormos a riscos conhecidos. Os maiores movimentos humanísticos ocorreram no sentido de se prevenir a ocorrência de mortes evitáveis. O hospital só existe por isso. A rede de esgoto e os serviços de limpeza urbana também. Sim, temos feito muitos esforços ao longo dos tempos para nem precisar de uma internação hospitalar. Então quando alguém diz que não precisamos de cuidados exagerados, essa pessoa é profundamente ignorante da história civilizatória. Não há exagero quando o tema é a segurança das pessoas. Especialmente quando isso exige, convenhamos, comportamentos relativamente fáceis de serem postos em prática no plano individual. 

Mas ainda assim lidamos com indivíduos refratários ao emprego de máscaras. O artigo a seguir foi publicado no excelente The Conversation - e faz a indagação do que se dizer a esses indivíduos, numa perspectiva filosófica. Tentamos manter a elegância para lidar com esse comportamento abjeto, estimulado por figuras relevantes publicamente. Porém não deveríamos nos esquecer que promover comportamentos que coloquem pessoas em risco é um crime.

 

Na época da pandemia de COVID-19, o que você deveria dizer a alguém que se recusa a usar máscara? Uma reflexão filosófica 

(Artigo de Collin Marshall*) Vários estudos mostraram que as máscaras reduzem a transmissão de gotículas carregadas de vírus de pessoas com COVID-19. No entanto, de acordo com uma pesquisa do Gallup, quase um quinto dos americanos diz que raramente ou nunca usa máscara em público.

Isso levanta uma questão: os "anti-máscaras" podem ser persuadidos a fazer uso desse equipamento de proteção?

Para alguns, pode parecer que tal questão não tem dimensão ética. Usar máscaras salva vidas, então todos deveriam fazer isso. Alguns até acreditam que os anti-máscaras são simplesmente egoístas.

Mas como um filósofo que estuda ética e persuasão, argumento que as coisas são mais complicadas do que isso.

Kant (o filósofo) sobre amor e respeito

Para começar, considere uma das estruturas éticas mais influentes no pensamento ocidental: a do filósofo alemão Immanuel Kant.

De acordo com Kant, a moralidade é basicamente respeito e amor. Respeitar alguém, afirma Kant, é "limitar nossa autoestima pela dignidade da humanidade em outra pessoa." Em outras palavras, devemos evitar minar a dignidade dos outros.

Ao lado do respeito, para Kant, devemos também mostrar aos outros um certo tipo de amor. Amar os outros no sentido moral, escreve ele , não é ter um sentimento, mas sim "tornar meus os fins dos outros (desde que não sejam imorais)."

Ou seja, o amor moral requer que ajudemos os outros a alcançar seus objetivos, desde que esses objetivos não sejam imorais.

De modo geral, isso significa que tratar bem os outros exige uma compreensão sobre o que lhes confere dignidade e as coisas que, em última análise, estão tentando alcançar.

O que é dignidade social?

Alguém poderia perguntar por que tentar persuadir alguém a usar uma máscara ameaçaria sua dignidade.

Considere um tipo de dignidade em particular: dignidade social. De acordo com a eticista Suzy Killmister, a dignidade social consiste em alguém viver de acordo com os padrões que sua comunidade exige dela. Os padrões específicos que importam são aqueles que a comunidade considera “vergonhoso” violar.

A dignidade social de alguém pode ser prejudicada, quer ela aceite ou não os padrões de sua sociedade. Uma maneira de isso acontecer é se ela for membro de diferentes grupos sociais com padrões conflitantes.

Por exemplo, imagine uma adolescente de uma comunidade religiosa conservadora que frequenta uma escola pública secular. De acordo com os padrões de sua comunidade religiosa, é vergonhoso vestir-se indecentemente. De acordo com os padrões de seus colegas de classe, porém, é vergonhosamente fora de moda se vestir de maneira conservadora. Ela enfrenta um dilema de dignidade: não importa como ela se vista, ela não pode alcançar a dignidade social plena.

Vergonha e padrões sociais

Como uma maioria significativa dos americanos usa máscaras e por causa de sua importância na proteção da saúde pública, o uso de máscaras se tornou um padrão social relacionado à vergonha.

Em resposta, a epidemiologista Julia Marcus advertiu recentemente que não é eficaz envergonhar pessoas que não usam máscaras. Em vez disso, ela propôs abordar os anti-máscaras com empatia.

Para ver a importância ética da sugestão de Marcus, considere outra descoberta de uma pesquisa do Gallup: embora a maioria dos grupos sempre ou com frequência use máscaras em público, isso não é verdade para os republicanos. Mais de 50% dos republicanos dizem que nunca, raramente ou apenas às vezes o fazem. Da mesma forma, outros estudos encontraram diferenças regionais nítidas no uso da máscara.

Um republicano cujo grupo social considera o uso de máscara vergonhoso enfrenta um dilema de dignidade. Por exemplo, um xerife no estado de Washington disse a uma multidão que o aplaudia que ele não aplicaria o mandato da máscara do estado. Seu conselho foi: “Não seja uma ovelha”.

Da mesma forma, o psicólogo Peter Glick sugeriu que usar máscara é visto por alguns grupos como “pouco masculino ” porque lhes parece uma fraqueza.

As pessoas nessas comunidades estão sujeitas a padrões anti-máscaras, mesmo que os padrões da sociedade em geral exijam máscaras. Sua dignidade está, portanto, em uma posição precária. Falando eticamente, então, qualquer compromisso respeitoso com eles exige um reconhecimento desse fato, não uma tentativa direta de persuasão.

Fazendo pequenos esforços

Lembre-se de que Kant diz que, além de respeitar a dignidade dos outros, devemos também ajudá-los a alcançar seus objetivos, desde que esses objetivos não sejam imorais. Recusar-se a usar uma máscara pode muito bem ser imoral.

No entanto, tentar manter o status social de acordo com os padrões da sociedade não é intrinsecamente imoral. Se é isso que está motivando as recusas dos anti-máscaras, a estrutura de Kant poderia ajudar os promotores do uso de máscaras a ver as nuances éticas da situação.

Reconhecer esse desafio ético também pode ajudar aqueles que buscam persuadir os anti-máscaras. Eles podem precisar oferecer aos anti-máscaras alguma maneira de manter sua dignidade em seus grupos sociais anti-máscara enquanto usam uma máscara em outros ambientes.

Por exemplo, eles podem encontrar exemplos de conservadores, incluindo o presidente Trump , que usam uma máscara em alguns contextos, mas não em outros. Afinal, mesmo pequenos esforços para usar a máscara podem salvar vidas.

Original AQUI

(*) Professor de Filosofia da Universidade de Washington)

As fotos são de uso livre de PEXELS

segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Gases abdominais e a frequência das refeições




UMA ALTERNATIVA ESQUECIDA PARA SE LIVRAR DOS GASES ABDOMINAIS 


Por José Carlos Brasil Peixoto,  médico

Em 19/10/2020

Um antibiótico muito usado como alternativa à penicilina é a eritromicina, vendida em nomes comerciais relativamente conhecidos nos anos 80 e 90 como Pantomicina® e Eritrex®.  Podia ser usado para amigdalites causadas por bactérias, além de uma infinidade de outras infecções, incluindo as sexualmente transmissíveis(*). Mas a eritromicina era conhecida por ter alguns frequentes efeitos colaterais na função digestiva como náusea, dor de barriga, flatulência e inchaço entre outros. Isso é causado por uma particularidade pouco conhecida dessa substância. A eritromicina faz parte de um plantel de elementos químicos que inclui hormônios gastrointestinais e neurotransmissores que afetam uma função digestiva básica, um padrão de motilidade conhecido como CMM – Complexo Motor (ou Mioelétrico) Migratório – (em inglês: MMC, Migrating Motor Complex). Embora tenha sido documentado em 1902, a partir de estudos em animais, até hoje não é totalmente entendido.

A função do CMM, como uma sequência de atividade eletromecânica entre o estômago e intestino delgado é manter o intestino, por assim dizer limpo, uma vez que parece “varrer” os resíduos alimentares e outros produtos ingeridos em direção ao intestino grosso, após a válvula íleocecal, e daí para o exterior. É referido que esse sincronismo ocorre mais ou menos uma hora após o intestino delgado ter recebido conteúdo alimentar.

Pesquisas posteriores permitiram dividir essa atividade motora em quatro fases:

1)    Fase I é a fase quiescente - sem contrações;

2)  Fase II é caracterizada por contrações aleatórias;

3)  Fase III tem um início súbito e termina com uma explosão de contrações com amplitude máxima e duração; e a

4)  Fase IV é caracterizada pela diminuição rápida das contrações.

Estudada me mais detalhes ficou claro que o complexo motor migratório é um evento recorrente que move-se do estômago para o íleo terminal, ao longo de um período de 1,5-2 h. A distensão do estômago interrompe a atividade de CMM no estômago e na parte superior do intestino delgado, enquanto a presença de fluidos e nutrientes no intestino delgado interrompe a atividade do CMM em toda essa porção intestinal.

Então é claro que a ingestão de alimentos é um fator inibidor desse movimento fisiológico. Como sabemos quando vamos fazer a limpeza de uma casa é melhor que o movimento na casa esteja sossegado. Quanto menos gente presente e fazendo coisas melhor a faxina. E muitos autores se referem à CMM como “a little housekeeper” (breve faxineira).

Uma das queixas mais comuns do atendimento médico diz respeito a problemas da função digestiva. Especialmente a barriga inchada e os gases.  Muitas vezes está relacionado a transtornos com a multiforme síndrome do intestino irritável. E geralmente se buscar associar a intolerâncias ou a alergias alimentares. Problemas com enzimas digestivas e distúrbios da função do fígado também são muito lembrados. Adicionalmente tem a questão de como o estresse afeta o bom funcionamento do aparelho digestivo.

Mas é importante sublinhar que o CMM só entra em ação durante os períodos entre as refeições, ou seja, nos períodos de jejum.

Paradoxalmente, muitas orientações de nutrição tradicional dizem respeito a frequência das refeições. Comer de três em três horas por exemplo.

Além disso muitas pessoas fazem questão de comer a todo o momento. Ficam beliscando ou mastigando alguma coisa durante o seu expediente de trabalho, na frente da TV, quando estão lendo ou falando com alguém pela internet.

Assim aqui temos uma possível causa não levada em conta quando se orienta o tratamento para indivíduos que tem problemas com gases e inchaço abdominal.

Então não basta se preocupar com o que comemos, e sim, talvez mais importante a frequência com que comemos.

De fato, o hábito de lanches frequentes, independente de sua qualidade pode afetar drasticamente a eficiência do CMM. Especialmente porque quando essa função é interrompida, podem ficar resíduos de alimentos no intestino e a ação bacteriana pode estimular o processo de fermentação e a cascata de eventos a seguir, como um crescimento excessivo de bactérias no intestino delgado e a criação de um ambiente propício para o inchaço abdominal e outros sintomas do intestino irritável.

Podem ser necessários espaços de cinco horas entre as refeições para que o processo seja concluído. Assim períodos de jejum facilitam e organizam a função do tubo digestivo.

É sabido que ao longo da história da evolução o homem deve rotineiramente ter ficado muitas horas de intervalos entre as refeições. No entanto a oferta de alimentos no mundo moderno, especialmente nos meios urbanos facilmente nos levam a crer que é natural ficarmos comendo o tempo todo.

Pode ser difícil rearranjar a rotina alimentar para pessoas que estão acostumadas a ter várias refeições por dia e achavam que isso seria importante para a saúde. No entanto isso fica mais fácil quando se faz refeições mais saciadoras. Se for importante comer um doce, que se coma logo após a refeição principal. O consumo de carboidratos simples pode favorecer ao consumo mais frequente de lanches e outras “bobagens” ao longo do dia. É importante também dar atenção à mastigação para favorecer a função digestiva inferior e prestar um benefício ao CMM.

Enfim, se o problema que mais lhe afeta é o desconforto abdominal provocado pelos gases e distenção abdominal esqueça os lanches e guloseimas do meio da manhã e da tarde.

Dar atenção a qualidade do se que come é, obviamente,  importante.

Mas o que - realmente - pode ser mais transformador é cuidar da frequência com que se coloca alimentos na boca.

Se quiser se livrar da indisposição abdominal coma menos vezes por dia! Faça bons períodos de jejum. Se estiver disposto, faça períodos de jejum intermitente. Deixe o seu complexo motor migratório em paz para fazer bem o seu trabalho.

Ao final que ficará em paz é você mesmo!


Referências:

(*) A eritromicina continua disponível, mas está amplamente subsituida pela azitromicina.

A foto do relógio é desse LINK

1) Artigo: The migrating motor complex: control mechanisms and its role in health and disease - LINK 

2) Uma revisão do livro GUT de Giulia Endres desse LINK

3)Outra revisão do livro GUT AQUI




 


sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Coronavírus - a desinformação precisa ser enfrentada


A DESINFORMAÇÃO SOBRE A COVID-19 ESTÁ MATANDO PESSOAS

Essa infodemia precisa parar

By  on 

Esse artigo foi publicado em uma das mais antigas revistas de ciências das Américas (primeira edição em 1845) - Scientific American, e faz um alerta sobre como podemos e precisamos enfrentar a desinformação na mídia científica, especialmente quando estamos tratando da saúde da população. A tragédia do coronavírus fez emergir uma das piores faces da humanidade, a fé no absurdo, a promoção da insensatez, a disseminação do falso, seja ela por pura ignorância, ou muitas vezes por inata perfidez. 

A confluência de desinformação e doenças infecciosas não é exclusiva do COVID-19. A desinformação contribuiu para a propagação da epidemia de Ebola na África Ocidental e prejudica os esforços para educar o público sobre a importância da vacinação contra o sarampo. Mas quando se trata de COVID-19, a pandemia passou a ser definida por um tsunami de persistente desinformação ao público sobre tudo, desde a utilidade de máscaras e a eficácia do fechamento de escolas, até a sabedoria por trás do distanciamento social e até mesmo a promessa de remédios não testados. De acordo com um estudo publicado pelo National Bureau of Economic Research, áreas do país expostas à programação de televisão que minimizava a gravidade da pandemia tiveram um maior número de casos e mortes - porque as pessoas não seguiram os cuidados de saúde pública. Nos Estados Unidos, a desinformação disseminada por elementos da mídia, por líderes públicos e por indivíduos com grandes plataformas de mídia social contribuiu para uma parcela desproporcionalmente grande do fardo do COVID-19: nós abrigamos 4% da população global, mas somos responsáveis ​​por 22% de mortes COVID-19 globais. Com o inverno se aproximando e as pessoas passando mais tempo em ambientes fechados, é mais imperativo do que nunca combater a desinformação e comunicar claramente os riscos ao público; além disso, enquanto aguardamos a chegada de uma vacina, é igualmente importante munir o público de fatos. Temos trabalho a fazer: uma pesquisa recente descobriu que apenas metade da população americana planeja obter uma vacina COVID-19 . Abaixo estão algumas recomendações importantes para a comunidade científica, profissionais de saúde pública, membros do público e a indústria sobre o que eles podem fazer para neutralizar com eficácia o efeito da desinformação em torno da resposta COVID-19.

Uma campanha coordenada de influenciadores apoiando a ciência e a saúde pública. Em um estudo de mensagens COVID-19 na mídia social, a desinformação revelada por políticos, celebridades e outras figuras proeminentes representou cerca de 20 por cento das declarações, mas representou 69 por cento do envolvimento total na mídia social. Portanto, as figuras da saúde pública que têm credibilidade devem fazer parceria com influenciadores de mídia social que tenham o alcance. Aproveitar o amplo alcance de influenciadores locais, regionais e nacionais de uma ampla faixa de setores, tanto dentro quanto fora da comunidade de saúde pública, é necessário para conter o grande volume de desinformação empurrado para o ecossistema de informações. Uma campanha coordenada de influenciadores que combina especialistas no assunto com artistas, figuras políticas, empresários e setores da sociedade civil ajudará a amplificar a orientação consistente de saúde pública nas mídias sociais, meios digitais e tradicionais.

Um esforço agressivo e transparente de empresas de mídia social trabalhando em cooperação com governos para remover informações marcadamente falsas sobre COVID-19. A maior categoria de alegações enganosas ou falsas (39 por cento) são caracterizações incorretas ou mensagens enganosas sobre ações ou políticas do poder público. Embora as empresas de mídia social estejam aumentando seus esforços para remover a desinformação sobre COVID-19 de suas plataformas, seus esforços são amplamente reativos e demorados, durante os quais informações prejudiciais circulam entre os telespectadores inconscientes. É por isso que as autoridades de saúde pública devem trabalhar com empresas de mídia social por meio de parcerias robustas para identificar fontes comuns de desinformação; antecipar de forma proativa a desinformação futura dessas fontes; e permitir sua remoção em tempo quase real. Para ter credibilidade, esse processo deve ser robusto, transparente e apartidário.

Além de esclarecer e remover as informações falsas: uma robusta campanha de mensagens ao público que vá além da mensagem unidirecional tradicional governamental: A mídia social é popular porque fornece a indivíduos, grupos e instituições a oportunidade de ter conversas dinâmicas. No entanto, as mensagens de saúde pública dos órgãos de governo geralmente precisam ser esclarecidas por meio de um longo processo de revisão que não permite que os funcionários conversem em tempo real com o público a fim de educar e desmistificar a desinformação. Para serem mais eficazes, as autoridades de saúde pública devem desenvolver padrões e orientações que lhes permitam interagir dinamicamente com o público de maneira mais oportuna. Conversas dinâmicas e mensagens proativas entre funcionários de saúde pública e o público podem ter mais impacto do que remover informações falsas de plataformas de mídia social, especialmente porque a remoção geralmente ocorre muito depois de um número significativo de indivíduos já ter sido exposto à mensagem falsa.

Detectar, compreender e expor informações incorretas relacionadas ao COVID-19 por meio de ciência de dados e análises comportamentaisQualquer esforço destinado a transmitir fatos a grandes públicos exige o aproveitamento e a compreensão dos dados do público. É isso que torna a indústria da propaganda tão poderosa. Infelizmente, nossos comunicadores de saúde pública não adotaram os recursos básicos aos quais a indústria está acostumada. Esses recursos incluem a compreensão das preferências de vários setores do público ativo em plataformas de mídia social, a fim de fornecer informações oportunas e relevantes que ressoem com eles. Esses são recursos usados ​​rotineiramente pela indústria de publicidade e serviriam bem ao setor de saúde pública em seu esforço para entender melhor o público e persuadi-lo a favor de comportamentos salutares.

Combinação entre os compromissos da saúde pública com as efetivas capacidades que o governo que possa entregar:  Lições de campanhas anteriores de saúde pública na mídia indicam que qualquer aconselhamento dos funcionários da saúde pública deve ser combinado com a capacidade de fornecer os serviços e demandas a essas recomendações. Por exemplo, a orientação para o teste deve ser acompanhada por testes COVID-19 prontamente acessíveis. As orientações para o uso de máscaras devem ser atendidas com ampla disponibilidade de máscaras. E qualquer campanha de educação sobre a eficácia de vacinas ou terapêuticas deve ser satisfeita com disponibilidade e acessibilidade suficientes dessas medidas.

O combate eficaz à desinformação infodêmica em torno da pandemia COVID-19 terá um papel significativo no achatamento da curva e, em última instância, na derrota do vírus. As lições das doenças transmissíveis destacam o fato de que estratégias agressivas de comunicação em saúde pública são imperativas para conter as doenças. Na era da mídia social, a disseminação de informações incorretas é um grande obstáculo para esses esforços e requer uma resposta ainda mais sofisticada. A execução das recomendações detalhadas acima ajudará a combater efetivamente a desinformação em torno da atual pandemia e nos ajudará a nos proteger da próxima.

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

A insulina e a pressão arterial

 


Como e porque uma dieta lowcarb pode lhe auxiliar a controlar a pressão
 
A hipertensão essencial e a insulina elevada

Esse texto é baseado num estudo publicado em 2019 que visa estudar a relação entre os distúrbios da insulina e uma das enfermidades mais comuns e com mais repercussões na saúde geral das pessoas, a hipertensão arterial. É uma doença que afeta cerca de um bilhão de pessoas em todo o mundo [1]. Esse estudo foi realizado no Egito, onde 26,3% dos adultos tinham pressão alta (HAS) entre 1991 a 1993, [2].  No Brasil em 2018 a prevalência da hipertensão está em 24,7 % (em 2018, segundo o ministério da saúde), porém com percentuais maiores de acordo com faixa etária e também variando de acordo com a localização (na cidade do Rio, pode chegar a 31,2%).  A hipertensão é um conhecido fator de risco de doenças cardiovasculares e renais. O risco de mortalidade cardiovascular dobra a cada aumento de 20/10 mmHg na pressão arterial sistólica (PAS) e na pressão arterial diastólica (PAD) [1]


Em geral é considerado que 80 a 90% das causas da hipertensão são desconhecidas (o que chamamos de hipertensão essencial). É denominado hipertensão secundária aquela que é originada por outras enfermidades [3]

Hipertensão essencial: possíveis causas tradicionalmente incluem fatores hereditários, genéticos, ambientais, danos endoteliais dos vasos sanguíneos e aterosclerose, resistência à insulina (RI) [4] , [5] e fatores associados ao estilo de vida, como obesidade, estresse, excesso de sódio, fumo e álcool ingestão. 
Hipertensão secundária: possíveis causas incluem doenças renais, doenças endócrinas, doenças cardiovasculares, medicamentos e situações específicas e transitórias como a eclampsia da gravidez [6] .


O nível de insulina em jejum é um índice clínico que reflete o estado do metabolismo da glicose. A hiperinsulinemia ocorre como uma compensação pela tolerância à glicose diminuída e é uma manifestação clínica precoce da resistência à insulina (RI) [7]. Também conhecida como síndrome metabólica, a resistências insulínica é um estado metabólico anormal no qual as células do corpo perdem a sensibilidade à insulina, o que significa que sua capacidade de responder à insulina que transporta glicose da corrente sanguínea para o músculo e outras células diminui. Como resultado, o pâncreas produz grandes quantidades de insulina para manter os níveis normais de glicose no sangue para lidar com as demandas do corpo. Eventualmente, o pâncreas não consegue lidar com o aumento da glicemia, mesmo em jejum, levando ao desenvolvimento de diabetes mellitus (DM) ou diabetes tipo 2 [8]. A insulina também contribui para a regulação da pressão arterial por meio do vasorrelaxamento induzido pela estimulação da produção de óxido nítrico no endotélio [9] e regulação da homeostase do sódio aumentando a reabsorção de sódio no rim [10] .


A resistência à insulina e os níveis elevados de insulina - hiperinsulinemia - são conhecidos por terem profunda relação com vários quadros de preocupação médica: as anormalidades dos níveis de colesterol e triglicerídeos (dislipidemia), transtornos cardiovasculares e obesidade. Uma vez que essas doenças estão significativamente associadas à hipertensão, fica naturalmente sugerido uma relação clínica entre hiperinsulinemia e hipertensão [11] , [12]. Além da hiperinsulinemia, outros fatores que possivelmente promovem o desenvolvimento de hipertensão por meio da situação de resistência à insulina incluem a obesidade visceral, o estresse oxidativo, a ativação do sistema renina-angiotensina (onde vários medicamentos típicos da hipertensão atuam) e aumento de mediadores inflamatórios. Esse conjunto de  fatores atuando em sinergia podem induzir a hiperatividade simpática, vasoconstrição e aumento do líquido intravascular, resultando em hipertensão arterial [13].


Um dos pontos sublinhados pelos autores do estudo é que: “Nossa descoberta de que o nível de hipertrigliceridemia está significativamente relacionado ao grupo de hipertensos está de acordo com muitos dados publicados recentemente, que provaram que hiperinsulinemia, resistência à insulna, hipertrigliceridemia e até mesmo o aumento da relação TG / HDL  (dividir os triglicerídeos pela taxa de colesterol HDL, onde o ideal é ter um resultado menor que 2,0, como já vimos aqui no site em artigo anterior) podem predizer a presença de alguns fatores prognósticos de gravidade da hipertensão [39] , [40].”  


Ao final os autores do estudo chegam as seguintes conclusões:


1)     O aumento da insulina sérica desempenha um papel fundamental na fisiopatologia da hipertensão essencial. Taxas maiores da insulina foram associadas à gravidade da hipertensão essencial. A fisiologia alterada da insulina está altamente relacionada ao aumento da pressão arterial.
2)     Um dos fatores mais associados a resistência à insulina: a obesidade – verificado pelo aumento do índice de massa corporal (IMC) está associado à gravidade da hipertensão. 
3)     Os níveis de triglicerídeos elevados podem ser empregados como marcador tanto para a gravidade da hipertensão essencial, como da hiperinsulinemia e grau de resistência à insulina.


E no final fazem as seguintes recomendações:

1.     Procurar detectar o mais precoce possível uma eventual elevação da insulina, o que pela experiência clínica de consultório pode ser feito com um exame de laboratório - chamado teste da curva de insulina (feito da mesma forma que a curva de glicose ou TTG). Pois se forem promovias estratégias de controle de seus níveis poderemos efetivamente prevenir a hipertensão arterial.

2.     Buscar modificações do estilo de vida que auxiliem ao controle ou redução do sobrepeso e obesidade. Sem dúvida reduzir o peso corporal, um fator de risco para hipertensão e um dos principais objetivos para seu tratamento.


3.     Fazer do check up periódico onde conste a análise do perfil lipídico. As taxas elevadas de triglicerídeos e/ou uma relação excessiva com os níveis de colesterol HDL. Isso pode ser facilmente controlada com cuidados alimentares e em algumas situações com medicamentos.

4. Os autores também deixaram a recomendação comum nesse tipo de estudo: estimular a mais pesquisas sobre o papel da insulina elevada e de suas repercussões no curso e complicações de enfermidades cardíacas.


Em termos práticos podemos considerar que o hábito de uma dieta com baixo carboidratos pode ser uma das maneiras mais simples de reduzir as taxas de insulina e uma série de complicações associadas como taxas elevadas de triglicerídeos, muitas vezes associadas com o acúmulo de gordura no fígado, o sobrepeso e todas as situações de saúde já conhecidas. Esse artigo é publicado para nos lembramos que a hipertensão que é um problema comum, pode ser controlada eficientemente com uma mudança na alimentação.

A dieta low carb é talvez a estratégia mais elementar para lhe auxiliar ao controle da hipertensão arterial. Se já há o uso de medicamentos para pressão alta, nunca altere sua prescrição sem orientação médica. A alimentação certamente irá auxiliar ao controle de pressão e de peso corporal. Mas isso é um processo que precisa ser observado para que o controle de pressão tenha sua estratégia modificada num determinado período.  Mas é claro que precisa ser posto em prática e... mantido.

Uma dieta com baixo carboidratos (low carb) pode reduzir as taxas de insulina e assim ser uma estratégia para lhe auxiliar a reduzir ou controlar a pressão arterial. 


Consulte aqui mesmo no site lipidofobia outros artigos sobre esses assuntos.

José Carlos Brasil Peixoto, médico 

Observações:

a) As referências estão no artigo original nesse link: AQUI

b) Esse texto é uma extração editada do artigo original, não se trata de uma tradução

c) A foto do cardápio é de link AQUI, a foto do cabeçalho é do Wikipedia


sábado, 22 de agosto de 2020

Coronavírus - a dieta low carb como prevenção

 


QUER SE PREVINIR NA PANDEMIA: 

COMA MENOS CARBOIDRATOS!


José Carlos Brasil Peixoto, médico 

Em 22/08/2020

A pandemia da COVID-19 já está nos afligindo há alguns meses. E pelos dados a que somos submetidos diariamente parece que nos resta apenas aguardar pela vacina e pela redução de sua propagação. Fatos que podem ainda demorar. Embora tenha aparecido aqui ou acolá alguns esforços de auxilio a prevenção com medicamentos, em termos científicos – e factuais – isso não tem se mostrado promissor, e vários países, especialmente os do hemisfério norte, não têm qualquer referência a medicamentos que possam ser indicados para prevenção, seja profilática ou para uso no início de um quadro clínico, em seus protocolos de diretrizes do manejo da enfermidade. Mas será que não existe absolutamente nada que possamos fazer? Bem, já sabemos que alguns comportamentos podem nos proteger do contágio, e por extensão salvaguardar os demais. Isso obviamente envolve o distanciamento social (evitar aglomerações, observar uma distância de mais de 1,5m de outras pessoas e, melhor ainda, ficar em casa tanto quanto possível), manter higiene das mãos, de objetos de contato, associado ao uso de máscaras e dar especial atenção a “etiqueta respiratória” (cuidado ao tossir ou espirrar).

Mas sempre nos resta um temor: se eu ficar infectado como vou responder à doença?

Atualmente isso já tem parâmetros bem estabelecidos. Há condições médicas que aumentam dramaticamente o risco para a hospitalização, e várias delas interrelacionadas: obesidade, diabetes, hipertensão, que aumentam em três vezes esse risco - a doença renal e a obesidade severa que aumentam o risco em 4,5 vezes! Ocorre que as principais causas da doença renal são: a hipertensão arterial e a diabetes! Então há um link redundante. Os fatores de risco são todos relacionados a um personagem principal, a insulina, e sua condição clínica mais comum e perversa, a síndrome metabólica, consequência da resistência à insulina. Como isso é resultado de um item de estilo de vida, a alimentação, fica claro que há de fato algo que podemos de fato fazer para melhorar nossa aptidão frente ao novo coronavírus. Devemos nos preocupar em manter o mais baixo possível os níveis de insulina, o que é bastante possível com uma dieta com baixo consumo de carboidratos. Sim, uma dieta low carb pode ser a melhor alternativa para otimizar a condição individual de enfrentamento à covid-19. Não tem nada a ver com o emprego panaceico de antiparasitários ou antimaláricos. Tem a ver simplesmente com sua alimentação.


Nessa direção um editorial do British Medical Journal (BMJ EBM de 10/07/20), traz a mesma indicação.

A autora inicia o artigo salientando que as políticas de ação dos governos – quando existentes, visto que no Brasil não há de fato uma ordenação central integradora dos recursos e estratégias ao manejo da pandemia – se assentaram nas medidas já ordinárias e amplamente divulgadas (como o distanciamento social, boa higiene das mãos etc.), mas pouca atenção tem sido dada ao impacto potencial da alimentação sobre os resultados finais para a saúde da população, visto que “a má alimentação é o contribuinte mais significativo para o fardo de doenças crônicas relacionadas ao estilo de vida, como obesidade, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares”.1 Ela continua em sua exposição informando que no final de maio de 2020 “...os Centros de Controle e Prevenção de Doenças relataram que, entre os casos de COVID-19, as duas condições de saúde subjacentes mais comuns eram doenças cardiovasculares (32%) e diabetes (30%). 2As hospitalizações foram seis vezes maiores entre os pacientes com doença de base relatada (45,4%) do que aqueles sem doença de base relatada (7,6%). As mortes foram 12 vezes maiores entre os pacientes com doenças subjacentes relatadas (19,5%) em comparação com aqueles sem doenças subjacentes relatadas (1,6%). 2 Dois terços das pessoas no Reino Unido que adoeceram gravemente com COVID-19 estavam acima do peso ou eram obesas e 99% das mortes na Itália ocorreram em pacientes com doenças pré-existentes, como hipertensão, diabetes e doenças cardíacas”3 

Então essas situações médicas interseccionadas pela síndrome metabólica comprometem a função imunológica e inequivocamente tem relação com um curso pior da covid-19. Isso se deve a um controle defectivo da glicemia, um propulsor para inflamação e enfermidades dos órgãos respiratórios. Ela cita um estudo onde “pacientes com COVID-19 com diabetes tipo 2 pré-existente mostrou que aqueles com controle glicêmico melhor regulado se saíram melhor do que aqueles com controle insuficiente de glicose no sangue”. Nessa situação houve menos consequências negativas como número de intervenções, lesões orgânicas e, principalmente, menor mortalidade em hospitalizações. Ela cita um outro estudo que associa o resultado mais eficiente pelo uso de insulina (nos pacientes que precisavam) com a redução de marcadores inflamatórios e menor mortalidade.

Apesar desses dados robustos, e mesmo com o amplo conhecimento de que seria o consumo de carboidratos dietéticos (o que inclui açúcar e amidos) o principal fator para aumento da glicemia, ela nos lembra que as diretrizes oficiais de “alimentação saudável” defende a tradicional ladainha: coma menos gordura e mais carboidratos, algo que tende a aumentar os níveis de glicose no sangue. Curiosamente essa estratégia é amplamente indicada justamente nos locais onde pode trazer piores consequências práticas: nos lares de longa permanência, para idosos, por exemplo, ou nos hospitais que cuidam também de indivíduos com um quadro metabólico e a doença provocada pelo novo coronavírus. Ela também lembra que uma nova tendência impulsionada pela pandemia pode piorar esse cenário, pois ao estocar alimentos as pessoas tendem a guardar justamente mais produtos industrializados de longa duração que costumam ser altamente ricos em carboidratos (massas, pães, biscoitos, farináceos em geral, sucos e refrigerantes, snacks, doces etc.) Esses alimentos são indiscutivelmente hiperinsulinêmicos. E, como já foi dito, favorecem ao ambiente interno inflamatório, ou pelo menos sustentam as enfermidades mais dramaticamente associadas ao pior resultado frente à infecção do sars-cov2.

O editorial, com um viés mais positivo, nos lembra que já há estudos e reconhecimentos a favor de dietas de baixo carboidrato, citando uma declaração de uma organização australiana contra a diabetes expondo vários subsídios a favor da redução de carboidratos como manejo seguro dessa enfermidade. Cita ainda que “... em 2019 a American Diabetes Association e em 2020 a Diabetes Canada, ambas endossaram dietas com baixo teor de carboidratos como uma opção viável para melhorar a glicemia e o potencial de redução de medicamentos para indivíduos com diabetes tipo 2”.

Ela relaciona ainda algumas instituições de saúde que já estão pondo em prática esse tipo de providência de mudança no cardápio para enfermos metabólicos.

Componentes típicos da dieta low carb

Ao final, o editorial ressalta que apesar dos múltiplos fatores conhecidos ou desconhecidos que envolvem a patologia da Covid-19, considerando que só nos EUA mais de 80% da população não tem saúde metabólica, a intervenção alimentar pode ser a mais simples e acessível forma de promover proteção aos indivíduos e famílias frente a uma doença com tamanha facilidade de contágio. É ressaltado que “...a adoção de recomendações dietéticas para pessoas com síndrome metabólica subjacente, conforme proposto no Reino Unido, deve ser mais amplamente endossado por governos e formuladores de políticas em todo o mundo, para mitigar o fardo das doenças metabólicas pré-existentes naqueles que contraem COVID-19, agora e no futuro.”

Então uma dieta low carb parece ser a melhor coisa que podemos fazer e recomendar como arma real para minimizar o drama de sermos infectados pelo novo coronavírus. Parece muito simples para ser realidade, mas ao que tudo indica, realmente é o melhor e mais eficiente que podemos fazer a partir de agora!


O link que inspirou esse artigo está aqui

O editorial de Maryanne Demasi pode ser baixado na íntegra e free nesse LINK

Conheça o BJM - EBM

Gravuras:

Link do cabeçalho 

Link da foto da dieta low carb