sábado, 10 de outubro de 2015

Leite, queijo e saúde: o sucesso holandês!



Beba leite e fique mais alto: a incrível questão holandesa!


Os holandeses bebem muito leite, comem bastante queijo, e também é do povos mais altos do mundo. Poderia haver uma conexão? O autor de um novo livro sobre a Holanda, Ben Coates, explica como os holandeses tornaram-se não só vorazes, mas também em exigentes consumidores de queijo.
No início deste ano, um museu em Amsterdã foi cena de um crime terrível. Fazendo suas rondas no final de um dia agitado, os vigilantes ficaram horrorizados ao descobrir que uma de suas exposições mais apreciadas - um pequeno objeto brilhante com 220 diamantes - estava faltando. Um vídeo de segurança mostrou dois homens jovens com bonés de beisebol perto da vitrine, mas a polícia não tinha outros indícios potenciais. A fatia de queijo mais cara do mundo tinha ido embora.
Em alguns países, um roubo no museu nacional do queijo poderia soar como um animado enredo de um filme infanto-juvenil. Nos Países Baixos, no entanto, o queijo é um negócio sério. Para os holandeses, queijos, leite, iogurtes e outros produtos lácteos não são apenas alimentos básicos, mas símbolos nacionais, e  a base de uma importante indústria de exportação.
O amor holandês para todos os produtos lácteos é em grande parte consequência de sua geografia única. Quatrocentos anos atrás, grande parte do país estava sob a água, e grande parte do restante era uma zona pantanosa. "A nádega do mundo", foi como um visitante do século XVII descreveu, "cheio de veias e sangue, mas sem ossos". Ao longo dos próximos séculos, porém, os holandeses embarcaram em um projeto extraordinário para reconstruir o seu país. Milhares de canais foram escavados, e turfeiras foram drenadas por centenas de moinhos de vento de bombeamento de água.
Em algumas das novas terras foram feitas construções, mas grandes áreas também foram alocadas para ajudar a alimentar a crescente população de cidades como Amesterdan. O solo sedimentoso recuperado se provou perfeito para o cultivo farto, de uma grama úmida, e essa grama, por sua vez se fez alimento perfeito para vacas. Milhares de criaturas logo estavam pastando feliz na terra recuperada. A raça mais popular do país - a Frisia preto e branca - tornou-se mundialmente famosa (se trata de vacas Holstein-Frísia, ou simplesmente Vaca Holandesa, friesian cattle). Chegou ao ponto, de que uma friesian chamada Pauline Wayne viveu mesmo na Casa Branca, fornecendo leite fresco para o presidente William Howard Taft e deu "entrevistas" pessoais para o Washington Post.
Nos Países Baixos, o leite tornou-se uma bebida popular em uma época em que a água potável estava em falta. Tudo que não era bebido seria batido para ser manteiga ou queijos, muitas vezes, nomeados pelas cidades onde eles foram negociados, como Gouda (pronuncia-se, para a confusão dos amantes do queijo-amantes em todo o mundo, "How-da"). Provando sua importância, pilhas de couros de vaca foram usadas como fundações de edifícios em Amsterdam: as vacas pastavam na terra recuperada fornecendo as bases para posterior recuperação. Até o século 20, os holandeses tinham a cabeça assentada sobre seu amor com a vaca.
Hoje, a afeição do país para todas as coisas bovina continua. A Holanda tem agora mais de 1,6 milhões de vacas leiteiras - aproximadamente tantas como a Bélgica, a Dinamarca e a Suécia combinadas. (O Reino Unido tem um pouco mais, mas tem aproximadamente seis vezes seu tamanho). O gado holandês produz mais de 12 milhões de toneladas de leite por ano e cerca de 800.000 toneladas de queijo - mais do que o dobro do que no Reino Unido.
Os produtores de leite, muitas vezes adornam suas embalagens com fotos de dóceis vacas que pastam em meio a botões de flores de ranúnculo (também chamada de buttercup, ou copo de manteiga, NT), vigiado por velhos e corados agricultores. Na verdade, embora a Holanda ainda tenha muitas pequenas explorações, a indústria está agora dominada por algumas grandes fábricas de lacticínios como a Friesland Campina. Duas pequenas empresas de manteiga holandesa, que se fundiram e começaram a produzir margarina, ajudou a dar origem a uma das maiores empresas do mundo - Unilever.
De acordo com a associação de laticínios ZuivelNL, cerca de 18.000 produtoras leiteiras Holandesas suportam atualmente 60.000 postos de trabalho em todo o país. Quase € 7 bilhões (£ 5,1 bilhões) de produtos lácteos são exportados a cada ano, para países tão distantes como a China, Nigéria e Arábia Saudita. Com a economia holandesa sendo muito prejudicada nos últimos anos, a humilde vaca leiteira encontra-se agora assumindo um encargo improvável, sendo uma das grandes feras que mantém a economia holandesa “longe da lona”.
As exportações de produtos lácteos holandeses pode ser ainda maior se não fosse o fato de que os holandeses fazem uso de muito dos laticínios para consumo próprio. Para os holandeses, leite e queijo são elementares, uma parte essencial do rancho semanal tanto como o arroz é para um comprador chinês ou os saquinhos de chá são para um inglês. Se afirma que cerca de um sexto da média da conta de compras em alimentos pelo holandês vai em produtos lácteos. Em um ano típico, um “Dutch” típico consome mais de 25% em produtos à base de leite do que os seus semelhantes britânicos, americanos ou alemães.
A cozinha holandesa não é especialmente renomada internacionalmente. Os pratos populares tendem a depender fortemente de produtos simples, da terra, como couve e batatas. O queijo, porém, é uma grande exceção, um gênero alimentício, que pode transformar até mesmo o holandês mais humilde em um gourmand exigente. Mercados em toda a Holanda vendem uma surpreendente gama de diferentes tamanhos, idades e sabores, desde o Maasdammer com seus buracos em estilo suíço, a roda de tamanho de carroça do Komijnekaas salpicado com sementes de cominho. Talvez o mais famoso seja o Edams esférico, revestidos de cera para ajudar a reter a umidade e que são empilhados em mercados como balas de canhão. Na década de 1840, um navio de guerra uruguaio supostamente usou até mesmo alguns queijos holandeses como balas de canhão - quebrando o mastro principal e rasgando as velas de um rival argentino.
Na Holanda de hoje, uma pilha de cubos de queijo compõe um lanchinho popular, e não há nada mais provável do que ver um holandês lambendo os lábios com um prato de queijo kaasplankje. Mas queijo também faz um popular desejum. O cereal não é tão popular como no resto da Europa, e os trens da manhã são repletos de viajantes que comem sanduíches caseiros com pão e queijo de café da manhã, muitas vezes com leite ou iogurte pendurados. Diz a lenda urbana diz que um executivo rico que reclamou para a KLM (a companhia aérea nacional) sobre a comida fornecida na classe executiva. Não houve necessidade de toda a requintada comida quente e a champanhe, disse ele. Um saboroso sanduíche com queijo e um copo de leite faria muito bem.
Alguém poderia pensar que uma dieta basicamente láctea seria ruim para as cinturas, mas na verdade os holandeses têm crescido principalmente na direção oposta. Em meados de 1800, o holandês médio tinha cerca de 5 pés e 4 polegadas de altura (1m 63 centímetros) – 3 in (7,5 centímetros) mais curto do que um americano médio. Passados 150 anos com tanto escárnio ao leite e queijo, para no entanto, os holandeses ultrapassaram os americanos e todos os outros. Nos dias de hoje, o holandês médio tem mais de 6 pés de altura (1m 83 centímetros), e a mulher holandesa média, cerca de 5 pés 7in (1m 70 centímetros). Os holandeses passaram das pessoas mais baixas da Europa para serem as mais altas do mundo
Os cientistas continuam a debater as causas deste surto de crescimento - a melhoria da nutrição, democratização da riqueza, os fatores genéticos e a seleção natural dos homens altos – todos fatores que tem um papel nesse processo. Mas uma pista importante é o fato de que crescer em altura parece ser contagioso: os imigrantes que se mudam para a Holanda geralmente acabam mais altos do que as pessoas que permanecem em seus países de origem. Portanto, é perfeitamente possível que o vício leiteiro holandês desempenhou um papel importante em transformar um dos lugares mais planos do mundo, em uma terra de gigantes.
Nos últimos anos, os produtores de leite de toda a Europa têm ficado em tempos difíceis. As exportações para a Rússia, um mercado considerável para o queijo holandês, entrou em colapso no ano passado durante o conflito na Criméia. Este ano, a abolição das quotas de produção de leite da UE tem forçado a queda dos preços do leite em cerca de 20% em algumas partes do continente. Para a maioria dos holandeses, porém, o seu amor pela lactose é tão forte como nunca. O leite continua sendo uma das bebidas favoritas da nação, e queijo uma religião nacional.
A fatia com diamante que foi roubada do museu do queijo infelizmente foi encontrada. Em desespero, a empresa que a fez e era proprietária, Boska, ofereceu uma recompensa que espera venha a atrair o interesse de seus compatriotas. Qualquer pessoa que encontrar a peça pode reivindicar o maior fondue de queijo do mundo.
Ben Coates é o autor de “Por que os holandeses são diferentes: Uma Viagem ao Coração escondido dos Países Baixos”.

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É apenas o queijo?

A altura do povo holandês tem intrigado cientistas por muitos anos - tem sido sugerido que o surto de crescimento holandês também poderia ser-se à genética, uma melhor assistência médica e seleção natural, como Jane O'Brien descobriu em uma viagem para a Holanda.

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