terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Não conte calorias para reduzir seu peso



QUER PERDER PESO ? 

PARE DE CONTAR CALORIAS!


Mais um artigo que saiu em um jornal de grande circulação - Huffpost Helth Living - fala sobre a diferença a favor das dietas low carb (e ricas em gordura) são vantajosas para a saúde  e o controle de peso.


Está na cara, tudo parece tão fácil: Calorias são calorias, não importa a comida. E se você quer perder peso, tudo que você tem a fazer é simplesmente "gastar" mais calorias do que você consome, seja com mais exercício ou com menos comida.

Mas quem já tentou perder peso desta forma sabe que não é nada fácil. E controle de peso a longo prazo parece absolutamente impossível para a maioria, considerando o número de desistentes entre aqueles que não conseguem manter os quilos a menos ao longo dos anos.

O problema, diz o pesquisador cardio vascular James DiNicolantonio do Hospital São Lucas, é a ideia (da contagem) das calorias - como fosse uma ferramenta para perda de peso.

"Todos os países do mundo estão tendo problemas com a obesidade, e até agora nada deu certo ", disse DiNicolantonio."Mas é importante notar que não estamos morrendo de obesidade, nós estamos morrendo da doença metabólica crônica. "

Coisas como doenças cardíacas, diabetes e derrame (AVC) contribuem para cerca de 800,00 mortes anuais apenas nos EUA - e agora os pesquisadores estão esperando isolar os alimentos que são metabolicamente disruptivos, ao invés de ricos em calorias, na esperança de reduzir as taxas de tais doenças.
Em um estudo de revisão publicado no Journal Public Health Nutrition, DiNicolantonio  argumenta que enxergar o corpo humano como um mero pêndulo de calorias - manter um equilíbrio  nas calorias que entram e saem (ingestão/gasto) - faz-se ignorar os efeitos metabólicos muito claramente negativos que certos ingredientes, como carboidratos simples (massas e pão branco, por exemplo) e açúcares adicionados (a alimentos industrializados) tem sobre o corpo.

Na revisão, DiNicolantonio argumenta que os carboidratos rapidamente absorvíveis - coisas como o açúcar, xarope de milho, batata, arroz branco, cereais e qualquer coisa feita com farinha branca - resulta em ganho de peso, porque eles promovem picos de açúcar no sangue, o que faz os níveis de insulina subir. Subsequentemente isto induz a uma queda súbita do açúcar no sangue, o que leva a pessoa a desejar ainda mais carboidratos. Ele chama isso de "enlace reforçador para o consumo excessivo (reinforcing loop for overconsumption)", que, a longo prazo, poderia desativar leptina (hormônio que nos faz sentir satisfeito), resultando em ainda mais excessos.

Esta via metabólica tem sido investigada e descrita em trabalhos prévios por cientistas como Dr. Robert Lustig da University of California, San Francisco - pesquisador do açúcar, que descreve o açúcar como um "veneno" e Dr. Peter Havel da University of California, Davis, que está investigando a ligação entre frutose e síndrome metabólica.

"Assim como não se culpa uma criança que está crescendo (aumentando em tamanho) quando eles estão atravessando a puberdade -- uma vez que seus hormônios estão fazendo isso acontecer - hormônios também podem causar o armazenamento de gordura, e podem promover a fome, "DiNicolantonio explicou em uma entrevista por telefone para o The Huffington Post.

"Uma vez que você conhece a bioquímica, você percebe que ele não é sua culpa, e não é
falta de força de vontade. Estes alimentos têm alterado sua bioquímica para fazer você sentir literalmente faminto. "

Concentrando-se nas calorias também se pode criar um preconceito contra muitos alimentos saudáveis, particularmente alimentos ricos em gordura. A gordura dietética é mais calórica do que carboidratos ou proteínas, por isso alimentos low calorie são muitas vezes pobres em gordura. Isso leva as pessoas a substituir alimentos gordurosos saudáveis como nozes por alimentos de baixa caloria, com baixo teor de gordura como chips de batatas assadas que não são tão nutritivos
ou saciadores.

Além disso, se estimar com precisão a ingestão de calorias e seu gasto é extremamente difícil,
mesmo para a pessoa mais bem informada e dedicada com as mais recentes equipamentos.

Mais importante, os nossos corpos simplesmente não se deixam enganar. Se fizer mais exercício, o seu corpo responde pedindo-lhe para comer mais alimentos. Se você comer menos, seu corpo vai responder retendo a energia que você poderia usar. E a menos que você goste de ir para a cama
faminto, algo - ou exercício ou comer menos - vai acontecer. DiNicolantonio descreveu isso como um acoplamento biológico da ingestão de calorias e gasto calórico, (original: biological coupling of calorie intake and calorie expenditure) e os pesquisadores teorizam que pode ser uma das razões pelo qual as pessoas lutam para manter a perda de peso a longo prazo.

DiNicolantonio não endossa qualquer dieta especial, mas a mensagem a partir da revisão
foi simples e direta: Se você quer perder peso, "não se concentre nas calorias", aconselhou
DiNicolantonio. "Alimentos com um maior teor de gordura e mais calorias geralmente vai promover mais saciedade, e você vai comer menos. "

No início deste ano, em um estudo não relacionado, mas influente, a professora de nutrição Lydia Bazzano da Universidade Tulane realizou um estudo controlado randomizado com um ano de duração com dois grupos de dietas (LINKl): aqueles que reduziram os carboidratos e aqueles que reduziram a gordura. Ela descobriu que na dieta low-carb foi reduzido oito libras (cerca de 3,6 kg) a mais do que o grupo de baixo teor de gordura.

As seguidores low-carbs também diminuíram significativamente o risco estimado em 10 anos para
doença cardíaca coronária, enquanto o grupo de baixo teor de gordura não obteve tal recompensa. Os participantes do estudo não contaram calorias, e seus resultados são muito corroborados pelo trabalho de DiNicolantonio.

Bazzano elogiou a nova avaliação por apontar que diferentes alimentos afetam o corpo de forma diferente, de forma mais profunda do que se entende em relação a quantidade de calorias.

"Reconhecer que nem todas as fontes de calorias têm efeitos equivalentes no corpo é crucial, e a teoria 'uma caloria é uma caloria' realmente impede isso", escreveu em um email enviado por Bazzano para HuffPost. "Esses macro-nutrientes, carboidratos, gorduras e proteínas, utilizam diferentes vias metabólicas em nossos corpos e produzem diferentes sentimentos, estimulam diferentes hormônios e mensageiros celulares, produzindo resultados diferentes em termos de peso e risco de doenças."

A obsessão das últimas décadas por alimentos com redução de calorias (e, consequentemente, com redução de gordura) tem beneficiado empresas que produzem alimentos com baixo teor de gordura, mas com adição de açúcar e sal para tornar tais produtos mais saborosos, Bazzano continuou.

"Os itens alimentares que são 100 por cento carboidratos rapidamente absorvíveis poderiam adicionar a expressão "baixo teor de gordura " em seus rótulos e, assim, serem percebidos como "saudáveis" e potencialmente auxiliares na perda de peso, uma vez que esses itens não contém essa fonte concentrada de calorias: gordura", disse Bazzano.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a global figures for 2008, o último relatório disponível, mais de 1.4 bilhões de adultos estão com sobrepeso. Em 2013, 42 milhões de pré-escolares ao redor do mundo estariam com sobrepeso, e crianças com sobrepeso têm mais chances de serem obesas na vida adulta, do que crianças com peso normal.



LINK ORIGINAL: em 25/11/2014.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

O leite A - uma reflexão


O Leite A
 (Chutando o Balde)
                                                                                                                                                                                                                              José Luiz Moreira Garcia (*) 

       Não é novidade para ninguém que o leite de vaca esteja causando alergia às pessoas. Não estou falando de intolerância a lactose (o açúcar do leite) por falta de lactase (a enzima que digere a lactose), pois esse é um fator mais ligado a herança genética, mas sim de alergia propriamente dita, ou seja, uma reação imunológica gerada pelo nosso corpo a proteínas do leite.
Para explicar esse fenômeno o que não faltam são "profetas de plantão" geralmente oriundos das escolas e vertentes de pensamento naturebas com explicações do tipo: " o homem é o único animal no mundo que toma leite na idade adulta". Essa frase dita e repetida "ad nauseum" por "gurus" nutricionais e até mesmo por alguns médicos desavisados, soa bastante verossímil.
Essa explicação aparentemente correta sempre desafiou a minha modesta inteligência. Me explico: Como descendente direto de ibéricos sou geneticamente equipado para desconfiar de tudo e de todos. O " Hay gobierno ? Soy contra" está intimamente amalgamado no meu DNA.           
Decidi estudar o leite de vaca na evolução da espécie humana. Decidi também estudar a veracidade da afirmação natureba. Logo de cara descobri que o homem é o único animal de toma leite na idade adulta por ser dotado de livre arbítrio.
           Descobri que até pássaros tomam o leite de vaca, passando por cachorro, gato, e o que mais for e até mesmo o próprio gado, se o leite, a eles, for oferecido. Hipótese cada vez mais remota com o preço do leite nos patamares atuais.
         A razão do bezerro/a não tomar leite de vaca após uma  certa idade, é que a um determinado ponto a vaca, sabiamente, dá um “basta!” não mais permitindo ao seu rebento esse privilégio para que o mesmo por si próprio passe a se alimentar de capim, o alimento preferencial para o qual o gado bovino está geneticamente aparelhado para garantir a sua subsistência . Nesse momento a vaca sabiamente passa a hostilizar a própria cria, pois irá necessitar de toda a sua energia para gerar a próxima cria. É apenas mais uma faceta da natureza sábia.
           Descobri, igualmente, que o homem toma leite de vacas há mais de 10.000 anos e que nunca teve problemas de alergia nos últimos 9.900 anos. Descobri também, que o leite de vaca foi fundamental para o desenvolvimento da própria espécie humana, tirando dos homens parte do trabalho diário de obter alimentos, quer pela caça quer pela coleta de alimentos.
           O que estaria acontecendo hoje em dia, então ?
     A resposta pode estar em uma descoberta recente por parte da ciência. Os pesquisadores descobriram que todas as fêmeas, incluindo a mulher, cabra, égua, camela, etc... produzem , no leite, uma proteína denominada Beta caseina A2, mas que, a aproximados 10.000 anos atrás, algumas vacas sofreram uma mutação genética e passaram a produzir também uma proteína denominada Beta Caseina A1. A única diferença entre as duas proteínas é apenas um amino acido na 67ª posição entre 203 amino ácidos que compõem as duas proteínas. A Beta Caseina A1 possui uma histidina enquanto que a Beta Caseina A2 tem uma prolina na 67ª posição.
           Entra uma histidina no lugar de uma prolina, e como a natureza é caprichosa, essa aparente pequena diferença faz com que a proteína seja clivada ( quebrada ) nessa posição dando origem a um peptídeo (parte de proteína) denominado "Beta Caso Morfina A7" por ter uma estrutura química semelhante a morfina.
            É criado no estomago, por meio da digestão ácida, um opiáceo.
         Segundo vários autores, as Beta Caseinas A1 e seu peptídeo, principalmente um denominado Beta Caso Morfina 7 estariam implicadas em uma serie de reações alérgicas.
           Estudos europeus demonstraram estar esse peptídeo associado a casos de autismo, morte súbita e diabetes tipo-1 em crianças e problemas coronarianos, problemas neurológicos e colesterol elevado em adultos.
      Esse fato fez com que os pesquisadores estudassem todas as raças bovinas e descobrissem quais as que produziam uma maior quantidade de leite A1 e A2.
           Uma pesquisa genética de nossos patrícios da USP de São Carlos demonstrou que todas as raças zebuínas ainda  produzem leite A2 na sua quase totalidade ( números bem próximos a 100%), não tendo sido afetadas por aquela mutação genética. Ponto para os criadores de Gado Gir Leiteiro. Além das características já conhecidas de rusticidade e resistência a parasitos externos aparece agora mais essa vantagem, o leite do Gir é não alergênico.
           Nas raças taurinas (européias) apenas a raça Guernsey, que já foi a raça leiteira mais criada no Brasil e infelizmente se extinguiu devido a vários fatores e que agora está aumentando a nível mundial, produz exclusivamente o Leite A2, ficando a raça Jersey em segundo lugar com 75% de leite A2 e 25% de leite A1 alergênico e a raça holandesa com 50% de leite A1 e 50% de leite A2.
        Como em todas as descobertas científicas que colocam em cheque o sistema estabelecido essas descobertas também estão sendo e irão ser combatidas como sempre foram pelos cientistas de aluguel, mídia de aluguel e finalmente por políticos/legisladores de aluguel vendidos aos interesses econômicos contrariados. A título de ilustração vejam o que está acontecendo com a idéia que propõe a utilização de sacolas de supermercados feitas com material biodegradável e vejam os argumentos usados pela industria de plástico poluente para a manutenção da sua sobrevivência.
            Uma outra hipótese nos chama a atenção para o manejo e a alimentação das vacas leiteiras nos últimos 60 a 70 anos. A bem da verdade é bom que se diga que as vacas leiteiras evoluíram comendo capim. São seres pastejadores herbívoros. Deveriam, portanto, se alimentar preferencialmente de capim. Certo ?
           ...................Errado!.
       As vacas leiteiras, hoje em dia,  comem quase tudo menos capim. Vejam por exemplo alguns exemplos de componentes da dieta exótica das vacas leiteiras nos últimos 70 anos:                                                                                                                                               
- Esterco de galinha (proibido mas ainda utilizado na clandestinidade no Brasil)
- Caroço de Algodão                                                                                                           
- Polpa de Laranja ( sub-produto industrial)
- Farelo de Soja
- Uréia, Sulfato de Amônio ( derivados de petróleo)          
- Farinha de Carne ( hoje proibida)                                                         
- Farinha de Penas ( hoje proibida)
           Finalmente após todo esse cardápio indigesto vocês não poderiam ficar surpresos se eu lhes contasse que 80% de todo o Bicarbonato de Sódio produzido nos EUA sejam utilizados na alimentação de vacas de leite.
           Haja Bicarbonato de Sódio !!!!
O homem descobriu um atalho para a pobreza dos nossos solos e ao invés de fertilizar os solos prefere dar aos animais diretamente os sais que na verdade deveriam ser usados como adubos de solo.
Se as duas hipóteses estiverem corretas qual seria a vaca que teoricamente produziria o leite mais  alergênico ?
Exatamente!  A vaca holandesa que produz mais proteína A1 alimentada com a dieta exótica que é utilizada nas fazendas-fábricas que são preconizadas pelo status-quo técnico-científico do chamado agro-negócio, que insiste em tentar reduzir  todas as tarefas biológicas a meros produtores de moeda corrente sem levar em consideração as necessidades fisiológicas de cada espécie animal, isto é , uma dieta altamente acidificante e geradora de problemas já bastante conhecidos de todos os criadores de gado leiteiro, a saber, laminite, indigestão, empanzinamento, abomaso desalojado, baixa longevidade ( vida curta), etc...
Também, não poderiam ficar surpresos se eu lhes disse-se que a média de lactações de uma vaca nos Estados Unidos, a Meca do conhecimento científico e onde todos os técnicos e cientistas brasileiros se espelham, é de apenas 1,8 lactações ou até menos. Não é para menos.
Mas, afinal, quem se importa?
O Status Quo acadêmico-científico nos diz o que é certo e o que é errado e o que conta no fim do dia é produzir mais leite não importando as conseqüências.
Entretanto, vamos admitir por um átimo de tempo que ambas hipóteses poderão estar corretas. A Nova Zelândia já se adiantou a registrar o nome "A2 Milk" e está certificando laticínios ou fazendas que trabalhem exclusivamente com Leite A2 determinado por meio de exame de DNA dos animais do rebanho e normas de manejo que contemplem o livre acesso dos animais ao pasto, luz solar e ar livre dos animais em lactação.
        No mundo todo consumidores conscientes estão demandando alimentos cada vez mais produzidos de forma ecologicamente correta e leite produzido em fazendas-fábricas de gado holandês criado em confinamento (também ironicamente chamado de Free-stall) recebendo dieta exótica e acidificante que produz leite alergênico não é propriamente o que se pode chamar de ecológico e nem de correto ou até mesmo de salutar.
           Asneira ! Non-Sense ! Irão protestar o sistema e as autoridades constituídas.
           O tempo dirá quem está realmente com a razão.
           Da minha parte eu posso lhes garantir que estou trabalhando para ter o meu leite de vacas Guernsey, Jersey e Gir ou giradas que comam preferencialmente pasto ou feno produzidos em solos remineralizados com altos teores de fósforo, cálcio, magnésio e potássio e com teores expressivos de ferro, manganês, zinco, cobre, boro, cobalto e molibdênio e com uma microbiologia ativa para garantir um bom suprimento de húmus que irá se contrapor as secas e estiagens, cada vez mais freqüentes, e gerar plantas mais sadias e nutritivas.
           Talvez um dia, quem sabe, algum consumidor mais exigente irá dar valor ao meu produto. Antes tarde do que nunca !

(*) O Autor é formado em Agronomia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e
tem Mestrado em Bioquímica e Fisiologia de Plantas pela Michigan State University.
Também é criador de Gado Guernsey e Jersey no Sul de Minas.
(Esse artigo me foi enviado há alguns anos e me parece muito pertinente para reflexão...
E tem Permitida sua divulgação na íntegra.)

sábado, 31 de janeiro de 2015

Tomar água em abundância é fundamental para a saúde?




O mito de tomar muita água

Por Myranda Mowafi, Daily Mail

Existe uma crença corrente que certamente não se provoca qualquer prejuízo (à saúde) a venda de água mineral engarrafada, que dispararam para níveis recordes nos últimos anos.
Mas o senso comum de que precisamos beber oito copos de água por dia para manter-nos saudáveis é simplesmente um mito, dizem os nutricionistas.
Em uma conferência de 2011 foi relatado que as propriedades de oferecer saúde da água "pura" tem sido muito sobrevalorizado. Uma xícara de chá ou café, uma lata de refrigerante - ou mesmo um copo de cerveja - proporcionará uma generosidade tão grande, dizem os especialistas.
Os britânicos têm sido cada vez mais cooptados na filosofia de que beber grandes quantidades de água fornece nutrientes vitais para uma pele clara, unhas fortes e cabelos saudáveis. Muitos pop stars, modelos e estrelas de cinema raramente são vistos sem uma obrigatória garrafa de marca famosa de eau naturel na mão.
Mas os nutricionistas dizem que a popularidade da água é simplesmente um mote industrial do cultivo cuidadoso de uma imagem concebida para apelar ao nosso desejo de pureza no que comemos e bebemos.
Dr. Gail Goldberg da Fundação Britânica de Nutrição, que está hospedando a conferência de setembro, disse: "A conferência é, em parte, para abordar a questão: água e a saúde.”
“Por exemplo, esta aceitação comum de que precisamos de oito copos por dia – de onde é que vem este número? Podemos trabalhar o quanto de líquido o corpo precisa em um dia normal - e mais no tempo quente ou após o exercício - mas nós obtemos líquidos de todas as fontes.”
"É em nossa alimentação, nossos copos de chá, suco, leite café, frutas e um cálice de cerveja mesmo. Existe esse argumento de que bebidas com cafeína e álcool desidratam, assim existiria um efeito negativo em seu consumo.”
"Mas, embora haja algum efeito, você não vai perder mais líquido do que você ganha por ser uma xícara de café ou um copo de cerveja."
Outros nutricionistas defendem esta tese, incluindo aqueles que trabalham com esportistas. Ron Maughan, um assessor de atletas olímpicos, disse que permitiu a bebida de todos os tipos de fluidos.
"Para os atletas olímpicos que competem em climas quentes eu incluí bebidas cafeinadas", disse ele. "Não faz diferença se as pessoas bebem chá, café ou coca-cola. Se você quer elevar seus níveis de líquidos com um drinque ou uma cerveja leve em uma noite quente de verão, isso está perfeitamente bem."
Água mineral engarrafada é a área que mais cresce do mercado de refrigerantes, com vendas superando a marca de 600 milhões de libras no ano passado (2010). Os britânicos beberam cerca de 1,4 bilhão de litros de água gaseificada no ano passado, em comparação com 420 millhões de litros há dez anos e 30 milhões de litros apenas 10 anos anteriores a esses.

A cultura de beber água decolou em todo o país, em praticamente qualquer caminhada, a água está embalada para caber dentro de um agitado estilo de vida. Bebedouros resfriados podem ser encontrados na maioria dos escritórios, enquanto purificadores e garrafas de água são entregues cada vez mais a domicílio.
Richard Hall, presidente dos analistas Zenith International, tem estudado o assunto. Ele disse: “O aumento enorme nas vendas vem da nossa capacidade de pagar por isso atualmente, uma vez que anos atrás teria parecido ridículo pagar por essa água", disse.
"Existe o apelo para beber algo puro e natural em um mundo que está cada vez mais poluído e muito do que nós consumimos são mais e mais produtos processados pela indústria."





Artigo original:


NÃO ESQUEÇA PORÉM:

Regra geral:   quem tem sede toma água!
 Quem tem fome toma sucos de frutas - por exemplo - está tomando um drink...



terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Dieta viking - mais um exemplo de preconceito em pesquisa?

Dieta viking e a perda de peso!


Tem saído na mídia recentemente artigos sobre a denominada dieta viking como um novo modelo de finalidades terapêuticas - num jornal o título seria: "Dieta viking pode diminuir os riscos do excesso de peso". Outro resumo poder visto nesse LINK
Algumas particularidades chamam a atenção - a comparação com a dieta do mediterrâneo - tema já citado no blog - considerado uma fraude histórica LINK - já coloca essa proposta sob o suspicaz olhar da inconsistência.
Olhando com mais atenção - sobre do que consiste tal dieta: "Todos os participantes comeram a dieta Viking, que incluía três porções de peixe por semana, produtos lácteos com baixo teor de gordura e óleo de colza." 
Podemos parar por aqui.
Produtos lácteos com baixo teor de gordura?
Óleo de colza?
Três míseras porções de peixe por semana?(só isso de carnes?)
Vamos voltar no tempo.
Os vikings  tiveram seu esplendor ainda na alta idade média (séc. V-XI) , podendo entrar na baixa idade média (séc XI-XV).














Sua alimentação prioritária era o peixe, uma vez que todos os países escandinavos tem amplas regiões litorâneas. Mas consumiam animais de pasto, pois também eram fazendeiros. (Uma discussão sobre a incursão dos vikings na Groenlândia, no livro Colapso de Jared Diamond é imperdível.)
O leite de animais produtores (vacas, ovelhas, cabras) era amplamente utilizado, e poderia ser tomado na forma bruta ou ter sua gordura retirada, não para descarte, mas para ser utilizada para fazer manteiga. Além do mais eles produziam e consumiam queijos.
Eles consumiam alguns cereais com o trigo e cevada, e produziam pães, mas não devem ter usado a semente de colza para usar como óleo, considerando que a colza para se transformar em óleo comestível, teve que passar por técnicas de hibridismo, se transformou na canola, em tecnologia recente por produtores do Canadá, como já descrito no blog AQUI (a colza original é rica em ácido erúcico que é cardiotóxico). O artigo deixa a entender que a colza seria similar ao óleo de oliva mediterrâneo...
Quem já segue os blogs que divulgam uma alimentação baixa em carboidratos e ricas em gorduras (LowCarb/Paleo), já está bem informado, e pode ter uma crítica mais acurada sobre eventuais reportagens como essa - que estão presas ao paradigma antigo de que para emagrecer é preciso comer alimentos sem gordura, ou certos predicados baseado meramente na quantidade de calorias.
Esse pesquisa finlandesa parece não escapar dessa maldição!
Mas, pelo menos, nos estimula a conhecer melhor um estilo de vida épico, onde - têm-se a firme impressão - não havia um povo preocupado com problemas de peso...

Há vários sites sobre a alimentação viking, como esse LINK







domingo, 11 de janeiro de 2015

Cristal branco e pressão alta - não, não era o sal...




O cristal branco errado: não é o sal, mas o açúcar o agente etiológico da hipertensão e de doenças cardio-metabólicas.

O artigo a seguir saiu no jornal Openheart, e foi divulgado pelo portal médico Medscape (o mais importante da literatura de pesquisa dos EUA). O título é bem provocativo: O cristal branco errado: não o sal mas o açúcar é o agente etiológico da pressão alta e da doença cardio-metabólica. Embora possa ser encontrado muita bibliografia discutindo o real papel do sal na pressão alta, e também sobre o papel da insulina (portanto dos carboidratos) na etiologia dessa enfermidade, esse estudo é um dos que merece mais atenção em sua divulgação, pois pareceu ser mais respeitado pelos seus dados e por advertir diretamente as entidades oficiais a reverem postura para os cuidados dietéticos amplos para a população geral, dizendo que o controle de açúcar (carboidratos, frutose etc.), - o que valida, por exemplo as propostas do pesquisador em frutose Robert Lustig, - é o mais correto e que deve ser posto em prática, e que a preocupação com o sal além de não eficiente, pode ser até contra produtiva, o que se alinha a posição mais antropológica sobre o papel do sal na alimentação humana. Isso, sem dúvida, fornece mais base teórica que justifique uma alimentação low carb/paleo, como uma postura alimentar mais promissora para a manutenção da saúde humana. (Sobre o sal e a pressão alta já publiquei no BLOG AQUI)

RESUMO
A doença cardiovascular é a principal causa de mortalidade prematura no mundo desenvolvido, e hipertensão é o seu fator de risco mais importante.
Controlar a hipertensão é um dos principais focos das iniciativas públicas de saúde e as abordagens dietéticas têm historicamente se focado no sódio. Embora o potencial benefício dessas estratégias de redução de sódio sejam discutíveis, um fato sobre o qual há pouco debate é que as principais fontes de sódio na dieta são os alimentos processados industrialmente. Acontece que esses alimentos processados também são geralmente ricos na adição de açúcar, cujo consumo pode ser mais forte e diretamente associado à hipertensão e ao risco cárdio-metabólico. Estudos de evidências epidemiológicas e ensaios experimentais em animais e seres humanos sugerem que essa adição de açúcares, principalmente de frutose, pode aumentar a pressão arterial e a variabilidade da pressão arterial, aumentando a frequência cardíaca e a demanda de oxigênio do miocárdio, e contribuir para a inflamação, a resistência à insulina e disfunção metabólica mais ampla. Assim, enquanto não há nenhuma argumento de que as recomendações para reduzir consumo de alimentos processados sejam altamente apropriadas e difundidas, o raciocínio desta  revisão é de que o benefícios de tais recomendações tenha pouco a ver com o sódio - minimamente relacionada com a pressão arterial e talvez, de fato, inversamente relacionado com o risco cardiovascular - e mais a ver com os carboidratos altamente refinados. É hora dos comitês de diretrizes mudarem o foco para longe do sal e dar maior atenção ao provável aditivo alimentar com mais consequências: o açúcar.
Uma redução na ingestão dos açúcares adicionados, particularmente da frutose e, especificamente, nas quantidades e no contexto dos alimentos processados industrialmente, ajudaria não só reduzir as taxas de hipertensão, mas também pode ajudar no alcance de problemas mais amplos,  relacionados com as doenças cárdio-metabólicas.

Introdução:
A doença cardiovascular (DCV) é a causa número um de morte prematura no mundo desenvolvido, a hipertensão 1-3 e é o seu mais importante fator 4 de risco. A hipertensão foi apontada como um fator primário ou contribuinte para mais de 348.000 mortes nos EUA em 2009 5 com custos para a nação que excedem 50.000 milhões de dólares anualmente. 6 Controlar a hipertensão é um grande foco das iniciativas de saúde pública e as abordagens dietéticas para tratar a hipertensão, historicamente tem se focado no sódio. No entanto, os benefícios potenciais de redução de sódio são discutíveis.7-9 Reduzir a ingestão de sódio pode diminuir as medidas da pressão arterial em algumas pessoas singulares, mas reduções médias de pressão arterial não ultrapassam 4,8 mmHg para a sistólica (a mais alta) e 2,5 mmHg para a diastólica - sendo generoso (apenas considerando os limites de confiança superiores e considerando apenas as pessoas com hipertensão) 10 e não é claro se haveria um benefício prático para a saúde a partir de tais reduções. De fato, há alguma evidência sugerindo que a redução da ingestão de sódio pode levar a piores resultados para saúde, como a mortalidade cardiovascular e por qualquer causa em pacientes com diabetes, 11  e hospitalizações e mortalidade aumentada para pacientes com insuficiência cardíaca congestiva.12-15 Mais importante ainda, os dados mais recentes, abrangendo mais de 100 000 pacientes indica que o consumo de sódio entre 3 e 6 g / dia está associado a um menor risco de morte e eventos cardiovasculares em comparação com qualquer nível maior ou menor de ingestão. 16 17 Assim, as diretrizes que aconselham a restrição da ingestão de sódio inferior a 3 g / dia pode ser prejudicial (may cause harm).
Estratégias para reduzir a ingestão de sódio na dieta têm o foco (implicitamente, se não explicitamente) na redução do consumo de alimentos processados: as principais fontes de sódio no diet.18 Por exemplo, a Food and Drug Administration (FDA)anunciou recentemente que está elaborando orientações pedindo para que a indústria de alimentos reduzam voluntariamente os níveis de sódio.19
No entanto, a média de ingestão de sódio em populações ocidentais é de aproximadamente 3,5-4 g / dia.20 Cinco décadas de dados indicam que a ingestão de sódio não mudou a partir deste nível através de diversas populações e hábitos alimentares, apesar dos esforços da redução de sódio em toda a população e mudanças no suprimento alimentar.21 22 Tal estabilidade no consumo sugere controle fisiológico ajustado, o que se, realmente esse for o caso, pode significar que a redução dos níveis de sódio no abastecimento alimentar pode ter consequências inesperadas. Uma vez que os alimentos processados são a principal fonte de sódio na dieta, 18, se esses alimentos se tornarem menos salgados, poderia haver um aumento compensatório no seu consumo para obtenção do sódio para as demandas da fisiologia.
Coincidentemente, os alimentos processados desponta como as principais fontes, não apenas  de sódio, mas também carboidratos altamente refinados, ou seja, vários açúcares e os amidos simples que eles dão origem através da digestão. Provas convincentes da ciência elementar, estudos populacionais, e os ensaios clínicos implicam os açúcares, e em particular a frutose (um monossacarídeo), como aqueles que desempenham um papel importante no desenvolvimento da hipertensão. Além disso, as evidências sugerem que os açúcares em geral, e a FRUTOSE em particular, pode contribuir para o risco cardiovascular global através de uma variedade de mecanismos. Diminuir os níveis de sódio nos alimentos processados poderia levar a um aumento do consumo de açúcares e amidos e, assim, aumentar a hipertensão e a doença cárdio-metabólica em geral (figura 1).


Figura 1

CIÊNCIA BASICA: sacarose, frutose, hipertensão arterial e risco cardiovascular
Sacarose, ou açúcar de mesa, é um dissacarídeo constituído por dois monossacarídeos: glicose e frutose. A sacarose é um ingrediente comum em alimentos processados industrialmente, mas não tão comum como outro adoçante: o xarope de milho (HFCS – ou Xarope de milho de alto teor de frutose). Considerando que a sacarose tem igualdade de partes em frutose e glicose, e o HFCS tem mais frutose (geralmente 55%) do que a glicose (os restantes 45%), esse último é o adoçante mais utilizado nos alimentos processados, particularmente em bebidas de fruta e sodas.24
Ratos alimentado com sacarose tem estimulado o sistema nervoso simpático (SNS), 25 o que leva a um aumento na frequência cardíaco, 26 da secreção de renina, a retenção renal de sódio e resist6encia vascular.27 Todos estes efeitos interagem para elevar a pressão do sangue e, de fato, os ratos alimentados com sacarose aumentam a sua pressão arterial. 28-33 A sacarose na alimentação também induz outras alterações, tais como resistência à insulina, como parte de um disfunção metabólica mais ampla. 28-33  Além disso, o consumo de açúcar ou HFCS pode levar a um aumento na pressão sanguínea através outros mecanismos, tais como hiperleptinemia, um aumento em metilglioxal, e uma redução de ATP (figura 2) .23 A figura 2 descreve os possíveis mecanismos através dos quais pode a frutose contribuir para a hipertensão.
A frutose pura induz resultados semelhantes àqueles da ingestão da sacarose, tanto em roedores28 34 e 35 quanto em humanos.36-42 Embora o consumo elevado de frutose isoladamente ou sacarose possam levar à resistência à insulina, 43-46 é a frutose que tem sido implicada como o açúcar responsável em reduzir a sensibilidade do tecido adiposo para a insulina.47 A insulina estimula o  SNS (sistema nervoso simpático) 26 48-50 e a hiperinsulinemia pode conduzir a hipertensão, com o grau de resistência à insulina em tecidos periféricos correlacionados diretamente com a severidade da hipertensão.51 52 A redução da resistência à insulina pode levar a uma redução da pressão arterial, 48 e a hiperinsulinemia parece estar mais relacionada com a frutose do que glucose.53




Figura 2

A relação entre frutose e insulina
Normalmente assume-se que a a frutose não estimula a insulina. 
Não de forma direta como a glicose. mas temos que observar o metabolismo como um amplo evento,
Karo é o xarope de milho
e não apenas os passos metabólicos mais imediatos. Se admite que o consumo médio de frutose da espécie humana nos últimos milênios fique ao redor de 20 gramas / dia - basicamente a partir de frutas frescas. A frutose é rapidamente absorvida e metabolizada pelo fígado. No entanto a ocidentalização alimentar promoveu acessos a frutose que facilmente passam de 80 gramas/dia. A exposição do fígado a tamanhas quantidades de frutose levam ao estímulo da lipogênese e acumulação de triglicerídeos, o que contribui para uma redução na sensibilidade da insulina e resistência hepática à insulina e intolerância à glicose (situações que promovem hiperinsulinemia).

Vide excelente texto publicado em Nutrition e Metabolism sobre esse tema (artigo em PDF disponível AQUI! A frutose chegou a ser opção de açúcar para diabetes (algo já abandonado) justamente pois não seria um estímulo direto à insulina. Nos idos dos anos 60 esse carboidrato simples, principalmente, aquela que vem do milho, fonte barata em termos econômicos ganhou popularidade e ampla penetração nos alimentos processados americanos e mesmo como substituto de fins terapêuticos. Os resultados atuais mostraram que isso foi uma péssima escolha, e muitos assumem que o xarope de milho de alto teor de frutose (HFCS) está relacionado com a onda de obesidade e outras perturbações metabólicas nos Estados Unidos. 

Estudos Populacionais: frutose e outros açúcares e a saúde cárdio-metabólica
A resistência à insulina é visto em cerca de 25% da população em geral e até 80% dos indivíduos com hipertensão "essencial".54  Em comparação aos não-diabéticos, os diabéticos têm uma maior prevalência de hipertensão.55 56 Esta desproporção é independente do peso, sugerindo que a resistência à insulina, e não a obesidade por si só, o que aumenta o risco de hipertensão. De fato, aproximadamente 50% dos pacientes hipertensos têm hiperinsulinemia em comparação com apenas 10% de pacientes normotensos. 57 Além disso, os pacientes hipertensos tem diminuição da sensibilidade à insulina, aumento da insulina basal e uma diminuição da taxa de eliminação de glucose após um teste de tolerância à glicose por via intravenosa quando comparado com normotensos, mesmo após o ajuste de outros fatores de risco.58 Uma dieta rica em açúcar foi reconhecida como causa de deterioração da tolerância à glicose, 59 e existem correlações positivas entre o açúcar consumido 20 anos antes e a diabetes.60
A análise econométrica recente mostrou que um aumento na disponibilidade de açúcar é direta e independentemente associada - com um aumento na prevalência da diabetes.61 Na verdade, um aumento na disponibilidade de açúcar de 150 quilocalorias / pessoa / dia foi verificado estar associado significativamente com um aumento da prevalência de diabetes (1,1%, p <0,001). Este risco foi 11 vezes maior em comparação com um aumento de 150 quilocalorias / pessoa aumento / dia na disponibilidade total de calorias, apoiando a noção de que o açúcar pode ser distinto entre as (demais fontes de) calorias no seu prejuízo potencial para a saúde metabólica.
Em comparação com os pacientes que consomem menos de 10% de suas calorias dos açúcares adicionados, aqueles que consumiram entre 10,0-24,9% de suas calorias a partir de açúcares adicionados, têm um risco aumentado em 30% da mortalidade por CVD.62 Aqueles que consomem 25% ou mais calorias provenientes da adição de açúcares têm quase um risco três vezes maior.62 Dados do National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES 2003-2006) indica que a ingestão média de frutose  é de 83.1g / dia.63 De forma preocupante, é referido que a ingestão de > 74 g / dia de frutose é, de forma independente, associada com 26%, 30% e 77% maiores riscos para um a pressão arterial > 135/85 mm Hg, 140/90 e 160/100, respectivamente.36 Consumir bebidas adoçadas com açúcar tem sido diretamente associada ao aumento da pressão arterial em um estudo de quase 2.700 pessoas de 10 populações dos EUA / Reino Unido, independente do peso corporal e altura.64
Em uma revisão sistemática de 12 estudos de coorte (transversal e prospectivo), abrangendo mais de 400 000 participantes, a ingestão de bebidas adoçadas foi significativamente associada com o aumento da pressão arterial e aumento da incidência de hipertensão.65 Os autores concluíram que, "a ingestão de > 360 ml de bebida adoçada com açúcar por dia pode aumentar o risco de ter hipertensão em, pelo menos, 6%, e pode aumentar a média da pressão arterial sistólica num mínimo de 1,8 mm Hg num período de 18 meses. "Essas bebidas podem conter substancialmente mais frutose do que se pensava, 66 67 e o consumo de bebidas adoçadas teve demonstrado aumentar o risco não apenas de hipertensão, mas da doença coronariana, acidente vascular cerebral e outras doenças cárdio-metabólicas, incluindo a obesidade e a diabetes.68-74 Ao redor do mundo, o consumo desse tipo de bebida tem sido implicada em 180 000 mortes / ano.75


Ensaios clínicos: Modificando a ingestão de açúcar e os resultados nas doenças cárdio vasculares (e eventos relacionados)
Alguns indivíduos apresentam um aumento da pressão arterial após apenas algumas semanas com uma dieta rica em sacarose (definido como 33% do consumo calórico total por sacarose).76 De fato, uma meta-análise de ensaios clínicos randomizados mostrou que a maior ingestão de açúcar significativamente aumenta a pressão arterial sistólica (6,9 mm Hg, p <0,0001) e diastólica (5,6 mm Hg, p = 0,0005) versus menor uma ingestão de açúcar em ensaios de oito semanas ou mais de duração.77 Além disso, quando os estudos que receberam financiamento da indústria do açúcar foram excluídos da análise, a magnitude da elevação da pressão sanguínea foi ainda mais pronunciada (7,6 milímetros Hg sistólica, 6,1 milímetros Hg, diastólica, em média). A maior ingestão de açúcar também aumentou significativamente os triglicerídeos, o colesterol total e a lipoproteína de baixa densidade, independente dos efeitos sobre o peso corporal e quando pareados por calorias (o que sugere que os açúcares podem promover dislipidemia através de mecanismos independentes das calorias adicionais que fornecem) 77 No entanto, os dados experimentais mostraram que os pacientes consumindo 28% da sua energia a partir de sacarose (aproximadamente 152 g de sacarose por dia, principalmente de bebidas) por apenas 10 semanas tem um aumento significativo no peso corporal (1,6 kg), bem como aumentos na massa de gordura (1,3 kg), além de aumentos na pressão sanguínea (3,8 milímetros de Hg, na sistólica e 4,1 milímetros Hg na diastólica).78 Quanto aos diferentes efeitos de diferentes açúcares (por exemplo, sacarose [glicose + frutose] vs frutose sozinha, em particular), um estudo analisou as respostas de pressão arterial para várias soluções de açúcar em 20 homens saudáveis normotensos.79 A ingestão da solução de sacarose aumentou significativamente a pressão arterial sistólica em 9 mm Hg. O aumento na pressão sanguínea sistólica resultante da solução apenas de frutose (4 mm Hg) não foi estatisticamente significativa, no entanto, a resposta mais baixa pode ter sido devido a pobre absorção de frutose quando não acompanhada pela glicose.80 No entanto, a frutose teve o maior efeito antinatriuréticos (retenção de sódio pelos rins), 80 sugerindo um mínimo papel da retenção de sódio como um mecanismo de resposta da pressão arterial à ingestão do açúcar adicionado. Outro estudo mostrou uma resposta hipertensiva mais pronunciada quando se bebe uma bebida adoçada com HFCS (frutose + glicose) versus uma bebida adoçada com sacarose em indivíduos saudáveis (15/9 mm Hg vs 12/9 mm Hg) e ambas as bebidas aumentam a frequência cardíaca em 9 bpm (batimentos por minuto).81
Outros estudos sugeriram que a frutose pode ser isoladamente prejudicial para o sistema cardiovascular. Em um estudo cross-over randomizado em adultos jovens saudáveis (21-33 anos de idade), a ingestão de uma solução de frutose (60 g) aumentou a pressão arterial sistólica (6,2 ± 0,8 mm Hg).82 Um aumento semelhante na pressão arterial não foi visto com a ingestão de uma solução de glicose, mas ambas as bebidas claramente elevam a frequência cardíaca e a ejeção cardíaca.82 Os autores concluíram que a frutose, mas não a glicose, pode causar elevação da pressão arterial, aumentar o débito cardíaco sem uma vasodilatação periférica compensatória; considerando que tanto a glicose e frutose aumentam a pressão arterial e a variabilidade da demanda de oxigênio do miocárdio. O aumento acentuado da pressão arterial sistólica e da variabilidade da pressão arterial com a frutose é preocupante, uma vez que estes são fatores de risco independentes para complicações macrovasculares e microvasculares na diabetes tipo 2.83 Além disso, a variabilidade da pressão arterial está associada a um risco aumentado de AVC (acidente vascular cerebral) 84 e o desenvolvimento de hipertensão e danos em órgãos-alvo, mesmo sem mudanças na pressão arterial média.85
A frutose pode causar outros danos cárdio-metabólicos também. Em um estudo randomizado de 74 homens adultos, uma dieta de alto teor de frutose por apenas duas semanas, não só aumentou significativamente as medições do MAPA (controle ambulatorial por 24 da pressão arterial) (+7/5 mm Hg, p <0,004 e p = 0,007, respectivamente) e aumento da taxa de pulso de 8 % (4 bpm), como também aumentou os triglicérides, a insulina de jejum e índice de avaliação do modelo homeostático (uma medida da resistência à insulina e função das células-β, conhecida pela sigla HOMA, NT).86 Além disso, a frutose reduziu os níveis de lipoproteína de alta densidade (HDL) e dobrou a prevalência da síndrome metabólica, com 25-33% dos pacientes desenvolvendo essa condiçÃo.86 Reduzindo a ingestão de frutose (de 59 para 12 g / dia) foi mostrado reduzir a pressão arterial, os níveis de insulina em jejum e a inflamação em pacientes com doença renal crônica. 87

Uma advertência dietética crítica
Importante sublinhar, que é provável que apenas a frutose e outros açúcares (por exemplo, como os encontrados em alimentos processados e bebidas adoçadas) como “aditivos” é que podem ser um problema. Alimentos que naturalmente contém açúcares, incluindo a frutose, parecem ser benignos no seu contexto biológico habitual (isto é, no contexto do acompanhamento de água, fibra, e outros carboidratos, ou mesmo gorduras e proteínas como em muitos alimentos de origem vegetal). De fato, em um estudo, a mudança de uma dieta ocidental, para uma dieta que contenha cerca de 20 porções de fruta inteiras significativamente diminui a pressão arterial sistólica, apesar da ingestão de frutose de aproximadamente 200 g.88 Além disso, um estudo randomizado com 131 pacientes com duas dietas com baixa ‘adição de frutose’ (uma dieta baixa em frutose com <20 g / dia, e uma dieta de frutose moderada com 50-70 g / dia, incluindo fontes naturais, como frutas) mostraram melhoras comparáveis da linha de base na pressão sanguínea, lipídios, glicemia, resistência à insulina, ácido úrico, ICAM-1 (molécula-1 de adesão intercelular solúvel) e escores de qualidade de vida.89

(Observação: O Brasil produzia em 1961 cerca de 6.8 milhões de toneladas de frutas, e 33 milhões de toneladas em 2000 *, a população cresceu um pouco mais que o dobro no período, enquanto a produção aumentou 5x. É possível que a disponibilidade de frutas também possa interferir no acesso à frutose, além dos óbvios alimentos processados amplamente disponíveis atualmente, por isso a preocupação do dr Lustig com o consumo de certas frutas em pacientes com distúrbios metabólicos - a tabela de frutose em frutas já está nesse BLOG AQUI)

Os atuais níveis de consumo de açúcar e as diretrizes alimentares
Aproximadamente 300 anos atrás, os humanos tinham o consumo de apenas alguns quilos de açúcar por ano.90 Estimativas mais recentes sugerem a ingestão da população de qualquer local dos EUA  entre 35-70 quilos de açúcar por ano, 91 92 com 13% consumindo pelo menos 25% da sua ingestão calórica total com açúcar adicionado.63 Esse nível de consumo equivale a um consumo médio aproximado de açúcares de 24-47 colheres de chá (cerca de 100-200 g) por dia, com uma média diária de consumo de frutose 83,1 g. 63 A tabela 1 (itens alimentares do mercado norte americano, por exemplo uma garrafa de 600 ml de Coca-cola tem 65 g de açúcar) sugere como pode ser possível tal grande ingestão, mostrando alguns itens alimentares populares e as taxas de açúcar associadas a porções de consumo.93 Em um estudo com mais de 1000 adolescentes americanos (com idade entre 14-18), a ingestão média diária de açúcares adicionados foi de 389 g para os meninos e 276 g para as meninas, ou até 52% da ingestão do valor calórico total.90 O nível de ingestão implícito de frutose adicionada sob tais números (pelo menos 138 gramas diárias) é chocante, especialmente considerando que não há exigência fisiológica para adição de açúcar, ou particularmente de frutose, na dieta, portanto os potenciais danos da ingestão claramente superam qualquer benefício potencial.94
A American Heart Association (AHA) não faz recomendações específicas sobre a frutose, mas recomenda não mais do que seis colheres de chá de açúcar por dia para as mulheres, e não mais de nove colheres de chá de açúcar por dia para os homens.95 A OMS (Organização Mundial da Saúde) também não faz recomendações especiais sobre a frutose, mas recomenda que os açúcares adicionados não devem ser mais do que 10% de toda a nossa ingestão calórica diária, com uma proposta para reduzir esse nível ainda mais (para 5% ou menos) para saúde ideal.96 Em colheres de chá, a OMS aconselha não mais de 6-12 colheres de chá - por dia (com base em uma dieta de 2000 calorias por dia). Mesmo nos níveis mais elevados de tolerância, isto é apenas um pouco mais do que a quantidade de açúcar de uma única lata de Coca-Cola (cerca de 40 g de açúcar / 10 colher de chá). Preocupante é que uma garrafa de um litro de Coca-Cola (com 400 calorias) pode ser adequado para beber de acordo com as liberais recomendações do Institute of Medicine (IOM), que permitem que uma ingestão de açúcares adicionados alcancem até 25% das calorias totais diárias.97 Tal permissão é um problema. A adição de açúcar neste nível pode aumentar o risco de morte por doença cárdio vascular quase três vezes.62


Tabela 1
1 oz = aproximadamente 30 ml (29,57)


Outras orientações dietéticas não se concentram no açúcar, mas no sal. Por exemplo, as Diretrizes de Manejo de Estilo de Vida para Reduzir o Risco Cardiovascular  da Associação Americana de Cardiologia (AHA)/Colégio Americano de Cardiologia (ACC) de 2013 recomendam a redução da ingestão de sódio para 2400 mg / dia com nova redução para 1500 mg / dia, a fim de promover uma redução ótima da pressão.98 Tais restrições alimentares podem não resultar em um benefício, pode produzir danos, e pode desviar o foco dos demais cristais brancos de maior preocupação.99 O açúcar pode ser muito mais significativamente relacionado com a pressão arterial do que o sódio, como sugerido por uma maior magnitude de efeito com sua manipulação dietética.10 77 Não há menção no guia AHA / ACC de reduzir a ingestão de açúcares adicionados a um determinado nível, e esta omissão é preocupante. Ainda assim, como as fontes alimentares mais substanciais de sódio também são muitas vezes as fontes alimentares mais substanciais dos açúcares adicionados (ou seja, alimentos processados), conselhos para limitar o consumo de sódio poderiam coincidentemente resultar em menor consumo de açúcar também. Por isso mesmo as orientações alimentares potencialmente mal orientadas poderia fortuitamente resultar em um benefício.

CONCLUSÃO
As dietas ricas em açúcar pode contribuir substancialmente para a doença cardio-metabólica. Enquanto os açúcares naturais na forma de alimentos integrais como as frutas não são  preocupantes, há evidências epidemiológicas e experimentais que  sugerem que a adição de açúcares (particularmente aqueles projetados para serem ricos em frutose) são um problema e deve ser orientado de forma mais explícita, nas diretrizes alimentares para apoiar a saúde cardio-metabólica e em geral.
A adição de açúcares, provavelmente é de maior preocupação do que a de sódio na dieta para hipertensão, e a frutose, em particular, pode isoladamente aumentar o risco cardiovascular por incitar a disfunção metabólica e aumento da variabilidade da pressão arterial, a demanda de oxigênio pelo miocárdio, a frequência cardíaca e inflamação. Assim como a maioria do sódio na dieta não vem do saleiro, a maioria do açúcar da dieta não vem do açucareiro; reduzindo o consumo de açúcares adicionados, limitando os alimentos processados que os contenham, produzido pelas corporações poderia ser um bom ponto de partida. Na verdade, reduzir o consumo de alimentos processados seria compatível com as diretrizes já existentes que equivocadamente se concentram em cristais brancos de menor importância (sal).
As futuras orientações dietéticas devem defender a substituição dos alimentos processados altamente refinados (ou seja, aqueles provenientes das corporações) para alimentos naturais integrais (isto é, aqueles que vêm de fontes vegetais reais) e ser mais explicitamente restritiva na sua permissão para a adição de açúcares. A evidência é clara que mesmo doses moderadas de açúcar adicionado por curtos períodos de tempo pode causar danos substanciais. (O box 1- em inglês - fornece importantes resumos).

OBS.: Açúcar adicionado diz respeito a todo aditivo de alimentados processados, incluindo produtos mais triviais como yogurte adoçado, energéticos, etc.
Consumir esse tipo de alimento, obviamente, não cumpre os requisitos de comida de verdade, e deve ser evitado, ou consumido com grande cautela!

Uma interessante abordagem sobre a hipertensão pode ser vista AQUI:

Conheça um pouco mis sobre as ideias de Robert Lustig sobre a frutose AQUI

(*) Sobre a produção de frutas no Brasil LINK

Fonte:
http://openheart.bmj.com/content/1/1/e000167.full.pdf+html (com todas as referências bibliográficas)