terça-feira, 18 de março de 2014

Gordura Saturada não causa doença cardíaca

Gordura saturada não é causa de doença cardíaca diz novo estudo!


Foi publicado no Mail Online de hoje (18/03/14) uma notícia sobre um mega estudo conduzido pelo pesquisador Rajiv Chowdhury da Universidade de Cambridge, que analisou uma grande quantidade de dados e chegou a conclusão de que as diretrizes que levavam à restrição do consumo de gordura saturada para proteção de doença cardíaca  e estimulavam o consumo das gorduras poliinsaturadas como o óleo de girassol estavam ERRADAS.
Em contraste uma gordura do leite o ácido margárico (ou ácido heptadecanóico) está associado a redução do risco.
Esse estudo vem na crescente demanda para esclarecer o papel da gordura e do açúcar na dieta e suas relações com a obesidade e a doença cardiovascular. Demonizar a gordura foi a tônica dos últimos 40 anos. Mas isso está errado. O problema é o açúcar (ou mais amplamente os carboidratos).
O achado chave do estudo foi que o total de gordura saturada (seja mensurado na alimentação ou na corrente sanguínea) não tem associação com a doença cardíaca.
Este estudo não conseguiu encontrar evidências que dêem suporte a tradicional diretriz de consumir mais óleos poliinsaturados  e menos gordura saturada.
Já no ano passado o cardiologista britânico dr. Aseem Malhotra afirmava para o British Medical Journal, que estava na hora de destruir o mito de que a gordura saturada estava implicada na doença cardíaca, uma vez que isso era fruto de erros de interpretação científica.
Ontem ele afirmou que o foco na gordura saturada desviou a busca em grupos alimentares, como os alimentos processados, causadores das doenças crônicas da dieta ocidental.
Uma dieta pobre causa mais doença que a falta de atividade física, cigarro e álcool combinados.
Adicionalmente, não parece haver relação positiva entre consumo de suplementos para maioria das pessoas. O ideal é consumir comida de verdade.
O professor Jeremy Pearson da British Heart Foundation, afirma que a análise dos dados levam a conclusão de que um maior consumo de óleos poliinsaturados e um menor consumo de saturada não reduz o risco de doença cardíaca, mas acha que estudos clínicos ainda serão necessários para finalizar um julgamento.
A revisão de estudos em nutrição está na pauta científica recente, e as diretrizes anteriores já estavam sendo discutidas como mostrou nosso artigo anterior  de Edward Archer nesse mesmo blog.


Veja  a reportagem original aqui. 

domingo, 16 de março de 2014

Banha de porco é o segredo de uma senhora de 112 anos





Mulher de 112 anos diz que gordura de porco é o segredo da longevidade

Um artigo interessante saiu no site G1 de Piracicaba, fala sobre a dona Carolina Zambom Geraldi, que nasceu em 03 de junho de 1901. Na opinião dessa centenária, que parece bem de saúde, considerando sua idade excepcional, seu segredo é ter comido especialmente carne de porco, ovos (caipiras) e ter cozido tudo com banha.
Suas alegações espontâneas e politicamente incorretas são a demonstração de um estilo alimentar baseado em tradições que se mantinham no início do século XX, que não foi modificado pelos modernismos, uma vez que ela sempre morou em ambiente rural e só foi conhecer a energia elétrica com mais de 80 anos.
Provavelmente, muitos considerarão outros aspectos para justificar sua idade sui generis. Se ela dissesse que teriam sido frutas, legumes, estilo de vida ativo (sem academias ou corridas na beira de uma praia), ninguém iria questioná-la. Mas se ela estiver correta, a cultura social atual teria condições de aceitar suas percepções? 
Bem, independente de tudo ela está aí, com 112 anos. Uma espetacular vitória, conhecer sua metodologia é uma interessante experiência, que deve ser considerada e respeitada.

Eis o artigo na integra:

Mulher de 112 anos diz que gordura de porco é o 'segredo da longevidade'

Carolina Zambom Geraldin nasceu dia 3 de junho de 1901 em Piracicaba.
Idosa vive atualmente em sítio, com filho e nora.

A três meses de completar 113 anos, Carolina Zambom Geraldin credita o segredo da longevidade aos seus hábitos alimentares. E não é por comer frutas, verduras e legumes, não. Segundo a aposentada, que nasceu e viveu em Piracicaba (SP) durante toda a vida, a dieta cotidiana dela se baseou em carne de porco e ovos caipiras. Ela ainda usava a gordura dos suínos para cozinhar e dar um "sabor especial" aos alimentos.
Apesar das dificuldades de audição e visão, a idosa está com a saúde ótima, segundo a família. Ela mora com o filho e a nora em um sítio no bairro Santana, na zona rural do município. Carolina conta também com o carinho de um outro filho, sete netos, 13 bisnetos e dois tataranetos. Como uma verdadeira matriarca, ela se preocupa com cada um deles e ama estar cercada pelos familiares.
“Sempre que chega algum parente em casa, minha mãe fica perguntando se a pessoa já se alimentou e oferece comida. Atualmente, ela está um pouco esquecida e acaba perguntando várias vezes a mesma coisa”, contou o aposentado José Maximiano Geraldin, de 82 anos, filho de Carolina. José disse ainda que a mãe é querida por todos os vizinhos.História
Carolina nasceu no dia 3 de junho de 1901 na Fazenda Boa Vista, atualmente chamada de Santa Lavínia, área localizada entre as cidades de Piracicaba e Charqueada (SP). Durante toda a vida, sempre viveu em sítios e só foi ter uma casa com energia elétrica quando tinha mais de 80 anos de idade.
“Sempre moramos em fazenda. A nona viveu todo o momento de transição de plantação de café, algodão, arroz, feijão até a permanência da cana-de-açúcar. Antes de mudar para esta casa, ela morou em dois outros sítios. E somente neste aqui, há 25 anos, que ela teve luz elétrica na residência", disse a nora da idosa, Elza Bombache Geraldin, de 73 anos.
Os familiares contaram que o momento mais difícil da vida da idosa foi quando ela deixou a casa da sogra. “Há 74 anos passamos muita fome, a mãe e o pai não tinham nada. E começamos tudo do zero. Quando nos tornamos adolescentes, passamos ajudar. Foi quando as coisas melhoraram para nós”, disse José Maximiano.
Atividades na juventude
Além de trabalhar nas lavouras, Carolina costurava roupas para toda a família e só deixou o ofício quando ensinou a nora e esta assumiu o posto oficial de costureira. Na juventude, a centenária também atuou como benzedeira da comunidade. "Sou muito católica e sempre rezo o terço. Eu benzia crianças e adultos. E não era com ervas não. Usava brasa, costume típico da Itália”, relatou a nona.

domingo, 9 de março de 2014

Agricultura e os cereais - uma visão intrigante


Uma outra perspectiva sobre o consumo de cereais


Nesse verão estive lendo alguns livros, mas um em especial oferece reflexões interessantes.
Muitas pessoas dizem com confiança que se alimentam naturalmente com sua provisão habitual de arroz, trigo milho etc.
Mas isso pode estar muito longe da verdade.
Tom Standage em seu interessante “Uma história comestível da humanidade” começa seu livro com um visão intrigante sobre a agricultura.
Conceitualmente uma planta natural é aquela que existe independentemente da existência do homem. Mas isso não é o caso desses cereais.
Standage relata que a seleção que o homem fez dessas plantas, em particular no início da atividade agrícola, transformou as variedades menos aptas a existirem na vida silvestre como os exemplares que viriam a ser dominantes, atualmente,  no horizonte da paisagem monótona dos campos agrários. Como se tivéssemos selecionados anomalias inviáveis desses seres, e uma vez que o homem deixasse de existir, imediatamente elas sucumbiriam.
Ele explica detalhadamente esse cenário aparentemente fantástico para cada um desses grãos, em locais muito distantes do planeta. Eis uma parte de sua argumentação:
“Como o milho, o trigo e o arroz são cereais, e a diferença fundamental entre suas formas silvestres e cultivadas é que as variedades domesticadas são “inquebráveis”. Os grãos estão presos a um eixo central conhecido como raque. À medida que os grãos silvestres amadurecem, a raque torna-se frágil, de modo que se quebra, se despedaça ao ser tocada ou soprada pelo vento, espalhando os grãos como sementes. Isso faz sentido da perspectiva da planta, já que assegura que os grãos só se espalhem depois de maduros, mas é muito inconveniente do ponto de vista de seres humanos que desejam colhê-los.”
Assim a ação humana mudou o curso da natureza e favoreceu que as versões menos aptas fossem parte da base alimentar do homem neolítico.
A agricultura modifica enormemente a relação de forças na Terra, e cria uma situação particularmente inovadora: após mais de um milhão de anos os primatas humanos vão ter uma nova noção de relação como a natureza: a posse da Terra e o gerenciamento de alimentos como instrumento de poder. Emergem as sociedades hierarquizadas, onde porções do meio ambiente vão ter donos, e indivíduos iguais em fisiologia vão ter obrigações entre si que não existiam anteriormente. Os primeiros passos para magníficas modificações ambientais, guerras e opressões de todo o tipo, começam com a singela escolha de grãos alimentares. O homem ganha um papel inédito e potencialmente perverso com seus semelhantes, para com todos os demais seres vivos e o próprio planeta.
Standage argumenta que se a agricultura fosse alvo na atualidade, de um plebiscito, com todo o conhecimento que temos sobre suas apocalípticas consequências, o mais provável é que jamais seria aceita como forma de interagir com a natureza.
Agora já é tarde demais...
De qualquer forma é difícil afirmar entusiasticamente que quem come cereais como algo realmente natural, esteja realmente comendo naturalmente.




“Uma história comestível da humanidade.” - Autor: Tom Standage. Zahar 
editora (disponível em ebook)

Sugestão de leitura:
O pior engano da humanidade - é um artigo do site umaoutravisao que versa sobre a mesma perspectiva.


domingo, 23 de fevereiro de 2014

Bacon: outras perspectivas

E seguro comer bacon?

A dra. Kaayla Daniel, é PhD em nutrição, possui um excelente site nesse link.
Além de ser uma das diretoras do Farm-to-Consumer Legal Defense Fund (fundo de defesa para as relações diretas entre produtores agropastoris e consumidores nos EUA), é palestrante e tem um ótimo blog, onde costuma ter uma abordagem satírica e mordaz sobre alguns temas muito comuns na mídia de saúde, que no seu olhar são, pelo menos discutíveis, senão absolutamente infudados.
A tradução do seu artigo sobre o tema: E seguro comer bacon? pode ser acessado no link a seguir: (LINK)
Espero que também lhes pareça interessante.


Questões sobre a morte do Dr Atkins, o precursor das dietas ricas em gorduras


A morte de Atkins
Como o tema central do blog é a lipidofobia, o texto a seguir é muito importante, pois esclarece algumas questões sobre a morte do médico Robert Atkins, que há décadas se levantou contra a questão da restrição do consumo de gorduras, e trouxe a tona temas sobre saúde, que mais tarde se revelaram muito consistentes.

Como morreu o Dr. Atkins?
A verdade sobre a morte de Robert Atkins


Artigo de Laura Dolson, em About.com
Atualizado em 17 setembro, 2013

Anos depois de sua morte em 2003, o rumor de que o Dr. Robert Atkins "morreu de sua própria dieta" persiste. As mentiras sobre a sua morte são propagadas principalmente pelo grupo vegan de um Physicians Committee for Responsible Medicine (Comitê de Médicos para uma Medicina Responsável) e grupos e indivíduos relacionados. No entanto, mesmo a grande mídia não é inocente. Em março de 2007, a revista Newsweek publicou um artigo de opinião do Dr. Dean Ornish, que continha as mesmas inverdades, o que mais tarde foi retratado pela revista(*).
Aqui estão os fatos que consegui obter.
Quanto tempo o dr. Atkins se manteve em sua dieta?
Dr. Atkins era um cardiologista que desenvolveu a dieta com seu nome no início da década de 70, após tornar-se convencido de que um excesso de carboidratos estava tendo efeitos negativos na saúde e no peso de seus pacientes. Ele publicou seu primeiro livro, Dr. Atkins Diet Revolution, (A Dieta Revolucionária do dr. Atkins) em 1972, e por muito tempo ao longo dos anos seguintes, afirmava seguir o seu próprio plano alimentar. Ele era muito público, aparecendo na televisão muitas vezes e sendo muito fotografado. Em todas as descrições, ele era saudável e em boa forma por todo esse período.
Cardiomiopatia
Em 2000, o Dr. Atkins desenvolveu uma cardiomiopatia, uma doença cardíaca incurável que pode ter causas bem distintas. No seu caso se pensava ser de uma doença viral, e seu médico estabeleceu na época que não havia indicadores de que a sua alimentação tivesse contribuído para a doença. Foi relatado que suas artérias coronárias tinham sida examinadas na época, verificando-se estar livre de obstruções.
Uma cardiomiopatia faz com que uma pessoa tenha mais chance de uma pessoa ter um ataque cardíaco (parada cardíaca), o que aconteceu com ele dois anos depois. Mais uma vez, esse ataque cardíaco não foi teria relação com sua dieta. Seu cardiologista afirmou que (além da cardiomiopatia), Atkins tinha " um sistema cardiovascular extraordinariamente saudável".
Atkins estava acima do peso?
William Leith, um escritor que o entrevistou na época de sua crise cardíaca afirmou que "ele parece ter 1,82 m de altura e cerca de 90 kg - não magro, não franzino, mas definitivamente não parecia obeso." Um relato sobre o estado nutricional de Atkins afirmava que ele jogava tênis competitivo e que o seu peso era frequentemente aferido, e nos anos que antecederam a sua morte estava abaixo de 87 kg para 1,82 m de altura. E um relatório médico, no momento de sua admissão no hospital, que mais tarde foi tornado público por sua viúva, afirmava que ele tinha esse peso na admissão hospitalar.
A Morte de Atkins
Em 8 de abril de 2003, aos 72 anos, o Dr. Atkins escorregou no gelo enquanto caminhava para o trabalho, traumatizando sua cabeça o que causou sangramento em torno de seu cérebro. Ele perdeu a consciência no caminho para o hospital, onde passou duas semanas em tratamento intensivo. Seu corpo se deteriorou rapidamente e ele sofreu falência múltipla de órgãos. Durante este tempo, seu corpo aparentemente reteve uma enorme quantidade de líquidos, e seu peso na hora da morte foi registrada em 116 kg. Seu atestado de óbito afirma que a causa da morte foi "lesão por trauma encefálico com hematoma epidural".
Depois disso, um médico de Nebraska reconhecido por ser anti-Atkins, e associado ao Physicians Committee for Responsible Medicine, solicitou os registros médicos do Dr. Atkins, que não deveriam ter sido enviados, mas que equivocadamente o foram. O relatório do Exame Médico tinha uma nota escrita à mão afirmando que Atkins teve uma história de infarto do miocárdio (ataque cardíaco), insuficiência cardíaca congestiva e hipertensão (escrito "h/o MI, CHF, HTN"). A citada Comissão fez muito muito com isso e iniciou o boato de que Atkins tinha "morrido de sua própria dieta." Esses conceitos equivocados permanecem até hoje.
No ano seguinte a sua morte, sua viúva divulgou um relato onde ela chamou de "indivíduos sem escrúpulos " aqueles que se empenhavam em  espalhar mentiras sobre seu marido.
Aparentemente, esses indivíduos ainda estão sendo bem sucedidos.
(*) Em março de 2007, a revista Newsweek publicou uma correção dizendo: "Uma versão anterior desta história continha uma sucessão imprecisa de eventos que cercaram a morte do Dr. Robert Atkins. A Newsweek lamenta o erro."
Artigo original de About.com (LINK)



Questões sobre a pesquisa em nutrição

Uma preocupação com as pesquisas no campo da nutrição

O artigo a seguir é muito relevante, foi publicado no final do ano passado em uma publicação de muito respeito na comunidade científica internacional. Seguindo a linha de preocupação do autor, podemos facilmente chegar a conclusão de que nas últimas décadas, quase toda a informação sobre diretrizes alimentares para saúde das pessoas, em vigor atualmente,  pode estar baseada em dados equivocados e tendenciosos.

UM LOBO EM PELE DE CORDEIRO

A pesquisa em nutrição deve superar a metodologia pseudo científica e os interesses particulares para realizar progressos na luta contra a obesidade

Artigo de Edward Archer, de 22 de outubro de 2013,
para The Scientist.
Recentemente, eu fui o autor principal de um artigo que demonstrou que, após  40 anos e muitos milhões de dólares, a base de dados obtidos pelas avaliações nutricionais nos EUA foram inexoravelmente inúteis. Dentro dos domínios da pesquisa, certas constatações parecem ser formidáveis, contudo  na epidemiologia nutricional - o estudo do impacto da dieta sobre a saúde, (que será referida a seguir simplesmente como "nutrição"), estes resultados não passam de banalidades. Na verdade, há um grande corpo de evidências demonstrando que o sistemático erro nos relatos de ingestão de energia e de macronutrientes tornou os resultados e conclusões da grande maioria dos estudos em nutrição, financiados pelo governo federal,  inválidos.
Então, o que está acontecendo? É esse tipo de pesquisa mera pseudociência? E se assim for, como é que o governo federal continua a gastar bilhões de dólares dos contribuintes em estudos que não estão resultando em qualquer progresso demonstrável na luta da nossa nação contra a obesidade e diabetes?
Podemos estar testemunhando a confluência de dois componentes inerentes à condição humana: incompetência e interesses pessoais. A pesquisa em nutrição teve inúmeros fracassos colossais e dispendiosos. A lista de componentes dietéticos alegados para reduzir a doença cardiovascular (DCV), prevenir o declínio cognitivo , e / ou combater o câncer que mais tarde foram refutados por meio de ensaios clínicos é extensa. E, embora a natureza de auto-correção da ciência necessita de fracasso, a grande maioria das falhas da nutrição foram engendradas por uma completa falta de familiaridade com o método científico. Essa inaptidão é mais óbvia na confiança desse campo de pesquisas nos auto-relatos de hábitos alimentares. Tais informações, as quais os pesquisadores em nutrição atribuem valores calóricos numéricos, é repleto de preconceito, e sem a capacidade de corroborar ou invalidar os relatórios, tais dados devem ser considerados pseudocientíficos - fora da esfera da investigação científica.
 Além disso, a pesquisa em nutrição não consegue controlar aspectos bem conhecidos, suportados de forma empírica, e em muitos casos óbvios fatores deconfusão. Por exemplo, a Organização para a Alimentação e Agricultura das Nações Unidas (FAO) e Organização Mundial da Saúde (OMS) determinaram repetidamente que as necessidades humanas de energia dos alimentos devem ser estimadas utilizando o gasto energético total diário, onde a atividade física e o gasto energético basal são os principais determinantes dessa taxa. No entanto, as pesquisas de nutrição raramente medem qualquer forma de gasto energético ou quantifica a atividade física. Este fracasso levou a uma infinidade de resultados que são sugestivos de explicações múltiplas e muitas vezes divergentes, ofuscando assim o exame das relações dieta - saúde. Em nenhum lugar este fato fica mais evidente do que a incapacidade dessa área de responder a uma pergunta simples : O que devemos comer?
A responsabilidade por este infeliz estado de coisas repousa inequivocamente sobre os líderes de pesquisas em nutrição. Ao invés da formação dos estudantes de pós-graduação pelo método científico, e permitindo que sua pesquisa atenda às necessidades da sociedade, os líderes desse campo escolhem treinar seus pupilos para servir apenas as suas próprias necessidades profissionais, ou seja, para obter financiamento e publicação de suas pesquisas. Eu experimentei essas práticas pessoalmente quando fiz a transição de estudante para pesquisador assistente de pós-graduação e para pesquisador em parceria (research fellow), quando os colegas continuam a enfatizar que é assim que deve ser, para que eles não deixem de obter financiamento e "alimentar" os seus alunos de pós-graduação e familiares. Mas por não treinar mentes nos fundamentos da ciência e do ceticismo, o campo da nutrição tem promovido o uso de medidas que são tão profundamente dissonantes com os princípios científicos que eles nunca irão produzir uma conclusão definitiva. Com efeito, agora temos várias gerações de pesquisadores de nutrição que dominam a pesquisa federal em nutrição e do “peer review” desse trabalho, mas que não têm as habilidades do pensamento crítico necessárias para criticar ou realizar uma sólida investigação científica.
O evidente auto-interesse que está conduzindo a pesquisa neste campo não se limita a levantar alunos para apenas seguirem o rebanho. Os dados subjetivos gerados por estudos de nutrição mal formulados são também o veículo perfeito para perpetuar um ciclo interminável de descobertas ambíguas que levam cada vez a mais financiamento federal. Os Institutos Nacionais de Saúde gastaram cerca de 2,2 bilhões dólares em pesquisa de nutrição e obesidade no ano fiscal de 2012, sendo uma significativa proporção do que foi gasto em pesquisa utilizou os métodos pseudocientíficos descritos anteriormente. O fato de que os pesquisadores em nutrição já sabem há décadas que essas técnicas são inválidas implicam no reconhecimento de que esse campo vem cometendo uma fraude contra os contribuintes norte-americanos há mais de 40 anos, muito maior do que qualquer fraude perpetrada no setor privado (por exemplo, os escândalos da Enron e da Madoff).
Quando a retórica anti-ciência ocorre em um conselho escolar no Kansas lutando pelo criacionismo, podemos distrair nossas cabeças educadas num silencioso entreternimento, mas se várias gerações de pesquisadores de nutrição têm sido treinados para ignorar evidências em contrário, para continuar a escrever e receber subvenções, e manter a publicação de resultados ilusórios, a comunidade científica como um todo tem um grande problema de credibilidade. Talvez mais importante, ao desperdiçar finitos recursos de pesquisa em saúde em métodos pseudo-quantitativos e em seguida, tentar basear a política de saúde pública sobre esses "dados" anedóticos não é apenas inútil, é deliberadamente fraudulento.
A solução para este dilema é bastante simples: as agências de financiamento devem parar de financiar pesquisas de nutrição inconsistentes, e os editores de revistas de nutrição precisam parar de publicar esses resultados. Dada a imensa quantidade de dinheiro investido neste campo a cada ano, esse objetivo é muito mais fácil para o Estado do que um esforço de aperfeiçoamento. No entanto, a saúde da nossa nação depende da pesquisa em nutrição encontrar um cientista que possa dispersar os lobos e levar o rebanho dos excessivamente crédulos em nutrição para pastagens mais produtivas e políticas de saúde pública apoiadas empiricamente.

 Edward Archer é um pesquisador na Escola Arnold de Saúde Pública da Universidade da Carolina do Sul . Recentemente, ele foi co-autor de um artigo PLoS One sobre este tema.
Link do original:

 

Colesterol - aspectos preliminares



Curiosidades sobre o colesterol

A palavra colesterol carrega um estigma muito difícil de ser vencido. Ficou vulgarmente associado a “gordura nas veias do coração”, uma percepção grosseiramente equivocada, fomentada por mais de cinquenta anos de propaganda tendenciosa, para dizer o mínimo.
Vamos então lidar com alguns fatos sobre o colesterol.
Como poderíamos classificar um substância química que representa em número de elementos químicos da membrana celular quase 50% de sua composição? (Em termos de massa algo em torno de 20 a 22%). Sim, o colesterol é vital para a construção de cada uma de suas células. Sem ele se poderia dizer que não haveria células que viabilizariam a existência de um ser humano (ou qualquer ser vivo do reino animal). Isso naturalmente não é algo importante, se trata de algo vital!
Um aspecto muito interessante é que quase 25% do colesterol do corpo humano está no cérebro! A biossíntese do colesterol no cérebro é maior durante o seu desenvolvimento e requer rotas metabólicas intactas. Ele é necessário para que a mielinização seja efetuada. Mesmo depois do amadurecimento, após completada a fase de mielinização, o colesterol ainda é sintetizado pelo cérebro num local chamado de hipocampo, além de células da glia.
A gordura é tão importante para o sistema nervoso central, que uma doença grave como o Alzheimer pode ter relação com o aumento de substância amiloide sem lipídios (presença de substância amiloide depletada de lipoproteínas).
Como o colesterol é fundamental para formação celular, mielinização dos tecidos nervosos, formação de hormônios esteroides e de reguladores metabólicos, o colesterol é garantido pela mãe na vida fetal pelo transporte através da placenta, e após seu nascimento pelo leite materno. O leite tem mais de 50% de sua energia em gorduras (lipídios) e muito dessa energia é colesterol. Aliás, essa é uma das diferenças mais significativas com as fórmulas artificiais de alimentação para bebês.
Todos os esteroides são derivados do colesterol, o que inclui os hormônios sexuais: testosterona, progesterona e estradiol, além da aldosterona, dos corticoides endógenos, e da superimportante vitamina D.
Sem esquecer que o fígado é o maior produtor de colesterol, por mecanismos de feed back. Quanto maior a demanda corporal, ou menor a entrada pela alimentação, mais ele produz.
Bem, esse são alguns dos fatos sobre o colesterol.
Pense bem sobre isso antes de falar mal de um dos mais importantes substratos químicos do corpo humano.