segunda-feira, 17 de abril de 2017

Fundamentos da dieta low carb - Parte UM



CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DA DIETA LOW CARB

Recentemente uma publicação no British Journal of Sports Medicine fez uma oportuna revisão sobre tópicos da alimentação com redução de carboidratos, geralmente chamada de Dieta Low carb, ou LCHF – Low Carb High Fat. A maioria dos leitores do site lipidofobia já sabe que não se trata apenas de uma dieta, mas de um estilo de vida, onde o consumo restrito de hidratos de carbono é o principal pilar.
Já no resumo os autores citam algumas virtudes e características das dietas com redução de carboidratos e com alto teor de gordura (LCHF):
“...as concentrações de colesterol total e de colesterol LDL no sangue mostram uma resposta variável e altamente individual às dietas tipo LCHF, e devem ser monitorizadas em doentes que aderiram a esta dieta. Em contraste, as evidências disponíveis de estudos clínicos e pré-clínicos indicam que as dietas tipo LCHF melhoram consistentemente todos os outros marcadores como as concentrações elevadas de glicose no sangue, taxas elevadas de insulina, triglicerídeos, ApoB  (apolipoproteina B) e gordura saturada (especialmente ácido palmitoléico), e também os níveis de hemoglobina glicada (HbA1c), promove a redução da pressão arterial e do peso corporal, enquanto melhoram as baixas concentrações de colesterol HDL e reverte a doença hepática gordurosa não alcoólica - esteatose (NAFLD em inglês). Esta combinação particular de modificações favoráveis ​​a todos estes fatores de risco é um benefício exclusivo das dietas LCHF. Esses efeitos são provavelmente devidos em parte à fome reduzida e a diminuição da ingestão de calorias ad libitum comum a dietas de baixo teor de carboidratos, aliado a uma redução na hiperinsulinemia e reversão da esteatose.“
Os autores continuam afirmando que “embora as dietas de LCHF possam não ser adequadas para todos, as evidências disponíveis mostram que este plano de alimentação é uma opção dietética segura e eficaz a ser considerada. As dietas LCHF também podem ser particularmente benéficas em pacientes com dislipidemia aterogênica, resistência à insulina e a esteatose, fatos frequentemente associados”.
Definições

(De acordo com essa revisão, e amplamente utilizadas no meio low carb)
(...)
Embora as definições de dietas LCHF sejam diferentes, a definição de três faixas a seguir é a que foi usada nesta revisão:
• Dieta moderada em carboidratos (CHO) (26-45% de kcal diário)
• Dieta LCHF (<26% do consumo total de energia ou <130 g CHO / dia)
• Dieta LCHF extrema (cetogênica) (20-50 g de CHO / dia ou <10% de kcal diário de 2000 kcal / dia de dieta)
Pizza low carb sem uso de farinha 
Os autores ressaltam que “dietas reduzidas em carboidratos são aquelas que têm ingestão de carboidratos abaixo das recomendações das Diretrizes Americanas - Dietary Guidelines for Americans (DGA) (de 45-65% da ingestão total de energia). No entanto, são definidas como dietas LCHF (usado pelos autores) aquelas que restringem a ingestão de carboidratos a 130 g / dia ou menos. Muitas dietas LCHF (cetogênicas) podem induzir cetose em algumas pessoas. Embora as respostas individuais variarem, a cetose geralmente ocorre em pessoas que restringem sua ingestão de carboidratos abaixo de 20-50 g / dia com algum grau de restrição de proteína”.
E sobre a questão da quantidade de gordura cabe um esclarecimento: “Uma vez que o teor de hidratos de carbono da dieta é significativamente reduzido, a proporção relativa de energia derivada de proteína e gordura irá aumentar. Na prática, contudo, as dietas LCHF produzem tipicamente uma redução da fome 18, com o resultado de que o consumo calórico total do indivíduo irá diminuir normalmente na dieta de LCHF, por vezes de forma significativa. Portanto, embora a contribuição relativa da gordura para o consumo de energia alimentar possa aumentar, a ingestão de gordura absoluta pode não sofrer alteração. Como resultado, o termo dieta de "alto teor de gordura" pode ser enganoso. Assim, o termo baixo teor de carboidrato + gordura saudável é provavelmente mais apropriado. ”



Que alimentos são prescritos na dieta LCHF

Uma das perguntas mais comuns e preliminares quando falamos sobre dietas low carb é: o que se pode comer?. No entanto os autores desse resumo publicado começam pelo oposto. “As dietas LCHF são definidas pelo que "não" é comido, em vez do que é comido. Embora os detalhes podem variar dependendo do tipo específico de dietas LCHF (Atkins, Banting, Paleo, South Beach, etc), em cada um desses exemplos, há um foco consistente em comer alimentos não transformados, consistindo principalmente de crucíferas e vegetais de folhas verdes, nozes e sementes em estado natural, ovos, peixes, carnes de animais não processados, produtos lácteos e óleos vegetais naturais e gorduras de abacates, cocos e azeitonas. ” Quando falamos em alimentos não transformados, estamos tratando de alimentos sem processamento industrial, e consequentemente sem rótulos.

Cabe lembrar que a expressão “descasque mais e desembrulhe menos” pode ser utilizada como ponto de partida de outros estilos alimentares não necessariamente no design Low Carb. 

Fica mais exato dizer: comer alimentos de verdade com redução de carbos (algo como “true food – low carb”).  Na prática a restrição de fontes comuns de amidos pode ser uma das estratégias mais fáceis para introduzir uma alimentação com restrição de carboidratos. Por isso que os produtos à base de trigo estão mais sujeitos a serem retirados do cardápio, assim como o milho, a batata inglesa e o arroz. Não é preciso dizer que o açúcar está naturalmente descartado e os doces que o contém. Os óleos de origem vegetal, de sementes estão fora, porque são necessariamente industrializados (soja, canola, girassol, milho etc), e porque introduzem altos teores de ácidos graxos poli-insaturados tipo ômega-6. A gordura vegetal hidrogenada e a margarina pelos mesmos motivos.  Já lipídios de fontes como oliva, coco e abacate são plenamente permitidos, embora existam recomendações adicionais.

Vegetais podem ser amplamente utilizados no cardápio low carb

Uma lembrança extra sobre a questão de ser LOW CARB: “As dietas LCHF, mesmo que cetogênicas, não são dietas "SEM" carboidratos. Pois ao invés, todos são incentivados a uma alta ingestão de vegetais de folhas verdes, vegetais crucíferos e outros vegetais não-amiláceos com ingestão moderada de certas frutas (especialmente berries). A Tabela 1 fornece uma lista de alimentos recomendados em uma dieta "Banting", 19 um plano de alimentação bem popular de LCHF. Os planos de alimentação de LCHF promovem refeições como omeletes, saladas e proteínas animais, como bife, salmão ou frango com legumes”.19 Existem outros tipos de arquitetura alimentar com mais restrição de carboidratos e restrições mais amplas de vegetais, incluindo modelos com zero carboidrato ou zero alimentos de origem vegetal (no carbs diet, no plants food). 


Tabela 1
‘Lista verde’: alimentos recomendados na Dieta Banting (low-carbohydrate high-fat)
Proteína animal
Laticínios
Gorduras
Nozes e sementes
Vegetais
Ovos
Carnes
Aves
Carne silvestre
Frutos do mar
Queijo Cottage
Nata
Creme de leite integral Iogurte (Grego)
Queijos
Azeite (óleo de oliva) Abacate
Banha de coco
Óleo de Macadâmia
Amêndoas
Linhaça
Macadâmia Noz Pecan
Pinhão
Todos vegetais folhosos, crucíferas etc.
  • Adaptado, com permissão, de Noakes et al.19 Frutas também são recomendadas, mas em quantidade controlada baseado no conteúdo de carboidratos e nos níveis de resistência à insulina do paciente.
Sobre a quantidade e qualidade das frutas o site lipidofobia já tem essa publicação bastante esclarecedora nesse LINK.
No próximo artigo estaremos falando sobre as possíveis indicações clínicas e virtudes das alimentações com baixo teor de carboidratos.
O artigo original e as referências estão AQUI:

As fotos são de Vânia Torres (postadas originalmente no instragram)

Continua na Parte DOIS




quinta-feira, 13 de abril de 2017

Conexão revelada: a glicose e a doença de Alzheimer



Glicose e Doença de Alzheimer: Link Molecular é Revelado

Por Bruce B. Vanderburg  - 23 de fevereiro de 2017


O “ponto de inflexão” molecular que poderia explicar a relação entre a glicose e a doença de Alzheimer foi identificado por um grupo de pesquisadores britânicos. A equipe demonstrou que o excesso de glicose prejudica uma enzima vital envolvida com a resposta inflamatória nos estágios iniciais da doença de Alzheimer.
Já se sabe que níveis anormalmente elevados de glicose no sangue, ou hiperglicemia, é uma característica da diabetes e obesidade , mas a sua ligação com a doença de Alzheimer é menos familiar.
A doença de Alzheimer é uma condição na qual proteínas anormais se agregam para formar placas e emaranhados no cérebro, que, a seguir, progressivamente danificam o cérebro e levam a um grave declínio cognitivo. A doença de Alzheimer é atualmente a sexta principal causa de morte nos Estados Unidos.

FATOR INIBITÓRIO DE MIGRAÇÃO DE MACRÓFAGOS 

Professor Jean van den Elsen e
Dr Omar Kassar no laboratório
Ao investigar amostras cerebrais de pessoas com e sem Alzheimer, usando uma técnica sensível para detectar a glicação, a equipe de pesquisa descobriu que nos primeiros estágios da doença de Alzheimer a glicação danifica uma enzima chamada fator inibitório de migração de macrófagos (MIF), que desempenha um papel na resposta imune e regulação da insulina.
Os cientistas já sabiam que a glicose e seus produtos de metabolismo podem danificar proteínas em células através de uma reação chamada de glicação, mas a ligação molecular específica entre glicose e doença de Alzheimer não era compreendida.

O Professor Jean van den Elsen , da Universidade do Departamento de Biologia e Bioquímica Bath, explicou:

"Nós mostramos que esta enzima já está modificada pela glicose no cérebro de indivíduos em estágios iniciais da doença de Alzheimer. Estamos agora investigando se podemos detectar alterações semelhantes no sangue.
Normalmente a MIF seria parte da resposta imune à acumulação de proteínas anormais no cérebro, e pensamos que uma vez que os danos da glicose reduz algumas funções da MIF e inibe completamente outras, isso poderia ser um ponto de inflexão que permite o mal de Alzheimer se desenvolver."

A MIF está envolvida na resposta das células do cérebro chamadas células gliais contra a acumulação de proteínas anormais no cérebro durante a doença de Alzheimer, e os investigadores acreditam que a inibição e redução de atividade de MIF causada pela glicação poderia ser o 'ponto de viragem' na progressão da doença. Parece que, à medida que o Alzheimer progride, aumenta a glicação destas enzimas.

Globalmente, existem cerca de 50 milhões de pessoas com a doença de Alzheimer, e este número deverá aumentar para mais de 125 milhões em 2050. O custo social global da doença cresce para as centenas de bilhões de dólares uma vez que os pacientes além dos cuidados médicos exigem cuidados sociais devido aos prejuízos cognitivos da doença.

O estudo foi financiado pelo Dunhill Medical Trust.

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O que é glicação?

Glicação é o processo de soma entre uma proteína e um carboidrato, tal qual a glicose, sem a ação controladora de uma enzima. É a principal causa de doenças clínicas vasculares em pacientes diabéticos. A glicação aumentada de proteínas no cristalino pode causar o desenvolvimento de catarata, por exemplo.


Scientific Reports 7, artigo número: 42.874 (2017) doi: 10.1038 / srep42874

Link do original: AQUI

sexta-feira, 24 de março de 2017

Números que mostram riscos




Mias um artigo divulgado da mídia popular (jornal britânico Mirror) relaciona a gordura abdominal com o risco de câncer. Já é bem reconhecido que esse fato tem relação com as taxas de insulina e consumo de carboidratos. Embora não esteja citado no artigo a seguir, os leitores do site lipidofobia serão capazes de fazer a leitura do cenário maior que envolvem os números relatados a seguir.

NÚMEROS DE RISCO


Mulheres que têm maior proporção de cintura em relação com o  quadril aumentam risco de câncer em 21%

As mulheres que têm uma relação cintura-quadril mais alta enfrentam um risco aumentado de câncer no útero , sugere um estudo.

Os pesquisadores descobriram que, para cada 0,1 unidade de aumento na proporção entre a cintura e quadril, o risco de contrair a doença saltou em 21%. (Veja no final a tabela dos números de relação cintura / quadril por sexo e idade)

Cerca de 10.000 mulheres são diagnosticadas com a doença - também chamado de câncer de endométrio - todos os anos no Reino Unido.

Especialistas do World Cancer Research Fund (WCRF), que financiou parcialmente o estudo, disseram que os resultados mostraram uma forte relação entre câncer e peso extra ao redor da cintura.

As mulheres podem trabalhar para fora sua cintura para proporção quadril, dividindo sua circunferência da cintura por sua medida do quadril.

Uma mulher com uma proporção prévia de 0,7 e que tem um aumento para 0,8 teria um 21% maior risco de desenvolver câncer de útero, o estudo sugere. Um aumento adicional de 0,1 aumentaria esse risco ainda mais.

A razão (cintura/quadril) acima de 0,85 para as mulheres ou 0,90 para os homens é um sinal de obesidade.
O WCRF estima que cerca de 25.000 casos de câncer poderiam ser evitados todos os anos no Reino Unido, se as pessoas mantivessem um peso saudável.

Prof Konstantinos Tsilidis, do Imperial College London, afirma: "Estes resultados demonstram quão importante é para as mulheres se esforçarem pela manutenção de um peso saudável, a fim de reduzir o risco de câncer.

"Mais evidências sobre as associações entre gordura corporal e diferentes tipos de câncer poderiam permitir que os indivíduos sejam alvo de intervenções personalizadas de prevenção do câncer, como programas de perda de peso".

"Sabemos que o peso extra em torno da cintura aumenta o risco de uma série de condições de saúde, como a diabetes, mas este importante estudo está ajudando-nos a clarear de que foram a gordura corporal em torno da cintura pode afetar no risco de câncer", disse o pesquisador Panagiota Mitrou, diretor de pesquisa do WCRF.

"É extremamente importante que as pessoas estejam conscientes dos perigos do excesso de gordura corporal, particularmente em torno de sua cintura.

"Depois de não fumar, manter um peso saudável é a melhor coisa que as pessoas podem fazer para ajudar a prevenir o câncer".

O estudo, publicado no British Medical Journal , também encontrou associações entre a relação cintura / quadril com o câncer de intestino e de pâncreas, embora estas (associações) não sejam tão fortes.


LINK do Original: AQUI

Material extra: (Clique para ampliar)




quarta-feira, 15 de março de 2017

O perigo dos óleos vegetais



Um dos mais expressivos nomes da medicina mundial é o cardiologista Aseem Malhotra, que tem um marcante trabalho no campo da nutrição relacionada a saúde cardio vascular. Ativista, está em plena campanha contra o consumo de alimentos que possam ser prejudiciais a saúde como o açúcar, carboidratos simples, e óleos vegetais industrializados. O breve artigo a seguir, na verdade um conselho pessoal, é mais uma de suas recentes divulgações na mídia de temas médicos.

A tóxica verdade sobre os óleos vegetais

Publicado em 04/03/2017

Título do original:

The toxic truth about vegetable oil


Quando eu vou ao meu restaurante indiano local, sempre peço ao garçom para garantir que meu frango jalfrezi, o espinafre com curry e a lentilha daal sejam preparados em ghee, e não em óleo vegetal. Atualmente eles me conhecem, então não fico mais aborrecido ou desconfiado. Isso me ajuda a dar uma dica generosa. Mas que vale a pena. Como um cardiologista que tem foco na obesidade e na saúde do coração, não existe nenhuma forma de que possa colocar a minha saúde em risco por consumir os venenosos compostos que são criados quando os óleos vegetais são cozidos em fogo forte. Infelizmente, os amantes do curry no Reino Unido e a grande maioria dos indianos subcontinentais estão fazendo exatamente isso - eles abandonaram a tradicional ghee (uma espécie de manteiga clarificada) em troca dos óleos vegetais "mais saudáveis". O resultado desta tendência tem sido desastroso - impulsionando para taxas mais altas de doenças cardíacas, diabetes tipo 2 e câncer.
Atualmente estudos mostram que o óleo de girassol, o óleo de milho e outros óleos vegetais são instáveis ​​a alta temperatura e rapidamente se decompõem a um aldeído tóxico que está ligado a um elevado risco de desenvolver câncer, entre outras coisas. Um estudo recente mostrou que cozinhar em óleo vegetal por apenas 20 minutos, produziu 20 vezes os níveis permitidos de aldeído recomendado como limite máximo pela Organização Mundial da Saúde. Quando eu vejo alguém que de outra forma é saudável fritando uma saudável couve e tofu em óleo de girassol, eu me desespero como boas intenções podem dar tão erradas.
Durante anos, pensamos que os óleos vegetais, incluindo óleo de girassol e óleo de milho, eram melhores do que manteiga e gorduras de origem animal. Mas a maré da opinião mudou e as mais recentes evidências científicas revelam que os produtos lácteos realmente protegem contra doenças cardíacas e diabetes tipo 2. Infelizmente, a notícia chegou tarde demais para os milhões de pessoas que agora evitam o leite integral e a manteiga, porque acreditam que são ruins para elas.
Atualmente eu sempre aconselho meus pacientes para efetivamente evitarem comer quaisquer óleos vegetais industriais. O azeite virgem extra prensado a frio, no entanto, irá proteger o seu coração e dar-lhe um impulso adicional quando se trata dos antioxidantes que ajudam a limpar os radicais livres prejudiciais no sangue. Mas a grande maioria dos óleos vegetais não vai ajudar, apesar das afirmações de que eles ajudam a reduzir o colesterol. Uma análise recente do BMJ (Jornal Britânico de Medicina) descobriu que, mesmo se os níveis de colesterol diminuírem em uma dieta com margarinas de óleo vegetal, não existe nenhum benefício decisivo para a saúde cardíaca mas sim uma tendência mais preocupante para o aumento do risco de morte.
Então, minha mensagem é adicionar seu azeite prensado a frio em seu pepperoni para a (saudável) satisfação do coração, mas ficar com a manteiga (e a ghee) quando você quer criar uma crepitante iguaria frita.

Dr. Aseem Malhotra


Link do original AQUI

Sobre o autor:
Dr. Aseem Malhotra é um cardiologista consultor sendo um destacado ativista que aponta os danos da alimentação relacionados com doenças e um defensor para uma maior transparência na medicina. Ele é um conselheiro do National Obesity Forum e membro do conselho de curadores do Health Think Tank, do The King's Fund. Este ano ele foi nomeado no Debretts 500 em uma lista de 19 das pessoas mais influentes em ciência e medicina na Grã-Bretanha.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Enxaqueca e níveis de insulina - um aspecto a ser considerado





ENXAQUECA E CARBOIDRATOS 

Artigo do Site InsulinIQ
Autor: Ben Bikman

Mais comum do que a maioria dos outros distúrbios neurológicos, as enxaquecas afetam aproximadamente 18% dos adultos nos Estados Unidos. Um estudo com mulheres de meia-idade descobriu que a resistência à insulina está associada a uma probabilidade duas vezes maior de experimentar regularmente uma enxaqueca [1].
Um estudo separado em homens e mulheres descobriu que os níveis de insulina foram significativamente maiores em pessoas que experimentam enxaquecas em comparação com controles sem enxaqueca [2].

A conexão da dieta / enxaqueca
Apesar de sua associação com a resistência à insulina, muito poucos pesquisadores têm procurado determinar se a restrição de carboidratos é eficaz no tratamento de dores de cabeça da enxaqueca e a evidência limitada que suporta o papel das dietas cetogênicas na terapia de enxaqueca faz parecer uma questão secundária.
Por exemplo, um estudo relata que duas irmãs, que, em um esforço para perder peso, adotaram uma dieta com restrição de carboidratos e rica em gordura [3]. No entanto, ambas as irmãs relataram freqüentemente sofreiam de enxaquecas severas (5-7 por mês, mais de 72 horas, muitas vezes acompanhadas de vômitos) e, com a adesão à dieta, as enxaquecas se resolveram. No entanto, as enxaquecas retornaram quando a dieta foi interrompida.

O que é importante, é que esta conexão dieta-enxaqueca ocorreu independentemente da perda de peso, que por si só é reconhecida por ajudar a reduzir a severidade da enxaqueca [4].
Além disso, um estudo de caso interessante relatou a experiência da esposa de um médico que tinha experimentado enxaquecas desde a infância. Por razões alheias a suas dores de cabeça, ela começou uma dieta rica em gorduras, com controle de carboidratos e notou a resolução quase imediata de suas enxaquecas [5].
.
Nova informação?
Isso parece uma nova informação? Deveria ser. É por isso que você nunca ouviu nisso antes, certo? Incrivelmente, há relatos publicados de 1928 [6] e outro relatório maior de 1930 [7] das melhorias na enxaqueca em dietas com restrição de "carbos", mas ricas em gordura!
Independente de sua aderência estrita a uma dieta de baixo teor de carboidratos, e alto teor de gordura, ainda pode ser de grande valor um consumo criterioso de carboidratos. As pessoas com resistência à insulina que experimentam dores de cabeça por enxaqueca (lembre-se - você pode não saber que é resistente à insulina) têm uma melhora de 75% na freqüência e gravidade da enxaqueca simplesmente restringindo o carboidrato em sua alimentação.
Dê a seu cérebro uma oportunidade de descanso controlando sua insulina. Você não tem ideia de quanto isso pode ajudá-lo até que você faça essa experiência!



Link do original: AQUI

Referências:

1. Fava A, Pirritano D, Consoli D, Plastino M, Casalinuovo F, Cristofaro S, Colica C, Ermio C, De Bartolo M, Opipari C, et al: Chronic migraine in women is associated with insulin resistance: a cross-sectional study. European journal of neurology : the official journal of the European Federation of Neurological Societies 2014, 21:267-272.
  2. Cavestro C, Rosatello A, Micca G, Ravotto M, Marino MP, Asteggiano G, Beghi E: Insulin metabolism is altered in migraineurs: a new pathogenic mechanism for migraine? Headache 2007, 47:1436-1442.
  3. Di Lorenzo C, Curra A, Sirianni G, Coppola G, Bracaglia M, Cardillo A, De Nardis L, Pierelli F: Diet transiently improves migraine in two twin sisters: possible role of ketogenesis? Funct Neurol 2013, 28:305-308.
  4. Bond DS, O’Leary KC, Thomas JG, Lipton RB, Papandonatos GD, Roth J, Rathier L, Daniello R, Wing RR: Can weight loss improve migraine headaches in obese women? Rationale and design of the Women’s Health and Migraine (WHAM) randomized controlled trial. Contemp Clin Trials 2013, 35:133-144.
  5. Strahlman RS: Can ketosis help migraine sufferers? A case report. Headache 2006, 46:182.
  6. Schnabel TG: An Experience with a Ketogenic Dietary in Migraine. Annals of internal medicine 1928, 2:341-347.
  7. Barborka CJ: Migraine: Results of Treatments by Ketogenic Diet in Fifty Cases. Journal of the American Medical Association 1930, 95:1825-1828.
  8. Dexter JD, Roberts J, Byer JA: The five hour glucose tolerance test and effect of low sucrose diet in migraine. Headache 1978, 18:91-94.

quarta-feira, 1 de março de 2017

Obesidade e câncer - uma associação de peso




OBESIDADE ASSOCIADA A VÁRIOS TIPO DE CÂNCER

Esse artigo foi publicado hoje em site de ciência, sem ligação com o universo low carb. Mas os enunciados já são conhecidos. Em um artigo anterior AQUI já tinha sido listado pelo menos 6 tipos de cânceres fortemente relacionados com a insulina elevada, relevante marcador associado ao sobrepeso, a saber: cólon, mama, ovário, bexiga, pâncreas e fígado. A revisão publicada a seguir parece confirmar  a revisão já citada. Vamos ver o artigo do site ReliaWire.

Múltiplos tipos de câncer têm ligação com a obesidade, diz a evidência por Bruce B. Vanderburg  

Publicado originalmente em 01 de março de 2017

O risco para um grande número de cânceres pode ser aumentado pelo excesso de peso, é o que pesquisadores advertem após uma revisão abrangente de mais de 200 estudos. Os tipos de câncer consistem principalmente daqueles relacionados a órgãos digestivos e malignidades relacionadas aos hormônios, incluindo os de cólon , mama, pâncreas e ovário.

As associações entre obesidade e outros tipos de câncer também podem existir, mas a incerteza significativa permanece devido à fraca qualidade das comproções, de acordo com a equipe internacional de pesquisadores, liderada por Maria Kyrgiou e Kostas Tsilidis do Imperial College London.

A equipe está procurando mais pesquisas porque evidências da força das associações entre obesidade e câncer podem permitir uma seleção mais aprimorada das pessoas com alto risco, que poderiam ser selecionadas para estratégias de prevenção primária e secundária personalizadas.

OBESIDADE E CÂNCER

Estudos anteriores suportam a associação entre a obesidade e alguns tipos de câncer, mas alguns podem apresentar falhas ou equívocos devido à fragilidade do desenho e processo do estudo. O câncer é uma das principais causas de morte em todo o mundo, e a prevalência de obesidade mais do que duplicou nos últimos 40 anos.

Os pesquisadores, portanto, conduziram uma revisão abrangente de estudos sobre obesidade e risco de desenvolvimento de câncer.

Após uma pesquisa bibliográfica, se identificaram 204 estudos em 49 publicações que analisaram as medidas de obesidade, como o índice de massa corporal (IMC), ganho de peso e circunferência da cintura, e 36 tipos de câncer e seus subtipos.

Dos 95 estudos que incluíram medidas de obesidade contínua, apenas 13% das associações foram apoiadas por fortes evidências, o que significa que esses estudos tiveram resultados estatisticamente significativos e nenhuma sugestão de viés.

As associações fortes foram encontradas em estudos que examinaram o IMC com risco de câncer de esôfago, medula óssea e cólon (nos homens), retal (nos homens), sistema biliar, pancreático, endometrial (em mulheres pré-menopausa) e rim.

"Embora alguns detalhes permaneçam a necessitar ser melhor examinados, a conclusão inevitável destes dados é que a prevenção de excesso de peso em adultos pode reduzir o risco de câncer. Além disso, evidências emergentes sugerem que o excesso de gordura corporal no início da vida também tem um efeito adverso sobre o risco de câncer na idade adulta, "

Quem escreveu foi Yikyung Park e Graham A Colditz em um editorial do BJM (disponibilizado aqui - em inglês).

REVISÃO DO GRUPO DE DADOS DE OBSERVAÇÃO

A análise envolveu uma revisão geral de estudos que utilizaram dados observacionais, o que é útil para reunir evidências. No entanto, não é possível tirar conclusões firmes sobre a causa e efeito quando se analisam os estudos observacionais.

O risco de desenvolver câncer para cada 5 kg de aumento no IMC variou de 9% para o câncer colorretal entre os homens, a 56% para o câncer do sistema biliar.

O risco de câncer de mama pós-menopausa entre as mulheres que nunca usaram terapia de reposição hormonal aumentou 11% para cada 5 kg de ganho de peso. O risco de câncer de endométrio aumentou em 21% para cada aumento de 0,1 na relação cintura / quadril.

Cinco associações adicionais foram apoiadas por fortes evidências quando medidas categóricas de obesidade foram utilizadas. Estes incluíram ganho de peso com risco de câncer colorretal e IMC com risco de câncer de vesícula biliar, cárdia gástrica (cárdia é o nome dado à região de transição entre o esôfago inferior e o estômagoe ovário e mortalidade por mieloma múltiplo.

Outros estudos foram avaliados com evidências altamente sugestivas (18%), sugestivas (25%) e fracas (20%) e 25% não tinham evidências de associação.

(Fonte: Kyrgiou Maria, Kalliala Ilkka, Markozannes Georgios, Gunter Marc J, Paraskevaidis Evangelos, Gabra Hani et ai. 
Obesidade e câncer nos principais locais anatômicos: revisão geral da literatura
BMJ 2017; 356: j477)



Link do original AQUI 

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Uma maravilha acidental - a manteiga



A história da manteiga

Espalhe a palavra: A manteiga tem um passado épico

Publicado em 24 de fevereiro de 2017
Por NICOLE JANKOWSKI

(Seção Comidas para o pensamento do site NPR)


Entre as colinas da África antiga, em torno de 8000 aC, um viajante empoeirado estava construindo a história gastronômica, por acaso.

Sedento em uma longa e ardente jornada, o cansado pastor alcançou o saco de leite de ovelha amarrado nas costas de seu animal de carga. Mas, quando ele inclinou a cabeça para derramar o líquido quente em sua boca, ficou admirado ao descobrir que o leite de ovelha tinha coalhado. O terreno áspero e o constante trote transformou o leite em manteiga - e surpreendentemente, se saboreou sublime.

Isso foi provavelmente o que aconteceu, como a autora Elaine Khosrova explica em seu novo livro, Manteiga: Uma rica história (Butter: A Rich History). De um feliz acidente da era neolítica até a inspiração para protestos estudantis pelo principal ingrediente do cardápio universitário, a manteiga teve uma longo percurso pelos últimos 10.000 anos.

Manteiga - Uma história rica
De Elaine Khosrova - Capa dura, 344 páginas
A história da manteiga, diz Khosrova, é um roteiro histórico da humanidade. "Eu senti como se eu tivesse descoberto uma história épica que muito poucas pessoas tinham prestado atenção", ela diz à NPR.

A manteiga apareceu no mundo logo após a domesticação dos animais, embora os primeiros lotes primitivos mal se assemelhasse aos tabletes que se assentam em sua prateleira da geladeira. Em vez de vacas, ela escreve, a manteiga primitiva veio do leite de iaques, ovelhas e cabras - as primeiras "bestas" domesticadas por nossos antepassados.

E mesmo que os arqueólogos tenham desenterrado uma tabuleta de pedra calcária de 4500 anos retratando o inicio da fabricação da manteiga, não está claro exatamente como nossos antepassados ​​mudaram de uma "descoberta acidental" para a fabricação intencional. Khosrova escreve que, depois de tentativa e erro, as civilizações antigas provavelmente perceberam que se removessem a "algibeira de leite do dorso do animal e a pendurassem como um berço em um galho de árvore", ela poderia ser deliberadamente "agitada" até suntuosos conteúdos dourados. De acordo com Khosrova, as comunidades isoladas no norte da África e no Oriente Médio ainda fazem a sua manteiga desta forma.

À medida que a manteiga se espalhou, adquiriu novos usos e significados. Os antigos romanos associavam-na ao barbarismo, preferindo muito mais colocar abundantemente o azeite local em seu pão, em vez de recorrer à comida de seus inimigos, o exército marujo da Gália. Mas eles apreciaram a manteiga por suas "propriedades curativas", diz Khosrova. Os romanos usavam manteiga para fins cosméticos e também como um bálsamo de cura, muitas vezes passando minúsculas porções entre aplicações em suas feridas.

Elaine Khosrova
Talvez o mais surpreendente seja a história do passado sagrado e sobrenatural da manteiga. Para muitas civilizações antigas, o mistério inexplicável por trás da transformação do leite em manteiga fazia-se parecer mágico. "Parecia um evento maravilhoso", diz Khosrova.

Antigos sumérios ofereceram presentes de manteiga no templo em honra da "poderosa deusa da fertilidade Inanna, protetora das estações e da colheita", escreve ela.

As descobertas recentes na Irlanda da antiga manteiga de baga - baldes de madeira carregados com manteiga e escondido em extensões de pântano musgoso - remontam ao ano 400 aC. Essas provisões há muito perdidas foram provavelmente enterradas pelos primeiros celtas, que sabiam que as terras úmidas irlandesas preservariam a sua objetos, mantendo-os comestíveis para tempos mais difíceis. Mas Khosrova também escreve que a antiga manteiga de pântano era provavelmente apresentada aos deuses pagãos, como uma forma de apaziguar as "fadas" místicas que alternadamente aterrorizavam e admiravam os camponeses.

Mesmo o primeiro protesto estudantil documentado na história americana está ligado à manteiga. A Grande Rebelião da Manteiga da Universidade de Harvard de 1766 começou após uma refeição contendo manteiga particularmente rançosa foi servida aos alunos, que (não muito diferente dos modernos frequentadores da faculdade) ficaram frustrados com o estado dos alimentos na sala de jantar. Como relatado em The Harvard Crimson, Asa Dunbar (que mais tarde se tornaria o avô de Henry David Thoreau), incitou o corpo estudantil em ação pulando em sua cadeira, gritando: "Eis que a nossa manteiga fede, deem-nos, pois, manteiga que não fede! "

Após ter sido evitada por receio de nos deixar com excesso de peso, a manteiga está agora fazendo um vigoroso regresso, com variações artesanais em abundância. E através da produção de pequenos lotes e experimentação, os produtores voltaram a tradições pitorescas, como a agitação-lenta e embalagem manual, para recapturar sabores simples e gerou novos.

Como Khosrova tem amostras de manteiga de todo o mundo, ela diz que tem se espantado com a forma como um alimento com apenas um ingrediente poderia produzir tantas "nuances diversas de sabores, texturas e cores".

Como isso acontece é um mistério que surpreendeu e confundiu a humanidade por séculos. A história da manteiga é humilde e maravilhosa. Com um simples lote de leite e um pouco de criatividade, nasce um delicioso e mágico alimento dourado.


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