CARACTERÍSTICAS BÁSICAS
DA DIETA LOW CARB
Recentemente uma publicação no British Journal of Sports
Medicine fez uma oportuna revisão sobre tópicos da alimentação com redução de
carboidratos, geralmente chamada de Dieta Low carb, ou LCHF – Low Carb High
Fat. A maioria dos leitores do site lipidofobia já sabe que não se trata apenas
de uma dieta, mas de um estilo de vida, onde o consumo restrito de hidratos de
carbono é o principal pilar.
Já no resumo os autores citam algumas virtudes e características das dietas com redução de carboidratos e com alto teor de gordura (LCHF):
“...as concentrações de colesterol total e de colesterol LDL no sangue mostram uma resposta variável e altamente individual às dietas
tipo LCHF, e devem ser monitorizadas em doentes que aderiram a esta dieta. Em
contraste, as evidências disponíveis de estudos clínicos e pré-clínicos indicam
que as dietas tipo LCHF melhoram consistentemente todos os outros marcadores como
as concentrações elevadas de glicose no sangue, taxas elevadas de insulina,
triglicerídeos, ApoB (apolipoproteina B)
e gordura saturada (especialmente ácido palmitoléico), e também os níveis de hemoglobina
glicada (HbA1c), promove a redução da pressão arterial e do peso corporal, enquanto melhoram
as baixas concentrações de colesterol HDL e reverte a doença hepática
gordurosa não alcoólica - esteatose (NAFLD em inglês). Esta combinação particular de modificações
favoráveis a todos estes fatores de risco é um benefício exclusivo das
dietas LCHF. Esses efeitos são provavelmente devidos em parte à fome reduzida e a diminuição da ingestão de calorias ad
libitum comum a dietas de baixo teor de carboidratos, aliado a uma redução
na hiperinsulinemia e reversão da esteatose.“
Os autores continuam afirmando que “embora as dietas de LCHF
possam não ser adequadas para todos, as evidências disponíveis mostram que este
plano de alimentação é uma opção dietética segura e eficaz a ser considerada.
As dietas LCHF também podem ser particularmente benéficas em pacientes com
dislipidemia aterogênica, resistência à insulina e a esteatose, fatos frequentemente
associados”.
Definições
(De acordo com essa revisão, e amplamente utilizadas no meio
low carb)
(...)
Embora as definições de dietas LCHF sejam diferentes, a
definição de três faixas a seguir é a que foi usada nesta revisão:
• Dieta moderada em carboidratos (CHO) (26-45% de kcal
diário)
• Dieta LCHF (<26% do consumo total de energia ou <130
g CHO / dia)
• Dieta LCHF extrema (cetogênica) (20-50 g de CHO / dia ou
<10% de kcal diário de 2000 kcal / dia de dieta)
![]() |
Pizza low carb sem uso de farinha |
Os autores ressaltam que “dietas reduzidas em carboidratos
são aquelas que têm ingestão de carboidratos abaixo das recomendações das
Diretrizes Americanas - Dietary
Guidelines for Americans (DGA) (de 45-65% da ingestão total de energia). No
entanto, são definidas como dietas LCHF (usado pelos autores) aquelas que
restringem a ingestão de carboidratos a 130 g / dia ou menos. Muitas dietas
LCHF (cetogênicas) podem induzir cetose em algumas pessoas. Embora as respostas
individuais variarem, a cetose geralmente ocorre em pessoas que restringem sua
ingestão de carboidratos abaixo de 20-50 g / dia com algum grau de restrição de
proteína”.
E sobre a questão da quantidade de gordura cabe um
esclarecimento: “Uma vez que o teor de hidratos de carbono da dieta é
significativamente reduzido, a proporção relativa de energia derivada de
proteína e gordura irá aumentar. Na prática, contudo, as dietas LCHF
produzem tipicamente uma redução da fome 18, com o resultado de que
o consumo calórico total do indivíduo irá diminuir normalmente na dieta de
LCHF, por vezes de forma significativa. Portanto, embora a contribuição relativa
da gordura para o consumo de energia alimentar possa aumentar, a ingestão de
gordura absoluta pode não sofrer alteração. Como resultado, o termo dieta de "alto
teor de gordura" pode ser enganoso. Assim, o termo baixo teor de carboidrato +
gordura saudável é provavelmente mais apropriado. ”
Que alimentos são
prescritos na dieta LCHF
Uma das perguntas mais comuns e preliminares quando falamos
sobre dietas low carb é: o que se pode comer?. No entanto os autores desse resumo
publicado começam pelo oposto. “As dietas LCHF são definidas pelo que "não"
é comido, em vez do que é comido. Embora os detalhes podem variar dependendo do
tipo específico de dietas LCHF (Atkins,
Banting, Paleo, South Beach, etc), em cada um desses exemplos, há um foco
consistente em comer alimentos não transformados, consistindo principalmente de
crucíferas e vegetais de folhas verdes, nozes e sementes em estado natural,
ovos, peixes, carnes de animais não processados, produtos lácteos e óleos
vegetais naturais e gorduras de abacates, cocos e azeitonas. ” Quando falamos
em alimentos não transformados, estamos tratando de alimentos sem processamento
industrial, e consequentemente sem rótulos.
Fica mais exato dizer: comer
alimentos de verdade com redução de carbos (algo
como “true food – low carb”). Na
prática a restrição de fontes comuns de amidos pode ser uma das estratégias
mais fáceis para introduzir uma alimentação com restrição de carboidratos.
Por isso que os produtos à base de trigo estão mais sujeitos a serem retirados
do cardápio, assim como o milho, a batata inglesa e o arroz. Não é preciso
dizer que o açúcar está naturalmente descartado e os doces que o contém. Os
óleos de origem vegetal, de sementes estão fora, porque são necessariamente
industrializados (soja, canola, girassol, milho etc), e porque introduzem altos
teores de ácidos graxos poli-insaturados tipo ômega-6. A gordura vegetal
hidrogenada e a margarina pelos mesmos motivos.
Já lipídios de fontes como oliva, coco e abacate são plenamente
permitidos, embora existam recomendações adicionais.
Cabe lembrar que a expressão “descasque mais e
desembrulhe menos” pode ser utilizada como ponto de partida de outros estilos
alimentares não necessariamente no design Low Carb.
![]() |
Vegetais podem ser amplamente utilizados no cardápio low carb |
Uma lembrança extra sobre a questão de ser LOW CARB: “As
dietas LCHF, mesmo que cetogênicas, não são dietas "SEM" carboidratos.
Pois ao invés, todos são incentivados a uma alta ingestão de vegetais de folhas
verdes, vegetais crucíferos e outros vegetais não-amiláceos com ingestão
moderada de certas frutas (especialmente berries).
A Tabela 1 fornece uma lista de alimentos recomendados em uma dieta
"Banting", 19 um plano de alimentação bem popular de LCHF.
Os planos de alimentação de LCHF promovem refeições como omeletes, saladas e
proteínas animais, como bife, salmão ou frango com legumes”.19 Existem
outros tipos de arquitetura alimentar com mais restrição de carboidratos e
restrições mais amplas de vegetais, incluindo modelos com zero carboidrato ou
zero alimentos de origem vegetal (no carbs diet, no plants food).
Tabela 1
‘Lista verde’: alimentos recomendados na Dieta
Banting (low-carbohydrate high-fat)
Proteína animal
|
Laticínios
|
Gorduras
|
Nozes e sementes
|
Vegetais
|
Ovos
Carnes Aves Carne silvestre Frutos do mar |
Queijo Cottage
Nata
Creme de leite integral Iogurte (Grego)
Queijos
|
Azeite (óleo de oliva) Abacate
Banha de coco Óleo de Macadâmia |
Amêndoas
Linhaça Macadâmia Noz Pecan Pinhão |
Todos vegetais folhosos, crucíferas
etc.
|
- Adaptado, com permissão, de Noakes et al.19 Frutas
também são recomendadas, mas em quantidade controlada baseado no conteúdo
de carboidratos e nos níveis de resistência à insulina do paciente.
Sobre a quantidade e qualidade das frutas o site lipidofobia já tem essa publicação bastante esclarecedora nesse LINK.
No próximo artigo estaremos falando sobre as possíveis indicações clínicas e virtudes das alimentações com baixo teor de carboidratos.
No próximo artigo estaremos falando sobre as possíveis indicações clínicas e virtudes das alimentações com baixo teor de carboidratos.
O artigo original e as referências estão AQUI:
Nenhum comentário:
Postar um comentário