terça-feira, 5 de outubro de 2021

Câncer de próstata e uso de testosterona - estudos mostram novas possibilidades

 



“TESTOSTERONA E A PRÓSTATA: UM MITO VERSUS EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS”

Os andrógenos são vitais para o crescimento e manutenção da próstata; entretanto, a noção de que o crescimento patológico da próstata, benigno ou maligno, pode ser estimulado por andrógenos é uma crença comum sem base científica. O uso de terapia com testosterona em homens com câncer de próstata (CaP) era anteriormente contra-indicado, embora dados recentes questionem esse axioma. Nas últimas duas décadas, houve uma mudança dramática de paradigma nas crenças, atitude e tratamento da deficiência de testosterona em homens com câncer de próstata.

UM PRÊMIO NOBEL NA ORIGEM DA CONFUSÃO

A noção histórica de que o aumento da testosterona era responsável pelo crescimento do câncer de próstata foi baseada em estudos elegantes, porém limitados, da década de 1940 e relatos de casos anedóticos. Em 1941, Huggins e Hodges demonstraram a dependência androgênica do câncer de próstata, mostrando que a castração ou a administração de estrogênios fazia o câncer de próstata avançado regredir e que a administração de testosterona poderia acelerar o crescimento do câncer de próstata.

A dependência hormonal do câncer de próstata foi demonstrada e o prêmio Nobel de medicina foi atribuído a Charles Huggins em 1966.

Hoje, a supressão androgênica continua sendo a pedra angular do tratamento do câncer de próstata avançado, mas a segunda afirmação de que a testosterona pode induzir ou fazer o câncer de próstata progredir não é baseada em evidências científicas, mas em casos anedóticos limitados.

REVISÃO DA LITERATURA

Uma busca no Medline foi realizada para identificar todas as publicações que abordam a relação entre testosterona e o risco de desenvolvimento de CaP, bem como o impacto do Tratamento com Testosterona (TT) no desenvolvimento de CaP e sua história natural em homens onde se acredita estarem curados por cirurgia ou radioterapia.

Síntese de evidências: Os níveis séricos de andrógenos, dentro de uma ampla faixa, não estão associados ao risco de CaP. Por outro lado, no momento do diagnóstico de CaP, descobriu-se que níveis séricos de testosterona baixos, em vez de altos, estavam associados a doença avançada ou de alto grau.

A evidência disponível indica que o tratamento com testosterona não aumenta o risco de diagnóstico de CaP nem afeta a história natural do CaP em homens que se submeteram ao tratamento definitivo sem doença residual. Esses achados podem ser explicados com o modelo de saturação que afirma que a homeostase prostática é mantida por um nível relativamente baixo de estimulação androgênica e com a observação de que a administração de testosterona exógena não aumenta significativamente os níveis intraprostáticos de androgênio em homens hipogonadais.

Homens que receberam terapia com testosterona após o tratamento para câncer de próstata localizado não parecem sofrer taxas mais altas de recorrência ou piores resultados.

Os primeiros relatórios de homens sob vigilância ativa (quando são feitos exames que podem ser mais invasivos como uma biópsia) ou conduta expectante (monitoramento de casos de câncer sem exames invasivos ou outros procedimentos) tratados com testosterona não identificaram eventos adversos de progressão.

Deve-se, entretanto, reconhecer que a literatura permanece limitada em relação ao efeito da terapia com testosterona no risco do CaP. No entanto, as diretrizes atuais da European Association of Urology (EAU) afirmam que em homens hipogonadais que foram tratados com sucesso para CaP, a reposição de testosterona pode ser considerado após um intervalo prudente.

CONCLUSÕES :

Uma melhor compreensão dos efeitos negativos da deficiência de testosterona na saúde e na qualidade de vida relacionada à saúde - e a capacidade da terapia com testosterona em mitigar esses efeitos desencadeou uma reavaliação do papel que a testosterona desempenha no câncer de próstata.

Embora nenhum grande estudo controlado tenha sido realizado e haja uma escassez de dados de longo prazo, a literatura disponível sugere fortemente que a terapia com testosterona - não aumenta o risco de diagnóstico de CaP em homens normais. Uma importante mudança de paradigma ocorreu dentro desse campo, no qual a terapia hormonal (testosterona) pode agora ser considerada uma opção viável para homens selecionados que foram tratados com sucesso para CaP.

 

Arttigo original nesse link AQUI 

Resumo do artigo com todas as referências

 Kaplan AL, Hu JC, Morgentaler A, Mulhall JP, Schulman CC, Montorsi F. (ARTIGO)


A gravura acima do dreamstime AQUI