Mais um artigo que saiu em um jornal de grande circulação - Huffpost Helth Living - fala sobre a diferença a favor das dietas low carb (e ricas em gordura) são vantajosas para a saúde e o controle de peso.
Está na cara, tudo parece tão fácil: Calorias são calorias, não importa a comida. E se você quer perder peso, tudo que você tem a fazer é simplesmente "gastar" mais calorias do que você consome, seja com mais exercício ou com menos comida.
Mas quem já tentou perder peso desta forma sabe que não é nada fácil. E controle de peso a longo prazo parece absolutamente impossível para a maioria, considerando o número de desistentes entre aqueles que não conseguem manter os quilos a menos ao longo dos anos.
O problema, diz o pesquisador cardio vascular James DiNicolantonio do Hospital São Lucas, é a ideia (da contagem) das calorias - como fosse uma ferramenta para perda de peso.
"Todos os países do mundo estão tendo problemas com a obesidade, e até agora nada deu certo ", disse DiNicolantonio."Mas é importante notar que não estamos morrendo de obesidade, nós estamos morrendo da doença metabólica crônica. "
Coisas como doenças cardíacas, diabetes e derrame (AVC) contribuem para cerca de 800,00 mortes anuais apenas nos EUA - e agora os pesquisadores estão esperando isolar os alimentos que são metabolicamente disruptivos, ao invés de ricos em calorias, na esperança de reduzir as taxas de tais doenças.

Em um estudo de revisão publicado no Journal Public Health Nutrition, DiNicolantonio argumenta
que enxergar o corpo humano como um mero pêndulo de calorias -
manter um equilíbrio nas calorias que entram e saem (ingestão/gasto) - faz-se ignorar os efeitos metabólicos muito claramente negativos que certos ingredientes, como carboidratos
simples (massas e pão branco, por exemplo) e açúcares adicionados (a alimentos industrializados) tem sobre o corpo.
Na revisão, DiNicolantonio argumenta que os carboidratos
rapidamente absorvíveis - coisas como o açúcar, xarope de milho, batata, arroz branco,
cereais e qualquer coisa feita com farinha branca - resulta em ganho de peso, porque eles
promovem picos de açúcar no sangue, o que faz os níveis de insulina subir. Subsequentemente isto induz a uma queda súbita do açúcar no sangue, o que leva a pessoa a desejar ainda
mais carboidratos. Ele chama isso de "enlace reforçador para o consumo excessivo (reinforcing loop for overconsumption)", que, a longo prazo, poderia
desativar leptina (hormônio que nos faz sentir satisfeito), resultando em ainda mais excessos.
Esta via metabólica tem sido investigada e descrita em trabalhos
prévios por cientistas como Dr. Robert Lustig da University of California, San Francisco - pesquisador do açúcar, que descreve o açúcar como um "veneno" e Dr. Peter Havel da University of California, Davis, que está investigando a
ligação entre frutose e síndrome metabólica.
"Assim como não se culpa uma criança que está crescendo (aumentando em tamanho) quando eles estão atravessando a puberdade -- uma vez que seus hormônios estão fazendo isso acontecer -
hormônios também podem causar o armazenamento de gordura, e podem promover a fome, "DiNicolantonio
explicou em uma entrevista por telefone para o The Huffington Post.
"Uma vez que você conhece a bioquímica, você percebe que
ele não é sua culpa, e não é
falta de força de vontade. Estes alimentos têm alterado sua
bioquímica para fazer você sentir literalmente faminto. "
Concentrando-se nas calorias também se pode criar um preconceito
contra muitos alimentos saudáveis, particularmente alimentos ricos em gordura. A gordura dietética é mais
calórica do que carboidratos ou proteínas, por isso alimentos low calorie são
muitas vezes pobres em gordura. Isso leva as pessoas a substituir alimentos
gordurosos saudáveis como nozes por alimentos de baixa caloria, com baixo teor de
gordura como chips de batatas assadas que não são tão nutritivos
ou saciadores.
Além disso, se estimar com precisão a ingestão de calorias e seu gasto é extremamente difícil,
mesmo para a pessoa mais bem informada e dedicada com as
mais recentes equipamentos.
Mais importante, os nossos corpos simplesmente não se deixam enganar. Se fizer mais exercício, o seu corpo responde pedindo-lhe para comer mais alimentos. Se você
comer menos, seu corpo vai responder retendo a energia que você poderia usar. E a menos que você
goste de ir para a cama
faminto, algo - ou exercício ou comer menos - vai acontecer.
DiNicolantonio descreveu isso como um acoplamento biológico da ingestão de
calorias e gasto calórico, (original: biological coupling of calorie intake and calorie expenditure), e os
pesquisadores teorizam que pode ser uma das razões pelo qual as pessoas lutam para manter
a perda de peso a longo prazo.
DiNicolantonio não endossa qualquer dieta especial, mas
a mensagem a partir da revisão
foi simples e direta: Se você quer perder peso, "não se
concentre nas calorias", aconselhou
DiNicolantonio. "Alimentos com um maior teor de gordura e mais calorias geralmente vai promover mais saciedade, e você vai comer menos. "
No início deste ano, em um estudo não relacionado, mas influente, a professora de nutrição Lydia Bazzano da Universidade Tulane realizou um estudo controlado randomizado com um ano de duração com dois grupos de dietas (LINKl): aqueles que reduziram os carboidratos e aqueles que reduziram a gordura. Ela descobriu que na dieta low-carb foi reduzido oito libras (cerca de 3,6 kg) a mais do que o grupo de baixo teor de gordura.
As seguidores low-carbs também diminuíram significativamente o
risco estimado em 10 anos para
doença cardíaca coronária, enquanto o grupo de baixo teor de
gordura não obteve tal recompensa. Os participantes do estudo não contaram calorias, e seus resultados são muito corroborados pelo trabalho de DiNicolantonio.
Bazzano elogiou a nova avaliação por apontar que diferentes
alimentos afetam o corpo de forma diferente, de forma mais profunda do que se entende em relação a quantidade de calorias.
"Reconhecer que nem todas as fontes de calorias têm efeitos equivalentes no corpo é crucial, e a teoria 'uma caloria é uma caloria' realmente
impede isso", escreveu em um email enviado por Bazzano para HuffPost. "Esses macro-nutrientes,
carboidratos, gorduras e proteínas, utilizam diferentes vias metabólicas em nossos corpos e produzem diferentes sentimentos, estimulam diferentes hormônios e mensageiros celulares, produzindo
resultados diferentes em termos de peso e risco de doenças."
A obsessão das últimas décadas por alimentos com redução de calorias (e, consequentemente,
com redução de gordura) tem beneficiado empresas que produzem alimentos com baixo teor
de gordura, mas com adição de açúcar e sal para tornar tais produtos mais saborosos, Bazzano continuou.
"Os itens alimentares que são 100 por cento carboidratos rapidamente absorvíveis poderiam adicionar a expressão "baixo teor de
gordura " em seus rótulos e, assim, serem percebidos como
"saudáveis" e potencialmente auxiliares na perda de peso, uma vez que esses itens não contém essa fonte
concentrada de calorias: gordura", disse Bazzano.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a global figures for 2008, o último relatório disponível, mais de 1.4 bilhões de adultos estão com sobrepeso. Em 2013, 42 milhões de pré-escolares ao redor do mundo estariam com sobrepeso, e crianças com sobrepeso têm mais chances de serem obesas na vida adulta, do que crianças com peso normal.
LINK ORIGINAL: em 25/11/2014.
Muito bom e esclarecedor seu artigo .
ResponderExcluirGrato pela mensagem Maria Angela!
ResponderExcluirShow de bola! Já acompanho o blogo do Dr. Souto, vou acompanhar o seu blog agora! Obrigado!
ResponderExcluirMuito obrigado Lirton!
ExcluirExcelente artigo! Parabéns pelas mudanças no visual do blog!
ResponderExcluirSonia, muito grato! Ainda não está exatamente como tinha imaginado, mas está melhor mesmo! Abraço!
ExcluirGrande José Carlos! Apensa uma contribuição: por conta dos meus temas de trabalho, o termo "reinforcing loop" é corrente e traduzimos por "enlace reforçador" ou "feedback positivo". O termo ficou mais comumente traduzido desta forma a partir da obra de Peter Senge em português (SENGE, Peter. A quinta disciplina: arte, teoria e prática da organização da aprendizagem. São Paulo: Best Seller, 1993). Senge é um autor do tema do Pensamento Sistêmico. Abraços!
ResponderExcluirMeu caro Aurélio, muito grato pela ótima dica. Abração!
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