sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Colesterol Elevado Familiar - uma perspectiva diferente


Um texto do livro "the Cholesterol Myths":

O texto a seguir é um pequeno exemplo do trabalho do médico e pesquisador Uffe Ravnskov
(a tradução é minha, num tempo que ainda não existia o tradutor do google e a internet era basicamente discada de 36k).


HIPERCOLESTEROLEMIA FAMILIAR - NÃO É TÃO GRAVE QUANTO VOCÊ PODE PENSAR

Muitos médicos acreditam que a maioria dos pacientes com hipercolesterolemia familiar – HF - morre por DCC (doença cardíaca coronariana) ainda jovem. Naturalmente, eles não ainda tiveram conhecimento do surpreendente achado do Comitê Científico Dirigente do Departamento de Saúde Pública e Cuidado Primário em Enfermagem de Ratcliffe em Oxford, Inglaterra. Durante vários anos, estes investigadores acompanharam mais de 500 pacientes portadores de HF entre as idades de 20 e 74 anos e compararam a mortalidade desses pacientes nesse período com o resto da população em geral.
No período entre três e quatro anos, seis dentre os 214 pacientes com HF com menos de 40 anos morreram por DCC. Isso pode não parecer particularmente preocupante, apesar de não ser comum o óbito por DCC dessa idade, e o risco para os pacientes com HF é quase 100 vezes maior do que no resto da população.
No período entre quatro e cinco anos, oito dos 237 pacientes com HF entre as idades de 40 e 59 morreram, isso significa uma ocorrência cinco vezes maior do que na população em geral. Mas, durante num período semelhante de tempo, um único entre 75 pacientes com HF entre as idades de 60 e 74 morreu por DCC, enquanto o número esperado era pelo menos dois.
Se estes resultados forem típicos para a HF, você poderia dizer que entre idades 20 e 59, aproximadamente 3 por cento dos pacientes morrem por DCC e entre idades de 60 e 74, menos de 2%, em ambos os casos durante um período de 3-4 anos. Os autores deram ênfase ao fato de que os pacientes tinham sido encaminhados em função de uma história familiar de doença cardiovascular prematura o que os colocaria como um público de alto risco para DCC. A maioria dos pacientes com HF na população geral não é reconhecida e permanecem sem tratamento. Se os pacientes em estudo significassem uma amostra representativa de todos os pacientes com HF da população, provavelmente seus prognósticos teriam sido melhores.
Essa perspectiva foi recentemente confirmada por Dr. Eric Sijbrands, e co-autores, de vários departamentos médicos em Amsterdã e Leiden, Holanda. A partir de um grande grupo foram identificados três indivíduos com colesterol muito alto. Uma análise genética confirmou o diagnóstico de HF e localizando suas linhagens familiares, eles chegaram a total de 412 indivíduos. A mortalidade coronária e a mortalidade total desses familiares foram comparadas com a mortalidade da população holandesa em geral.
O notável achado foi que os indivíduos que viveram entre o século XIX e o inicio do século XX tiveram uma taxa de mortalidade normal, de acordo com os níveis de expectativa de vida. Na realidade, por volta do século XIX os portadores de HF tiveram uma mortalidade mais baixa do que a população em geral. Após 1915 a mortalidade subiu a um máximo entre 1935 e 1964, mas até mesmo no ápice, a mortalidade era ainda duas vezes menor do que a população em geral. Novamente, um nível muito alto de colesterol isoladamente não conduz a um ataque de coração. Na realidade, o colesterol alto pode ser até mesmo protetor contra outras doenças. Esta foi a conclusão do Dr. Sijbrands e seus colegas. Como suporte, eles citaram o fato de que ratos modificados geneticamente, com colesterol alto, são protegidos contra as infecções bacterianas mais graves.
"Doutor, não tenha medo em função causa de meu colesterol elevado." Essas foram as palavras de um advogado de 36 anos quando me visitou pela primeira vez para um exame de saúde. E realmente, o colesterol dele era elevado, mais de 400 mg/dl.
O colesterol de "meu pai era até mais alto," acrescentou. "Mas ele felizmente viveu até morrer aos 79 de câncer. E o irmão dele que também tinha HF e morreu a idade 83. Nenhum deles tinha reclamado de qualquer "problema de coração”. Meu " paciente" hoje está 53, o irmão dele tem 56 e o primo, 61. Todos eles têm o colesterol extremamente alto, mas nenhum deles tem qualquer problema cardíaco, e nenhum deles tomou qualquer tipo de remédio para reduzir o colesterol.
Assim, se por acaso você for portador de HF, não é necessário ficar muito preocupado. Você tem boas chances de viver bem até a velhice.

Referências:

Scientific Steering Committee on behalf of the Simon Broome Register Group. Risco de doença de coração coronária fatal em hipercolesterolemia familiar. British Medical Journal 303, 893-896, 1991;


Sijbrands EJG e outros. Mortalidade em mais de dois séculos da genealogia de hipercolesterolemia familiar: estudo de mortalidade da árvore familiar. British Medical Journal 322, 1019-1023, 2001. 
Esse é o livro do dr Ravnskov

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Quando começou...

Voltando ao início...
Em 2003 fiz um pequeno artigo que enviei para algumas pessoas sobre o colesterol, o que me levou a ser convidado para um programa de televisão local para falar sobre aquela visão aparentemente tão diferente da que o público vinha tendo sobre esse tema. Foi 2003 o ano que o médico e pesquisador independente, Dr Uffe Ravnskov, lançava na internet a sua Rede Céticos do Colesterol (THINCS.org). Baseado em seu livro "The Cholesterol Myths", que traduzi em 2004,  publiquei uma resenha à luz de suas investigações. Depois disso muita coisa aconteceu.
Quando vejo o crescente sucesso da reforma alimentar promovida pelas dietas com redução de carboidratos, e mais extremas com a paleolítica, vejo que o conjunto de aprendizados e desafios que formam o lastro do site umaoutravisao (que foi ao ar a partir de 2004) se mostraram consistentes. Espero poder compartilhar o sucesso desse movimento que me envolvi há tanto tempo, quando quase ninguém pensava que esse modelo de estilo vida ficasse tão difundido, ajudando tantas pessoas pelo mundo afora a ter saúde e felicidade.