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Suplementos Vitamínicos Não Funcionam
Publicado no MEDIUM
Um novo e enorme estudo mostra que os suplementos vitamínicos essencialmente não têm capacidade de prevenir câncer ou doenças cardiovasculares.
Vitaminas. Se você é como a maioria dos adultos americanos, tomou uma vitamina ou suplemento recentemente. As vendas sem receita médica desses produtos neste país totalizam mais de 30 bilhões de dólares por ano. Isso é mais do que o mercado de estatinas — e as vitaminas não são cobertas pelo seguro.
Para que haja um mercado de US$ 30 bilhões, deve haver algumas evidências bastante convincentes de que os suplementos vitamínicos funcionam para melhorar a saúde, certo?
Bem, na metanálise mais completa até o momento, pesquisadores da Kaiser-Permanente (plano de saúde dos EEUU) analisaram os números de praticamente todos os ensaios randomizados de suplementos vitamínicos em adultos para concluir que, basicamente, eles não fazem nada.
Ou, como dizemos em nefrologia: as vitaminas lhe dão xixi caro.
Como já é conhecido, a Força-Tarefa de Serviços Preventivos dos Estados Unidos (USPSTF) faz recomendações baseadas em evidências ao povo americano sobre uma ampla variedade de comportamentos de saúde - desde aspirina para prevenção primária até o rastreamento do câncer de pulmão.
A USPSTF encarregou os pesquisadores de atualizar os dados sobre suplementação vitamínica com dois desfechos importantes em mente - câncer e morte cardiovascular.
Por que vitaminas? Porque os dados observacionais são claros e convincentes. Pessoas com deficiências vitamínicas correm maior risco desses maus resultados.
Mesmo pessoas com níveis mais baixos de certas vitaminas, não na faixa de deficiência, correm maior risco de câncer e doenças cardiovasculares. É lógico que, se níveis mais baixos estiverem associados a maus resultados e os suplementos impedirem que você tenha níveis mais baixos de vitaminas, esses suplementos podem melhorar esses resultados.
Os pesquisadores identificaram 87 ensaios clínicos randomizados de adultos em que pelo menos uma vitamina ou multivitamínico estava sendo avaliada. Ressalva: estes eram estudos da população em geral — não estudos de pessoas com deficiência vitamínica conhecida. Os resultados não devem necessariamente ser generalizados para aqueles com deficiências conhecidas ou estados de doença que promovem deficiência.
Há muitas vitaminas, então há muito o que cobrir aqui, mas vou abordar alguns dos destaques.
De todas as múltiplas ligações potenciais entre vitaminas e desfechos, apenas uma — a ligação entre o uso de multivitamínicos e o câncer — mostrou algum sinal de benefício.
Isso é um pouco frustrante, já que “multivitamínico” pode significar muitas coisas. Houve 9 ensaios randomizados avaliando "multivitaminas" que, quando combinados, mostram esse efeito, mas os tipos específicos de multivitamínicos eram diversos, variando de um coquetel antioxidante personalizado aa Centrum Silver®. Então não, não se sabe qual multivitamínico você deve tomar.
E, para ser honesto, o efeito nem é tão impressionante. Uma redução relativa de 7% na incidência de câncer. E os riscos relativos realmente tendem a exagerar o tamanho do efeito. Em termos absolutos, as multivitaminas reduziram a incidência de câncer em cerca de 0,2%. Isso significa que você precisaria tratar 500 pessoas com um multivitamínico para evitar um caso de câncer.
E embora esses estudos não tenham incluído especificamente pacientes com deficiências vitamínicas, alguns dos indivíduos alcançados podem de fato ter alguma carência - de formar que o que podemos estar vendo é um discreto efeito populacional com base no benefício acumulado para um pequeno número de pessoas que eram verdadeiramente deficientes em vitaminas.
E essa é realmente a melhor descoberta em todo o estudo se você é um amante de vitaminas.
Nenhuma análise de vitaminas individuais: betacaroteno, vitamina A, vitamina E, vitamina D (com incríveis 32 ensaios randomizados) e suplementos de cálcio mostrou benefício significativo em termos de doença cardiovascular ou câncer. Eles simplesmente não parecem fazer muito.
Então, o que torna o ato de tomar uma vitamina tão atraente? Por que tantos de nós, mesmo sabendo que os dados realmente não os suportam, continuam tomando uma pílula diariamente? É claro que há algumas razões.
Primeiro, precisamos reconhecer o fato de que as vitaminas geralmente são muito baratas e têm uma taxa de efeitos colaterais muito baixa. Eles não deixam você tonto ou enjoado, taquicárdico ou cansado. Eles não se sentem como muita coisa.
Dado o baixo risco, há algo da aposta de Pascale que se desenvolve aqui. Claro, as vitaminas podem não ajudar, mas não parecem prejudicar, e então por que não tomá-las - só por precaução?
Bem, a verdade é que elas podem realmente prejudicar um pouco. Os autores também analisaram os eventos adversos em todos esses ensaios vitamínicos, embora, para avaliar os danos, eles também tenham incluído estudos observacionais. Isso pode parecer injusto - avaliando o benefício apenas com ensaios randomizados, porém os prejuízos através de ensaios randomizados somados à estudos observacionais. Mas é necessário considerar como adequado, já que a direção do viés nos estudos observacionais tende a favorecer as vitaminas, dado o "efeito saudável do usuário". Esta é a ideia de que as pessoas que optam por tomar vitaminas tendem a fazer outras escolhas de estilo de vida saudável - então, se você reportar um dano ao se tomar uma vitamina no ambiente observacional, provavelmente vai querer prestar atenção a ela.
Achados notáveis para a análise de danos incluíram evidências de que o uso de vitamina A pode aumentar o risco de fratura do quadril, que o uso de vitamina E pode aumentar o risco de acidente vascular cerebral hemorrágico e que o uso de vitamina C ou cálcio pode aumentar o risco de cálculos renais.
Por que os dados observacionais que mostram níveis mais baixos de vitaminas ligados a piores resultados são tão poderosos, e os dados de ensaios randomizados de suplementação são tão fracos? Isso é uma confusão clássica. Basicamente, pessoas mais saudáveis têm níveis mais altos de vitaminas, e pessoas mais saudáveis têm menos doenças cardiovasculares e câncer. Os níveis de vitamina são um marcador da saúde geral — não um impulsionador da saúde geral.
Mas, para ser justo, provavelmente não há muito prejuízo em tomar essa vitamina diária. Não devemos descartar o valor transcendente do ritual aqui. Ingerir uma vitamina, embora seja um ato pequeno, é, no entanto, um ato de autocuidado — um momento que tomamos para nós mesmos e sozinhos — um compromisso de tentar ser saudável. Um breve momento de positividade pela manhã pode não reduzir ataques cardíacos ou taxas de câncer, mas pode trazer um benefício mesmo assim.
Original AQUI
A foto original é desse link (unsplash)
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