Recentemente tem havido um retorno de um debate mais acalorado sobre o tema das gorduras alimentares. Parece que algumas entidades oficiais resolveram deixar claro sua posição tradicional, e possivelmente tendenciosa, sobre o assunto. Isso ocorre num momento histórico que tem emergido uma imensa gama de pesquisas e revisões que deixaram a clássica ideia de que o colesterol e as gorduras saturadas tivessem uma relação direta com a doença cardiovasculares, fragilizada. ou mesmo desconstruida. De fato, centenas de pesquisadores e profissionais da área de saúde têm se manisfestado em oposição ao conceito tradicional, e há repercussão na mídia. Embora seja esperado e necessário a contrrovérsia no território da ciência, temas médicos costumam ser mais reticentes à exposição pública.
A dualidade colesterol-gordura saturada com doença cardíaca foi a figura central de um conjunto de conceitos que poderiam fazer algum sentido entres os anos 50 e 60 quando foram introduzidos pela personalidade autocrática do dr. Ancel Keys. O site lipidofobia já publicou bastante material sobre o tema e tem uma página sobre colesterol.
O artigo a seguir é básico sobre a lipidologia - ou seja o estudo dos lipídios. Foi publicado há cerca de 15 anos. Escrito pela dupla dinâmica da Weston A Price Foundation, Mary Enig, já falecida e Sally Fallon (apenas Fallon na época). De certa forma é uma ampliação do tema já escrito em 1995 no livro Nourishing Traditions. O livro certamente era avançado demais para a época! De qualquer forma o tema já era alvo de debate mais de 20 anos atrás. Outro livro que colocou o tema do colesterol + gordura saturada com doença cardíaca em cheque é de 2000, e o autor é o medico dinamarquês Uffe Ravnskov (vários capítulos traduzidos aqui no site).
Mas já estamos em 2017 e parece que a maior parte das pessoas ainda recebe as visões dissidentes com grande surpresa e mesmo incredulidade, apesar de haver base científica qualificada para essas afirmações. Com certeza não há novidade no que está escrito no artigo a seguir, mas é uma das melhores e mais bem explicadas sínteses desse tema alvo de muita passionalidade, mas que deveria ser compreendido a luz de uma boa ciência.
A Verdade Sobre a Gordura
Saturada
[The Truth About Saturated Fat]
por Mary
Enig, PhD* e Sally Fallon**
As gorduras de origem vegetal e animal
propiciam uma fonte concentrada de energia na dieta alimentar. Elas também
fornecem os elementos formadores das membranas das células, além de uma
variedade de hormônios e substâncias assemelhadas. Quando fazem parte de uma
refeição, as gorduras retardam a absorção, a fim de que possamos ficar mais
tempo sem sentir fome. Além disso, elas funcionam como portadoras das
importantes vitaminas A, D, E e K, que são solúveis em gordura (lipossolúveis).
As gorduras da dieta alimentar são necessárias para converter caroteno em
vitamina A, para absorção de minerais e para uma gama de outros processos.
A
nutrição "politicamente correta" é baseada na suposição de que
devemos reduzir a ingestão de gorduras, principalmente as saturadas e de origem
animal. As gorduras de fonte animal também contêm colesterol, que é apresentado
como um “vilão gêmeo” da dieta civilizada.
A hipótese lipídica
A
teoria (chamada "hipótese lipídica") de que há uma relação direta
entre a quantidade de gordura e o colesterol da dieta alimentar na incidência
de doenças cardiocoronárias foi proposta por um pesquisador chamado Ancel Keys,
no final da década de 1950. Inúmeros estudos subseqüentes têm questionado seus
dados e suas conclusões. No entanto, os artigos de Keys receberam muito mais
publicidade do que aqueles que apresentavam posições alternativas.
As
indústrias de óleos vegetais e de processamento de alimentos, principais
beneficiários de qualquer pesquisa que condene os alimentos tradicionais (seus
concorrentes) passaram a promover e financiar mais pesquisas, concebidas para
dar suporte à hipótese lipídica.
O
mais conhecido defensor da dieta com pouca gordura foi Nathan Pritikin. Na
verdade, Pritikin advogava a eliminação do açúcar, da farinha branca e de todos
os alimentos processados da dieta alimentar, e recomendava o uso de alimentos
crus e frescos, grãos integrais e um programa com exercícios físicos vigorosos.
Mas foram os aspectos do seu regime com baixa gordura que receberam as maiores
atenções da mídia. Seus seguidores achavam que tinham perdido peso e que seus níveis
de colesterol no sangue, bem como a pressão sangüínea, haviam declinado.
O
sucesso da dieta Pritikin deveu-se provavelmente a vários fatores que nada
tinham a ver com a redução das gorduras na dieta alimentar. Só a perda de peso,
por exemplo, já precipita uma redução nos níveis de colesterol do sangue. Mas
Pritikin logo descobriu que a dieta sem gorduras apresentava muitos problemas,
sendo um dos mais importantes o fato de que as pessoas simplesmente não
conseguiam permanecer na sua dieta. Aqueles que tinham força de vontade
suficiente para continuar sem ingerir gorduras por algum tempo, apresentavam
vários problemas de saúde, inclusive falta de energia, dificuldade de
concentração, depressão, aumento de peso, e deficiência de minerais.1
Pritikin
pode ter salvo a si mesmo de doenças cardíacas, mas sua dieta com pouca gordura
não o salvou do câncer. Ele morreu por suicídio, na flor da idade, quando se
deu conta de que o seu regime espartano não estava curando a leucemia que ele
tinha. Ninguém tem que morrer por doença cardíaca, por câncer, ou por seguir
uma dieta que cause depressão.
Quando
os problemas com seu regime sem gordura se tornaram aparentes, Pritikin
introduziu uma pequena quantidade de gordura de origem vegetal em sua dieta,
algo em torno de 10% da ingestão calórica total. Hoje, os “dietocratas” nos
aconselham a limitar as gorduras a 25-30% da ingestão calórica, o que significa
mais ou menos 70 gramas, ou 5 colheres de sopa por dia numa dieta de 2.400
calorias. Controlar cuidadosamente a ingestão de gorduras e evitar as gorduras
animais, dizem eles, é o segredo para uma saúde perfeita.
A "prova"
que dá suporte à hipótese lipídica
Esses
"experts" nos asseguram que a hipótese lipídica está apoiada em prova
científica incontestável. A maioria das pessoas ficaria surpresa ao saber que,
na verdade, existe muito pouca evidência apoiando o argumento de que uma dieta
com pouca gordura saturada e pouco colesterol realmente reduza as mortes por
doenças cardíacas, ou que aumente, de uma forma ou de outra, o tempo de vida de
alguém. Vamos analisar o seguinte:
Antes
de 1920, as doenças cardiocoronárias eram raras na América. Tão raras que
quando um jovem médico chamado Paul Dudley White apresentou o eletrocardiógrafo
alemão ao seus colegas na Universidade de Harvard, eles o aconselharam a
dedicar-se a um ramo da medicina que fosse mais lucrativo...
A
nova máquina revelava a presença de obstruções arteriais, permitindo assim o
diagnóstico precoce de doenças cardiocoronárias. Mas, naqueles tempos, artérias
entupidas eram uma raridade médica e White teve que sair à procura de pacientes
que pudessem se beneficiar da sua nova tecnologia. Durante os quarenta anos
seguintes, no entanto, a incidência de doenças cardiocoronárias aumentou
dramaticamente. Tanto, que em meados da década de 50 as doenças cardíacas eram
a principal causa de morte entre os norte-americanos.
Hoje,
as doenças cardíacas causam pelo menos 40% das mortes nos EUA. Se, como nos tem
sido dito, as doenças cardíacas resultam do consumo de gorduras saturadas, era
de se esperar que fosse encontrado um aumento correspondente de gordura animal
na dieta dos norte-americanos. Mas, na realidade, ocorre o contrário - durante
um período de 60 anos, de 1910 a 1970, a proporção de gordura animal convencional
na dieta norte-americana declinou de 83% para 62%, e o consumo de manteiga
despencou de 8 kg anuais por pessoa para 1,8 kg.
Durante
os últimos 80 anos, a ingestão de colesterol via dieta alimentar aumentou
apenas 1% (um por cento). Durante o mesmo período, o percentual de óleos
vegetais via dieta, em forma de margarina, óleos refinados e para frituras,
aumentou cerca de 400%, enquanto o consumo de açúcar e de alimentos processados
aumentou aproximadamente 60 por cento.2
O
Framingham Heart Study é freqüentemente citado como prova da hipótese lipídica.
Esse estudo começou em 1948 e contou com a participação de umas 6.000 pessoas
da cidade de Framingham, em Massachusetts (EUA). Dois grupos foram comparados
em intervalos de 5 anos – os que consumiam pouco colesterol e pouca gordura
saturada e o grupo que consumia grandes quantidades. Após 40 anos, o diretor
desse estudo teve que admitir:
"Em
Framingham, quanto mais gordura saturada, mais colesterol e mais calorias
alguém ingere, mais baixo é o nível de colesterol no sangue dessa pessoa.
Constatamos que as pessoas que ingeriam mais colesterol, mais gordura saturada
e mais calorias, eram os que pesavam menos e eram fisicamente mais
ativos." 3
Mas
o estudo mostrou que aqueles que pesavam mais e tinham níveis de colesterol no
sangue excepcionalmente elevados apresentavam um risco um pouco maior de
futuros ataques cardíacos. Porém, ganho de peso e níveis de colesterol tiveram
uma correlação inversa com a ingestão de gorduras e de colesterol na dieta alimentar.4
Num
estudo britânico plurianual envolvendo milhares de homens, foi pedido que a
metade deles reduzisse a gordura saturada e o colesterol em suas dietas, que
parassem de fumar e aumentassem a quantia de gorduras insaturadas, como as
margarinas, e de óleos vegetais. Após um ano, os que estavam na dieta
"boa" tiveram 100% mais mortes do que os da dieta "ruim",
embora os homens na dieta "ruim" continuassem a fumar! Porém, ao
descrever esse estudo, o autor ignorou esses resultados, em favor da conclusão
politicamente correta: "As implicações para a política de saúde pública do
Reino Unido são de que um programa preventivo, como esse que avaliamos nesta
pesquisa, seria provavelmente eficaz..." 5
A
Pesquisa do Fator de Intervenção de Múltiplo Riscos (MRFIT) nos EUA,
patrocinada pelo Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue, comparou as
taxas de mortalidade com os hábitos alimentares de mais de 12.000 homens.
Aqueles com hábitos alimentares "bons" (pouca gordura saturada, pouco
colesterol, fumantes leves, etc) demonstraram uma redução marginal no total das
doenças cardiocoronárias. Porém sua mortalidade geral, por outras causas, era
mais alta.
Resultados
semelhantes foram obtidos em diversos outros estudos. Os poucos estudos que
indicam uma correlação entre redução de gorduras e decréscimo na mortalidade
por doenças cardiocoronárias também apontam um aumento concomitante nas mortes
por câncer, morte violenta, hemorragia cerebral e suicídio.6
O
Lipid Research Clinics Coronary Primary
Prevention Trial (LRC-CPPT), que custou 150 milhões de dólares, é o estudo
mais freqüentemente citado pelos experts para justificar as dietas com pouca
gordura. Na realidade, colesterol e gorduras saturadas via dieta alimentar não
foram examinados nesse estudo, pois todos os participantes receberam uma dieta
com pouco colesterol e pouca gordura saturada. Em vez disso, o estudo examinou
os efeitos de um medicamento para baixar o colesterol. A análise estatística do
estudo sugeriu uma redução de 24% nas taxas de doenças cardiocoronárias no
grupo do medicamento, em comparação ao grupo do placebo. No entanto, as mortes
por doenças não cardíacas no grupo do medicamento aumentaram – mortes por
derrames, câncer, violência e suicídio.7
Até
mesmo a conclusão que a diminuição do colesterol reduz doenças cardíacas é
suspeita.
Pesquisadores
independentes que tabularam os dados desse estudo não encontraram nenhuma
diferença estatística significativa nas taxas de morte por doenças
cardiocoronárias entre os dois grupos.8 Porém, a mídia popular e as publicações
médicas elogiaram o LRC-CPPT como sendo a longamente esperada prova de que as
gorduras animais são a causa das doenças cardíacas, a que mais mata nos EUA.
Estudos que desafiam
a hipótese lipídica
Embora
seja verdade que pesquisadores induziram doenças cardíacas em alguns animais
através de doses extremamente elevadas de colesterol oxidado ou rançoso
(quantidades dez vezes maiores que as encontradas na dieta humana normal),
diversos estudos populacionais contradizem frontalmente a conexão
colesterol/doença cardíaca.
Um
pesquisa de 1700 pacientes com endurecimento arterial, feita pelo famoso
cirurgião cardíaco Michael DeBakey, não encontrou relação entre níveis de
colesterol sangüíneo e incidência de aterosclerose.9
Outra
pesquisa com adultos no estado norte-americano de Carolina do Sul não encontrou
correlação entre os níveis de colesterol no sangue com hábitos dietéticos
“ruins”, como o consumo de carne vermelha, gorduras animais, frituras,
manteiga, ovos, leite integral, bacon, lingüiças e queijos.10 E um
levantamento feito pelo Conselho de Pesquisa Médica demonstrou que os homens
que ingeriam manteiga corriam a metade do risco de desenvolver doenças
cardíacas do que aqueles que usavam margarina.11
O
leite materno contém uma proporção de colesterol mais alta que praticamente
qualquer outro alimento. Ele também contém mais de 50% das suas calorias na
forma de gordura, boa parte dela gordura saturada. Tanto o colesterol quanto a
gordura saturada são essenciais para o crescimento de nenês e crianças,
principalmente para o desenvolvimento do cérebro.12 No entanto, a American Heart Association está
atualmente recomendando uma dieta com pouca caloria e pouco colesterol para
crianças! As fórmulas infantis comerciais contêm pouca gordura saturada e as
fórmulas para mamadeiras à base de soja são totalmente destituídas de
colesterol. Um estudo recente encontrou uma relação entre dietas com pouca
gordura e a falta de desenvolvimento em crianças.13
Um
grande número de pesquisas em populações tradicionais tem gerado informações
embaraçosas para os "dietocratas". Por exemplo, um estudo comparando
judeus quando viviam no Iêmen, e cujas dietas continham gorduras somente de
origem animal, com judeus iemenitas vivendo em Israel, cujas dietas continham
margarinas e óleos vegetais, revelou pouca doenças cardíacas ou diabetes no
primeiro grupo, porém altos níveis de ambas as doenças no último grupo.13
(O estudo também notou que os judeus iemenitas não consumiam açúcar, mas os de
Israel consumiam açúcar em quantidades iguais a 25–30% da ingestão total de
carboidratos.)
Uma
comparação entre populações do norte e do sul da Índia revelou um padrão
semelhante. As pessoas do norte consomem 17 vezes mais gordura animal, porém
apresentam uma incidência de doenças cardiocoronárias sete vezes menor do que
as pessoas do sul da Índia.15
Os massais e tribos congêneres da África subsistem basicamente à base de
leite, sangue e carne de gado. Eles não têm doenças cardiocoronárias e
apresentam excelentes níveis sangüíneos de colesterol.16
Os
esquimós ingerem quantidades generosas de gordura animal, de peixes e animais
marinhos. Em sua dieta alimentar nativa, eles estão livres de doenças e são
incrivelmente fortes.17 Um
extenso estudo sobre dieta alimentar e padrões de doenças na China revelou que
a região onde a população consome grande quantidade de leite integral apresenta
a metade das taxas de doenças cardíacas em relação a diversos distritos, nos
quais apenas pequenas quantidades de produtos animais são consumidas.18
Diversas
sociedades mediterrâneas apresentam baixos índices de doenças cardíacas, embora
a gordura (incluindo gordura altamente saturada de ovelha, lingüiça e queijo de
cabra) constitua até 70% da sua ingestão de calorias. Os habitantes de Creta,
por exemplo, são notáveis pela boa saúde e longevidade.19 Um estudo
de porto-riquenhos revelou que, apesar de consumirem grandes quantidades de
gordura animal, eles apresentam uma incidência muito baixa de câncer de cólon e
da mama.20
Um
estudo do povo longevo da Geórgia (na ex-União Soviética) revelou que aqueles
que ingeriam os alimentos mais gordurosos eram os que viviam mais tempo.21
Em Okinawa, onde o tempo médio de vida das mulheres é 84 anos (maior que a
média do Japão), os habitantes comem generosas porções de carne de porco e
frutos do mar, e fazem todas as suas frituras com banha.22 Nenhum
desses estudos é mencionado por aqueles que defendem restrições para as
gorduras saturadas.
A
saúde relativamente boa dos japoneses, que têm o maior tempo e vida dentre
todas as nações do mundo, é geralmente atribuída a uma dieta alimentar com
pouca gordura. Embora o japonês coma pouca gordura láctea, a idéia de que a sua
dieta seja fraca em gorduras é um mito. Ao contrário, ela contém quantidades
moderadas de gorduras animais de ovos, carne de porco, frango, carne de gado,
frutos do mar e miúdos. Com sua preferência por moluscos, crustáceos e sopa de
peixe, comidos diariamente, o japonês provavelmente consome mais colesterol que
a maioria dos norte-americanos.
O
que eles não consomem é muito óleo vegetal, farinha branca e alimentos
processados (embora comam arroz branco). O tempo de vida dos japoneses
aumentou, desde a Segunda Guerra, com um aumento de proteínas e gorduras
animais em sua dieta.23 Aqueles que citam as estatísticas japonesas
para promover a dieta da baixa gordura, deixam de mencionar que os suíços têm
um tempo de vida quase igual ao dos japoneses e têm uma das dietas alimentares
mais gordurosas do mundo. Empatados em terceiro lugar, em termos de longevidade,
estão a Áustria e a Grécia, ambas com dietas de alta gordura.24
Como
último exemplo, vamos considerar os franceses. Quem já comeu em diversos
lugares da França deve ter observado que a dieta alimentar dos franceses é
repleta de gorduras saturadas, em forma de manteiga, ovos, queijos, cremes,
fígado, carnes e substanciosos patês. No entanto, os franceses apresentam taxas
de doenças cardiocoronárias mais baixas que muitos outros países ocidentais.
Nos
EUA, 315 de cada 100.000 homens de meia-idade morrem de ataque cardíaco todos
os anos. Na França, essa taxa é de 145 por 100 mil. Na região da Gasconha, onde
fígado de ganso e de pato são a dieta básica, essa taxa é admiravelmente baixa
– 80 de cada 100 mil.25 Esse fenômeno recentemente ganhou destaque
internacional como “paradoxo francês”. (Mas os franceses sofrem de muitas
doenças degenerativas. Eles ingerem grande quantidade de açúcar e farinha
branca e, nos últimos anos, sucumbiram à tentação dos alimentos processados,
para economizar tempo).
Um
coro de vozes organizadas, incluindo a American
Cancer Society, o National Cancer
Institute e o Comitê de Nutrição e Necessidades Humanas do Senado
norte-americano, alega que a gordura animal está ligada não apenas a doenças
cardíacas, mas também a vários tipos de câncer. No entanto, quando
pesquisadores da Universidade de Maryland analisaram os dados que eles
utilizaram para fazer essas alegações, descobriram que o consumo de gordura
vegetal é que estava relacionado ao câncer, e não a gordura animal.26
Entendendo a química
das gorduras
Claramente,
algo está errado com as teorias que vemos na imprensa popular (e usadas para
promover a venda de preparados com baixa gordura e alimentos sem colesterol). O
conceito de que as gorduras saturadas, por si, causam doenças cardíacas e
câncer, não é apenas superficial mas também totalmente errado. Mas é verdade
que algumas gorduras são prejudiciais. Para entender quais são elas, precisamos
primeiro ter algum conhecimento sobre a química das gorduras.
As
gorduras (ou lipídios) pertencem a uma categoria de substâncias que não são
solúveis em água. Em linguagem simples, os ácidos graxos são cadeias de átomos
de carbono, nas quais átomos de hidrogênio preenchem as ligações disponíveis. A
maior parte da gordura em nosso corpo e nos alimentos que ingerimos está na
forma de triglicerídeos, isto é, três cadeias de ácidos graxos ligadas a uma
molécula de glicerol.
Níveis
elevados de triglicerídeos no sangue têm sido positivamente relacionados com
predisposição a doenças cardíacas, mas esses triglicerídeos não provêm de
gorduras da dieta alimentar. Eles são produzidos no fígado, a partir do excesso
de açúcar não utilizado como energia. A fonte desse excesso de açúcar pode ser
qualquer alimento que contenha carboidratos, especialmente açúcar refinado e
farinha branca.
Classificação dos ácidos graxos pela saturação
Os
ácidos graxos são classificados da seguinte forma:
Saturados - Um ácido graxo é
“saturado” quando todas as ligações de carbono estão ocupadas por átomos de
hidrogênio. Eles são altamente estáveis, pois todas as ligações dos átomos de
carbono estão preenchidas (ou saturadas)
por hidrogênio. Isso significa que eles normalmente não ficam rançosos, mesmo
quando aquecidos para fins de cozimento. Eles têm formato reto e, por isso,
encaixam-se facilmente uns nos outros, formando uma gordura sólida ou
semi-sólida em temperatura ambiente. O nosso corpo produz ácidos graxos
saturados a partir de carboidratos. Eles são também encontrados nas gorduras
animais e nos óleos tropicais.
Monoinsaturados - Os ácidos graxos
monoinsaturados apresentam uma ligação dupla, na forma de dois átomos de
carbono duplamente ligados entre si e, portanto, faltam dois átomos de
hidrogênio. O nosso organismo produz ácidos graxos monoinsaturados a partir dos
ácidos graxos saturados e os utiliza de várias formas.
As
gorduras monoinsaturadas têm uma dobra ou curvatura na posição da ligação
dupla, de tal forma que elas não se encaixam tão facilmente umas nas outras
como as saturadas e, portanto, tendem a ficar líquidas à temperatura ambiente.
Assim como as gorduras saturadas, elas são relativamente estáveis. Elas não
ficam rançosas facilmente e portanto podem ser utilizadas para cozimento. O
ácido graxo comumente encontrado em nosso corpo é o ácido oléico, que é o
principal componente do azeite de oliva, bem como dos óleos de amêndoa, da
noz-pecã, do caju, do amendoim e do abacate.
Poliinsaturados - Os ácidos graxos
poliinsaturados têm dois ou mais pares de ligações duplas. Portanto, faltam
quatro ou mais átomos de hidrogênio. Os dois ácidos graxos poliinsaturados mais
freqüentemente encontrados em nossos alimentos são o ácido linoleico duplamente
insaturado (com duas ligações duplas - também conhecido como ômega-6) e o ácido
linolênico triplamente insaturado, contendo três ligações duplas - também
chamado de ômega-3 (o número ômega indica a posição da primeira ligação dupla).
Nosso
organismo não consegue produzir esses ácidos graxos. Por isso, eles são
chamados de "essenciais". Precisamos obter nossos ácidos graxos
essenciais (ou EFA, em inglês) dos alimentos. Os ácidos graxos poliinsaturados
têm uma dobra ou curvatura na posição da ligação dupla e por isso não se
encaixam tão facilmente umas nas outras. Essas gorduras são líquidas, mesmo
quando refrigeradas.
Os
elétrons não emparelhados das ligações duplas tornam esses óleos altamente
reativos. Eles ficam rançosos com facilidade, especialmente o ácido linolênico
ômega-3, e precisam ser tratados com cuidado. Os óleos poliinsaturados nunca
devem ser aquecidos ou usados para cozimento. Na natureza os ácidos graxos
poliinsaturados são normalmente encontrados na forma cis, o que significa que ambos os átomos de hidrogênio da ligação
dupla estão no mesmo lado.
Todas
as gorduras e óleos, de origem animal ou vegetal, são algum tipo de combinação
de ácidos graxos saturados, ácidos graxos monoinsaturados, ácidos linoleicos
poliinsaturados e ácidos linolênicos. Em geral, gorduras animais como manteiga,
banha e sebo, contêm cerca de 40 a 60% de gordura saturada e são sólidas à
temperatura ambiente.
Óleos vegetais de climas do norte contêm uma
preponderância de ácidos graxos poliinsaturados e são líquidos à temperatura
ambiente. Os óleos vegetais dos trópicos são altamente saturados. A gordura de
coco, por exemplo, é 92% saturada. Essas gorduras são líquidas nos trópicos,
mas duras como manteiga em climas do norte. Os óleos vegetais são mais
saturadas nos climas quentes porque uma saturação mais elevada ajuda a manter a
firmeza nas folhas das plantas. O azeite de oliva, com sua preponderância de
ácido oleico, é produto de um clima temperado. Ele é líquido em temperaturas
quentes, mas endurece quando refrigerado.
Classificação dos ácidos graxos pelo comprimento
Os
pesquisadores não classificam os ácidos apenas pelo grau de saturação, mas
também pelo comprimento.
Cadeias curtas - São ácidos graxos
que têm de 4 a 6 átomos de carbono. Essas gorduras são sempre saturadas. O
ácido butírico (de 4 carbonos) é encontrado principalmente na gordura da
manteiga do leite de vaca. O ácido cáprico de 6 carbonos é encontrado
principalmente na manteiga do leite de cabras. Esses ácidos graxos têm
propriedades antimicrobianas, isto é, eles nos protegem contra vírus, levedos e
bactérias patogênicas do intestino. Eles não precisam sofrer a ação dos sais
biliares e são absorvidos diretamente, para geração rápida de energia. Por essa
razão, são menos propensos a causar aumento de peso do que o azeite de oliva ou
os óleos vegetais comerciais.27 Os ácidos graxos de cadeia curta
também contribuem para a saúde do sistema imunológico.28
Cadeias médias - São ácidos graxos
com 8 a 12 átomos de carbono, e são encontrados principalmente na manteiga e
nos óleos tropicais. Assim com os ácidos graxos de cadeia curta, essas gorduras
possuem propriedades antimicrobianas. São absorvidos diretamente, para produção
rápida de energia, e contribuem para a saúde do sistema imunológico.
Cadeias longas - São os que têm de
14 a 18 átomos de carbono e podem ser saturados, monoinsaturados ou
poliinsaturados. O esteárico é um ácido graxo saturado com 18 carbonos,
encontrado principalmente na carne de gado e no sebo de ovelha. O ácido oléico
é uma gordura monoinsaturada de 18 carbonos e é o principal componente do
azeite de oliva.
Outro
ácido graxo monoinsaturado e com 16 carbonos é o ácido palmitoleico, o qual
possui fortes propriedades antimicrobianas. É encontrado quase que
exclusivamente nas gorduras animais. Outro ácido graxo importante e de cadeia
longa é o ácido gama-linolênico (GLA, em inglês), com 18 carbonos e três
ligações duplas. É encontrado nos óleos da onagra (evening primrose), borago e groselha preta. Nosso organismo produz
o GLA a partir do ácido linoleico ômega-6 e o utiliza na produção de
substâncias chamadas prostaglandinas,
hormônios de tecidos localizados e que regulam muitos processos no âmbito
celular.
Ácidos
graxos de cadeias muito longas possuem de 20 a 24 átomos de carbono. Eles
tendem a ser altamente insaturados, com quatro, cinco ou seis ligações duplas.
Algumas pessoas conseguem produzi-los a partir dos EFAs. Mas outras pessoas,
especialmente aquelas cujos ancestrais comiam muito peixe, não possuem as
enzimas necessárias para produzi-los. Esses "carnívoros forçados"
precisam obtê-los a partir de alimentos de origem animal, como carnes de órgãos,
gema de ovos, manteiga e óleos de peixe.
Os
ácidos graxos de cadeias muito longas mais importantes são o ácido
dihomo-gamalinolênico (DGLA, em inglês), com 20 carbonos e três ligações
duplas, o ácido araquidônico (AA), com 20 carbonos e quatro ligações duplas, o
ácido eicosanopentanóico (EPA), com 20 carbonos e cinco ligações duplas, e o
ácido docosaexanóico (DHA), com 22 carbonos e seis ligações duplas. Todos
esses, com exceção do DHA, são utilizados na produção de prostaglandinas. Além
disso, os AA e o DHA desempenham importantes papéis no funcionamento do sistema
nervoso.29
Os perigos dos
poliinsaturados
O
público tem sido alimentado com uma grande quantidade de desinformação sobre as
relativas virtudes das gorduras saturadas em comparação com os óleos
poliinsaturados. Os gurus das dietas politicamente corretas nos dizem que os
óleos poliinsaturados nos fazem bem e que as gorduras saturadas causam câncer e
doenças cardíacas. Como resultado, mudanças fundamentais têm ocorrido nas
dietas ocidentais.
Na
virada do século XX, a maioria dos ácidos graxos na dieta alimentar era de
saturados ou monoinsaturados, fundamentalmente da manteiga, banha, sebo,
gordura de coco e pequenas quantidades de azeite de oliva. Hoje a maioria das
gorduras na dieta é de poliinsaturados de óleos vegetais, derivados
principalmente da soja, bem como do milho, cártamo e canola.
As
dietas modernas podem conter até 30% de calorias na forma de óleos
poliinsaturados, porém a pesquisa científica indica que essa quantidade é demasiadamente
elevada. As melhores evidências indicam que a nossa ingestão de poliinsaturados
não deve ser maior que 4% das calorias totais, na proporção aproximada de 2% de
ácido linolênico ômega-3 e 2% de ácido linoleico ômega-6.30
Um
consumo de EFA nessa faixa ideal é encontrado em populações nativas de regiões
temperadas e tropicais, cuja ingestão de óleos poliinsaturados vem de pequenas
quantidades dos legumes, grãos, nozes, hortaliças verdes, peixes, azeite de
oliva e gorduras animais, mas não de óleos vegetais comerciais.
O
excessivo consumo de óleos poliinsaturado tem demonstrado contribuir para um
grande número de doenças, inclusive aumento de câncer e doenças cardíacas;
disfunções do sistema imunológico; danos no fígado, pulmão e órgãos
reprodutivos; distúrbios digestivos; diminuição na capacidade de aprendizagem;
crescimento prejudicado; e aumento de peso.31
Uma
das razões de os poliinsaturados causarem tantos problemas de saúde é que eles
tendem a ficar oxidados ou rançosos quando submetidos ao calor, oxigênio e
umidade, como no cozimento e processamento. Os óleos rançosos são
caracterizados por radicais livres (um átomo ou grupo de átomos contendo um
elétron desemparelhado na órbita externa). Esses compostos são extremamente
reativos quimicamente.
Eles
têm sido caracterizados como “saqueadores” do organismo, pois atacam as
membranas das células e os glóbulos vermelhos e causam danos nas cadeias de
DNA/RNA, desencadeando dessa forma mutações nos tecidos, vasos sangüíneos e
pele. Os danos dos radicais livres causam rugas e envelhecimento precoce,
preparam o terreno para os tumores e iniciam o acúmulo de placas nos vasos
sangüíneos.
Então,
não é de se admirar que exames e estudos tenham repetidamente demonstrado uma
alta correlação entre câncer e doenças cardíacas com o consumo de
poliinsaturados.32 Novos indícios relacionam a exposição a radicais
livres com o envelhecimento precoce, doenças auto-imunes (como a artrite) e com
o mal de Parkinson, doença de Lou Gehrig, mal de Alzheimer e cataratas.33
Excesso de ômega-6
Os
problemas associados com excesso de poliinsaturados são exacerbados pelo fato
de que a maioria dos poliinsaturados nos óleos vegetais comerciais se encontra
na forma de ácido linoleico ômega-6 duplamente insaturado, contendo muito pouco
do vital ácido linolênico ômega-3 triplamente insaturado.
Pesquisa
recente revelou que um excesso de ômega-6 na dieta alimentar cria um
desequilíbrio que pode interferir na produção de importantes prostaglandinas.34
Essa ruptura pode resultar numa tendência crescente de formar coágulos
sangüíneos, inflamações, pressão alta, irritação do trato digestivo, repressão
da função imunológica, esterilidade, proliferação de células, câncer e aumento
de peso.35
Falta de ômega-3
Vários
pesquisadores têm argumentado que, juntamente com um excesso de ácidos graxos
ômega-6, a dieta alimentar norte-americana é deficiente no ácido linolênico
ômega-3, mais insaturado. Esse ácido graxo é necessário para oxidação das
células, para metabolizar importantes aminoácidos que contêm enxofre, e para
manter o equilíbrio adequado na produção de prostaglandinas. Essas deficiências
têm sido associadas com asma, doenças cardíacas e deficiências de aprendizagem.36
A
maioria dos óleos vegetais comerciais contém muito pouco ácido linolênico
ômega-3 e grandes quantidades de ácido linoleico ômega-6. Além disso, as
modernas práticas agrárias e industriais têm reduzido a quantidade de ômega-3
nos óleos vegetais disponíveis no mercado, nos ovos, peixes e carnes. Por
exemplo, ovos orgânicos de galinhas que se alimentam de insetos e plantas
verdes, podem conter ácidos graxos ômega-6 e ômega-3 na boa proporção de
aproximadamente um para um (1:1). Mas os ovos comerciais de supermercado podem
conter até 19 vezes mais ômega-6 que ômega-3... 37
Benefícios das
gorduras saturadas
As
tão difamadas gorduras saturadas (que as pessoas estão tentando evitar) não são
a causa das doenças modernas. Na realidade, elas desempenham importantes papéis
na química do nosso corpo:
·
Os
ácidos saturados constituem pelo menos 50% das membranas das células. Eles são
o que dá às nossas células a necessária firmeza e integridade.
·
Eles
desempenham um papel vital na saúde dos nossos ossos. Para que o cálcio possa
ser eficazmente incorporado à estrutura óssea, pelo menos 50% das gorduras
oriundas da dieta alimentar precisam ser saturadas.38
·
Eles
diminuem a Lp(a), uma substância do sangue que indica tendência a doenças
cardíacas.39 Eles protegem o fígado contra o álcool e outras
toxinas, como o Tylenol.40
·
Eles
fortificam o sistema imunológico.41
·
Eles
são necessários para utilização adequada dos ácidos graxos essenciais. Os
ácidos graxos ômega-3 alongados são melhor retidos nos tecidos quando a dieta
alimentar é rica em gorduras saturadas.42
·
O
ácido esteárico saturado de 18 carbonos e o ácido palmítico de 16 carbonos são
os nutrientes preferidos do nosso coração - é por isso que a gordura em redor
do músculo cardíaco é altamente saturada.43 O coração recorre a essa
reserva de gordura em tempos de estresse.
·
Ácidos
graxos saturados com cadeias curtas e médias têm importantes propriedades
antimicrobianas. Eles nos protegem contra microrganismos prejudiciais do trato
digestivo.
As
provas científicas, avaliadas de forma honesta, não dão suporte à alegação de
que gorduras saturadas "entupidoras de artérias" causam doenças
cardíacas.44 Na verdade, a avaliação dos depósitos encontrados nas
artérias revela que apenas 26% são saturados. O restante é insaturado, do qual
mais da metade é poliinsaturado.45
E o colesterol?
E
quanto ao colesterol? Aqui também o público tem sido desinformado. Os nossos
vasos sangüíneos podem ser danificados de várias formas – irritações causadas
por radicais livres ou vírus, ou por estarem estruturalmente enfraquecidos – e
quando isso acontece, uma substância reparadora natural do organismo entra em
cena para consertar o estrago.
Essa
substância é o colesterol. O colesterol é um álcool de elevado peso molecular,
que é fabricado no fígado e na maioria das células humanas. Assim como as
gorduras saturadas, o colesterol que produzimos e consumimos desempenham muitas
funções vitais:
·
Juntamente
com a gordura saturada, o colesterol na membrana celular dá às nossas células
as necessárias rigidez e estabilidade. Quando a dieta alimentar contém um
excesso de ácidos graxos poliinsaturados, eles substituem os ácidos graxos
saturados na membrana da célula, e então a parede celular torna-se
"molóide".
·
Quando
isso acontece, o colesterol do sangue é desviado para os tecidos, a fim de lhes
propiciar integridade estrutural. É por isso que os níveis de colesterol
sorológico podem cair temporariamente, quando substituímos gorduras saturadas
por óleos poliinsaturados na dieta alimentar.46
·
O
colesterol age como um precursor dos corticóides vitais, hormônios que nos
ajudam a lidar com o estresse e protegem nosso organismo contra o câncer e
doenças cardíacas, e como precursor dos hormônios sexuais, como os androgênios,
testosterona, estrogênio e progesterona.
·
O
colesterol é um precursor da vitamina D, uma vitamina lipossolúvel muito
importante, necessária para termos ossos saudáveis e para o sistema nervoso,
para um crescimento adequado, metabolismo mineral, tônus muscular, produção de
insulina, e funcionamento dos sistemas reprodutivo e imunológico.
·
O
sais biliares são feitos do colesterol. A bile é vital para digestão e
assimilação de gorduras da dieta.
·
Pesquisa
recente demonstra que o colesterol age como um antioxidante.47 Essa
é a provável explicação para o fato de os níveis de colesterol subirem com o
passar da idade. Como antioxidante, o colesterol protege-nos contra danos dos
radicais livres, que causam doenças cardíacas e câncer.
·
O
colesterol é necessário para um funcionamento adequado dos receptores de
serotonina no cérebro.48 A serotonina é um produto químico natural do
nosso corpo e que produz um sentimento de bem-estar. Baixos níveis de
colesterol têm sido relacionados com comportamento agressivo e violento,
depressão e tendências suicidas.
·
O
leite materno é particularmente rico em colesterol e contém uma enzima especial,
que ajuda o nenê a utilizar esse nutriente. Os nenês e as crianças precisam de
alimentos ricos em colesterol durante todos os anos de crescimento, para
garantir um desenvolvimento adequado do cérebro e do sistema nervoso.
·
O
colesterol oriundo da dieta alimentar desempenha um importante papel na
manutenção da saúde da parede intestinal.49 É por isso que dietas vegetarianas com pouco
colesterol podem levar à síndrome do intestino permeável e a outros problemas
intestinais.
O
colesterol não é a causa das doenças cardíacas, mas sim uma potente arma
antioxidante contra os radicais livres no sangue, e uma substância reparadora
que ajuda a curar os danos arteriais (apesar de as placas arteriais conterem um
pouco de colesterol).
Porém,
assim como as gorduras, o colesterol pode ser danificado por exposição ao calor
e ao oxigênio. Esse colesterol danificado ou oxidado parece promover ferimentos
nas células arteriais, bem como acúmulo patológico de placas nas artérias.50
Colesterol danificado é encontrado nos ovos em pó, no leite em pó (adicionado
para encorpar leites com gordura reduzida), além de carnes e gorduras que
tenham sido aquecidos em frituras e outros processos de alta temperatura.
Altos
níveis sorológicos de colesterol muitas vezes indicam que o organismo precisa
de colesterol para proteger-se contra altos níveis de gorduras alteradas e com
radicais livres. Da mesma forma que uma numerosa força policial é necessária
numa localidade onde ocorrem muitos crimes, também o colesterol é necessário
num organismo pobremente nutrido, para proteger o indivíduo contra as
tendências de doenças cardíacas e câncer. Culpar o colesterol pelas doenças
cardiocoronárias é como culpar a polícia pelos roubos e assassinatos numa área
onde o crime é elevado.
O
funcionamento deficiente da tireóide (hipotireoidismo) muitas vezes resulta em
altos níveis de colesterol. Quando o funcionamento da tireóide é deficiente,
normalmente devido a uma dieta com muito açúcar e pouco iodo utilizável, poucas
vitaminas lipossolúveis e outros nutrientes, o organismo inunda o sangue com
colesterol, como um mecanismo adaptador e protetor, propiciando uma
superabundância de materiais necessários para curar tecidos e produzir
esteróides protetores. Pessoas com hipotireoidismo são particularmente suscetíveis
a infecções, doenças cardíacas e câncer.51
N. do T. Ver também artigo na e-coluna do Dr. Joseph Mercola <www.mercola.com>, ed. 361 (de 21-09-02), do
médico sueco Uffe Ravnskov <uffe.ravnskov@swipnet.se>.
O Dr. Ravnskov (autor do livro The Cholesterol Myths – "Os Mitos do
Colesterol", ISBN 0-9670897-0-0, New Trends Publishing Inc.) é porta-voz
do crescente grupo internacional de cientistas, médicos e pesquisadores acadêmicos
de vários países chamado International
Network of Cholesterol Skeptics (algo como "Rede Internacional de Profissionais Descrentes do Colesterol"),
que questiona o dogma de que colesterol e gorduras saturadas na dieta alimentar
causam doenças cardíacas. Eles alegam que não apenas não existe prova que apóie
essa hipótese, mas também as evidências científicas disponíveis claramente
contradizem essa alegação. Além disso, eles alertam para as gerações de
diabéticos e obesos (esses sim, candidatos a problemas cardíacos) resultantes
desse equivocado patrulhamento contra as gorduras saturadas e o colesterol.
Causa e tratamento
das doenças cardíacas
As
causas das doenças cardíacas não são as gorduras animais e o colesterol, mas
sim vários fatores inerentes às dietas modernas, incluindo o consumo excessivo
de óleos vegetais e gorduras hidrogenadas, excessivo consumo de carboidratos
(ma forma de açúcar e farinha branca), deficiências minerais (em especial o
baixo nível de magnésio e iodo), deficiências de vitaminas (em especial da
vitamina C, necessária para integridade das paredes dos vasos sangüíneos) e de
antioxidantes (como selênio e vitamina E, que nos protegem dos radicais livres)
e, por último, o desaparecimento das gorduras antimicrobianas dos alimentos, ou
seja, as gorduras animais e os óleos tropicais.52 Esses,
antigamente, nos protegiam contra os tipos de vírus e bactérias que têm sido
associados com o início das placas patogênicas que levam a doenças cardíacas.
Embora
os níveis sorológicos de colesterol propiciem uma indicação imprecisa de
futuras doenças cardíacas, um elevado nível no sangue da substância chamada
homocisteína tem sido positivamente relacionado com a formação patológica de
placas nas artérias e com a tendência de formar coágulos – uma combinação
fatal. Ácido fólico, vitamina B-6, vitamina B-12 e colina são nutrientes que
reduzem os níveis sorológicos de homocisteína.53 Esses nutrientes
são encontrados principalmente nos alimentos de origem animal.
A
melhor forma de tratar doenças cardíacas, então, não é tentando diminuir o
colesterol, seja por meio de medicamentos ou através da dieta alimentar, mas
sim:
·
adotando
uma dieta com alimentos de origem animal ricos em vitaminas B-6 e B-12;
·
ajudando
o funcionamento da tireóide, através do uso diário de sal marinho natural - uma
boa fonte de iodo utilizável;
·
evitando
deficiências vitamínicas e minerais, que tornam as paredes arteriais mais
suscetíveis a rupturas e à formação de placas;
·
incluindo
gorduras antimicrobianas na dieta alimentar; e
·
eliminando
alimentos processados contendo carboidratos refinados e colesterol oxidado, bem
como óleos vegetais contendo radicais livres, que fazem com que o organismo
necessite de constantes reparos.
Métodos modernos de
processamento das gorduras
É
importante entender que, de todas as substâncias ingeridas pelo nosso
organismo, os óleos poliinsaturados são as que mais facilmente tornam-se
perigosas no processamento industrial de alimentos, especialmente o instável
ácido linolênico ômega-3. Considere os seguintes processos a que são submetidos
ácidos graxos que ocorrem naturalmente, antes que eles cheguem à sua mesa:
Extração - Os óleos que
ocorrem naturalmente em frutas, nozes e sementes precisam primeiro ser
extraídos. Antigamente, essa extração se fazia com prensas de pedra, que se
moviam lentamente. Mas atualmente os óleos processados nas grandes fábricas são
obtidos esmagando-se as semente oleosas e aquecendo-as a 230 graus.
O
óleo é então obtido por compressão, com pressões que variam de 10 a 20 toneladas
por polegada, gerando assim mais calor. Durante esse processo, os óleos são
expostos à luz e ao oxigênio, que os danificam. Para extrair os 10% restantes
de óleo das sementes esmagadas, os processadores tratam a polpa com vários
tipos de solvente – normalmente o hexano. O solvente é então removido por meio
de fervura, embora até 100 partes por milhão possam permanecer no óleo. Esses
solventes, que já são tóxicos, retêm os pesticidas aderidos às sementes e grãos
antes do processamento.
A
alta temperatura do processamento faz com que as fracas ligações de carbono dos
ácidos graxos insaturados (especialmente o ácido linolênico) se rompam, criando
assim perigosos radicais livres. Além disso, antioxidantes como a lipossolúvel
vitamina E (que protege o organismo contra a devastação dos radicais livres)
são neutralizados ou destruídos pelas altas temperaturas e pressões. O BHT e o
BHA, ambos suspeitos de causarem câncer e danos cerebrais, são muitas vezes
adicionados a esses óleos, para substituir a vitamina E e outros conservantes
naturais destruídos pelo aquecimento.
Existe
uma técnica moderna e segura para extração, que perfura a semente e extrai o
óleo com sua preciosa carga de antioxidantes, sob baixas temperaturas e com
mínima exposição à luz e ao oxigênio. Esses óleos não refinados permanecem
frescos por um longo período, se guardados no refrigerador em garrafas escuras.
O
azeite de oliva extra virgem é produzido por esmagamento das azeitonas por
pedras, ou por rolos de aço inox. Esse é um processo suave, que preserva a
integridade dos ácidos graxos e dos numerosos conservantes naturais existentes
nesse azeite. Se armazenado em recipiente opaco, o azeite de oliva reterá seu
frescor e sua preciosa carga de antioxidantes durante muitos anos.
Hidrogenização - É o processo que
transforma os poliinsaturados (normalmente líquidos à temperatura ambiente) em
gorduras que são sólidas na temperatura ambiente – margarina e gordura para
fritura. Para produzi-los, os fabricantes começam com os óleos mais baratos -
soja, milho, algodão ou canola, já tornados râncidos pelo processo de extração,
e os misturam com minúsculas partículas de metal, usualmente o óxido de níquel
(catalisador).
O
óleo com esse níquel é então submetido ao gás hidrogênio, num reator de alta pressão
e alta temperatura. A seguir, amido e emulsificadores tipo sabão são injetados
na mistura, para dar maior consistência, e o óleo é novamente submetido a altas
temperaturas, para ser limpo a vapor. Isso remove o odor desagradável. A cor
natural da margarina, um cinza nada apetitoso, é removida por alvejante.
Corantes e fortes flavorizantes são então acrescentados, para torná-la
semelhante à manteiga. Por último, a mistura é comprimida e acondicionada em
blocos ou tubos e vendida como um produto saudável.
Gorduras
e margarinas parcialmente hidrogenadas são ainda piores para a saúde do que os
óleos vegetais altamente refinados dos quais elas são feitas, por causa das
alterações químicas que ocorrem no processo de hidrogenização. Sob altas
temperaturas, o catalisador (níquel) faz com o que o átomo de hidrogênio mude
de posição na cadeia do ácido graxo.
Antes
da hidrogenização, pares de átomos de hidrogênio ocorrem juntos, fazendo com
que a cadeia se curve ligeiramente e criando uma concentração de elétrons no
local da ligação dupla. Isso é chamado de "formação cis", a
configuração mais comumente encontrada na natureza. Com a hidrogenização, um
átomo de hidrogênio do par é movido para o outro lado, fazendo com que a
molécula fique reta. Isso é chamado de “formação trans”, raramente encontrada
na natureza.
A
maior parte dessas gorduras trans artificiais são toxinas para o organismo
humano, mas infelizmente o nosso sistema digestivo não as reconhece como tal.
Em vez de serem eliminadas, as gorduras trans são incorporadas às membranas das
células, como se fossem gorduras cis - na verdade, as nossas células tornam-se
parcialmente hidrogenadas! Uma vez estabelecidos, os ácidos graxos trans, com
seus átomos de hidrogênio deslocados, provocam devastação no metabolismo das
células, pois as reações químicas somente podem ocorrer quando os elétrons das
membranas celulares seguem um certo arranjo ou padrão, o que é alterado pelo
processo de hidrogenização.
Na
década de 40, pesquisadores encontraram uma forte correlação entre câncer e o
consumo de gorduras – as gorduras usadas nos estudos foram as hidrogenadas,
embora os resultados tenham sido apresentados como se as culpadas fossem as
gorduras saturadas.54 Na verdade, até recentemente as gorduras
saturadas eram englobadas junto com as gorduras trans nos diversos bancos de
dados norte-americanos que os pesquisadores usavam para correlacionar
tendências dietéticas com doenças.55 Assim, as gorduras saturadas
naturais foram pichadas com o pincel dos óleos vegetais hidrogenados não
naturais.
Gorduras
alteradas e parcialmente hidrogenadas feitas a partir de óleos vegetais na
realidade bloqueiam a utilização dos ácidos graxos essenciais, causando muitos
efeitos nocivos, inclusive disfunções sexuais, aumento do colesterol no sangue
e paralisia do sistema imunológico.56
O
consumo de gordura hidrogenada está associado com uma série de outras doenças
graves, não apenas câncer, mas também aterosclerose, diabetes, obesidade,
disfunções no sistema imunológico, recém-nascidos com baixo peso, defeitos de
nascimento, menor acuidade visual, esterilidade, dificuldades na lactação e
problemas com ossos e tendões.57
Apesar
disso tudo, as gorduras hidrogenadas continuam sendo promovidas como alimentos
saudáveis. A maior popularidade das margarinas parcialmente hidrogenadas em
relação à manteiga representa o triunfo da fraude publicitária sobre o bom
senso.
Homogeneização - É o processo pelo
qual partículas de gordura do creme são forçadas através de minúsculos poros e
sob grande pressão. As partículas de gordura resultantes são tão pequenas que
ficam em suspensão, em vez de subirem para a superfície do leite. Isso torna a
gordura e o colesterol mais suscetíveis à rancidez e à oxidação, e algumas
pesquisas indicam que as gorduras homogeneizadas podem contribuir para as
doenças cardíacas.58
O
constante ataque da mídia às gorduras saturadas é altamente suspeito. Alegações
de que a manteiga causa crônicos valores elevados de colesterol não têm sido
substanciadas por pesquisas – embora alguns estudos mostrem que o consumo de
manteiga causa uma pequena e temporária elevação, enquanto outros estudos
demonstrem que o ácido esteárico, o principal componente da gordura da carne de
gado, na realidade diminui o colesterol.59
A
margarina, por outro lado, provoca crônicos e elevados níveis de colesterol, e
tem sido relacionada tanto a doenças cardíacas quanto ao câncer.60
As novas margarinas “soft”, ou pastas em bisnagas para passar no pão, apesar de
conterem menos gorduras hidrogenadas, ainda são produzidas a partir de óleos
vegetais râncidos e contêm muitos aditivos.
O
"dietocratas" conseguiram convencer as pessoas de que a manteiga é
perigosa, quando na realidade ela é um valioso componente de muitas dietas de
culturas tradicionais e fonte dos seguintes nutrientes:
Vitaminas
lipossolúveis, vitaminas solúveis na gordura. Incluem
a vitamina A (retinol), vitamina D, vitamina K e vitamina E, bem como todos os
seus co-fatores que ocorrem naturalmente e que são necessários para se obter
efeito máximo. A manteiga é a melhor fonte desses importantes nutrientes. Na
verdade, a vitamina A é mais facilmente absorvida e utilizada se oriunda da
manteiga que de qualquer outra fonte.61 Felizmente, essas vitaminas
lipossolúveis são relativamente estáveis e sobrevivem ao processo de
pasteurização.
Quando
o Dr. Weston Price estudou povos isolados tradicionais ao redor do mundo, ele
descobriu que a manteiga era básica em muitas dietas nativas. (Ele não achou
nenhum povo isolado que consumisse óleos poliinsaturados). Os grupos que ele
estudou valorizavam particularmente a manteiga amarelo-escuro, produzida a
partir do leite de vacas que se alimentavam de grama verde de rápido
crescimento. Por intuição natural, eles sabiam que suas qualidades revigorantes
eram especialmente benéficas para crianças e grávidas.
E
quando o Dr. Price analisou essa manteiga de amarelo escuro, descobriu que ela
era excepcionalmente rica em vitaminas lipossolúveis, especialmente a vitamina
A. Ele chamou essas vitaminas de catalisadores ou “ativadores”. Sem elas,
segundo o Dr. Price, não vamos conseguir utilizar os minerais que ingerimos,
não importa o quanto eles sejam abundantes em nossa dieta alimentar. Ele também
acreditava que as vitaminas lipossolúveis são necessárias para absorção das
vitaminas hidrossolúveis (solúveis em água).
As
vitaminas A e D são essenciais para o crescimento, para o desenvolvimento
adequado do cérebro e do sistema nervoso e para o desenvolvimento sexual
normal. Muitos estudos têm demonstrado a importância da gordura da manteiga
para a reprodução. Sua ausência resulta em “castração nutricional”, a falha na
produção das características sexuais masculinas e femininas. À medida que o
consumo de manteiga declinou no Ocidente, aumentaram as taxas de esterilidade e
os problemas de desenvolvimento sexual. Em bezerros, os substitutos da manteiga
não conseguem promover o crescimento ou manter a reprodução.62
Nem
todas as sociedades que o Dr. Price estudou ingeriam manteiga. Mas todos os
grupos que observou não mediam esforços para obter alimentos ricos em vitaminas
lipossolúveis – peixes, mariscos, ovas de peixes, carnes de órgãos, gorduras de
animais marinhos e insetos. Sem saber os nomes das vitaminas contidas nesses
alimentos, as sociedades tradicionais isolados reconheciam sua importância na
dieta alimentar e comiam generosamente os produtos animais que as continham.
Eles acreditavam, acertadamente, que esses alimentos eram necessários para a
fertilidade e desenvolvimento ideal das crianças.
O
Dr. Price analisou o conteúdo nutritivo das dietas nativas e descobriu que ele
sempre propiciava cerca de dez vezes mais vitaminas lipossolúveis que a dieta
dos norte-americanos de 1930. Essa proporção é provavelmente maior ainda hoje,
pois os norte-americanos têm deliberadamente reduzido o consumo de gordura
animal. O Dr. Price percebeu que essas vitaminas lipossolúveis promoviam a
bonita estrutura óssea, o amplo palato, os dentes perfeitos e alinhados, e os
rostos bonitos e bem-proporcionados que caracterizavam os membros de grupos tradicionais
isolados.
As
crianças em geral não comem peixe ou carnes de órgãos, pelo menos não em
grandes quantidades, e gordura de baleia e insetos não fazem parte da dieta
ocidental. Muitos não comem ovos. A única boa fonte de vitaminas lipossolúveis
na dieta norte-americana, que pode certamente ser comida, é a manteiga. A
manteiga adicionada às verduras e passada no pão, assim como a nata adicionada
às sopas e molhos, asseguram a assimilação adequada dos minerais e das
vitaminas hidrossolúveis das verduras, cereais e carnes.
O fator Wulzen - Chamado de fator
"anti-rigidez", esse componente está presente na gordura animal
natural. A pesquisadora Rosalind Wulzen descobriu que essa substância protege
humanos e animais contra a calcificação das juntas (artrite degenerativa). Ela
também protege contra o endurecimento das artérias, cataratas e calcificação da
glândula pineal.63 Bezerros alimentados com leite pasteurizado ou
leite desnatado produzem rigidez nas junta e não se desenvolvem. Seus sintomas
são revertidos quando se acrescenta gordura natural de manteiga à dieta. A
pasteurização destrói o fator Wulzen - ele está presente apenas na manteiga
bruta, nata e leite integral.
O fator Price, ou
ativador X
- Descoberto pelo Dr. Price o ativador X é um poderoso catalisador que, assim
como as vitaminas A e D, ajuda o nosso corpo a absorver e utilizar os minerais.
Ele é encontrado em carnes de órgãos de animais de pasto (não alimentadas com
ração) e em alguns frutos do mar. A manteiga pode ser uma fonte especialmente
rica em ativador X, quando oriunda de vacas que comem grama de crescimento
rápido, na primavera e no outono. Ele desaparece nas vacas alimentadas com
rações de caroço de algodão, ou com rações de alta proteína à base de soja.64
Felizmente, o ativador X não é destruído pela pasteurização.
Ácido araquidônico - É um
poliinsaturado de 20 carbonos com quatro ligações duplas, encontrado em
pequenas quantidades somente em gorduras animais. O ácido araquidônico (AA)
desempenha um papel no funcionamento do cérebro, é um componente vital nas
membranas das células, sendo um precursor de importantes prostaglandinas.
Alguns gurus dietéticos alertam contra a ingestão de alimentos ricos em AA,
alegando que ele contribui para a produção das prostaglandinas “ruins”, aquelas
que causam inflamações. Porém, as prostaglandinas que agem contra as
inflamações também são feitas a partir do AA.
Ácidos graxos de
cadeias curtas e médias - A manteiga contém cerca de 12 a 15% de ácidos graxos
com cadeias curtas e médias. Esse tipo de gordura saturada não necessita ser
emulsificada por sais biliares, sendo absorvida diretamente através do
intestino delgado para o fígado, onde é convertida em energia rápida. Esses
ácidos graxos também possuem propriedades antimicrobianas, anti-tumor e de
apoio ao sistema imunológico, especialmente o ácido láurico de 12 carbonos, de
cadeia média e não encontrado em outras gorduras animais.
O
altamente protetor ácido láurico devia ser chamado de "ácido graxo
condicionalmente essencial", porque ele é produzido apenas pelas glândulas
mamárias e não no fígado, como outras gorduras saturadas.65
Precisamos obtê-lo de duas fontes dietéticas - pequenas quantidades na
manteiga, ou grandes quantidades na gordura de coco. O ácido butírico de quatro
carbonos é exclusivo da manteiga. Ele tem propriedades antifúngicas e efeitos
anti-timores.66
Ácidos graxos
essenciais ômega-6 e ômega-3 - Ocorrem na manteiga em pequenas mas
praticamente iguais quantidades. Esse excelente equilíbrio entre ácido
linoleico e ácido linolênico evita os tipos de problemas associados com excesso
de consumo de ômega-6.
Ácido linoleico
conjugado
- A manteiga oriunda de vacas de pasto (não alimentadas com ração) também
contém uma forma reagrupada chamada ácido linoleico conjugado (CLA, em inglês),
que possui fortes propriedades anticâncer. Ele também estimula a formação de
músculos e previne o aumento de peso. O CLA desaparece quando as vacas são
alimentadas com forragem seca ou com rações processadas.67
Lecitina - A lecitina é um
componente natural da manteiga que auxilia na assimilação adequada e na
metabolização do colesterol e de outros constituintes da gordura.
Colesterol - O leite materno
contém altos níveis de colesterol porque ele é essencial para o crescimento e o
desenvolvimento. O colesterol também é necessário para a produção de diversos
esteróides que protegem contra o câncer, doenças cardíacas e doenças mentais.
Glicoesfingolipídios - Este tipo de
gordura protege contra infecções gastrointestinais, especialmente nos muito
jovens e nos idosos. Por essa razão, crianças que bebem leite desnatado têm
taxas de diarréia três a cinco vezes mais altas do que as que tomam leite
integral.68
Micronutrientes - Muitos
micronutrientes estão incorporados na membrana do glóbulo gorduroso da manteiga,
incluindo manganês, zinco, cromo e iodo. Em áreas montanhosas e distantes do
mar, o iodo da manteiga protege contra o bócio (papo). A manteiga é
extremamente rica em selênio, um micronutriente com propriedades antioxidantes,
numa maior concentração por grama que o arenque ou o germe de trigo.
Uma
objeção constantemente ouvida contra o consumo de manteiga e de outras gorduras
animais é a de que elas tendem a acumular venenos ambientais. Venenos
lipossolúveis, como o DDT, realmente se acumulam na manteiga. Mas os venenos
hidrossolúveis, como os antibióticos e o hormônio do crescimento, acumulam-se
na fração aquosa do leite e das carnes.
As
verduras e os grãos também acumulam venenos. Uma lavoura típica recebe dez
aplicações de pesticidas (desde o plantio até a armazenagem), ao passo que as
vacas geralmente pastam em campos não pulverizados. A aflatoxina, um fungo que
cresce nos grãos, é um dos mais potentes carcinógenos conhecidos.
É
correto supor que todos os nossos alimentos, sejam de origem animal ou vegetal,
estejam contaminados. A solução para os venenos ambientais não é eliminar as
gorduras animais (tão essenciais ao crescimento, à reprodução e à saúde em
geral), mas sim procurar obter carnes orgânicas e manteiga oriunda de vacas
alimentadas em pastagens, bem como verduras e grãos orgânicos. Esse tipo de
alimento está se tornando cada vez mais disponível em lojas de alimentos
naturais, supermercados, por encomenda postal e em cooperativas.
Composição das diversas gorduras
Antes
de sairmos deste complexo mas vital assunto das gorduras, vale a pena examinar
a composição dos óleos vegetais e de outras gorduras animais, a fim de
verificar sua utilidade e adequação na preparação dos alimentos..
Gorduras de patos e
de gansos
- São semi-sólidas à temperatura ambiente, contendo cerca de 35 por cento de
gordura saturada, 52% de gordura monoinsaturada (incluindo pequenas quantidades
de ácido palmitoleico, antimicrobiano) e cerca de 13 por cento de gordura
poliinsaturada. A proporção entre ômega-6 e ômega-3 depende do tipo de
alimentação dessas aves. As gorduras de pato e de ganso são bastante estáveis e
muito apreciadas na Europa para a fritura de batatas.
Gordura de frango - Cerca de 31% são
saturadas, 49% são monoinsaturadas (incluindo quantidades moderadas de ácido
palmitoleico) e 20% são poliinsaturadas - a maioria ômega-6, embora a
quantidade de ômega-3 possa ser aumentada se as galinhas forem alimentadas com
linho ou farinha de peixe, ou deixando que elas andem livremente e comam
insetos. Apesar de serem amplamente utilizadas em cozinhas kosher, ela é inferior às gorduras de patos e de gansos, que eram
tradicionalmente preferidas à gordura de frango na cozinha judaica.
Banha, ou banha de porco,
é cerca de 40% saturada, 48% monoinsaturada (incluindo pequenas quantidades de
ácido palmitoleico) e 12% poliinsaturada. Assim como a gordura das aves, as
quantidades de ômega-6 e ômega-3 vão depender da alimentação que o porco
recebeu. Nos trópicos, a banha pode também ser uma fonte de ácido láurico, caso
o porco tenha sido alimentado com coco.
Assim
como a gordura dos patos e dos gansos, a banha é estável, sendo a gordura
preferida para frituras. Ela foi largamente utilizada nas Américas na virada do
século XX. É uma boa fonte de vitamina D. Alguns pesquisadores acreditam que os
produtos suínos devem ser evitados porque eles podem contribuir para o câncer.
Outros sugerem que apenas a carne de porco apresenta problemas e que a gordura
de porco na forma de banha é segura e saudável.
Sebo
de gado e ovelha - São 50-55% saturados, cerca de 40% monoinsaturados e contêm
pequenas quantidades de poliinsaturados, geralmente menos de 3 por cento. O
sebo é uma gordura muito estável e pode ser usada para fritura.
Azeite de oliva - Contém 75% de
ácido oleico (gordura monoinsaturada estável), além de 13% de gordura saturada,
10% de ômega-6 e 2% de ômega-3. O alto percentual de ácido oleico torna o
azeite de oliva ideal para saladas e para cozimento a temperaturas moderadas. O
óleo extra virgem é também rico em antioxidantes.
Ele
deve ser turvo (indicando que não foi filtrado) e ter uma cor amarelo-dourada
(indica que foi produzido a partir de azeitonas maduras). O azeite de oliva tem
resistido ao teste do tempo. Ele é o óleo vegetal mais seguro que você pode
usar, porém não exagere. As cadeias mais longas de ácidos graxos encontradas no
azeite de oliva têm mais possibilidade de contribuir para o acúmulo de gordura
corpórea que os ácidos graxos de cadeias curtas e médias encontradas na
manteiga, gordura de coco e óleo de palma.
Óleo de amendoim - Contém 48% de
ácido oleico, 18% de gordura saturada e 34% de ácido linoleico ômega-6. Assim
como o azeite de oliva, o óleo de amendoim é relativamente estável e, portanto,
próprio para frituras rápidas. Porém, o alto percentual de ômega-6 representa
um perigo em potencial e, portanto, o uso do óleo de amendoim deve ser
rigorosamente limitado.
Óleo de gergelim - Contém 42% de
ácido oleico, 15% de gordura saturada e 43% de ácido linoleico ômega-6. O óleo
de gergelim tem composição semelhante ao óleo de amendoim. Pode ser utilizado
para fritura porque contém antioxidantes exclusivos e que não são destruídos
pelo calor. Porém, o alto percentual de ômega-6 é um fator contrário ao seu
uso.
Óleos de cártamo,
milho, girassol, soja e algodão - Todos contêm mais de 50% de ômega-6 e, com
exceção do óleo de soja, apenas quantidades mínimas de ômega-3. O óleo de
cártamo contém quase 80% de ômega-6. Os pesquisadores estão mal começando a
descobrir os perigos do excesso de ômega-6, sejam ou não râncidos, na dieta
alimentar. A utilização desses óleos deve ser rigorosamente evitada.
Esses
óleos nunca devem ser consumidos após terem sido aquecidos, como no cozimento
ou fritura. Os óleos de cártamo e girassol, altamente oleicos, produzidos a
partir de plantas híbridas, têm uma composição semelhante ao azeite de oliva.
Ou seja, altas quantidades de ácido oleico e apenas pequenas quantidades de
ácidos graxos poliinsaturados, sendo assim mais estáveis que as variedades
tradicionais. Porém, é difícil encontrar versões desses óleos realmente obtidas
por prensagem a frio.
Óleo de canola - Contém 5% de
gordura saturada, 57% de ácido oleico, 23% de ômega-6 e 10-15% de ômega-3. O
óleo de canola, o mais novo no mercado, foi desenvolvido a partir da semente de
colza, da família das mostardas. A semente de colza é imprópria para consumo
humano, porque contém um ácido graxo de cadeia muito longa, chamado ácido
erúcico, o qual, em certas circunstâncias, está associado com lesões fibrosas
no coração.
O
óleo de canola foi criado para ter pouco ou nenhum ácido erúcico e chamou a
atenção dos nutricionistas por seu elevado conteúdo de ácido oleico. Mas
existem algumas indicações de que o óleo de canola apresenta seus próprios
perigos.
Esse
óleo tem um elevado conteúdo de enxofre e fica rançoso facilmente. Alimentos
cozidos com óleo de canola desenvolvem fungos (bolor) muito rapidamente.
Durante o processo de desodorização, os ácidos graxos ômega-3 do óleo de canola
processado são transformados em ácidos graxos trans, semelhantes aos das
margarinas e provavelmente mais perigosos.69 Um recente estudo
indica que o óleo de canola “coração saudável” na verdade cria uma deficiência
de vitamina E, uma vitamina necessária para a saúde do sistema cardiovascular.70
Outros estudos indicam que mesmo um óleo de canola com baixo nível de ácido
erúcico causa lesões cardíacas, especialmente quando a dieta tiver pouca
gordura saturada.71
Óleo de linhaça - Contém 9% de
ácidos graxos saturados, 18% de ácido oleico, 16% de ômega-6 e 57% de ômega-3.
Com seu conteúdo extremamente alto de ômega-3, o óleo de linhaça propicia uma
solução para o desequilíbrio entre ômega-6 e ômega-3, tão comum no mundo
ocidental de hoje.
Novos
métodos de extração e engarrafamento minimizaram os problemas de rancidez
(causados pelos ômega-3). Ele deve ser sempre mantido sob refrigeração, nunca
deve ser aquecido, e deve ser consumido em pequenas quantidades em molhos para
salada e pastas para passar no pão. Os óleos tropicais são mais saturados que
os demais óleos vegetais. O óleo de palma (dendê) é cerca de 50% saturado, com
41% de ácido oleico e cerca de 9% de ácido linoleico. A gordura de coco é 92%
saturada, com mais de dois terços da gordura saturada em forma de ácidos graxos
de cadeias médias (geralmente chamados de triglicerídeos de cadeia média).
De
especial interesse é o ácido láurico, encontrado em grande quantidade na
gordura de coco e no leite materno. Esse ácido graxo possui potentes
propriedades antimicrobianas e antifúngicas.
A
gordura de coco protege as populações tropicais contra bactérias e fungos, tão
comuns em seus alimentos. Quando as nações do terceiro mundo nas regiões
tropicais passaram a usar óleos vegetais poliinsaturados, a incidência de
distúrbios intestinais e de doenças por imunodeficiência aumentou
dramaticamente. Por conter ácido láurico, a gordura de coco é muitas utilizada
em fórmulas para mamadeiras. O óleo do caroço de palma, usado principalmente na
cobertura de doces, também contém altos níveis de ácido láurico.
Esses
óleos são extremamente estáveis e podem ser mantidos na temperatura ambiente
por muitos meses, sem se tornarem râncidos. Os óleos tropicais altamente
saturados não contribuem para as doenças cardíacas. Ao contrário, têm alimentado
populações saudáveis há milênios.72
É
uma pena não usar esses óleos para cozinhar. A má fama que eles receberam é
resultado de intenso lobby por parte
da indústria norte-americana de óleos vegetais.73 O óleo vermelho de
palma tem um sabor forte e que muitos acham desagradável, embora seja
amplamente utilizado em toda a África. Mas o óleo purificado de palma, que é
branco e não tem gosto, era antigamente utilizado para fritura e na produção
comercial de batatinhas fritas, enquanto que a gordura de coco era usada em
doces, salgadinhos e confeitos. O medo da gordura saturada forçou os
fabricantes a abandonar esse óleos seguros e saudáveis, em favor dos óleos
hidrogenados de soja, milho, canola e algodão.
Em
resumo, nossa escolha de óleos e gorduras é algo da maior importância. Para a
maioria das pessoas, principalmente bebês e crianças em crescimento, é mais
benéfico ter mais gordura na dieta do que menos. Mas as gorduras que ingerimos
devem ser escolhidas com cuidado. Evite os alimentos processados contendo
modernas gorduras hidrogenadas e óleos poliinsaturados.
Em
seu lugar, use os óleos vegetais tradicionais, como azeite de oliva extra
virgem, e pequenas quantidades de óleo de linhaça não refinado. Familiarize-se
com as vantagens da gordura de coco para cozimento e das gorduras animais para
frituras, coma gemas de ovos e outras gorduras animais com as proteínas às
quais estão ligadas. E, por último, use tanta manteiga de qualidade quanto você
quiser, com a feliz certeza de que se trata de um alimento integral – na
verdade, um alimento essencial para você e toda a sua família.
oOo
* Mary G. Enig
é Vice-Presidente da Fundação Weston A. Price, Presidente da Associação dos
Nutricionistas de Maryland (EUA) e autora da obra "Know Your Fats: The
Complete Primer for Understanding the Nutrition of Fats, Oils and Cholesterol,
Bethesda Press, 2000" [Conheça suas gorduras - Manual completo para
entender a nutrição das gorduras, óleos e colesterol].
** Sally Fallon
é Presidente da Fundação Weston A. Price (EUA) e autora da obra
"Nourishing Traditions: The Cookbook that Challenges Politically Correct
Nutrition and the Diet Dictocrats", NewTrends Publishing, 2000 [Tradições
Alimentares - O livro de receitas que desafia a nutrição politicamente correta
e os dictocratas das dietas].
Fonte: e-coluna do Dr.
Joseph Mercola, 8/02
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channeled through the Institute for Shortening and Edible Oils.
LINK do artigo em ingels original (dividido em três partes) AQUI
Tradução: Odi Melo www.odimelo.net
O artigo já estava disponibilizado no site do Odi Melo. E essa republicação 15 anos passados é uma homenagem a uma pessoa que foi um ponto de intersecção para autores e pesquisadores que subsidiaram os parâmetros de pesquisa do site umaoutravisao e lipidofobia.
oOo