Comidas iguais, mas respostas diferentes...
O que é comida "saudável" para alguns pode não ser para os outros, foi o que os pesquisadores descobriram. (Barbara Damrosch)
Se você já experimentou a última dieta da moda pois estava se percebendo
em ganho de peso e se sentindo horrível e quis saber o que você estava
fazendo de errado, os cientistas têm agora uma explicação para você.
Pesquisadores israelenses, em publicação na revista CELL desta semana, descobriram que os organismos
de diferentes pessoas respondem ao comer uma mesma refeição de modos muito
diferentes - o que significa que uma dieta que pode fazer maravilhas para o seu
melhor amigo pode não ter o mesmo impacto em você.
Os autores Eran Segal e Eran Elinav do Instituto de Ciência Weizmann,
focaram em um componente-chave usadas na criação de planos de uma dieta equilibrada,
como Atkins, Zone ou South Beach. Conhecido como o índice glicêmico, ou abreviadamente
GI, ele foi desenvolvido décadas atrás, como uma medida de o quanto certos alimentos
impactam no nível de glicose no sangue e isso tem sido considerado um número
fixo.
Mas não é. Acontece que ela varia amplamente, dependendo do
indivíduo.
Os pesquisadores recrutaram 800 voluntários saudáveis e pré-diabéticos idades de 18 a 70 anos e realizaram
a coleta de dados através de questionários de saúde, medidas corporais, exames de
sangue, monitoramento de glicose e amostras de fezes. Eles também mantinham
a informação de estilo de vida e de ingestão de alimentos através de um aplicativo
de celular de cada participante que terminou coletando informações sobre um
total de 46,898 refeições de todos eles.
Cada pessoa foi convidada a comer um desjejum padronizado que incluía
coisas como pão todas as manhãs.
Eles descobriram que o índice de massa corporal e a idade, como
esperado, pareceram impactar o nível de glicose no sangue após as refeições,
mas havia alguma coisa a mais. Diferentes indivíduos mostraram respostas muito
diferentes para a mesma comida, mesmo que suas próprias respostas permanecessem
as mesmas no dia a dia.
"Há profundas diferenças entre os indivíduos - em alguns casos, os indivíduos têm respostas opostas aquelas de outros", explicou Segal.
Os pesquisadores disseram que os resultados demonstram que a adaptação
de planos de refeição para a (específica) biologia de um indivíduo pode ser o
futuro da nutrição e esse estudo rendeu muitas surpresas para a individualidade. Um
exemplo envolve uma mulher de meia-idade que tentou e fracassou com muitas
dietas. Os testes mostraram que os níveis de açúcar no sangue extrapolavam
depois de comer tomates - indicando que essa era uma má escolha dietética para
ela uma vez que níveis (elevados) de glicose no sangue tem sido associado a
problemas de coração, obesidade e diabetes - mas como ela não sabia disso, ela estava
comendo-os como parte de seu plano dietético saudável várias vezes por semana.
Elinav disse que o trabalho "realmente nos iluminou sobre a forma
como todos nós temos imprecisões sobre um dos conceitos mais básicos da nossa
existência, que é como nós comemos e integramos a nutrição em nossa vida
diária."
Para aprofundar ainda mais fundo na questão de por que essas enormes
diferenças existem, os pesquisadores projetaram uma outra experiência que
envolveu intervenções dietéticas personalizadas em 26 novos voluntários. O
objetivo era reduzir os níveis de glicemia no sangue após a refeição (glicemia
pós-prandial). Os clínicos projetaram dois conjuntos de refeições especializadas
- café da manhã, almoço, jantar e até duas refeições intermediárias – e para
cada pessoa se teorizou o que seria uma dieta "boa" ou uma dieta
"ruim". Cada participante seguiu as dietas por uma semana
inteira. As boas dietas funcionaram, e eles não viram apenas os seus
níveis de açúcar no sangue se reduzirem, eles encontraram alterações em sua
microbiota intestinal. Uma descoberta interessante foi que, embora as
dietas fossem muito personalizadas, várias das alterações na microbiota foram
semelhantes para os participantes.
Isto parece implicar, disse o pesquisador, que nós estamos
"realmente conceitualmente errados" em nossa compreensão sobre a
epidemia de obesidade e diabetes.
Nós pensamos que "sabemos como tratar estas condições, e o que
acontece apenas é que as pessoas não estejam ouvindo e estejam comendo fora de
controle", Segal disse, "mas talvez as pessoas estejam realmente obedecendo
e, em muitos casos, lhes foram dadas orientações erradas."
Usando as informações do estudo, os pesquisadores foram capazes de
chegar ao santo graal da dieta: um
algoritmo que considera centenas de aspectos sobre uma pessoa e os transforma
em um plano de refeição feita sob medida. Os resultados foram muito
surpreendentes para ambos os médicos e participantes. "Não era apenas
salada todos os dias", disse Segal para o The Atlantic ."Algumas pessoas consumiram
álcool, chocolate e sorvete, com moderação."
Muitos dos participantes ficaram bastante animados e espalharam as
experiências entre os seus amigos e familiares e atualmente os pesquisadores
têm mais de 4000 pessoas na sua lista de espera para o próximo estudo.
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