Pesquisadores encontram mais evidências de que a esquizofrenia está conectada aos nossos intestinos
Mais de 21 milhões de pessoas em todo o mundo sofrem de esquizofrenia, uma profunda doença mental que corrompe o pensamento, a linguagem e a percepção. Muitas pessoas esquizofrênicas experimentam delírios e ouvem vozes. Muitos dos sintomas da doença decorrem da comunicação defeituosa entre as células cerebrais. E, por décadas, os cientistas procuraram por uma cura no cérebro.
Agora os pesquisadores dizem que descobriram que a maneira de curar a esquizofrenia pode ser através do intestino. Há um ecossistema de bactérias e micróbios que vivem em nosso trato digestivo, conhecido como o microbioma intestinal. E o microbioma pode levar a algumas características da esquizofrenia, anunciou uma equipe internacional de cientistas nesta semana na revista Science Advances. A descoberta pode revolucionar as opções de tratamento para a esquizofrenia.
"Nós entendemos a esquizofrenia como uma doença cerebral", disse Ma-Ling Wong, médica geneticista da Universidade Estadual de Nova York em Upstate Medical University, em Syracuse, que liderou a nova pesquisa, em uma coletiva de imprensa. "Talvez nós precisemos reexaminar esta linha de pensamento e considerar que talvez o intestino tenha um papel importante."
Conexão Cerebral
A ideia de que o intestino está ligado à saúde mental vem ganhando força nos últimos anos. E as investigações estão agora apontando para uma ligação entre o microbioma intestinal e uma série de transtornos mentais, incluindo ansiedade, memória e déficits motores na doença de Parkinson. Um estudo separado, publicado na segunda-feira na revista Nature Microbiology, relacionou micróbios intestinais ausentes com a depressão. Essas associações de componentes do microbioma também se estendem à esquizofrenia, onde a doença mental freqüentemente co-ocorre com desordens gastrintestinais marcadas por microorganismo intestinais atípicos.
Para explorar a conexão, Wong e seus colegas sequenciaram o material genético em amostras de fezes de pacientes com esquizofrenia, bem como indivíduos saudáveis recrutados no First Affiliated Hospital of Chongqing Medical University, na China.
Eles descobriram que os pacientes com esquizofrenia tinham microbiomas intestinais com menor diversidade do que dos pacientes sem esquizofrenia, relatam os pesquisadores. Os microbiomas de pacientes esquizofrênicos também abrigavam tipos únicos de bactérias. Eles eram tão distintos, na verdade, que os pesquisadores conseguiram distinguir os pacientes com esquizofrenia dos controles saudáveis baseados apenas nas bactérias entéricas.
Nova abordagem
A evidência mais intrigante veio quando os pesquisadores deram transplantes de fezes de pacientes esquizofrênicos para ratos livres de germes. Eles descobriram que “os ratos se comportaram de uma forma que lembra o comportamento de pessoas com esquizofrenia”, disse Julio Licinio, que co-liderou o novo trabalho com Wong, seu parceiro de pesquisa e cônjuge. Camundongos que receberam transplantes fecais de controles saudáveis se comportaram normalmente. "Os cérebros dos animais que receberam micróbios de pacientes com esquizofrenia também mostraram alterações no glutamato, um neurotransmissor que é percebido estar desregulado na esquizofrenia", acrescentou.
A descoberta mostra como alterar o intestino pode influenciar o comportamento de um animal, e também fornece um novo alvo para o tratamento medicamentoso.
"Isso nos daria um caminho completamente novo para o tratamento da esquizofrenia", disse Licinio. “Nenhum tratamento que damos hoje é baseado em uma mudança dos micróbios no intestino. Então, se você pudesse mostrar que isso mudaria o comportamento de uma forma positiva, teríamos uma maneira totalmente nova de abordar a esquizofrenia ”.
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